Bem, agora pelo menos eu fico sabendo o que vai me acontecer se eu continuar trabalhando noite adentro, enganando o sono e dormindo pouco.
Ou talvez já tenha acontecido...
Se com os ratos 78 genes foram modificados, minha conta já deve ter passado de 200 genes.
Vou pedir para contar...
Efeitos genéticos da falta de sono
Ratos privados de sono por 96 horas mostram alterações em 78 genes, segundo estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Sono da Unifesp. Trabalho foi publicado na Behaviourial Brain Research
Qual é a extensão das modificações moleculares ocorridas no cérebro depois de quatro dias e quatro noites sem dormir? E até que ponto um descanso de 24 horas pode reverter essas mudanças? Essas questões foram abordadas por um estudo feito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o objetivo de investigar as bases biológicas dos distúrbios de sono.
De acordo com o estudo, ratos privados por 96 horas do sono REM -- fase que ocorre, em humanos, predominantemente na segunda metade da noite e que cientistas acreditam estar relacionada às funções cognitivas como atenção e memória, entre outras funções -- apresentaram modificações em apenas 78 genes transcritos. Depois de 24 horas de descanso, 62% dos genes tiveram sua expressão normalizada. O estudo foi publicado na revista Behaviourial Brain Research.
A pesquisa foi feita no Instituto do Sono, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp. Os autores do artigo foram Camila Guindalini, Monica Andersen, Tathiana Alvarenga, Kil Sun Lee e o coordenador do instituto, Sergio Tufik.
O modelo experimental gerou muita informação sobre a reação dos animais em termos de comportamento, capacidade de atenção, modificações hormonais e dados neuroquímicos. (...)
"Sabemos que depois de 96 horas de privação de sono REM o animal não pode voltar à situação normal após o rebote. Ele pode demorar até dez dias para recuperar as condições anteriores. Um outro trabalho, por exemplo, mostrava que fêmeas privadas do sono por 96 horas, durante uma fase específica do ciclo estral, tinham o ciclo interrompido por dez dias", afirmou a pesquisadora.
(...)
Esse tipo de modelo experimental foi aplicado a humanos também, segundo Camila. "Temos estudos nos quais monitoramos, por polissonografia, pessoas privadas do sono REM durante 96 horas. Também estudamos pessoas sob privação total de sono durante 48 horas."
O artigo To what extent is sleep rebound effective in reversing the effects of paradoxical sleep deprivation on gene expression in the brain?, de Camila Guindalini e outros, pode ser lido em http://www.sono.org.br
(Fábio de Castro, Agência Fapesp, 8/7)
=========
Bem, agora já estou avisado...
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 8 de julho de 2009
1205) Sobre a mentira no Brasil
A cultura da mentira
por João Luiz Mauad
08 de junho de 2007
Resumo: No Brasil, políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, agem como se nada houvesse.
© 2007 MidiaSemMascara.org
As virtudes morais são produto do hábito. (Aristóteles)
Corrupção na administração pública há em toda parte, mesmo em países desenvolvidos, com leis estáveis e instituições fortes. O que difere é a intensidade, que varia em função do nível de intervencionismo do Estado na vida social e, principalmente, da reação da sociedade diante do problema. Enquanto nações que dispõem de controles institucionais rígidos, leis transparentes e, acima de tudo, têm a verdade como um valor supremo tendem a cobrar dos seus representantes atitudes enérgicas contra a bandalheira e não se deixam engabelar com facilidade, outras, como a nossa, demonstram excessiva leniência diante da questão, permitindo que a corrupção consuma a incrível porção de 12% do PIB.
O nível de tolerância das sociedades em relação ao problema da corrupção pode ser medido não apenas pelos índices de impunidade, que em países como o nosso chegam perto da totalidade, mas também pelas reações dos criminosos quando “fisgados” pela lei. Recentemente, dois cidadãos japoneses cometeram suicídio, antes mesmo de serem julgados, porque julgaram que não poderiam conviver com tamanha desonra. Há alguns anos, um funcionário público norte-americano deu um tiro na própria boca, em frente às câmeras de TV, porque, flagrado num caso de corrupção, simplesmente “não suportava mais olhar nos olhos dos filhos”. Exemplos semelhantes, mesmo que não tão trágicos, abundam.
Já em Pindorama, pelo menos desde o suicídio de Getúlio Vargas, a coisa funciona de forma diferente. Políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, numa clara demonstração de corporativismo, agem como se nada houvesse. Honra, probidade, dignidade e vergonha na cara são valores há muito aposentados pelo relativismo moral que impera por aqui.
Ninguém assume coisa alguma. Ninguém jamais confessa nada. Sempre há uma boa desculpa, uma estória mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverossímil que possa parecer. Inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e enredos os mais diversos para escapar da justiça. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, tais estratégias dão certo.
Ao contrário das nações que desenvolveram sociedades avançadas, fundadas em padrões morais onde prevalece a verdade, nossas instituições (formais e informais) foram estabelecidas sobre uma cultura da mentira. Aqui, todo mundo está mentindo até prova em contrário. As leis são estabelecidas na presunção de que somos todos mentirosos e apenas eventualmente dizemos a verdade. Alguns exemplos de procedimentos burocráticos, ou mesmo processuais, que só existem no Brasil e em alguns outros poucos lugares, dão bem a noção da coisa.
Certa vez tentei explicar a um inglês o que vem a ser uma cópia autenticada em cartório e o porquê da sua exigência ser tão disseminada por essas plagas. Parecia uma conversa de surdos. Meu interlocutor não entendia que as pessoas pudessem desconfiar da autenticidade de um documento antes mesmo que este lhes fosse apresentado. Sequer lhe passava pela cabeça que a palavra do portador ou responsável não bastasse. É claro que nem tentei explicar o nosso famigerado “reconhecimento de firma”, que recentemente evoluiu para “reconhecimento de firma por autenticidade”.
Ora, a mim pelo menos parece evidente que, se a verdade deve ser sempre provada e comprovada, ela passa a ser vista como exceção, não como regra. A mentira, por outro lado, é aceita como um hábito, uma tradição impregnada na cultura. Esse costume é tão disseminado que foi absorvido pela própria lei nos processos judiciários. Diferentemente do que ocorre em muitos países, onde o crime de perjúrio é gravíssimo e, quase sempre, funciona de forma a aumentar a penalidade do réu, por aqui a mentira dita em juízo não costuma trazer conseqüências. Muito pelo contrário, sua utilização é, em muitos casos, tida como perfeitamente legítima.
Diga-me com sinceridade, estimado leitor, há algo mais patético do que aqueles inquéritos parlamentares, transmitidos ao vivo pela TV, em que testemunhas e réus respondem às perguntas protegidos por uma liminar da justiça concedendo-lhes o “direito” de omitir a verdade? Quem não se lembra, por exemplo, do jeito cínico, beirando o escárnio, de diversos depoentes perante as inúmeras CPI's do Congresso, todos devidamente autorizados a mentir?
Aristóteles já dizia que as virtudes morais não são produzidas no ser humano pela natureza, mas são produto do hábito. O comportamento humano, por seu turno, é bastante influenciado por estímulos exteriores. Desde cedo, o homem aprende reagindo a incentivos produzidos pelos ambientes natural e social. Se o meio é propício à mentira, se o engodo é incentivado pela própria cadeia institucional, se não criamos as condições necessárias para que a verdade seja a regra e não a exceção, nada adianta chorar sobre o leite derramado.
Copyright 2002-2007 Mídia Sem Máscara. Todos os direitos reservados. Este texto pode ser reproduzido desde que citada a fonte.
por João Luiz Mauad
08 de junho de 2007
Resumo: No Brasil, políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, agem como se nada houvesse.
© 2007 MidiaSemMascara.org
As virtudes morais são produto do hábito. (Aristóteles)
Corrupção na administração pública há em toda parte, mesmo em países desenvolvidos, com leis estáveis e instituições fortes. O que difere é a intensidade, que varia em função do nível de intervencionismo do Estado na vida social e, principalmente, da reação da sociedade diante do problema. Enquanto nações que dispõem de controles institucionais rígidos, leis transparentes e, acima de tudo, têm a verdade como um valor supremo tendem a cobrar dos seus representantes atitudes enérgicas contra a bandalheira e não se deixam engabelar com facilidade, outras, como a nossa, demonstram excessiva leniência diante da questão, permitindo que a corrupção consuma a incrível porção de 12% do PIB.
O nível de tolerância das sociedades em relação ao problema da corrupção pode ser medido não apenas pelos índices de impunidade, que em países como o nosso chegam perto da totalidade, mas também pelas reações dos criminosos quando “fisgados” pela lei. Recentemente, dois cidadãos japoneses cometeram suicídio, antes mesmo de serem julgados, porque julgaram que não poderiam conviver com tamanha desonra. Há alguns anos, um funcionário público norte-americano deu um tiro na própria boca, em frente às câmeras de TV, porque, flagrado num caso de corrupção, simplesmente “não suportava mais olhar nos olhos dos filhos”. Exemplos semelhantes, mesmo que não tão trágicos, abundam.
Já em Pindorama, pelo menos desde o suicídio de Getúlio Vargas, a coisa funciona de forma diferente. Políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, numa clara demonstração de corporativismo, agem como se nada houvesse. Honra, probidade, dignidade e vergonha na cara são valores há muito aposentados pelo relativismo moral que impera por aqui.
Ninguém assume coisa alguma. Ninguém jamais confessa nada. Sempre há uma boa desculpa, uma estória mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverossímil que possa parecer. Inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e enredos os mais diversos para escapar da justiça. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, tais estratégias dão certo.
Ao contrário das nações que desenvolveram sociedades avançadas, fundadas em padrões morais onde prevalece a verdade, nossas instituições (formais e informais) foram estabelecidas sobre uma cultura da mentira. Aqui, todo mundo está mentindo até prova em contrário. As leis são estabelecidas na presunção de que somos todos mentirosos e apenas eventualmente dizemos a verdade. Alguns exemplos de procedimentos burocráticos, ou mesmo processuais, que só existem no Brasil e em alguns outros poucos lugares, dão bem a noção da coisa.
Certa vez tentei explicar a um inglês o que vem a ser uma cópia autenticada em cartório e o porquê da sua exigência ser tão disseminada por essas plagas. Parecia uma conversa de surdos. Meu interlocutor não entendia que as pessoas pudessem desconfiar da autenticidade de um documento antes mesmo que este lhes fosse apresentado. Sequer lhe passava pela cabeça que a palavra do portador ou responsável não bastasse. É claro que nem tentei explicar o nosso famigerado “reconhecimento de firma”, que recentemente evoluiu para “reconhecimento de firma por autenticidade”.
Ora, a mim pelo menos parece evidente que, se a verdade deve ser sempre provada e comprovada, ela passa a ser vista como exceção, não como regra. A mentira, por outro lado, é aceita como um hábito, uma tradição impregnada na cultura. Esse costume é tão disseminado que foi absorvido pela própria lei nos processos judiciários. Diferentemente do que ocorre em muitos países, onde o crime de perjúrio é gravíssimo e, quase sempre, funciona de forma a aumentar a penalidade do réu, por aqui a mentira dita em juízo não costuma trazer conseqüências. Muito pelo contrário, sua utilização é, em muitos casos, tida como perfeitamente legítima.
Diga-me com sinceridade, estimado leitor, há algo mais patético do que aqueles inquéritos parlamentares, transmitidos ao vivo pela TV, em que testemunhas e réus respondem às perguntas protegidos por uma liminar da justiça concedendo-lhes o “direito” de omitir a verdade? Quem não se lembra, por exemplo, do jeito cínico, beirando o escárnio, de diversos depoentes perante as inúmeras CPI's do Congresso, todos devidamente autorizados a mentir?
Aristóteles já dizia que as virtudes morais não são produzidas no ser humano pela natureza, mas são produto do hábito. O comportamento humano, por seu turno, é bastante influenciado por estímulos exteriores. Desde cedo, o homem aprende reagindo a incentivos produzidos pelos ambientes natural e social. Se o meio é propício à mentira, se o engodo é incentivado pela própria cadeia institucional, se não criamos as condições necessárias para que a verdade seja a regra e não a exceção, nada adianta chorar sobre o leite derramado.
Copyright 2002-2007 Mídia Sem Máscara. Todos os direitos reservados. Este texto pode ser reproduzido desde que citada a fonte.
1204) Sobre curriculos enganosos
Dilma admite que currículo acadêmico continha erro
Raphael Gomide
Folha de S. Paulo, 08.07.2009
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) reconheceu ontem que havia erros no seu currículo na Plataforma Lattes e em sua biografia na página do ministério. Ela admitiu que não concluiu os cursos de mestrado e doutorado na Unicamp, mas afirmou não saber quem inseriu as informações erradas -apesar de o documento ter certificado digital do autor.
A Plataforma Lattes é uma base de dados acadêmicos, mantida pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Dilma disse que cumpriu todos os créditos do mestrado e do doutorado, mas não finalizou a dissertação e a tese porque estava em cargos públicos. A ministra afirmou que o currículo foi preenchido em 2000, quando ainda era doutoranda e não tinha sido jubilada.
Lá [no currículo acadêmico] tem um equívoco, sim: a parte relativa ao mestrado está errada. A relativa ao doutorado não estava errada no que se refere a ser doutoranda. Mas está errada no que se refere ao curso que eles me botaram [ciências sociais]. Retificamos as duas coisas. Não sei que vantagem teria de falar que tinha feito ciências sociais e não economia, minha profissão pública. Estou olhando como isso ocorreu.
A revelação de que havia erros no currículo foi feita pela revista Piauí deste mês.
A assessoria de imprensa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) informou que vai checar hoje com a Diretoria Acadêmica se Dilma foi aluna de mestrado da instituição. Em princípio, a assessoria havia afirmado que a ministra não tinha cursado o mestrado.
A Casa Civil enviou à Folha declaração da Unicamp de que ela estava regularmente matriculada no programa de pós-graduação [nível mestrado] em ciências econômicas, entre março de 1978 e julho de 1983.
Eu me mudei para lá [Campinas], morei, tenho colegas. Minha filha tinha dois anos, fiz um baita esforço, fiquei lá dois anos e meio, disse a ministra.
Sobre o doutorado, a assessoria da Unicamp disse que Dilma entrou no curso em 1998 e poderia concluí-lo até 2004, mas teve a matrícula cancelada em 2000, por falta de inscrição.
Por que não concluí a tese [de mestrado]? Pelo mesmo motivo que não concluí o doutorado. Eu fui ser secretária da Fazenda. Não estava gazeteando nada, estava trabalhando. Segundo o próprio site da Casa Civil, porém, ela só veio a ser secretária da Fazenda de Porto Alegre em 86, três anos depois.
============
Lula tem razão: não confie nos doutores
Elio Gaspari
Folha de S. Paulo, 08.07.2009
LOGO NO GOVERNO de um presidente que chegou ao Planalto sem diploma de curso secundário e gosta de ironizar canudos, descobriu-se que dois de seus ministros ostentaram títulos universitários maquiados. A repórter Malu Gaspar revelou que, ao contrário do que informava o Itamaraty, o chanceler Celso Amorim jamais teve título de doutor em ciências políticas e econômicas pela London School of Economics. Pior: a biografia oficial de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, candidata à Presidência da República, informava que ela é "mestre em teoria econômica" e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp. A Plataforma Lattes, do CNPq, registrou que ela obteve o mestrado com uma dissertação sobre "Modelo Energético do Rio Grande do Sul". Falso. O repórter Luiz Maklouf Carvalho revelou que, segundo a Unicamp, não há registro de matrícula de Dilma Rousseff no seu curso de mestrado. Só ela tem a senha que permite mexer nos dados da página com seu currículo no Lattes.
Dilma e Amorim não preencheram o requisito essencial para obtenção do título de doutor, que é a apresentação de uma tese. Uma pessoa só é "doutorando" enquanto cursa o programa de doutorado ou enquanto cumpre o prazo de carência para a entrega da tese. Depois disso, volta a ser "uma pessoa qualquer". Há 1,1 milhão de acadêmicos cadastrados no Lattes. Se nesse universo de professores ficam impunes coisas desse tipo, será difícil um mestre condenar aluno que comprou trabalhos na internet.
A ministra Dilma tem uma relação agreste com a realidade. Em março do ano passado ela sustentou que a Casa Civil não organizara um dossiê de despesas pessoais de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Tudo não passava de um "banco de dados". Um mês antes, num jantar com 30 empresários, ela informara que o governo estava colecionando contas incriminatórias do tucanato.
Lidando com um período sofrido de sua juventude, ela disse que, durante a ditadura, "muitas vezes as pessoas eram perseguidas e mortas... e presas por crime de opinião e de organização, não necessariamente por ações armadas. O meu caso não é de ação armada. O meu caso foi de crime de organização e de opinião".
Presos e condenados por crime de opinião foram o historiador Caio Prado Júnior e o deputado Chico Pinto, Dilma Rousseff militou em duas organizações que, programaticamente, defendiam a luta armada para instalar um "Governo Popular Revolucionário" (Colina, abril de 1968) ou um "Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado" (VAR-Palmares, setembro de 1969). Dilma nega que tenha participado de ações armadas, ou mesmo planejado assaltos. Até hoje não pareceu um mísero fato que a desminta, mas o Colina, que ela ajudou a organizar, matou um major alemão pensando que fosse um oficial boliviano e assaltou pelo menos três bancos. Seria injusto obrigar a ministra a carregar a mochila dos ideais de seus vint’anos. Até porque, no limite, merecem mais respeito os jovens que assumiram riscos e pegaram em armas do que oficiais, agentes do Estado, que torturaram e assassinaram prisioneiros. Ainda assim, é um péssimo prenúncio ver uma ministra-candidata que maquia currículo, bem como o propósito de sua militância. As pessoas preferem acreditar nas outras.
=========
PAC: Programa de Aumento do Currículo
Rodrigo Constantino
08.07.2009
O mais novo escândalo no governo é o crime de "falsificação ideológica" da ministra Dilma, candidata a presidente em 2010, que teria adulterado seu currículo na Plataforma Lattes, do CNPq. A ministra teria apelado para o PAC, Programa de Aumento do Currículo, acrescentendo um mestrado inexistente, assim como um "doutorando" na Unicamp que não passa de lorota. Muitos brasileiros ficaram chocados. Afinal, trata-se de uma pessoa que quer assumir a Presidência da República, e começa mentindo sobre suas qualificações.
A ministra nega, seguindo a moda de Brasília, que tem no próprio presidente Lula seu maior ícone, já que "o cara" nunca sabe de nada. O problema é que uma senha, assim como o CPF, são necessários para mudar os dados em questão. Se não foi a ministra que mexeu nas informações, então ela é igualmente incapaz de assumir o governo, pois não consegue nem controlar seus dados pessoais.
Mas o que eu queria comentar mesmo é que a revolta de alguns brasileiros não passa de uma "afetação moralista burguesa". Afinal, para essa corja no poder, os fins sempre justificaram quaisquer meios. Ora, a ministra Dilma tem uma ficha criminal tão extensa, que uma simples "falsidade ideológica" não será o maior problema. A guerrilheira Estela, codinome da ministra nos tempos em que ela lutava para implantar no país uma ditadura como a cubana, fez coisas muito pior, inclusive planejar assaltos. E ela jamais se arrependeu publicamente de seu passado, seu verdadeiro currículo. Pelo contrário: ela tem orgulho dele!
Portanto, vamos deixar essa coisa de revolta contra mentiras tolas para os "moralistas", pois os petistas não têm a mais vaga noção do que isso significa. Para os petistas, existe somente uma meta, e qualquer coisa que os ajude a alcançá-la está valendo. Essa meta é o poder!
Raphael Gomide
Folha de S. Paulo, 08.07.2009
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) reconheceu ontem que havia erros no seu currículo na Plataforma Lattes e em sua biografia na página do ministério. Ela admitiu que não concluiu os cursos de mestrado e doutorado na Unicamp, mas afirmou não saber quem inseriu as informações erradas -apesar de o documento ter certificado digital do autor.
A Plataforma Lattes é uma base de dados acadêmicos, mantida pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Dilma disse que cumpriu todos os créditos do mestrado e do doutorado, mas não finalizou a dissertação e a tese porque estava em cargos públicos. A ministra afirmou que o currículo foi preenchido em 2000, quando ainda era doutoranda e não tinha sido jubilada.
Lá [no currículo acadêmico] tem um equívoco, sim: a parte relativa ao mestrado está errada. A relativa ao doutorado não estava errada no que se refere a ser doutoranda. Mas está errada no que se refere ao curso que eles me botaram [ciências sociais]. Retificamos as duas coisas. Não sei que vantagem teria de falar que tinha feito ciências sociais e não economia, minha profissão pública. Estou olhando como isso ocorreu.
A revelação de que havia erros no currículo foi feita pela revista Piauí deste mês.
A assessoria de imprensa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) informou que vai checar hoje com a Diretoria Acadêmica se Dilma foi aluna de mestrado da instituição. Em princípio, a assessoria havia afirmado que a ministra não tinha cursado o mestrado.
A Casa Civil enviou à Folha declaração da Unicamp de que ela estava regularmente matriculada no programa de pós-graduação [nível mestrado] em ciências econômicas, entre março de 1978 e julho de 1983.
Eu me mudei para lá [Campinas], morei, tenho colegas. Minha filha tinha dois anos, fiz um baita esforço, fiquei lá dois anos e meio, disse a ministra.
Sobre o doutorado, a assessoria da Unicamp disse que Dilma entrou no curso em 1998 e poderia concluí-lo até 2004, mas teve a matrícula cancelada em 2000, por falta de inscrição.
Por que não concluí a tese [de mestrado]? Pelo mesmo motivo que não concluí o doutorado. Eu fui ser secretária da Fazenda. Não estava gazeteando nada, estava trabalhando. Segundo o próprio site da Casa Civil, porém, ela só veio a ser secretária da Fazenda de Porto Alegre em 86, três anos depois.
============
Lula tem razão: não confie nos doutores
Elio Gaspari
Folha de S. Paulo, 08.07.2009
LOGO NO GOVERNO de um presidente que chegou ao Planalto sem diploma de curso secundário e gosta de ironizar canudos, descobriu-se que dois de seus ministros ostentaram títulos universitários maquiados. A repórter Malu Gaspar revelou que, ao contrário do que informava o Itamaraty, o chanceler Celso Amorim jamais teve título de doutor em ciências políticas e econômicas pela London School of Economics. Pior: a biografia oficial de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, candidata à Presidência da República, informava que ela é "mestre em teoria econômica" e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp. A Plataforma Lattes, do CNPq, registrou que ela obteve o mestrado com uma dissertação sobre "Modelo Energético do Rio Grande do Sul". Falso. O repórter Luiz Maklouf Carvalho revelou que, segundo a Unicamp, não há registro de matrícula de Dilma Rousseff no seu curso de mestrado. Só ela tem a senha que permite mexer nos dados da página com seu currículo no Lattes.
Dilma e Amorim não preencheram o requisito essencial para obtenção do título de doutor, que é a apresentação de uma tese. Uma pessoa só é "doutorando" enquanto cursa o programa de doutorado ou enquanto cumpre o prazo de carência para a entrega da tese. Depois disso, volta a ser "uma pessoa qualquer". Há 1,1 milhão de acadêmicos cadastrados no Lattes. Se nesse universo de professores ficam impunes coisas desse tipo, será difícil um mestre condenar aluno que comprou trabalhos na internet.
A ministra Dilma tem uma relação agreste com a realidade. Em março do ano passado ela sustentou que a Casa Civil não organizara um dossiê de despesas pessoais de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Tudo não passava de um "banco de dados". Um mês antes, num jantar com 30 empresários, ela informara que o governo estava colecionando contas incriminatórias do tucanato.
Lidando com um período sofrido de sua juventude, ela disse que, durante a ditadura, "muitas vezes as pessoas eram perseguidas e mortas... e presas por crime de opinião e de organização, não necessariamente por ações armadas. O meu caso não é de ação armada. O meu caso foi de crime de organização e de opinião".
Presos e condenados por crime de opinião foram o historiador Caio Prado Júnior e o deputado Chico Pinto, Dilma Rousseff militou em duas organizações que, programaticamente, defendiam a luta armada para instalar um "Governo Popular Revolucionário" (Colina, abril de 1968) ou um "Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado" (VAR-Palmares, setembro de 1969). Dilma nega que tenha participado de ações armadas, ou mesmo planejado assaltos. Até hoje não pareceu um mísero fato que a desminta, mas o Colina, que ela ajudou a organizar, matou um major alemão pensando que fosse um oficial boliviano e assaltou pelo menos três bancos. Seria injusto obrigar a ministra a carregar a mochila dos ideais de seus vint’anos. Até porque, no limite, merecem mais respeito os jovens que assumiram riscos e pegaram em armas do que oficiais, agentes do Estado, que torturaram e assassinaram prisioneiros. Ainda assim, é um péssimo prenúncio ver uma ministra-candidata que maquia currículo, bem como o propósito de sua militância. As pessoas preferem acreditar nas outras.
=========
PAC: Programa de Aumento do Currículo
Rodrigo Constantino
08.07.2009
O mais novo escândalo no governo é o crime de "falsificação ideológica" da ministra Dilma, candidata a presidente em 2010, que teria adulterado seu currículo na Plataforma Lattes, do CNPq. A ministra teria apelado para o PAC, Programa de Aumento do Currículo, acrescentendo um mestrado inexistente, assim como um "doutorando" na Unicamp que não passa de lorota. Muitos brasileiros ficaram chocados. Afinal, trata-se de uma pessoa que quer assumir a Presidência da República, e começa mentindo sobre suas qualificações.
A ministra nega, seguindo a moda de Brasília, que tem no próprio presidente Lula seu maior ícone, já que "o cara" nunca sabe de nada. O problema é que uma senha, assim como o CPF, são necessários para mudar os dados em questão. Se não foi a ministra que mexeu nas informações, então ela é igualmente incapaz de assumir o governo, pois não consegue nem controlar seus dados pessoais.
Mas o que eu queria comentar mesmo é que a revolta de alguns brasileiros não passa de uma "afetação moralista burguesa". Afinal, para essa corja no poder, os fins sempre justificaram quaisquer meios. Ora, a ministra Dilma tem uma ficha criminal tão extensa, que uma simples "falsidade ideológica" não será o maior problema. A guerrilheira Estela, codinome da ministra nos tempos em que ela lutava para implantar no país uma ditadura como a cubana, fez coisas muito pior, inclusive planejar assaltos. E ela jamais se arrependeu publicamente de seu passado, seu verdadeiro currículo. Pelo contrário: ela tem orgulho dele!
Portanto, vamos deixar essa coisa de revolta contra mentiras tolas para os "moralistas", pois os petistas não têm a mais vaga noção do que isso significa. Para os petistas, existe somente uma meta, e qualquer coisa que os ajude a alcançá-la está valendo. Essa meta é o poder!
1203) O frango atravessou a estrada: resta saber por que?
O FRANGO ATRAVESSOU A ESTRADA
POR QUE ?
RESPOSTAS ALTERNATIVAS:
PROFESSORA PRIMÁRIA
Porque o frango queria chegar ao outro lado da estrada.
CRIANÇA
Porque sim.
MOISÉS
Uma voz vinda do céu bradou ao frango: "Cruza a estrada!" E o frango cruzou a estrada e todos se regojizaram.
SÓCRATES
Tudo o que sei é que nada sei.
PLATÃO
Porque buscava alcançar o Bem.
ARISTÓTELES
É da natureza do frango cruzar a estrada.
MAQUIAVEL
A quem importa o porquê? Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os meios que utilizou para isso.
BLAISE PASCAL
Quem sabe? O coração do frango tem razões que a própria razão desconhece.
MARX
O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.
DARWIN
Ao longo dos tempo os frangos vêm sendo selecionados de forma natural, de modo que agora chegaram à etapa de evolução da espécie que os leva a cruzarem as estradas.
FREUD
A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de insegurança sexual.
EINSTEIN
Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, não dá para saber. Tudo é relativo.
HEMINGWAY
To die. Alone. In the rain.
GEORGE ORWELL
Para fugir da ditadura dos porcos.
SARTRE
Trata-se de mera faticidade. A existência do frango está em sua liberdade de cruzar a estrada.
CHE GUEVARA
Hay que cruzar la carretera, pero sin jamás perder la ternura...
MARTIN LUTHER KING
Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos são livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.
MACONHEIRO
Foi uma viagem...
NELSON RODRIGUES
Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado da estrada.
DORIVAL CAYMMI
Eu acho (pausa)... Amália, vá lá ver pra onde vai esse frango pra mim, minha filha, que o moço aqui tá querendo saber...
CAETANO VELOSO
O frango é amaro, é lindo, uma coisa assim amara. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de D.Canô, quisera comê-lo ou não!
GALVÃO BUENO
Bem amigos da Rede Globo... O frango é brasileiro! É o Brasil atravessando a estrada! Haja coração!!!
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Por que ele atravessou a estrada, não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.
PAULO MALUF
O meu governo foi o que construiu mais passarelas para frangos. Quando for eleito de novo são os galinheiros deste lado da estrada que vou construir. Para o frango não ter mais que atravessar a estrada.
POR QUE ?
RESPOSTAS ALTERNATIVAS:
PROFESSORA PRIMÁRIA
Porque o frango queria chegar ao outro lado da estrada.
CRIANÇA
Porque sim.
MOISÉS
Uma voz vinda do céu bradou ao frango: "Cruza a estrada!" E o frango cruzou a estrada e todos se regojizaram.
SÓCRATES
Tudo o que sei é que nada sei.
PLATÃO
Porque buscava alcançar o Bem.
ARISTÓTELES
É da natureza do frango cruzar a estrada.
MAQUIAVEL
A quem importa o porquê? Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os meios que utilizou para isso.
BLAISE PASCAL
Quem sabe? O coração do frango tem razões que a própria razão desconhece.
MARX
O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.
DARWIN
Ao longo dos tempo os frangos vêm sendo selecionados de forma natural, de modo que agora chegaram à etapa de evolução da espécie que os leva a cruzarem as estradas.
FREUD
A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de insegurança sexual.
EINSTEIN
Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, não dá para saber. Tudo é relativo.
HEMINGWAY
To die. Alone. In the rain.
GEORGE ORWELL
Para fugir da ditadura dos porcos.
SARTRE
Trata-se de mera faticidade. A existência do frango está em sua liberdade de cruzar a estrada.
CHE GUEVARA
Hay que cruzar la carretera, pero sin jamás perder la ternura...
MARTIN LUTHER KING
Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos são livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.
MACONHEIRO
Foi uma viagem...
NELSON RODRIGUES
Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado da estrada.
DORIVAL CAYMMI
Eu acho (pausa)... Amália, vá lá ver pra onde vai esse frango pra mim, minha filha, que o moço aqui tá querendo saber...
CAETANO VELOSO
O frango é amaro, é lindo, uma coisa assim amara. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de D.Canô, quisera comê-lo ou não!
GALVÃO BUENO
Bem amigos da Rede Globo... O frango é brasileiro! É o Brasil atravessando a estrada! Haja coração!!!
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Por que ele atravessou a estrada, não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.
PAULO MALUF
O meu governo foi o que construiu mais passarelas para frangos. Quando for eleito de novo são os galinheiros deste lado da estrada que vou construir. Para o frango não ter mais que atravessar a estrada.
1202) Brazil as an Economic Superpower?: um livro da Brookings Institution
Brazil in the Global Crisis: Still a Rising Economic Superpower?
In the past decade, Brazil’s role in the world economy has changed in important ways; today, the country occupies key niches in global energy, agriculture, service and some high-technology markets. Brazil could play an important role in helping the global economy recover. However, Latin America’s largest nation still struggles with endemic inequality issues and deep-seated ambivalence toward global economic integration.
Book
Brazil as an Economic Superpower?: Understanding Brazil's Changing Role in the Global Economy
edited by Leonardo Martinez-Diaz and Lael Brainard
(Washington, DC: Brookings Institution Press, 2009)
On July 13, the Latin America Initiative at Brookings will host a discussion on the book. Panelists — including Martinez-Diaz, of Brookings, Jose Guilherme Reis of the World Bank and Paulo Vieira da Cunha, former director of International Affairs at the Central Bank of Brazil — will discuss the impact of the global financial crisis on Brazil’s economy and how the country’s economic prospects might be affected by the slump in global demand and the changes in the international financial system.
In the past decade, Brazil’s role in the world economy has changed in important ways; today, the country occupies key niches in global energy, agriculture, service and some high-technology markets. Brazil could play an important role in helping the global economy recover. However, Latin America’s largest nation still struggles with endemic inequality issues and deep-seated ambivalence toward global economic integration.
Book
Brazil as an Economic Superpower?: Understanding Brazil's Changing Role in the Global Economy
edited by Leonardo Martinez-Diaz and Lael Brainard
(Washington, DC: Brookings Institution Press, 2009)
On July 13, the Latin America Initiative at Brookings will host a discussion on the book. Panelists — including Martinez-Diaz, of Brookings, Jose Guilherme Reis of the World Bank and Paulo Vieira da Cunha, former director of International Affairs at the Central Bank of Brazil — will discuss the impact of the global financial crisis on Brazil’s economy and how the country’s economic prospects might be affected by the slump in global demand and the changes in the international financial system.
1201) Perolas do preconceito: sobre o Enem
Recebi o texto abaixo de um correspondente, depois de eu ter transcrito aqui, alguns posts atras, um desses exemplos de besteirol educacional, consistindo na seleção de frases particularmente estropiadas de alunos do secundário, para deleite ou horror dos incautos.
Penso que o autor está correto, mas tampouco deixo de reconhecer a responsabilidade dos próprios alunos pela sua incultura e ignorância. Afinal de contas, qualquer pessoa medianamente interessada em seu próprio futuro aperfeiçoa o seu domínio do Português pela leitura constante de bons livros.
Passar a mão na cabeça dos alunos e dizer que eles são vítimas de uma escola medíocre é achar que todo mundo é coitadinho, que todo coitadinho é vítima do meio e que deve ser sempre ajudado, em quaisquer circunstancias.
Não retiro o mérito individual e sobretudo a responsabilidade pessoal de qualquer aspecto da vida.
PRA
Pérolas do preconceito
Cesar Ribeiro
O humor é uma arte de resistência. Muitos defendem que o humor não pode ter limites. Pessoalmente, sou bastante libertário neste assunto, acho que o humor pode muito, mas não pode tudo.
Recebi alguns e-mails com o título de “Pérolas do Enem”. O Enem é o Exame Nacional do Ensino Médio, uma prova que o Ministério da Educação aplica para diagnosticar a educação brasileira. Algumas incorreções, sobretudo gramaticais, viram peças de humor, não apenas de internautas, mas de gente como Jô Soares, que já abriu o programa diversas vezes com as “pérolas” dos alunos.
Não consigo rir. Acredito que, nesse assunto, o humor atravessou a fronteira do bom senso. Para mim, o humor só é válido quando a “vítima” ri de si, ou, mesmo que não goste, sabe exatamente por que estão escrachando seu comportamento. Acho difícil que alguém que tenha escrito “O serumano no mesmo tempo que constrói também destrói, pois nos temos que nos unir para realizarmos parcerias” consiga rir de suas inadequações, tanto gramaticais quanto de coerência.
É neste ponto que o humor deixa de ser uma peça de resistência e passa a ser instrumento da opressão. Meia dúzia de pretensos donos da língua pegam frases descontextualizadas e humilham aqueles que não têm domínio sobre a norma culta. Humilhação pura e simples. Afinal, os estudantes que prestaram o exame não são celebridades fajutas, nem políticos fanfarrões nem novos-ricos ridículos. São pessoas que, de uma forma ou outra, estão se expressando como podem, e se escrevem “errado” (bem entre aspas, mesmo) é muito mais por culpa de um sistema educacional excludente e indiferente do que por falta de interesse ou coisa que o valha.
Rir da ignorância gramatical alheia é reforçar ainda mais o abismo social que separa as classes sociais deste País, é reforçar toda uma estrutura política, social, ideológica que permanece no poder. A cada gargalhada que a platéia do Jô Soares dá quando ele repete as frases do Enem; a cada e-mail transmitido com as “pérolas” e com os comentários infames dos “sabedores da língua” (bem entre aspas, mesmo), aumenta mais a exclusão e, principalmente, diminui a força do humor como arte, pois ele passa a servir para uma minoria se divertir, quando a maioria segue seu próprio rumo, virando-se num analfabetismo funcional, que tem lá o seu próprio humor.
Normalmente, quem usa o “não-saber” do outro para rir e sentir-se superior tem a certeza de que a sua inteligência nunca vai ser questionada. Pura balela. Na mesma proporção que alguém tece um comentário torpe sobre a ignorância alheia, pode receber de volta um comentário torpe sobre a própria ignorância. O humor é uma estrada perigosa. Num dia você atropela, no outro é atropelado. Rir daquilo que o outro não sabe é fácil. Quero ver é rir daquilo que você mesmo não sabe, rir da própria ignorância. E isso, os que organizam e repassam as “peroras do Enem”, parecem não conseguir.
http://ciadeorquestracaocenica1.zip.net/arch2007-09-16_2007-09-30.html
Penso que o autor está correto, mas tampouco deixo de reconhecer a responsabilidade dos próprios alunos pela sua incultura e ignorância. Afinal de contas, qualquer pessoa medianamente interessada em seu próprio futuro aperfeiçoa o seu domínio do Português pela leitura constante de bons livros.
Passar a mão na cabeça dos alunos e dizer que eles são vítimas de uma escola medíocre é achar que todo mundo é coitadinho, que todo coitadinho é vítima do meio e que deve ser sempre ajudado, em quaisquer circunstancias.
Não retiro o mérito individual e sobretudo a responsabilidade pessoal de qualquer aspecto da vida.
PRA
Pérolas do preconceito
Cesar Ribeiro
O humor é uma arte de resistência. Muitos defendem que o humor não pode ter limites. Pessoalmente, sou bastante libertário neste assunto, acho que o humor pode muito, mas não pode tudo.
Recebi alguns e-mails com o título de “Pérolas do Enem”. O Enem é o Exame Nacional do Ensino Médio, uma prova que o Ministério da Educação aplica para diagnosticar a educação brasileira. Algumas incorreções, sobretudo gramaticais, viram peças de humor, não apenas de internautas, mas de gente como Jô Soares, que já abriu o programa diversas vezes com as “pérolas” dos alunos.
Não consigo rir. Acredito que, nesse assunto, o humor atravessou a fronteira do bom senso. Para mim, o humor só é válido quando a “vítima” ri de si, ou, mesmo que não goste, sabe exatamente por que estão escrachando seu comportamento. Acho difícil que alguém que tenha escrito “O serumano no mesmo tempo que constrói também destrói, pois nos temos que nos unir para realizarmos parcerias” consiga rir de suas inadequações, tanto gramaticais quanto de coerência.
É neste ponto que o humor deixa de ser uma peça de resistência e passa a ser instrumento da opressão. Meia dúzia de pretensos donos da língua pegam frases descontextualizadas e humilham aqueles que não têm domínio sobre a norma culta. Humilhação pura e simples. Afinal, os estudantes que prestaram o exame não são celebridades fajutas, nem políticos fanfarrões nem novos-ricos ridículos. São pessoas que, de uma forma ou outra, estão se expressando como podem, e se escrevem “errado” (bem entre aspas, mesmo) é muito mais por culpa de um sistema educacional excludente e indiferente do que por falta de interesse ou coisa que o valha.
Rir da ignorância gramatical alheia é reforçar ainda mais o abismo social que separa as classes sociais deste País, é reforçar toda uma estrutura política, social, ideológica que permanece no poder. A cada gargalhada que a platéia do Jô Soares dá quando ele repete as frases do Enem; a cada e-mail transmitido com as “pérolas” e com os comentários infames dos “sabedores da língua” (bem entre aspas, mesmo), aumenta mais a exclusão e, principalmente, diminui a força do humor como arte, pois ele passa a servir para uma minoria se divertir, quando a maioria segue seu próprio rumo, virando-se num analfabetismo funcional, que tem lá o seu próprio humor.
Normalmente, quem usa o “não-saber” do outro para rir e sentir-se superior tem a certeza de que a sua inteligência nunca vai ser questionada. Pura balela. Na mesma proporção que alguém tece um comentário torpe sobre a ignorância alheia, pode receber de volta um comentário torpe sobre a própria ignorância. O humor é uma estrada perigosa. Num dia você atropela, no outro é atropelado. Rir daquilo que o outro não sabe é fácil. Quero ver é rir daquilo que você mesmo não sabe, rir da própria ignorância. E isso, os que organizam e repassam as “peroras do Enem”, parecem não conseguir.
http://ciadeorquestracaocenica1.zip.net/arch2007-09-16_2007-09-30.html
terça-feira, 7 de julho de 2009
1200) Brasil: ¿potencia americana? - Foreign Affairs Latino America
Um número inteiro sobre o Brasil, com a participação de especialistas conhecidos.
Carta del director
Brasil: ¿potencia americana?
El momento de Brasil
Juan de Onis
Después de décadas de un crecimiento inconstante y de desórdenes políticos, Brasil está listo para alcanzar su potencial como actor global. Con un nuevo gobierno en Estados Unidos a partir de este año y uno nuevo en Brasil en 2010, es tiempo de repensar las relaciones entre las dos grandes democracias del hemisferio occidental.
Autores y actores de la política exterior brasileña
Leticia Pinheiro
Antes de llegar a este momento, en el que la agenda de la política exterior brasileña está tan diversificada temáticamente y son innumerables los actores que participan en ella, el país fue testigo de diferentes regímenes políticos y adoptó distintos modelos de desarrollo económico, participó en la formulación de diversas normas del sistema internacional y completó un proceso de creciente internacionalización.
La política exterior brasileña y los desafíos de la gobernanza global
Maria Regina Soares de Lima
El artículo examina los desafíos para la participación de la política exterior brasileña en las instituciones de gobernanza global, en el marco de una coyuntura de cambios sistémicos e internos. Se analizan las dos principales perspectivas sobre el papel de Brasil en el orden internacional y se señalan cuáles son los principales desafíos externos e internos para que Brasil tenga un mayor protagonismo en la escena mundial.
Las relaciones Brasil-Estados Unidos: al compás de nuevas coincidencias
Monica Hirst
En los últimos años se han podido observar cambios en la relación entre Brasil y Estados Unidos en diversas áreas. Aunque este proceso tiene características específicas que remiten a la historia de este vínculo bilateral, es importante analizarlo en el marco de las transformaciones del sistema internacional y, especialmente, de la política exterior de Estados Unidos desde septiembre de 2001.
Brasil y la tormenta que se avecina
Andrew Hurrell
Brasil se ha convertido en un actor importante e influyente en el escenario internacional, pero su actuación depende de la realidad económica y política mundial que surge de las transformaciones al sistema que diseñó Estados Unidos durante la Guerra Fría. La crisis financiera representa tan sólo un elemento en la serie de cambios que determinarán los retos y las oportunidades para la diplomacia brasileña en los próximos años.
La integración regional: una responsabilidad compartida entre Brasil y México
Salvador Arriola
El artículo describe el estado actual de la relación bilateral Brasil-México, algunas de sus características principales y, sobre todo, los beneficios que pueden derivarse de un conocimiento mayor y permanente entre ambos países, que sirva como ejemplo y espejo a toda la región latinoamericana.
Los acuerdos comerciales regionales en la agenda brasileña
Lia Valls Pereira
A comienzos del siglo xxi, Brasil amplió su agenda de acuerdos comerciales. Además de priorizar el Mercosur y la integración sudamericana, se firmaron varios acuerdos con países en desarrollo. No obstante, el análisis de esos acuerdos demuestra que los más importantes abarcan pocos productos y aún no han entrado en vigor. Con respecto a los acuerdos con países desarrollados, la agenda brasileña está estancada.
Inserción económica brasileña en América del Sur
Ricardo Sennes y Ricardo Mendes
América del Sur tiene un lugar destacado en la internacionalización económica de Brasil, en lo relativo a su expansión comercial y a la de sus inversiones. La posición de Brasil frente a la actual crisis económica debe profundizar esa tendencia de crecimiento. Sin embargo, la región carece de instituciones y acuerdos para la protección de las inversiones o para la integración energética, entre otros temas. En ese escenario, es posible que surjan tensiones entre Brasil y los países vecinos por cuestiones económicas.
Integración y transición energética: una perspectiva brasileña
Adilson de Oliveira
América del Sur se encuentra en una posición privilegiada para participar en el proceso de transición hacia la era pospetróleo. El vasto potencial de energías renovables y fósiles abre ventanas de oportunidad para que la región sea fuente segura de abastecimiento de energía. Para explorar esas oportunidades, es esencial que el desarrollo del mercado energético regional ocurra de forma cooperativa y coordinada. La elaboración de un marco regulatorio que promueva la oferta de seguridad energética y la constitución de un acuerdo regional que ofrezca seguridad jurídica para la inversión es esencial para el éxito de la transición energética de la región.
¿Agronegocio de la crisis o crisis del agronegocio?
Leila Harfuch, Marcelo Moreira y Luciane Chiodi
El objetivo de este artículo es comprender las consecuencias reales de la crisis económica internacional sobre el agronegocio brasileño, en el marco de la agricultura mundial y dadas las características particulares de los principales sectores agrícolas brasileños. El análisis concluye que la combinación de los elevados costos de producción, la caída de los precios y la falta de disponibilidad de crédito comprometen la respuesta de la agricultura brasileña a la demanda de alimentos.
El programa Bolsa Familia: un éxito entre el público y la crítica
Julia Sant’Anna
En los últimos 6 años, la política social del gobierno del presidente Luiz Inácio Lula da Silva ha recibido escasas críticas. El programa Bolsa Familia, eje central de la estrategia social desde 2003, parece mostrar que pueden convivir el pragmatismo económico y las políticas de bienestar destinadas a un amplio sector de la población, que antes no era considerado como prioritario en el gasto social brasileño. Ésta no es una receta necesariamente nueva ni surgida de la izquierda, pero está funcionando con bastante éxito en el Brasil de Lula.
Crisis: ¿más incertidumbre y más pobres?
La gran crisis económica de 2008: un revés geopolítico para Occidente
Roger C. Altman
El colapso económico de 2008, el peor en más de 75 años, es un importante revés geopolítico para Occidente. Ha despojado a Washington y a los gobiernos europeos de los recursos y la credibilidad que necesitan para mantener su papel en los asuntos globales. Estas debilidades se repararán con el tiempo, pero mientras tanto seguirán acelerando tendencias que están provocando que el centro de gravedad del mundo se aleje de Estados Unidos.
De la Ronda de Doha al siguiente Bretton Woods: una nueva agenda de comercio multilateral
Aaditya Mattoo y Arvind Subramanian
Los líderes del mundo podrían sentirse tentados a revisar la fracasada Ronda de Doha sobre comercio internacional; sin embargo, Doha no trata los problemas económicos más urgentes del mundo, incluidos aquellos que contribuyeron a la actual crisis financiera. Lo que se necesita, en cambio, es una nueva conversación —un segundo Bretton Woods— que trate las necesidades de las potencias tradicionales y emergentes por igual.
Ideas en crisis: notas sobre el derrumbe de la economía global
Pablo Larrañaga
La situación económica actual conlleva una crisis del saber compartido a propósito de la globalización, sustentado en la oposición entre las lógicas del Estado y del mercado. Para el autor, las posibilidades de una recuperación económica estable dependen de satisfacer, en el marco de distintos riesgos de regresión, una difícil ecuación: el compromiso con la globalidad y una acción pública efectiva.
La política del hambre
Paul Collier
La crisis de los alimentos puede tener efectos desastrosos sobre los más pobres. Los políticos tienen el poder de resolver la crisis alimentaria, pero deben estar dispuestos a poner fin a los prejuicios contra las grandes granjas comerciales y las cosechas genéticamente modificadas, y eliminar los subsidios a la agricultura —los gigantes del populismo romántico, impulsados tanto por la ilusión como por la ambición—.
Mundo
El mito del renacimiento autocrático: por qué prevalecerá la democracia liberal
Daniel Deudney y G. John Ikenberry
Después de años de triunfalismo liberal, el temor de que las autocracias han encontrado nuevas formas de prosperar ha aumentado en tiempos recientes. De hecho, los imperativos de la democracia liberal son más fuertes que nunca. La clave para debilitar a las autocracias es incorporarlas al orden liberal, no excluirlas de él.
La ventaja de Estados Unidos: el poder en el siglo de la interconectividad
Anne-Marie Slaughter
En el mundo de las redes del siglo xxi, el poder de un Estado se mide según su capacidad para convertir la conectividad en innovación y crecimiento. Debido a su demografía, geografía y cultura, Estados Unidos tiene el potencial de hacer del siglo de la interconectividad un siglo estadounidense.
Comentarios y reseñas
Una agenda más general: una política exterior que va más allá de la era de Bush
Stephen R. Graubard
La próxima agenda internacional de Estados Unidos aún está por formularse y el gran riesgo que podría resultar ser provinciana y demasiado poco imaginativa con respecto a lo que es probable que el mundo valore mañana.
Raudel Ávila Solís
La política como espectáculo: el sexenio de Vicente Fox
Gabriela A. Cantú García
Rostros del hombre: los caminos de la libertad frente a los absolutos
Luis Alfonso Gómez Arciniega
The Dictator’s Shadow: Life Under Augusto Pinochet
Pablo Jiménez Meza
Homeland: descenso a un mundo de odio
Jonathan D. Prendas Rodríguez
La percepción de Brasil en el contexto internacional: perspectivas y desafíos
Antonio Puig Escudero
Razón y desarrollo: el crecimiento económico, las instituciones
y la distribución de la riqueza espiritual
José Enrique Sevilla Macip
País de mentiras
Andrea Valencia Montes de Oca
Del comunismo al terrorismo: la contención en el mundo de la posguerra fría
Clásico (1962)
Ideas equivocadas sobre Brasil
Gilberto Freyre
Muchos analistas no comprenden que Brasil es un Estado distinto de los países hispanoamericanos. La experiencia de tener una monarquía parlamentaria en el momento de su independencia es lo que lo distingue de los demás países de América Latina. Brasil, con base en su propia historia, está tratando de encontrar su propio tipo de democracia —política, económica, social, étnica— en lugar de seguir pasivamente los modelos extranjeros.
Carta del director
Brasil: ¿potencia americana?
El momento de Brasil
Juan de Onis
Después de décadas de un crecimiento inconstante y de desórdenes políticos, Brasil está listo para alcanzar su potencial como actor global. Con un nuevo gobierno en Estados Unidos a partir de este año y uno nuevo en Brasil en 2010, es tiempo de repensar las relaciones entre las dos grandes democracias del hemisferio occidental.
Autores y actores de la política exterior brasileña
Leticia Pinheiro
Antes de llegar a este momento, en el que la agenda de la política exterior brasileña está tan diversificada temáticamente y son innumerables los actores que participan en ella, el país fue testigo de diferentes regímenes políticos y adoptó distintos modelos de desarrollo económico, participó en la formulación de diversas normas del sistema internacional y completó un proceso de creciente internacionalización.
La política exterior brasileña y los desafíos de la gobernanza global
Maria Regina Soares de Lima
El artículo examina los desafíos para la participación de la política exterior brasileña en las instituciones de gobernanza global, en el marco de una coyuntura de cambios sistémicos e internos. Se analizan las dos principales perspectivas sobre el papel de Brasil en el orden internacional y se señalan cuáles son los principales desafíos externos e internos para que Brasil tenga un mayor protagonismo en la escena mundial.
Las relaciones Brasil-Estados Unidos: al compás de nuevas coincidencias
Monica Hirst
En los últimos años se han podido observar cambios en la relación entre Brasil y Estados Unidos en diversas áreas. Aunque este proceso tiene características específicas que remiten a la historia de este vínculo bilateral, es importante analizarlo en el marco de las transformaciones del sistema internacional y, especialmente, de la política exterior de Estados Unidos desde septiembre de 2001.
Brasil y la tormenta que se avecina
Andrew Hurrell
Brasil se ha convertido en un actor importante e influyente en el escenario internacional, pero su actuación depende de la realidad económica y política mundial que surge de las transformaciones al sistema que diseñó Estados Unidos durante la Guerra Fría. La crisis financiera representa tan sólo un elemento en la serie de cambios que determinarán los retos y las oportunidades para la diplomacia brasileña en los próximos años.
La integración regional: una responsabilidad compartida entre Brasil y México
Salvador Arriola
El artículo describe el estado actual de la relación bilateral Brasil-México, algunas de sus características principales y, sobre todo, los beneficios que pueden derivarse de un conocimiento mayor y permanente entre ambos países, que sirva como ejemplo y espejo a toda la región latinoamericana.
Los acuerdos comerciales regionales en la agenda brasileña
Lia Valls Pereira
A comienzos del siglo xxi, Brasil amplió su agenda de acuerdos comerciales. Además de priorizar el Mercosur y la integración sudamericana, se firmaron varios acuerdos con países en desarrollo. No obstante, el análisis de esos acuerdos demuestra que los más importantes abarcan pocos productos y aún no han entrado en vigor. Con respecto a los acuerdos con países desarrollados, la agenda brasileña está estancada.
Inserción económica brasileña en América del Sur
Ricardo Sennes y Ricardo Mendes
América del Sur tiene un lugar destacado en la internacionalización económica de Brasil, en lo relativo a su expansión comercial y a la de sus inversiones. La posición de Brasil frente a la actual crisis económica debe profundizar esa tendencia de crecimiento. Sin embargo, la región carece de instituciones y acuerdos para la protección de las inversiones o para la integración energética, entre otros temas. En ese escenario, es posible que surjan tensiones entre Brasil y los países vecinos por cuestiones económicas.
Integración y transición energética: una perspectiva brasileña
Adilson de Oliveira
América del Sur se encuentra en una posición privilegiada para participar en el proceso de transición hacia la era pospetróleo. El vasto potencial de energías renovables y fósiles abre ventanas de oportunidad para que la región sea fuente segura de abastecimiento de energía. Para explorar esas oportunidades, es esencial que el desarrollo del mercado energético regional ocurra de forma cooperativa y coordinada. La elaboración de un marco regulatorio que promueva la oferta de seguridad energética y la constitución de un acuerdo regional que ofrezca seguridad jurídica para la inversión es esencial para el éxito de la transición energética de la región.
¿Agronegocio de la crisis o crisis del agronegocio?
Leila Harfuch, Marcelo Moreira y Luciane Chiodi
El objetivo de este artículo es comprender las consecuencias reales de la crisis económica internacional sobre el agronegocio brasileño, en el marco de la agricultura mundial y dadas las características particulares de los principales sectores agrícolas brasileños. El análisis concluye que la combinación de los elevados costos de producción, la caída de los precios y la falta de disponibilidad de crédito comprometen la respuesta de la agricultura brasileña a la demanda de alimentos.
El programa Bolsa Familia: un éxito entre el público y la crítica
Julia Sant’Anna
En los últimos 6 años, la política social del gobierno del presidente Luiz Inácio Lula da Silva ha recibido escasas críticas. El programa Bolsa Familia, eje central de la estrategia social desde 2003, parece mostrar que pueden convivir el pragmatismo económico y las políticas de bienestar destinadas a un amplio sector de la población, que antes no era considerado como prioritario en el gasto social brasileño. Ésta no es una receta necesariamente nueva ni surgida de la izquierda, pero está funcionando con bastante éxito en el Brasil de Lula.
Crisis: ¿más incertidumbre y más pobres?
La gran crisis económica de 2008: un revés geopolítico para Occidente
Roger C. Altman
El colapso económico de 2008, el peor en más de 75 años, es un importante revés geopolítico para Occidente. Ha despojado a Washington y a los gobiernos europeos de los recursos y la credibilidad que necesitan para mantener su papel en los asuntos globales. Estas debilidades se repararán con el tiempo, pero mientras tanto seguirán acelerando tendencias que están provocando que el centro de gravedad del mundo se aleje de Estados Unidos.
De la Ronda de Doha al siguiente Bretton Woods: una nueva agenda de comercio multilateral
Aaditya Mattoo y Arvind Subramanian
Los líderes del mundo podrían sentirse tentados a revisar la fracasada Ronda de Doha sobre comercio internacional; sin embargo, Doha no trata los problemas económicos más urgentes del mundo, incluidos aquellos que contribuyeron a la actual crisis financiera. Lo que se necesita, en cambio, es una nueva conversación —un segundo Bretton Woods— que trate las necesidades de las potencias tradicionales y emergentes por igual.
Ideas en crisis: notas sobre el derrumbe de la economía global
Pablo Larrañaga
La situación económica actual conlleva una crisis del saber compartido a propósito de la globalización, sustentado en la oposición entre las lógicas del Estado y del mercado. Para el autor, las posibilidades de una recuperación económica estable dependen de satisfacer, en el marco de distintos riesgos de regresión, una difícil ecuación: el compromiso con la globalidad y una acción pública efectiva.
La política del hambre
Paul Collier
La crisis de los alimentos puede tener efectos desastrosos sobre los más pobres. Los políticos tienen el poder de resolver la crisis alimentaria, pero deben estar dispuestos a poner fin a los prejuicios contra las grandes granjas comerciales y las cosechas genéticamente modificadas, y eliminar los subsidios a la agricultura —los gigantes del populismo romántico, impulsados tanto por la ilusión como por la ambición—.
Mundo
El mito del renacimiento autocrático: por qué prevalecerá la democracia liberal
Daniel Deudney y G. John Ikenberry
Después de años de triunfalismo liberal, el temor de que las autocracias han encontrado nuevas formas de prosperar ha aumentado en tiempos recientes. De hecho, los imperativos de la democracia liberal son más fuertes que nunca. La clave para debilitar a las autocracias es incorporarlas al orden liberal, no excluirlas de él.
La ventaja de Estados Unidos: el poder en el siglo de la interconectividad
Anne-Marie Slaughter
En el mundo de las redes del siglo xxi, el poder de un Estado se mide según su capacidad para convertir la conectividad en innovación y crecimiento. Debido a su demografía, geografía y cultura, Estados Unidos tiene el potencial de hacer del siglo de la interconectividad un siglo estadounidense.
Comentarios y reseñas
Una agenda más general: una política exterior que va más allá de la era de Bush
Stephen R. Graubard
La próxima agenda internacional de Estados Unidos aún está por formularse y el gran riesgo que podría resultar ser provinciana y demasiado poco imaginativa con respecto a lo que es probable que el mundo valore mañana.
Raudel Ávila Solís
La política como espectáculo: el sexenio de Vicente Fox
Gabriela A. Cantú García
Rostros del hombre: los caminos de la libertad frente a los absolutos
Luis Alfonso Gómez Arciniega
The Dictator’s Shadow: Life Under Augusto Pinochet
Pablo Jiménez Meza
Homeland: descenso a un mundo de odio
Jonathan D. Prendas Rodríguez
La percepción de Brasil en el contexto internacional: perspectivas y desafíos
Antonio Puig Escudero
Razón y desarrollo: el crecimiento económico, las instituciones
y la distribución de la riqueza espiritual
José Enrique Sevilla Macip
País de mentiras
Andrea Valencia Montes de Oca
Del comunismo al terrorismo: la contención en el mundo de la posguerra fría
Clásico (1962)
Ideas equivocadas sobre Brasil
Gilberto Freyre
Muchos analistas no comprenden que Brasil es un Estado distinto de los países hispanoamericanos. La experiencia de tener una monarquía parlamentaria en el momento de su independencia es lo que lo distingue de los demás países de América Latina. Brasil, con base en su propia historia, está tratando de encontrar su propio tipo de democracia —política, económica, social, étnica— en lugar de seguir pasivamente los modelos extranjeros.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
ÚLTIMO ENCONTRO DO CICLO DE HUMANIDADES 2025- 🕊️ A Paz como Projeto e Potência! 🌎 Acadêmicos, pesquisadores e todos os curiosos por um ...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...