segunda-feira, 19 de julho de 2010

Siria proibe veu nas universidades (demorou...)

Puxa vida, veio bem a calhar para "legitimar" medidas semelhantes que estão sendo adotadas na França e na Bélgica.
Afinal de contas, a despeito de a Síria contar com uma grande população cristã -- também tinha muitos judeus, no passado, mas parece que eles diminuiram sensivelmente nas últimas décadas -- o país é fundamentalmente muçulmano, embora laico, comme il faut.
Nada como o laicismo no funcionamento do Estado, e a "transparência" na vida pública...
Paulo Roberto de Almeida

Addendum em 20.07.2010, respondendo a uma comentário de Vinicius Portella (ver abaixo):

O moderno Estado democrático de direito é um estado laico, que não faz distinção entre religiões, "raças", gêneros e condição social, tratando a todos de modo igualitário.
Um dos principais fatores que explicam o atraso de sociedades islâmicas em geral é a condição subordinada da mulher, embora nem todas as sociedades islâmicas tenham Estados que consagrem legalmente essa subordinação, sendo que algumas se esforçaram para bani-la, por meios talvez autoritários -- como a interdição do véu e outros sinais "encobridores" da mulher -- mas que representam essa tentativa de evitar discriminação de gênero, que acaba redundando em subordinação social e legal.
A Síria, que não é uma democracia, longe disso, é um Estado laico, e como tal já deveria ter adotado todas as medidas legais para evitar e banir sinais "subordinadores" da mulher. Demorou para fazê-lo, mas fez agora.
Aqueles que invocam a "liberdade religiosa" para justificar, legitimar, impor o véu nas mulheres na verdade pretendem mantê-las em condição subordinada, e toda a ideologia construída em volta do véu termina por consolidar também nas mulheres essa "obrigação" do véu, tida como sinal de respeito por elas próprias, quando é o sinal de sua opressão.
Costumes não se mudam por via legal, mas eles podem começar a sofrer essa mudança por meios impositivos, dependendo de como a sociedade se organiza politicamente.
De fato, há uma enorme contradição entre um Estado liberal, que concede plena liberdade aos seres individuais de praticarem suas respectivas religiões da forma que julgarem mais apropriada, e essas imposições autoritárias de proibição de qualquer sinal vestimentar vindas do alto.
Não devemos esquecer, porém, que as mulheres e meninas assim constrangidas a usar véus e outros elementos "encobridores", NUNCA tiveram escolha -- liberal ou democrática -- de NÃO usar, sendo sempre uma imposição costumeira ou tradicional.
Sociedades democráticas podem conviver com o véu, ainda que por razões de segurança -- como a onda fundamentalista terrorista de origem provada muçulmana atualmente existente -- esses mesmos Estados democráticos possam impor limitações a indivíduos com vistas a preservar a segurança coletiva.
Princípios não devem e não podem se opor a medidas de ordem prática que visem resguardam o bem-estar coletivo.
Paulo Roberto de Almeida

Syria bans face veils at universities
By Associated Press Writer Albert Aji
Associated Press, 19.07.2010

DAMASCUS, Syria – Syria has banned the face-covering Islamic veil from the country's universities to prevent what it sees as a threat to its secular identity, as similar moves in Europe spark cries of discrimination against Muslims.
The Education Ministry issued the ban Sunday, according to a government official who spoke on condition of anonymity because he is not authorized to speak publicly.
The ban, which affects public and private universities, is only against the niqab — a full Islamic veil that reveals only a woman's eyes — not headscarves, which are far more commonly worn by Syrian women.
The billowing black robe known as a niqab is not widespread in Syria, although it has become more common recently — a move that has not gone unnoticed in a country governed by a secular, authoritarian regime.
"We have given directives to all universities to ban niqab-wearing women from registering," the government official told The Associated Press on Monday.
The niqab "contradicts university ethics," he added, saying the government was seeking to protect its secular identity.
He also confirmed that hundreds of primary school teachers who were wearing the niqab at government-run schools were transferred last month to administrative jobs.
Syria is the latest country to weigh in on the veil, perhaps the most visible hallmark of conservative Islam. The wearing of veils has spread in other secular-leaning Arab countries such as Jordan and Lebanon, as well, with Jordan's government trying to discourage it by playing up reports of robbers who wear veils as masks.
Turkey also bans Muslim headscarves in universities, with many saying attempts to allow them in schools amount to an attack on modern Turkey's secular laws.
European countries including France, Spain, Belgium and the Netherlands are considering bans on the grounds that the veils are degrading to women.
France's lower house of parliament overwhelmingly approved a ban on wearing burqa-style Islamic veils on July 13 in an effort to define and protect French values, a move that angered many in the country's large Muslim community.
Opponents say such bans violate freedom of religion and will stigmatize all Muslims.
Duaa, a 19-year-old university student in Damascus, said she hopes to continue wearing her niqab to classes when the next term begins in the fall despite the ban.
Otherwise, she said, she will not be able to study.
"The niqab is a religious obligation," said Duaa, who asked that her surname not be used because she was not comfortable speaking publicly on the issue. "I cannot go without it."

Ligacao do PT com as FARC afeta, ou nao, a politica externa?

O caso é antigo, já se sabe. Desde a fundação do Foro de São Paulo, sob o alto patrocínio da ditadura castrista, e a colaboração organizacional do PT, esse partido se relacionou intimamente com as FARC, uma notória força terrorista cuja atividade principal, nos últimos anos (talvez nas últimas décadas) tem sido mais sequestros, atentados, assassinatos e tráfico de drogas (ativamente), do que propriamente a luta política contra não se sabe qual ditadura burguesa na Colômbia. Estes são fatos indesmentíveis.
Ao ocupar o PT o governo, esses fatos passaram a afetar a política externa, de uma maneira ainda não de todo transparente ou esclarecida. Um dia, quem sabe, se houver documentos ou testemunhos, provas (digamos assim) pessoais, esses fatos serão devidamente esclarecidos, pois parece que a verdade sempre aparece, mais cedo ou mais tarde. Talvez isso comprometa a imagem de certas pessoas, mas fatos são fatos, quer elas gostem ou não.
No momento, não vou retomar todos os capítulos de uma história certamente pouco edificante para os anais de nossa diplomacia, apenas deixar registro de mais alguns fatos, bem conhecidos, mas não suficientemente lembrados ou coletados conjuntamente.
O autor é um jornalista conhecido, que certas pessoas rejeitam, não propriamente porque discordem dele, politicamente (o que também é um fato), mas porque não conseguem desmenti-lo devidamente. Para sua incontida raiva e ódio supremo...
Fatos são fatos...
Paulo Roberto de Almeida

O bafafá
Reinaldo Azevedo, 19.07.2010

O que é estar “ligado” às Farc? Bem, depende, evidentemente, do que se considera “ligado”. Fazer de conta que PT e Farc são como água e óleo, por exemplo, com moléculas que não se comunicam, ah, isso é falso. Falsíssimo!

1 - O PT é um dos fundadores do Foro de São Paulo, entidade da qual as Farc faziam parte. Oficialmente, deixaram a entidade — “deixaram”, não foram expulsas. Quando estavam lá, já seqüestravam, já matavam, já mantinham campos de concentração na floresta. Sob o mesmo teto de Lula, o chefão do grupo, e de Fidel Castro, o outro chefão! Isso é estar ligado? O PT não vai me processar por isso. Não vai porque eu falo a verdade. É uma ligação?

2- Em 2005, petistas mantiveram em Brasília uma reunião com representantes das Farc. Um agente da Abin disse que a organização prometeu US$ 5 milhões ao partido. Não há comprovação de que o dinheiro tenha sido entregue. Mas a reunião aconteceu. E o PT, de novo, não vai me processar porque isso é um fato. É ligação?

3 - Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, requisitou a mulher de Olivério Medina, representante das Farc no Brasil, para trabalhar no Ministério da Pesca em Brasília. Vai ver para catar lambari no Lago Paranoá. Num e-mail, Medina comunica o fato ao terrorista Raúl Reys (aquele pançudo que foi morto do Equador) e deixa claro que a contratação faz parte de uma operação para proteger aquela que chama “Mona” (apelido da patroa). O PT não vai me processar por isso porque o requerimento assinado por Dilma existe e porque o e-mail de Medina a Reyes existe. É uma ligação?
Assim escreveu o “marido da Mona” para o terrorista Reyes sobre a contratação:
Na segunda-feira, dia 15, a “Mona” começou em seu novo emprego e para garanti-la ou impedir que a direita em algum momento a hostilize, a colocaram na Secretaria da Pesca, trabalhando no que chamam aqui de cargo de confiança ligado à Presidência da República.

Tá bom. Publico abaixo o documento assinado por Dilma requisitando a mulher de Medina, uma grande especialista em… pesca!

- Reportagem da jornal El Tiempo, da Colômbia - integra aqui, demonstra que Medina continua ligado aos terroristas. Na verdade, é um dos chefões de uma organização que tem 400 núcleos espalhados pelo mundo. No Brasil, segundo o El Tiempo, ele responde pela troca de drogas por armas. E sua mulher, não obstante, foi requisita pessoalmente por Dilma para trabalhar em Brasília. O PT não vai me processar por isso porque a reportagem, com fartura de dados, existe. Isso é uma ligação?

- A Revista Cambio, da Colombia, publicou um série de e-mails que estavam no computador do terrorista Raul Reyes, morto por forças colombianas no Equador, listando aqueles que seriam “os amigos” das Farc no Brasil, a saber: José Dirceu, Roberto Amaral, Gilberto Carvalho, Erika Kokay, Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia, Perly Cipriano (da Secretaria de Direitos Humanos), Paulo Vannuchi e Selvino Heck, assessor de Lula. A integra da reportagem da revista colombiana está aqui. Carvalho, chefe de gabinete de Lula, chegou a se manifestar. Disse ter intercedido em favor de Medina quando estava preso por motivos humanitários. Marco Aurélio afirmou que os e-mails eram uma armação. A Interpol o desmentiu: são verdadeiros. O PT não vai me processar por isso porque os e-mails existem, e a reportagem existe. Não vai também porque o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, forneceu os documentos a Lula. Não aconteceu nada.

No e-mail, datado de 29 de julho de 2005, por exemplo, Medina escrevia para o chefão do terror: “Os amigos daqui [do Brasil] me advertiram que deveria ficar atento, pois há uma comissão da Procuradoria que tem uma ordem de captura”. Em seguida, Medina diz que esses amigos lhe asseguraram que não deveria se preocupar porque “a cúpula do governo com apoio de Celso Amorim estavam a par. Eles não apoiariam uma captura por crimes políticos”. Isso é uma ligação?

Em entrevista histórica ao jornal Le Figaro, Marco Aurélio Garcia, aquele que aparece como amigo das Farc na revista Cambio, afirma que o Brasil é neutro sobre o caráter terrorista das Farc. Marco Aurélio acha que um grupo que seqüestra, degola, assalta, faz tráfico de droga não pode ser considerado ainda terrorista. A entrevista está neste link: ESCÂNDALO! ESCÁRNIO! ESTUPIDEZ! É TOP TOP GARCIA NA ÁREA. E vocês certamente se lembram da imagem inesquecível deste senhor, com o seu chapéu Panamá, se embrenhando na selva, numa operação liderada pela turma de Chávez, para libertar reféns, numa operação NEGOCIADA com as Farc, que não tinha o endosso do governo colombiano. O PT não vai me processar por isso também. Porque isso também é um fato.

Encerro
Não sou político, não pertenço a partido nenhum e não preciso dançar o minueto com o PT. Se Lula pode subir num palanque em Diadema e MENTIR que o governo de São Paulo cria dificuldades para as obras do PAC em São Paulo, acho que posso falar a verdade sobre este binômio “PT-Farc”. A reação petista tem muito de cálculo. Segundo li, está mais interessado em desqualificar o deputado Índio da Costa, com a ajuda das franjas petistas ou filopetistas da imprensa, do que em negar propriamente a ligação com as Farc. Usa a entrevista do outro como uma janela de oportunidades.

O PT gosta de democracia? Não gosta! E a VEJA fez muito bem em estampar na capa, na edição passada, o monstrengo do autoritarismo. Ou aquele programa do “rubriquei, mas não traguei” não era mais uma iniciativa, entre tantas, para censurar a imprensa? O Brasil está mais democrático com o PT? Uma ova! Crescimento econômico e distribuição de renda podem se combinar bem com democracia, mas não são coisas sinônimas. Um governo que viola o sigilo bancário de um caseiro e o sigilo fiscal de um dirigente da oposição não está mais democrático, mas menos. Já expliquei aqui por quê. Confundir melhoria das condições de vida com mais democracia é coisa que agrada a ditadores. Ou o Brasil do ciclo militar foi mais democrático do que o país que o antecedeu?

Se o PT não quer ser confundido com um partido da desordem, que, então, não se confunda com ele. Ademais, as Farc não são o único grupo terrorista com o qual a legenda já flertou. Lula já manifestou o interesse em bater um papinho com o Hamas. E é hoje o grande aliado de Ahmadinejad, que financia o terror em três outros países.

Entendo que o PT, os petistas e os jornalistas isentos estejam bravos. Mas não dá pra turma posar de vestal indignada a esta altura do campeonato. Se o PSDB e até o DEM ficam com receio de chamar as coisas pelo nome, eu não fico. Com os devidos links para o divertimento dos meus leitores.

Por Reinaldo Azevedo

Farc no Brasil

Esquizofrenias planejadoras do governo: Brasil 2022

Sobre o projeto “Brasil 2022", respondi a uma consulta da Secretaria de Assuntos Estratégicos” Shanghai, 3 julho 2010, 11 p), formulando comentários a circular da SAE-PR contendo metas para o Brasil 2022
Postei esse meu trabalho neste Diplomatizzando em 3 de julho de 2010, neste link.
Abaixo um artigo de opinião.
Paulo Roberto de Almeida

O Plano Brasil 2022
José Goldemberg
O Estado de S.Paulo, 19 de julho de 2010

Desde a mais remota Antiguidade os seres humanos têm uma enorme fascinação por tentar prever o futuro. Astrólogos eram presença obrigatória em todas as antigas cortes imperiais e até hoje são populares, mas no ramo das profecias ninguém se compara ao prestígio do Oráculo de Delfos, na Grécia. Ali, no templo dedicado a Apolo, as pitonisas (sacerdotisas), em transe, faziam profecias, em geral dúbias, que eram consideradas verdades absolutas. Os grandes conquistadores da época sempre consultavam o Oráculo de Delfos antes de se lançarem nas suas campanhas militares. Hoje, suspeita-se que os transes e as visões das sacerdotisas eram provocados por gases emitidos por uma fenda subterrânea existente abaixo do local onde elas se sentavam. A reputação do Oráculo de Delfos resistiu mais de mil anos e ele só foi abandonado no início da era cristã.

Nos dias de hoje muitos governos fazem planos para o futuro, não só para orientar os investimentos governamentais, como também para mobilizar a sociedade em torno de objetivos inspiradores. Líderes políticos de grande envergadura, como, por exemplo, Charles de Gaulle, na França, e Juscelino Kubitschek, entre nós, criaram visões do futuro que moldaram a evolução de seus países: De Gaulle mobilizando os franceses contra o nazismo e Juscelino criando Brasília. Prever o futuro neste caso significa, no fundo, construí-lo.

Não é de surpreender, portanto, que o atual presidente da República tenha encarregado o seu ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, de pensar estrategicamente o futuro do País, fixando metas para o ano de 2022, quando o Brasil comemora o bicentenário de sua independência.

O Plano Brasil 2022 foi preparado por grupos de trabalho formados por técnicos de todos os Ministérios e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aprovado pelos ministros das diversas áreas e está na internet (http://www.sae.gov.br/brasil2022/).

O plano contém uma relação enfadonha de realizações do atual governo desde 2002 e metas para 2022 em cada uma das 32 áreas de governo, ignorando o fato de que o Brasil já existia antes de 2002 e que o futuro depende do que aconteceu no passado. As metas propostas para 2022 são inteiramente arbitrárias e representam pouco mais que os desejos daqueles que as formularam.

Mais interessante, porém, é o ensaio com o título O Mundo em 2022, em que o ministro Samuel Pinheiro Guimarães expõe suas visões ideológicas, ao dizer que "a extensão do papel do Estado é a grande questão que surgiu com a crise de 2008, em que está o mundo imerso, resultado da aplicação extremada da ideologia neoliberal, crise que clama por uma solução".

São então listados quais, no seu entendimento, são os grandes problemas e tendências: a aceleração da transformação tecnológica, o agravamento da situação ambiental-energética, o agravamento das desigualdades sociais e da pobreza, as migrações, o racismo, a globalização da economia mundial, a concentração do poder no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e outros, todos repisando sempre no tema da ideologia neoliberal.

Chama a atenção também o feroz ataque às agências da ONU, que, segundo o ministro, teriam como uma de suas principais atividades "promover a adoção de políticas que correspondam a um ideal do modelo liberal-capitalista de organização da sociedade e do Estado". As críticas à Organização Mundial do Comércio (OMC) vão na mesma direção.

A conclusão do ensaio é a de que "cabe ao Brasil diante dessa situação, e tendo de enfrentar as falsas maiorias constituídas por Estados mais frágeis econômica e politicamente e que vislumbram para si mesmos poucas possibilidades neste mundo cada vez mais desigual, procurar com firmeza, e sem recear um suposto "isolamento", impedir que se negociem normas internacionais que dificultem a plena realização de seu potencial econômico e político". Em outras palavras, uma reafirmação nacionalista!

A leitura do Plano Brasil 2022 nos faz lembrar duas inscrições importantes que existiam na entrada do Oráculo de Delfos. A primeira delas é a seguinte: "Evite os excessos." E a outra: "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo."

O que elas significam é que os gregos antigos - que construíram Delfos 3 mil anos atrás - sabiam que para prever o futuro é essencial conhecer o que existe hoje e que excessos não são recomendáveis.

A grande falha do plano, a nosso ver, é que ele não segue os dois princípios de Delfos: lança toda a culpa dos atuais problemas em opções neoliberais, o que é um exagero, e, além disso, não parece compreender a realidade atual, particularmente quando atribui o agravamento da situação ambiental-energética às teorias liberais, que o ministro expressa da seguinte forma: "A expansão das atividades industriais com base nas teorias liberais relativas à melhor organização da produção e do consumo, a partir do dogma do livre jogo das forças de mercado, levou, de um lado, a um desperdício enorme de recursos naturais e de vidas humanas (...)."

Como é notório, esses problemas - particularmente os ambientais -, que caracterizam o século passado, ocorreram por causa da dependência quase total dos combustíveis fósseis em todo o mundo, tanto nos países com economia liberal-capitalista (ou neoliberal), como na União Soviética, sob um regime totalmente estatizante durante quase todo o século 20; isto é, não são decorrentes de "teorias liberais".

Apesar dessas limitações, o Plano Brasil 2022 é um documento útil para ser discutido e que pode servir de base para a formulação de planos mais realistas e visões do futuro mais criativas.

PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Chavez: "EUA responsáveis pela tensao" - Agencia Bolivariana de Informaciones

Presidente Chávez responsabilizó a EEUU por tensiones
Agencia Bolivariana de Informaciones, lunes 19 de julio, 2010

Uribe ha sido criticado con fuerza por su posición hacia Caracas

El presidente venezolano Hugo Chávez vinculó la "doctrina imperial estadounidense" con la nueva disputa con amenaza de ruptura de relaciones que mantiene desde esta semana con el gobierno de su homólogo colombiano, Álvaro Uribe.

En su columna "Las líneas de Chávez", el Presidente recordó que "las irresponsables declaraciones de parte del Gobierno de Colombia que, de nuevo, insiste en relacionarnos con la guerrilla", lo obligaron a anunciar "una posible ruptura de relaciones", destacó Efe.

Ello, "si continúa la locura que se ha apoderado de la Casa de Nariño, siguiendo el guión imperial", sostuvo.

El gobernante dijo que su par de Estados Unidos, Barack Obama, "está demostrando ser, en las palabras y en los hechos, la segunda administración (de George) Bush: sigue la misma línea belicista y la misma estrategia de dominación imperial".

"Nuestras preocupaciones aumentan, alcanzando signos de alarma" al constatar que esa estrategia con respecto a Venezuela arrancó "al finalizar el mes pasado" con unas declaraciones del secretario de Estado adjunto de EEUU para Latinoamérica, el funcionario de origen chileno Arturo Valenzuela.

Éste aseguró que "la relación más difícil" para Washington es con Venezuela, a lo que se sumaron, añadió Chávez, "las permanentes y falaces acusaciones de organismos de la administración Obama sobre nuestros supuestos nexos con el narcotráfico internacional".

Políticos colombianos arreciaron el domingo sus críticas contra el presidente Uribe por el manejo de la crisis con Venezuela, a cuatro días de que la Organización de Estados Americanos (OEA) debata el asunto y a tres semanas de que Juan Manuel Santos asuma el poder con una "mirada distinta" hacia Caracas.

"Uribe agitador"
El ex presidente Ernesto Samper (1994-1998) dijo que el mandato de Uribe representa "una de las épocas más siniestras" de la diplomacia nacional y que el jefe de Estado busca afectar al futuro gobierno, al "agitar nuevamente" las denuncias de que líderes guerrilleros se esconden en Venezuela.

Según Samper, Uribe pretende "ponerle más palos en la rueda" y "montar una carga de profundidad" contra Santos, ex ministro de Defensa del gobierno saliente y quien asumirá el poder el 7 de agosto con el deseo de normalizar las relaciones con Caracas.

Añadió Samper al diario El Tiempo que el "aislamiento", "peleas" o "relaciones distantes" de Bogotá con Nicaragua, Cuba, Venezuela, Ecuador, Bolivia, Argentina y Brasil se deben a que Uribe convirtió "la política de seguridad democrática en política exterior".

El Tiempo, del que Santos fue subdirector, señaló ayer en un editorial que "fuera de que resulta inusual que a escasas tres semanas de dejar la Casa de Nariño el inquilino de la misma (Uribe) le ponga palos en la rueda al presidente electo, no deja de llamar la atención que el episodio ocurra entre Uribe y quien se supone es su legítimo heredero".

Las críticas de Samper se sumaron a las formuladas por la presidenta del Comité de Paz del Senado colombiano, Gloria Ramírez, y el dirigente opositor Carlos Lozano, quienes coincidieron en "lamentar" que Uribe haya reactivado las "viejas" denuncias contra Venezuela, a días de que Santos asuma el poder y a través de la prensa y el Ministerio de Defensa, y no de la Cancillería.

Educacao no Brasil: um longo caminho a fazer (só não se sabe ainda bem para onde, se para frente ou para trás)

Essa matéria do Estadão de segunda-feira, 19 de julho, ilustra alguma das tragédias da educação brasileira: mesmo em escolas privadas, com mensalidades altíssimas, os resultados podem não ficar muito acima de alguma escola pública de baixo rendimento...


Enem: entre as melhores de SP, valor varia até 254%
Fábio Mazzitelli, Carlos Lordelo, Paulo Saldaña, Carolina Stanisci, Luciana Alvarez
O Estado de S.Paulo, 18 de julho de 2010

Mesmo com grande diferença de anuidade, disparidade na pontuação fica em apenas 12%

* Metade faltou à prova nas escolas de elite
* Mensalidade define grupo social da escola
* Prova passou a servir como vestibular
* 'Agora prova é comparável ao longo do tempo'
* 'Exame tem desafio de manter credibilidade'
* Especial: Os resultados do Enem 2009
* Tudo o que ficou publicado sobre o Enem 2009

No grupo das 30 escolas da capital com melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, os preços cobrados variam até 254% - enquanto a variação máxima de pontuação dos estudantes na prova fica em 12%.

Embora haja uma correlação positiva entre pagar mais e obter mais pontos no exame, puxada principalmente pelo Colégio Vértice - o melhor de São Paulo e do País e também o mais caro da capital -, o dinheiro não compra, necessariamente, a qualidade do curso. Ou seja, a diferença entre as anuidades (valor das mensalidades e de outras taxas cobradas pelos colégios) e pontuação no Enem indica que não é só escola cara que tem bom desempenho.

Para chegar a essa conclusão, o Estado comparou as notas das escolas paulistanas no Enem aplicado no ano passado, divulgadas pelo Ministério da Educação, com as anuidades cobradas das famílias. Em números absolutos, a diferença de valores entre os 30 primeiros colégios paulistanos na última etapa do ensino básico pode chegar a R$ 25,7 mil no ano. Já a diferença máxima de pontuação é menos expressiva: 79,34 pontos, numa escala de 0 a 1000.

É como se cada ponto obtido pelo estudante no Enem variasse de R$ 14,93 (Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo) a R$ 47,79 (Vértice) ao ano.

"Sempre digo aos pais que não precisa escolher a escola do topo do Enem. Se pegar uma que esteja um pouco mais atrás e razoavelmente bem colocada, os pais podem investir o que pagariam no talento individual do filho, como em esporte ou música", afirma a psicopedagoga Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da PUC. "Um curso fora da escola é bom para que o jovem mantenha contato com outros grupos sociais."

Na avaliação do professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Munhoz Alavarse, a escola particular tem um perfil de aluno muito mais homogêneo do que a pública, sendo mais fácil obter bons resultados. "O colégio particular obviamente tem mérito, mas a maior parcela da educação vem das famílias dos alunos", diz.

Para o economista Cláudio Moura e Castro, especialista em educação, vários fatores influenciam o valor da mensalidade. "Os pais precisam considerar a variedade de serviços oferecidos pela escola. A mensalidade maior com um desempenho semelhante não significa que o colégio está roubando", afirma.

Perfil. Ele ressalta, porém, que os pais precisam ver qual o objetivo da família na hora de investir em educação. Com a diferença entre a anuidade mais cara e a mais barata dos melhores colégios, é possível pagar um ano de curso no exterior, por exemplo.

Além disso, desde que os dados por escola do Enem começaram a ser divulgados há pouca variação entre as primeiras colocadas - por diferenças às vezes menores do que 1 ponto, colégios se alternam nas melhores colocações. "Tem famílias que mudam filho para quem tem Enem melhor. Isso é uma bobagem. O ensino não é isso", afirma Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães, diretor do Colégio Santa Cruz, um dos mais bem colocados na capital.

Adilson Garcia, coordenador do Vértice, comemora a liderança, mas afirma que as escolas respondem por 25% do desempenho - o restante vem dos alunos e das famílias. "Mesmo com mensalidades maiores ou menores, você percebe que todas atraem famílias que valorizam a educação. E, se têm dinheiro, não medem sacrifício."

Na capital paulista, segundo o último Censo Escolar, a rede privada é maior que no restante do Brasil e corresponde a 17% das matrículas no ensino médio. No Estado, esse porcentual é de 14% e, no País, 12%.

Estados Unidos: a quarta guerra mundial (contra o terrorismo)

O jornal Washington Post, considerando que as ações antiterroristas nos EUA já conformam uma nova tradição política, criaram um novo site, digno de atenção específica.

News Alert: THE WASHINGTON POST LAUNCHES 'TOP SECRET AMERICA'
05:41 AM EDT Monday, July 19, 2010
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The top-secret world the government created in response to the terrorist attacks of Sept. 11, 2001, has become so large, so unwieldy and so secretive that no one knows how much it costs, how many people it employs, how many programs exist within it or exactly how many agencies duplicate work.

Washington Post reporters Dana Priest and William M. Arkin spent two years on their investigation, and the resulting series begins this morning at washingtonpost.com/topsecretamerica.

Visit the site for an innovative online reading experience, accompanied by a searchable database of government organizations and corporate contractors that do top-secret work; details on what that work entails; and the cities and states where that work is done.

For more information, visit washingtonpost.com:
http://link.email.washingtonpost.com/r/QJTXP3/E5APH/1OLNOJ/0X7XP9/9QUWL/4O/t

Brasil: um pais a caminho do apartheid (literalmente)

Já escrevi muito sobre o apartheid em processo de construção no Brasil, e vou continuar insistindo no tema. Os aprendizes de feiticeiro que continuam a insistir na tese das cotas raciais estão prestando um desserviço enorme ao país e à sociedade brasileira, ao continuar a apoiar políticas de corte claramente racialista (eu até diria racista).
Não estou me referindo, obviamente, aos militantes da causa negra, pois estes já são racistas intencionais e declarados, e pretendem continuar mobilizados para criar o novo apartheid no Brasil.
Eu me refiro aos muitos professores universitários, reitores demagogos e outros inocentes inúteis que insistem em apoiar a causa racialista. São equivocados, talvez, mas em todo caso também devem ser considerados responsáveis pelo avanço do Apartheid no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

País tem 148 instituições públicas de ensino superior com sistema de cotas
Mariana Mandelli
O Estado de S.Paulo, 17/07/2010

Estudo da Educafro mostra que a maioria das ações é socioeconômica, mas há também as raciais, especialmente para negros. Enquanto projeto sobre o tema tramita no Congresso, as universidades têm autonomia para criar seus próprios modelos.

São 148 as instituições públicas de ensino superior do País que adotam algum tipo de cota em seus processos seletivos. A maioria das políticas de reserva de vagas identificadas é socioeconômica, mas uma parte é de cotas raciais - especialmente para negros. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Estado, foi feito pela entidade Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro).

Enquanto o projeto que prevê 50% das vagas para alunos de escolas públicas e para negros tramita no Congresso, as universidades têm autonomia para criar seus próprios sistemas de cotas. Entre os vários tipos de ações há reserva de vagas para negros, quilombolas, indígenas, ex-alunos de escola pública, pessoas com deficiência, filhos de policiais mortos em serviço, estudantes com baixa renda familiar, professores da rede pública e residentes da cidade onde se localiza a instituição. O aumento de nota nas provas de seleção para determinados grupos também é considerado em grande parte das universidades públicas.

O estudo mapeou ações afirmativas no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas, Roraima, Pará, Acre, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Defensores das cotas comemoraram a adesão das universidades. "A mobilização dos negros para o debate das cotas está movimentando outros setores", diz frei David Raimundo dos Santos, da Educafro. Para ele, o principal desafio está nas grandes universidades, como a Universidade de São Paulo, que oferece, por meio do Programa de Inclusão Social da USP, o acréscimo na nota do vestibular para candidatos do ensino médio público.

Para Rafael Ferreira Silva, professor e pesquisador de ações afirmativas, as cotas são necessárias para suprir as desigualdades socioeconômicas do País. "Temos de resgatar as consequências de fatos históricos como a escravidão e a abolição. As diferenças são extremas", diz.

Para Valter Silvério, da Universidade Federal de São Carlos, a adesão das instituições se deve também ao respaldo popular que as ações afirmativas apresentam. "Os diferentes tipos de cotas refletem que as universidades estão discutindo seus próprios perfis."

Preconceito. A advogada Allyne Andrade, de 24 anos, que ingressou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro pelo sistema de cotas, diz que ainda existe preconceito no ambiente acadêmico. "Muitos professores achavam que a qualidade do ensino ia cair. A sociedade é racista."

Apesar de ser cotista, Maria de Lourdes Aguiar, de 24 anos, estudante de Medina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, critica o sistema. "Eu apoio até um certo limite, porque isso pode acabar tampando o sol com a peneira", opina.

José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista, concorda. "Isso mostra a incompetência do Estado, que não oferece educação básica de qualidade", diz. "Cotas só são boas para quem usufrui delas. Elas não acabam com o racismo nem melhoram a mobilidade social. Motivo para comemorar é quando um estudante pobre entra na universidade pública sem cota."

Ações afirmativas
Cotas raciais
Consistem em reservar parte das vagas da instituição de ensino superior para candidatos que sejam afrodescendentes ou indígenas, por exemplo.

Cotas sociais
São a reserva de vagas do vestibular para alunos formados em escolas públicas, pessoas com algum tipo de deficiência, estudantes com baixa renda familiar ou professores da rede pública, entre outros.

Bônus
É o acréscimo de pontos, por meio de valores fixos ou de porcentagens, na nota do vestibular de candidatos de determinadas condições sociais

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