quarta-feira, 30 de junho de 2010

A escola brasileira degringola, literalmente...

Minha atenção foi chamada para este artigo do Gustavo Ioschpe pelo meu colega de resistência anti-irracionalidades Orlando Tambosi, que o postou em seu blog.
Conheço outros trabalhos do autor, entre eles este seu livro, do qual fiz uma longa resenha publicada:

Gustavo Ioschpe:
A ignorância custa um mundo: o valor da educação no desenvolvimento do Brasil
(São Paulo: Francis, 2004, 234 p.)
Ver minha resenha neste blog Book Reviews, aqui.

Minha opinião sobre a situação da educação, e sobre a decadência das escolas brasileiras, é provavelmente bem mais pessimista do que a dele (qualquer um deles, talvez, não querendo exagerar no pessimismo).
Apenas um retrato para os retrocessos inacreditáveis que estão ocorrendo no Brasil. O pior, o catastrófico, é que as pessoas, os pais, professores e governantes, que deveriam ser os principais interessados no problema, sequer vêm isso como problema.
Acho que vamos direto para o brejo educacional e para o pântano intelectual (se o termo se aplica).
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 28 de junho de 2010
Escola é lugar de ciência. Ética se aprende em casa

O economista Gustavo Ioschpe, articulista da Veja, faz uma interessante reflexão sobre o ensino de ética e "cidadania" na escola em detrimento das ciências e do desenvolvimento cognitivo. Tem razão em apontar que a ética deve ser incumbência das famílias, já que a escola não recupera os eventuais delinquentes por elas criados. Ética e "cidadania", termos hoje bastante difusos, estão mais para ideologia do que para formação. A questão me traz à lembrança o que disse, no início dos anos 90, o filósofo italiano Carlo A. Viano (salvo engano meu): a ética tende a se tornar refúgio do esquerdismo, órfão da utopia comunista. Mais ou menos na mesma época, a escritora Doris Lessing disse que a doutrina "politicamente correta" era uma herança do comunismo destroçado pela história. O fato é que, na voz de muitos ideólogos, ética e "politicamente correto" já viraram sinônimos. Fica a ressalva, porém, de que há estudiosos sérios em relação aos temas éticos. Surrupio (Orlando Tambosi) o texto na íntegra:

Escola é lugar de ciência. Ética se aprende em casa
Gustavo Ioschpe
Revista Veja, 30 de junho de 2010

Estou começando a procurar escola para o meu filho, e fico impressionado com o que tenho ouvido e lido a respeito das escolas que procuro. Ouve-se falar pouco no desenvolvimento cognitivo, em aprendizagem, em ciências exatas. Menos ainda alguém se referindo a pesquisa empírica ou aos recentes achados de neurociência. Em compensação, dois temas são unanimidade: cidadania e ética. É uma distorção que me preocupa.

Em primeiro lugar, porque parece presumir que o ensino das matérias tradicionais é uma questão resolvida, e que se ater a elas seria algo menor, reducionista ou, como se diz com certo desdém: "conteudismo". Não é. O Brasil vai muito mal nessa área, como comprovam todos os testes internacionais comparativos. Vai mal não apenas nas escolas públicas. As escolas privadas brasileiras também são, em geral, ruins, mas salvam as aparências por ter suas deficiências mascaradas pelos problemas ainda mais graves das escolas públicas. No Ideb, indicador de qualidade da educação do MEC, as escolas privadas têm nota média 6, em uma escala que vai até 10. No Pisa, teste internacional de qualidade de ensino, descobrimos que os 25% mais ricos do Brasil têm desempenho educacional pior que os 25% mais pobres dos países desenvolvidos. Ainda nos falta muito, portanto, para que possamos considerar a transmissão de conhecimento como tarefa cumprida.

Sei que há uma corrente de pensamento no país que acha que podemos e devemos fazer tudo ao mesmo tempo, e que priorizar a ética não significa descuidar do conteúdo. Deixo esse assunto para outro artigo, mas já adianto que não acredito que isso seja possível com o nível de institucionalização a que chegou o tema no Brasil. Atualmente o MEC exige que os livros didáticos de matemática (sim, matemática) atuem na construção da cidadania, estimulando "o convívio social e a tolerância, abordando a diversidade da experiência humana". Seria melhor se esse espaço do livro e o tempo do professor fossem dedicados à atividade nada trivial de familiarizar o aluno com os conceitos básicos da disciplina. Mesmo quando conseguirem cumprir a função básica de ensinar matemática, português, ciências, não creio que os professores devam priorizar de forma ostensiva a pregação ética. São muitas as razões que me levam a essa conclusão. Em primeiro lugar, o desenvolvimento ético de uma criança é uma prerrogativa de seus pais. Acredito que um pai tem direito a infundir em seu filho padrões éticos divergentes do senso comum, que costuma nortear as escolas. Dou um exemplo claro. A questão da preservação ambiental virou um imperativo ético, e as escolas marretam esse tema insistentemente.

Para mim, conforme já expus em artigo aqui, o comportamento ético em um país com o nível de desenvolvimento brasileiro deveria ser privilegiar o desenvolvimento material humano, mesmo que isso implique algum desmatamento. O que me parece antiético é deixar gente sem renda para que árvores sejam preservadas. Não gostaria, portanto, que um professor ensinasse o contrário ao meu filho.

O segundo problema é que não acredito que os professores brasileiros estejam preparados para travar a discussão profunda e multifacetada que o tema da ética exige. O mais certo é que a questão desande para o discurso panfletário, rasteiro, frequentemente ideologizado. Não imagino que o utilitarismo, o hedonismo ou o epicurismo sejam ensinados em pé de igualdade com correntes filosóficas que pregam as vertentes mais clássicas da moralidade judaico-cristã. E, sem esse contraponto, não se está ensinando ética, mas sim fazendo doutrinamento.

Essa dinâmica está diretamente atrelada a outro problema, que é a relação hierárquica que caracteriza o ensino formal. Se uma escola fizesse uma disciplina de ética opcional ou não avaliada, creio que seria possível que houvesse alguma evolução verdadeira por parte do alunado. Mas, no momento em que esse tema virou transdisciplinar e vale nota, é óbvio que os alunos minimamente atilados saberão conformar suas respostas às expectativas e inclinações de seus professores. Quando eu estava na escola, era formada por marxistas a maioria dos professores de história, português, geografia e outras disciplinas da área de humanas. Isso fazia com que eu e muitos outros colegas nos certificássemos de que toda resposta em prova incluísse alguma lenhada na burguesia e uma conclamação à construção de um mundo mais fraterno. Não por convicção, mas porque o nosso falso esquerdismo rendia notas melhores. Tenho certeza de que os mensaleiros, anões do Orçamento, sanguessugas e demais patifes também pregavam a justiça universal em seus tempos de escola.

Surge aí mais um problema do ensino-cidadão, que é a sua total inutilidade. A psicologia evolutiva demonstra que há um substrato ético que é genético e comum à nossa espécie e a alguns primatas. Complementando essa camada, acredito que a formação de uma consciência ética está indissociavelmente atrelada às experiências de vida, não a ensinamentos acadêmicos. Essa consciência se forma através de um sistema de recompensas e punições trabalhado primordialmente pelos pais de uma criança, desde seus mais tenros anos. É o receio da perda do amor paterno que nos leva a agir de forma ética, em um mecanismo inconsciente. Posteriormente, somam-se a essa base a história de uma pessoa e a fortaleza institucional do local em que ela vive.

O psicólogo Steven Pinker relata o exemplo do que aconteceu, literalmente da noite para o dia, quando a polícia da sua Montreal entrou em greve: uma cidade até então pacata e segura viu-se engolfada por uma onda de criminalidade que só cessou com o fim da greve. A população não sofreu um desaprendizado coletivo naquele período: ela agiu como muitos de nós agiríamos em um cenário em que as violações éticas não fossem punidas. Conhecer Sócrates ou Nietzsche não deve alterar o comportamento da maioria das pessoas. Para ser íntegra, a criança precisa receber orientação de seus pais e, depois, saber que desvios antissociais serão punidos. Alguns professores acreditam que podem sanar, com sua atuação, as deficiências da família e do estado. É ilusão. Um estudo recente das pesquisadoras Fátima Rocha e Aurora Teixeira, da Universidade do Porto, investigou a cola em 21 países e apontou haver relação direta entre a desonestidade em sala de aula e o índice de corrupção do país.

Para aqueles que imaginam que este autor é um defensor de uma escola amoral, explico-me. Acredito, sim, que a ética tem papel vital na escola, mas não no discurso, e sim na ação. Cabe à escola criar um ambiente de total liberdade intelectual, mas sem esquecer de aplicar no seu dia a dia os princípios éticos que norteiam a vida em sociedade. Com coisas simples e em todas as matérias: as aulas devem começar no horário, os professores não devem faltar, os alunos violentos devem ser punidos, as regras da escola devem ser aplicadas a todos. E eis aí o busílis da questão: ao mesmo tempo em que são incompetentes e doutrinárias no ensino da ética, nossas escolas são antiéticas em sua prática. O exemplo mais claro: a cola. No estudo citado, descobre-se que 83% dos universitários brasileiros já colaram, um dos índices mais altos do mundo. Cem por cento dos alunos brasileiros já viram alguém colando.

Nos meus tempos de aluno, havia gente colando na grande maioria das provas. É difícil imaginar que os professores não percebessem o que estava acontecendo. Em vários casos, os professores notavam e então caminhavam pela sala, parando perto do "colador", ou às vezes chamavam seu nome. Mas, se não me falha a memória, em onze anos de escola jamais vi um único aluno perder a prova, a nota do bimestre ou sofrer sanção mais séria por um delito que é provavelmente o mais grave para um ambiente em que se preza o saber. O ensino da ética, em uma realidade assim, é um deboche. Mais do que um deboche, é um desserviço: quando nossas escolas falam sobre o tema e praticam o oposto, a mensagem implícita é que esse negócio de ética e cidadania é papo-furado, pois já na escola os trapaceiros se dão bem. Melhor seria não falar nada.

Postado por Orlando Tambosi às 19:20

(Bem, se alguém conseguir dormir depois disso, me avisa. PRA)

Brasil, potencia regional o ator global - Dossier Brasil La Vanguardia (Barcelona)


Meu artigo para o dossiê do La Vanguardia, referido no post anterior.

Política exterior: potencia regional o actor global
Paulo Roberto de Almeida
Doctor en Ciencias Sociales, diplomático brasileño

In: “Brasil Emerge”, Vanguardia Dossier
(Barcelona: La Vanguardia, número 36, Julio-Septiembre, año 2010, p. 68-72; ISSN: 1579-3370).

Un gigante con algunas deficiencias
Brasil siempre fue un gran país en términos absolutos: se encuentra entre los cinco primeros del mundo, en cuanto a población y territorio, y entre los diez mayores por su peso económico nominal. Es el mayor de Sudamérica, con prácticamente la mitad del territorio, población, producción y recursos. Se le considera una de las potencias medias emergentes, sin duda uno de los países líderes en su continente y, para los más optimistas, una de las mayores potencias del futuro previsible, en el contexto de los BRIC -con Rusia, India y China- o en su propia dimensión. Su importancia económica y política, sobre todo diplomática, ha crecido aún más últimamente, convirtiéndose en un actor ineludible en varias negociaciones multilaterales -como en la Organización Mundial del Comercio (OMC), que en la reunión de Doha constituyó un G20 comercial- o en foros plurilaterales (como el G20 financiero, por ejemplo).
Pero no siempre fue así. Hace exactamente cien años, Argentina era el país más rico de Latinoamérica, con una renta per cápita superior al doble de la brasileña y cercana al 70% de la renta individual de EEUU, ya por entonces uno de los países más ricos del mundo. Cien años después, la distancia que separa a Brasil de EEUU disminuyó moderadamente, al mismo tiempo que la de Argentina aumentó significativamente, con una renta per cápita que no llega a un tercio de la de los estadunidenses.
La razón es muy simple: incluso presentando indicadores económicos y educativos que son, en promedio, inferiores en un tercio a los de Argentina, Brasil creció de forma más consistente, y más rápida en determinados periodos. Los gobiernos militares de los años 1964 a 1985, a pesar de haber reprimido la democracia, supieron construir una potencia industrial, y dotar al país de instituciones que favorecieron el crecimiento durante la fase decisiva de su modernización económica y tecnológica. Argentina, desafortunadamente, no supo conservar las condiciones favorables de las que disponía hasta la belle epoque y se malogró en una sucesión tanto de gobiernos militares catastróficos como de administraciones civiles incompetentes, que hicieron retroceder el país de forma dramática en la escala del desarrollo económico y político.
A pesar de su riqueza en recursos primarios -es el primer productor mundial en diversas materias primas, especialmente en el sector de la agricultura, donde es un auténtico líder- Brasil todavía padece graves disfunciones en su sistema productivo y en sus niveles de competitividad internacional: extrañamente, está al margen de los mercados más dinámicos y sofisticados, con la rara excepción de la industria aeronáutica. Los factores que contribuyen a disminuir sus índices de productividad son de carácter histórico y están relacionados con la baja formación técnica y educativa de su mano de obra, con las deficiencias de infraestructura, con un mercado de crédito poco desarrollado para la magnitud del PIB y, sobretodo, con la sobredimensión del Estado, que recauda de la sociedad cerca de un 40% de la riqueza producida por la economía, pero le devuelve muy poco en término de inversiones directamente productivas.

Unas relaciones regionales con altibajos
Durante mucho tiempo, Brasil vivió de espaldas a sus vecinos de América del Sur: único heredero de la corona portuguesa en un continente dominado casi íntegramente por la monarquía española, sus fronteras fueron construidas en gran parte avanzando sobre las tierras que el antiguo Tratado de Tordesillas (1494) había atribuido a la corona castellano-aragonesa, hecho que originó conflictos fronterizos con los estados contiguos. Estas disputas fueron resueltas casi un siglo después de la proclamación de una monarquía independiente, ya en tiempos de la república. Sin embargo, desde la guerra de Paraguay (1865-1870), las relaciones de Brasil con sus vecinos, sin excepción, son pacíficas; desencadenada por un dictador, Solano López, que se creía el Napoleón de la pampa, la guerra de Paraguay fue desastrosa tanto para el vencido como para el vencedor. El crecimiento económico de Brasil tardó más en consolidarse, y sólo fue posible a partir de la crisis económica de entreguerras, cuando se inició el proceso de industrialización.
De todos los países de América del Sur, Brasil es, sin duda, el más industrializado, pero su vocación para la apertura económica regional y para la integración con los países vecinos fue tardía: surgió prácticamente a partir del Mercado Común del Sur (Mercosur), creado en 1991, tras las tentativas relativamente frustradas de la Asociación Latinoamericana de Libre Comercio (ALALC), fundada en 1960, y de la Asociación Latinoamericana de Integración (ALADI), instituida en 1980. El Mercosur permitió consolidar una agenda satisfactoria con Argentina, tras décadas de indiferencia relativa o, incluso, de hostilidad disimulada. Los dos mayores países del continente, incluso sin disputarse abiertamente la hegemonía regional, se enfrentaron en diversos episodios a lo largo del siglo XX. Entre otros, uno de los motivos de disputa fue la explotación de los recursos hídricos de la cuenca del Plata, afortunadamente resuelto por un acuerdo tripartito, en 1979, en torno a Itaipú, que logró superar la absurda disputa por el potencial energético del río Paraná.
Inmediatamente después, el retorno a la democracia de ambos países favoreció un proceso de acercamiento político y la consolidación de la confianza mutua, incluso en el terreno nuclear, donde se enterró una inútil e irracional competición por el armamento atómico. Mediante una sucesión de acuerdos de cooperación (1986) y de integración (1988), se llegó al Tratado de Asunción (1991), que creó el Mercado Común del Sur, junto con Uruguay y Paraguay. Es en torno al Mercosur, y a sus acuerdos de asociación con los países vecinos, donde se articula la parte esencial de la política exterior regional de Brasil, aún cuando en un periodo más reciente se ha desdoblado en una serie de iniciativas de carácter político que intentan consolidar la concepción brasileña de América del Sur como un espacio de integración económica y de cooperación política.
Tras el lanzamiento, por Fernando Henrique Cardoso, de la Iniciativa de Integración Regional Sudamericana (2000), el presidente Lula multiplicó las iniciativas de consulta y coordinación políticas que desembocaron, sucesivamente, en la creación de la Comunidad Sudamericana de Naciones (Cuzco, 2004), substituida, debido al fuerte impulso del presidente venezolano Hugo Chávez, por la Unión de Naciones Sudamericanas (Isla Margarita, 2007). Le siguió el Consejo de Defensa Sudamericano, impulsado por Brasil en el ámbito de la Unasur. Finalmente, en 2009 y 2010, Brasil participó activamente en la creación de una Cúpula de América Latina y del Caribe (CALC), para fortalecer a continuación las iniciativas que dieron lugar a la Cumbre de la Unidad (Cancún, febrero de 2010), donde se decidió la creación de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños, espacio regional que asume la herencia del Grupo de Río (1986) y de la CALC, reuniendo, por lo tanto, a todos los países de América del Sur y del Caribe.

Un liderazgo regional no siempre bien aceptado
A favor de Brasil, en el ejercicio de un liderazgo informal y no asumido, se sitúan su peso como gran mercado y la mayor economía de la región, siempre dispuesta a la cooperación, a emprender esfuerzos conjuntos para la unión física y la reducción de barreras en los intercambios e inversiones, así como una política diplomática profesional que ha sido respetada por su seriedad y su constancia en los objetivos. En detrimento suyo están, precisamente, el hecho de ser grande -aún sin tener en cuenta el peso de un pasado expansionista, hoy lejano-, la actitud de quien no siempre tiene en consideración los intereses de los vecinos -incluso del Mercosur, teóricamente una unión aduanera- con ocasión del establecimiento e implementación de políticas económicas con impacto en el exterior, además de seguir siendo relativamente proteccionista en muchas de las disposiciones sobre acceso a los mercados y normas reguladoras que afectan al comercio. De hecho, la burocracia estatal brasileña es enorme, y no siempre está atenta a las peculiaridades del entorno regional a la hora de determinar las políticas sectoriales, que dificultan la integración en lugar de facilitarla.
Hasta el gobierno de Fernando Henrique Cardoso, la diplomacia profesional de Itamaraty evitó, precisamente, la más mínima mención de la palabra liderazgo, pues sabía que la mera alusión de esa idea traería repercusiones negativas en la zona, sobre todo entre los vecinos mayores (ya que los menores estarían dispuestos a aceptar algún grado de asociación más estrecha con Brasil, siempre que eso conllevara ventajas reales y beneficios concretos para ellos). La diplomacia de Lula, sin embargo, imaginó que el hecho de que la región estaba atravesando una fase de elección de líderes progresistas o de izquierda, y también de reorientación parcial de las políticas exteriores de los países, en el sentido de un mayor distanciamiento de Washington -incluso motivado por la poca empatía que Bush despertaba en el subcontinente- haría posible congregar un mayor número de socios en torno a una plataforma común de iniciativas, comenzando por el rechazo al ALCA, el proyecto americano de una zona hemisférica de libre mercado.
De cualquier modo, fue mucho más fácil alejar el proyecto americano (with a little help from Chávez y Kirchner) que construir un programa de trabajo conjunto que uniera efectivamente a todos los países de la región. El resultado fue que la cartera de proyectos que había sido diseñada inicialmente por la Iniciativa de Integración Regional Suramericana (IIRSA) de Fernando Henrique Cardoso, no fue más allá de unas pocas iniciativas de carácter limitado. El compromiso se quedó más en una retórica integradora, con múltiples reuniones de la cúpula y foros de carácter esencialmente político, que en la eliminación de barreras físicas y comerciales. El propio descarte del ALCA no impidió que los países, individualmente, lograran concretar acuerdos de libre comercio con EEUU, como sucedió con Chile, Colombia y Perú (sin mencionar a toda América Central y el Caribe, que ya habían sido contemplados por EEUU con programas propios de asociación).
Brasil ha practicado, durante la administración Lula, una “diplomacia de la generosidad” que le ha llevado a financiar, con recursos de su Banco Nacional de Desarrollo (BNDES), diversos proyectos en la zona, y a aceptar la no reciprocidad en los acuerdos comerciales e incluso en el mantenimiento -en el caso de Argentina la introducción- de barreras y garantías contra sus propios productos, en nombre de una supuesta solidaridad con el desarrollo de estados menores o la ayuda en procesos de ajuste y estabilización económica. En el ámbito del Mercosur, fue el principal defensor de un fondo de corrección de “asimetrías”, en el que asumió el 70% de la financiación, destinado prioritariamente a los socios menores. Brasil también creó un programa de “sustitución de importaciones”, específicamente diseñado para aumentar las compras de productos en la región, a pesar de las balanzas comerciales bilaterales, que continúan persistentemente a su favor.

Soñando con una mayor presencia internacional
Al mismo tiempo, en los foros internacionales y en el ámbito de la política mundial es donde Brasil intenta conseguir mayor prestigio e influencia internacionales. Desde la toma de posesión de Lula, su diplomacia se fijó como objetivo alcanzar un puesto permanente en el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas, quizás la primera de sus tres prioridades políticas en asuntos exteriores, junto con el fortalecimiento y ampliación del Mercosur y la conclusión de las negociaciones comerciales multilaterales. Ninguna de estas metas se ha alcanzado aún ni tiene visos de lograrse, ni siquiera a medio plazo. Los primeros pasos para alcanzar el primero de los objetivos se dieron mediante la propuesta de un plan para combatir el hambre en el mundo -despreciando los programas ya existentes en el ámbitos de los organismos especializados de la ONU- y el compromiso activo en la operación de estabilización de Haití, considerada una especie de tarjeta de ingreso en el Consejo de Seguridad.
En función de este objetivo se multiplicaron los viajes y las visitas presidenciales, se ampliaron la cooperación internacional y la red de embajadas en el exterior, se lanzaron diversos programas de cooperación en el ámbito Sur-Sur, comenzando por la constitución del grupo IBAS -junto con India y Sudáfrica- y se emplearon considerables esfuerzos para la celebración de dos reuniones permanentes de una cumbre que unieran a todos los países sudamericanos, por un lado, y a todos los países africanos y árabes, por el otro. Específicamente para apoyar la aspiración brasileña de ocupar un puesto permanente en el Consejo de Seguridad de la ONU, se concedieron créditos y se condonaron las deudas bilaterales de países en desarrollo. También se creó el G4, con Alemania, Japón e India, hecho que paradójicamente puede haber disminuido las oportunidades para Brasil, al unir sus esfuerzos a los de estos países que cuentan con notorias objeciones políticas en sus propias áreas geográficas: el Japón, de China; India, de Pakistán; Alemania, de socios europeos como Italia y España. El mismo Brasil, al promover públicamente su candidatura, suscitó reacciones negativas en la región, especialmente por parte de Argentina y de México, que se consideran también capacitados para el cargo, o que proponen, como fórmula alternativa, un puesto rotativo regional, lo que desagrada notoriamente a Brasil.
El activismo de la diplomacia brasileña se ejerció asimismo en otras direcciones, siempre con un gran refuerzo de publicidad en torno a la figura del presidente Lula, que fue distinguido con diversos premios y galardones internacionales, incluso en España, donde se le concedió el premio Príncipe de Asturias. Además de por sus propias cualidades, muy vinculadas a su carisma, siempre se ha realzado su capacidad para el diálogo entre partes contrarias, hecho que llevó a su diplomacia a vincular el nombre de Lula con asuntos de difícil resolución en la esfera internacional, como los conflictos en Oriente Medio, en especial el problema palestino y las investigaciones en materia de energía nuclear por parte de Irán. Otros aspectos menos resaltados en la prensa internacional son el cambio de rumbo de Brasil en el ámbito de los derechos humanos -con el apoyo abierto o velado a dictaduras del tercer mundo- y el bajo compromiso con la defensa de la democracia en la propia región, especialmente en los casos de Venezuela y de Cuba.
Las credenciales para que Brasil pueda llegar a asumir un papel más importante en la escena internacional existen, y se apoyan, especialmente, en la estabilidad política de su régimen democrático y en la continuidad de políticas económicas responsables y de relativa apertura a las inversiones internacionales. El voluntarismo de algunas de sus iniciativas diplomáticas, sobretodo en el contexto Sur-Sur y en el ámbito de los BRIC, también le ha servido para destacarse en los medios de comunicación. De todos modos, hasta ahora, la retórica de las grandes intenciones -como la reforma de los grandes organismos económicos internacionales- ha superado, en gran medida, a los resultados efectivos.
De los cuatro BRIC, Brasil es el país con menor crecimiento relativo -aunque posea estructuras de mercado más consolidadas- y el de menor capacidad de proyección militar. Se está haciendo un gran esfuerzo en el sentido de acumular reservas internacionales, incluso en exceso -con 245.000 millones de dólares- pero los principales puntos débiles de Brasil se sitúan, en realidad, en el plano interno, no en sus conexiones internacionales. Están, sobre todo, en la excesiva carga fiscal y en una inversión productiva insuficiente, sin olvidar las ya mencionadas deficiencias educativas de su población, lo que limita las posibilidades de mayor crecimiento y de innovación tecnológica con una cualidad competitiva a nivel mundial.
Finalmente, Brasil tendrá que hacer un gran esfuerzo interno de reformas de modernización, con vistas a organizar su sistema productivo, mejorar su establishment científico y tecnológico, y preparar a sus Fuerzas Armadas para el desempeño de iniciativas y propuestas exteriores capaces de aumentar realmente su influencia y prestigio internacionales.
Desprovisto de cualesquiera amenazas o conflictos potenciales en su ámbito geopolítico, Brasil tiene por lo menos la ventaja de que ninguna de las reformas que tendrían que ser emprendidas en el futuro inmediato depende, en ningún grado, de circunstancias externas; sólo dependen, única y exclusivamente, de la voluntad nacional y de la clarividencia de sus liderazgos políticos.

Shanghai, 29.04.2010
Paulo Roberto de Almeida
(Traducción al español: Teresa Matarranz Lopez)

Dossier Brasil - La Vanguardia (Barcelona)


O jornal La Vanguardia, de Barcelona, acaba de publicar um Dossier "Brasil Emerge", do qual participei com o artigo abaixo:

2134. “Política exterior: potencia regional o actor global
Shanghai, 14 abril 2010, 7 p. Colaboración a dossier especial de Vanguardia (Barcelona; www.vanguardiadossier.com) sobre Brasil, a convite.
Publicado em “Brasil Emerge”, Vanguardia Dossier (Barcelona: La Vanguardia, número 36, Julio-Septiembre, año 2010, p. 68-72; ISSN: 1579-3370).
Relação de Publicados n. 977.

Sumário do número especial:
Brasil Emerge
Vanguardia Dossier
n. 36, Julio-Septiembre 2010

BRASIL EMERGE

La construcción democrática en Brasil: la participación de la sociedad civil y sus dilemas
BRASIL, EL MUNDO Y AMÉRICA
El legado de Lula: los dos Brasil
Después de Lula
UNA POTENCIA COMERCIAL
El sorprendente dinamismo económico ...y también el favorable marco externo
El poder energético
LAS ENERGÍAS DEL BRIC
La presencia de las empresas españolas
LAS EMPRESAS ESPAÑOLAS EN BRASIL
La población
El drama de la Amazonia
Política exterior: potencia regional o actor global
Las relaciones con Estados Unidos
¡Brasil!, muestra tu cara
El mundo de las religiones
FOTOCRONOLOGÍA: BRASIL, DE IMPERIO A POTENCIA EMERGENTE
La mujer brasileña en los espacios público y privado

Selecao Fora da Copa?: uma premonicao, talvez...

Parece que a Folha de S.Paulo cometeu um erro histórico. A menos que seja uma antecipação do resultado contra a Holanda....
Paulo Roberto de Almeida

Brasil fora?
Em anúncio, patrocinador oficial se despede da seleção

Emanuel Alencar
O Globo, 29/06/2010 às 17h55m

Anúncio saiu com despedida antecipada

RIO - Em um anúncio publicado nesta terça-feira no caderno "Copa 2010" do jornal "Folha de S. Paulo", a rede de supermercados Extra estranhamente se despede da seleção brasileira na Copa com um "Valeu, Brasil. Nos vemos em 2014". Não demorou para o erro ganhar o microblog Twitter. O equívoco, atribuído pela rede de supermercados ao jornal, foi duramente criticado pelo empresário Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do Grupo Extra/Pão de Açúcar, no seu microblog:

"Estou ao lado dos que se indignaram com o anúncio publicado erroneamente pelo jornal. Não compartilhamos com a impunidade e tomaremos as providências, que não eliminarão o erro, mas irá responsabilizar os culpados".

Na peça publicitária, a palavra "seleção" é escrita no idioma Zulu: "A I qembu le sizwe (seleção) sai do Mundial. Não do coração da gente".

Veja aqui o anúncio errado, que saiu na página D9

Confira aqui o anúncio correto, que deveria ter saído

Em nota divulgada à imprensa, o Extra lamenta o erro ocorrido hoje na veiculação do anúncio:

"A empresa informa que a 'Folha de S. Paulo' errou na seleção do material para publicação e irá se retratar publicamente com a correção do material visto que, como patrocinador da seleção, a rede Extra tem sido um entusiasta do time brasileiro."
Ombudsman admite "tremenda mancada"

Às 14h44m, a "Folha" publicou em seu site notícia admitindo que o erro foi do jornal: "A Folha de S.Paulo esclarece que no dia 29/6/2010, no Caderno Copa 2010, pág D11, foi publicado equivocadamente um anúncio do Hipermercado Extra, devido a problema ocorrido na área de inserção de anúncios. Lamentamos o erro".

Com a enorme repercussão no Twitter, a ombudsman da "Folha", Suzana Singer, comentou, em resposta a um seguidor: "Saiu anúncio errado do Extra hj por problema da inserção da Folha. Sairá uma errata amanhã. Tremenda mancada."

Procurada pelo GLOBO, a funcionária responsável por falar com a imprensa sobre o anúncio, Katia Gama, secretária do Departamento Comercial, disse que a "Folha de São Paulo" divulgaria uma errata nesta quarta-feira sobre o assunto e que a empresa não faria comentários sobre o erro.

A seleção de Dunga enfrenta a Holanda, pelas quartas-de-finais da Copa, nesta sexta.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Combatendo a Krugmanmania: um austriaco

Vacas sagradas, eu já escrevi isso algum tempo atrás, são pessoas que por alguma notoriedade cuja origem não cabe agora discutir, adquirem o direito de dizer qualquer bobagem e isso é recebido com suspiros de admiração pelos beatos e ingênuos habituais, a começar pelos jornalistas e pelos professores universitários (nessa ordem, pois os segundo costumam repetir as bobagens dos primeiros).
Paul Krugman há muito tempo tem esse status, e vem exagerando no direito de acumular bobagens. Reparei nisso desde o primeiro governo Bush, quando ele começou a colaborar como colunista regular no New York Times: ainda que Bush merecesse ser criticado por um monte de coisas, inclusive por suas políticas econômicas irresponsáveis (sobretudo no plano fiscal, onde ele conduziu um dos mais exemplares keynesianismos militares desde a era Reagan), Krugman escrevia de forma totalmente política, não como economista, o que ele era supostamente.
Minha ojeriza a ele foi crescendo, até que desisti de ler seus artigos, que eram cansativos, rebarbativos e puramente bullshit.
Pois bem, no Brasil ele continua a ser admirado, beatamente, como convém às mentes simples que frequentam nossos jornais e academias.
Agora descobri um site que critica, economicamente, as bobagens de Krugman.

Leiam e pensem (o que todo mundo deveria fazer):

Krugman-in-Wonderland
William L. Anderson
Analysis and criticism of America's most prominent public intellectual and champion of Keynesian economics. I am part of the Austrian School of Economics, and I critique Krugman's writings from that perspective.

William L. Anderson
I teach economics at Frostburg State University in Frostburg, Maryland. We are located on the Allegheny Plateau, and we have cool summers and tough winters. I am the father of four children, three of them adopted from overseas, and the husband of a beautiful wife. I have two grandchildren. My family and I are members of Faith Presbyterian Church (PCA).
Complete profile

Um exemplo de post:

Monday, June 28, 2010
Krugman and the Keynesian "Stones into Bread" Fallacy
The more I read Paul Krugman's columns and papers, the more I realize just how great the gulf is between Austrian and Keynesian thought. It is impossible to sum up all of the differences between the two camps, but I do think that perhaps the disparities can be summed up in the Austrian rejection of Keynes' famous 1943 statement that expansion of credit by the central bank will create a “miracle . . . of turning a stone into bread.”

In his column today, Krugman in a roundabout fashion repeats this notion, as he excoriates the governments of the world for not borrowing, printing, and spending at a rate that he believes will keep the world economy from slipping into depression. At the heart of Krugman's exhortation is his belief that credit expansion is the same thing as creating wealth. I don't think so.

Krugman has almost a religious belief that borrowing and printing money and policies of spending for the sake of spending will pull the country out of a recession. He writes of the current mess:

...this third depression will be primarily a failure of policy. Around the world — most recently at last weekend’s deeply discouraging G-20 meeting — governments are obsessing about inflation when the real threat is deflation, preaching the need for belt-tightening when the real problem is inadequate spending.

In 2008 and 2009, it seemed as if we might have learned from history. Unlike their predecessors, who raised interest rates in the face of financial crisis, the current leaders of the Federal Reserve and the European Central Bank slashed rates and moved to support credit markets. Unlike governments of the past, which tried to balance budgets in the face of a plunging economy, today’s governments allowed deficits to rise. And better policies helped the world avoid complete collapse: the recession brought on by the financial crisis arguably ended last summer.

Krugman ignores the recoveries after the 1921 recession and the 1982 recession, both of which occurred in the absence of inflation and and the presence of higher interest rates. Furthermore, while the U.S. Government in both instances ran deficits, they were deficits brought on by the fall in tax revenues due to the recession, not as matters of "deficit-based stimulus" policies.

But, there is a larger issue here, and it is this: Current spending by government does not create wealth, and it is the creation of wealth that will bring us out of the depression. Borrowing from future generations (or repudiating the debt through inflation) is nothing more than making a claim on future wealth. Furthermore, Krugman's recommendations do nothing to address the current set of malinvestments which plague the economy, not to mention the huge added burden of government-imposed costs which make production of wealth more difficult.

Lest we think that Krugman is saying something new, the great Ludwig von Mises more than 60 years ago exposed this faulty thinking. He wrote:

The stock-in-trade of all Socialist authors is the idea that there is potential plenty and that the substitution of socialism for capitalism would make it possible to give to everybody “according to his needs.” Other authors want to bring about this paradise by a reform of the monetary and credit system. As they see it, all that is lacking is more money and credit. They consider that the rate of interest is a phenomenon artificially created by the man-made scarcity of the “means of payment.”

In hundreds, even thousands, of books and pamphlets they passionately blame the “orthodox” economists for their reluctance to admit that inflationist and expansionist doctrines are sound. All evils, they repeat again and again, are caused by the erroneous teachings of the “dismal science” of economics and the “credit monopoly” of the bankers and usurers. To unchain money from the fetters of “restrictionism,” to create free money (Freigeld, in the terminology of Silvio Gesell) and to grant cheap or even gratuitous credit, is the main plank in their political platform.

Indeed, it was as though Professor Mises was anticipating Krugman's arguments. No doubt, Krugman would think Mises was a fool and a charlatan, but the joke is on Krugman. True, Mises did not have a Nobel Prize; but Mises had wisdom, and that makes all the difference.
Posted by William L. Anderson at 7:19 AM

Artigos Paulo R. Almeida - mais recentes publicados

Da lista de publicados, mais recentes:

976. “Políticas ativas pelos Estados funcionam?; se sim, sob quais condições?
Ordem Livre (21.06.2010; Volta ao mundo em 25 ensaios: 12).
Relação de Originais n. 2085.

975. “Fluxos financeiros internacionais: é racional a proposta de taxação?
Mundorama (Boletim 34, 14.06.2010).
Relação de Originais n. 2150.

974. “Livre comércio: uma idéia difícil de ser aceita (e, no entanto, tão simples)
Ordem Livre (7.06.2010; Volta ao mundo em 25 ensaios: 11).
Relação de Originais n. 2084.

Paulo Roberto de Almeida

Divida publica dos paises desenvolvidos - The Economist

Is there life after debt?
The Economist, Jun 24th 2010

Rich countries borrowed from the future. Paying the bill will be difficult, and so will living in a thriftier world

DEBT is as powerful a drug as alcohol and nicotine. In boom times Western consumers used it to enhance their lifestyles, companies borrowed to expand their businesses and investors employed debt to enhance their returns. For as long as the boom lasted, Mr Micawber’s famous injunction appeared to be wrong: when annual expenditure exceeded income, the result was happiness, not misery.

For a long time debt in the rich world has grown faster than incomes. As our special report this week spells out, it is not just government deficits that have swelled. In America private-sector debt alone rose from around 50% of GDP in 1950 to nearly 300% at its recent peak. The origins of the boom go even further back, reflecting huge changes in social attitudes. In the 19th century defaulting borrowers were sent to prison. The generation that lived through the Great Depression learned to scrimp and save. But the wider take-up of credit cards in the 1960s created a “buy now, pay later” society. Default became just a lifestyle choice. The reckless lender, rather than the imprudent debtor, was likely to get the blame.

As consumers leveraged up, so did companies. The average bond rating fell from A in 1981 to BBB- today, just one notch above junk status. Firms that held cash on their balance-sheets were criticised for their timidity, while bankruptcy laws, such as America’s Chapter 11, prevented creditors from foreclosing on companies. That forgiving regime encouraged entrepreneurs (in Silicon Valley a bankruptcy is like a duelling scar in a Prussian officers’ mess) but also allowed too many zombie companies to survive (look at the airlines). And no industry was more addicted to leverage than finance. Banks ran balance-sheets with ever lower levels of equity capital; private equity and hedge funds, which use debt aggressively, churned out billionaires. The road to riches was simple: buy an asset with borrowed money, then sit back and watch its price rise.

All this was encouraged by the authorities. Any time a debt crisis threatened the economy, central banks slashed interest rates. The prospect of such rescues reduced the risk of taking on more debt. Bubbles were created, first in equities, then in housing. It was a monetary ratchet, in which each cycle ended with much higher debt and much lower interest rates. The end-game was reached in 2007-08 when investors realised a lot of this debt would not be repaid. As the credit crunch tightened, central banks had to cut short-term rates to 1% or below.

And now the reckoning
Rich-world countries now face two sets of problems. The most pressing is how to pay off their debts. Many people who have cut back their credit-card spending and firms which have seen their credit lines slashed would be horrified to see how little the rich world’s overall burden has fallen. Much of the debt has merely moved from the private to the public sector as governments have correctly stepped in to support banks and save the economy from falling into depression. And in the future, even more money will have to be raised, because of governments’ lavish promises of pensions and health care for the retiring baby-boom generation.

All this debt will have to be regularly refinanced and rolled over. Crises of confidence are likely, given that the rich world’s trend rate of growth (and thus the ability of debtors to service their loans) looks set to slow. Worse, much private debt is secured against assets; while the value of the debt is fixed, the value of the assets can fall. This can cause a vicious circle as debtors are forced to sell assets, driving prices down.

Piling up more debt does not seem an option. There is little appetite on behalf of borrowers or creditors. All governments face the tricky balance of appeasing the markets without damaging growth: Britain’s new government had a go this week (see article). But living with less debt will present a second set of longer-term challenges.

The road to purgatory
A rich world with less debt would look very different. Banks are already facing demands for higher capital ratios (and thus safer balance-sheets). Western consumers, facing higher taxes and lower benefits, will no longer have the freedom to spend; indeed, they will want to save more as they face long retirements. Sarah Jessica Parker and her Manolo Blahniks will be out; Grandma Walton and her sensible apron will be in. Houses will once again be somewhere to live, not vehicles for speculation. Some business models, notably private equity, will find it tougher to thrive. Life will be harder for entrepreneurs: more than half of all new firms rely on debt finance.

For policymakers, the priorities are clear. First, they need to focus on generating growth. America, with its relatively young, rising population, will find that comparatively easy. Continental Europe, by contrast, runs the risk of ending up like Japan, which has spent two decades struggling to grow in the face of its debt burden and ageing population. The best and the brightest young Europeans may emigrate to countries without such burdens; and if the economy stagnates, those that remain may eventually decide either to default on their debts, or to cut benefits to the elderly. Faced with those dangers, Europe needs to embrace the structural reforms necessary to make its economies as fast-growing and flexible as possible.

Second, policymakers need to begin the long task of rebalancing the world economy. It makes sense for Western countries, like workers in their 50s, to save for retirement rather than run up their credit-card bills. But if one lot of people saves, another must borrow. At the moment the developing world is unwilling to run current-account deficits; even getting China to save less is a huge task (see article). All the same, a shift is in everybody’s long-term interest—and the younger parts of the world should be the borrowers.

Weaning rich countries off their debt addiction will cause withdrawal symptoms. Austerity does not appeal to voters, who may work off their frustrations on politicians and (worse) foreigners. Mr Micawber’s phrase may be turned on its head again. When annual income is forced to exceed annual expenditure, the result may well be misery.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...