sábado, 30 de abril de 2011

Brancos e pretos no Brasil, estes em aumento: detesto hipocrisias

Vou falar muito claramente, depois que vocês lerem a matéria que está em todos os jornais, que reproduzo aqui em versão reduzida:

Brancos são menos da metade da população pela primeira vez no Brasil
Thiago Varella
UOL Notícias, 29/04/2011

No total, 91.051.646 habitantes se declararam brancos no Censo, enquanto outros 99.697.545 disseram ser pretos, pardos, amarelos ou indígenas.

Os brancos ainda são a maioria (47,33%) da população, mas a quantidade de pessoas que se declaram assim caiu em relação ao Censo 2000, quando foi de 53,74%. Em números absolutos, foi também a única raça que diminuiu de tamanho. No Censo 2000, 91.298.042 habitantes se consideravam brancos.

O número de pessoas que se declaram pretas, pardas, amarelas ou indígenas superou o de brancos no Brasil, de acordo com os resultados preliminares do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira (29), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a primeira vez que isso acontece desde que o Censo passou a ser organizado pelo IBGE, em 1940.

O BRASIL EM NÚMEROS
Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce 21 milhões em uma década com menor ritmo da história

Por outro lado, em dez anos, a porcentagem de habitantes que se classificam como pardos cresceu de 38,45% (65,3 milhões) para 43,13% (82,2 milhões). Já os pretos subiram de 6,21 % (10,5 milhões) para 7,61% (14,5 milhões) da população brasileira.

O Brasil também tem mais moradores que se consideram amarelos (1,09% ou 2,1 milhões). No Censo 2000, apenas 0,45% (761,5 mil) se classificavam assim. Em dez anos, o número de amarelos superou o de indígenas, que subiu de 734,1 mil para 817,9 mil.

A região Norte é a que tem, proporcionalmente, o maior número de pardos no país, com 66,88% de habitantes que se consideram assim. Nas regiões Nordeste e Centro- Oeste o número de pardos supera o de brancos.

Já a região Sul é a com a maior porcentagem de brancos do Brasil, com 78,47% que se classificam como sendo desta raça. No Sudeste, o número de brancos também supera o de pardos.

A Bahia é o Estado que tem a maior população que se declara como preta no Brasil, com 3,11 milhões de pessoas. Já o Amazonas tem o maior número de habitantes que se classificam como indígena (168,6 mil). Proporcionalmente, Roraima tem a maior população indígena do Brasil (11%).

São Paulo, que tem a maior população do Brasil, tem o maior número de brancos (26,3 milhões) e de pardos (12 milhões). No entanto, proporcionalmente Santa Catarina (83,97% da população) tem mais brancos e o Pará (69,51%) tem mais pardos dos que os outros Estados do país.

No Censo 2000, 1,2 milhão de pessoas não declararam raça. Já no Censo do ano passado, o número foi de 315,1 mil. Pela primeira vez, perguntas sobre cor e raça fizeram parte do questionário básico, respondido por todos os habitantes do país.

===========

Comento (PRA):

Alguém, em sã consciência, acredita mesmo que o Brasil mudou com a mudança dos números?
Não, absolutamente nada. As pessoas continuam a ser o que sempre foram: algumas mais, outras menos tolerantes em matéria de preconceitos raciais. Ele está diminuindo, provavelmente, mas mais pelo efeito da ascensão social de pretos e pardos, no conjunto da população, do que por efeito de qualquer grande mudança "mental" dos brasileiros.
E como se explica, então, que os brancos atualmente sejam minoria, quando seus números tendiam a crescer no passado, com a concomitante redução da população totalmente "preta" e uma evolução errática no número de pardos, mestiços, mulatos, seja lá como vocês queiram chamar aqueles que são provenientes da mistura de raças (que é um fato biológico, cultural e social no Brasil).

Por que agora os "pretos", ou os "pardos" são a maioria da população?
Eu diria, sem qualquer concessão à hipocrisia, que é porque todos esses assim classificados esperam um dia poder se beneficiar de algum política de favor que o Estado faça por elas: como são afrodescendentes, pretos pobres ou seja lá o que for, nós, brasileiros em seu conjunto (todos, aqui incluídos pretos, pardos, brancos, amarelos, etc.), teríamos uma dívida moral a reparar, por causa do tráfico, da escravidão, dos séculos de opressão, das décadas de indiferença educacional e de todas as mazelas que provocamos ou toleramos contra esses brasileiros mais pobres.
Então resulta que precisamos de cotas, de reservas, de apoios e auxílios, que serão RACIALMENTE determinados. Apenas os pretos, pardos e assemelhados, ou seja, os afrodescendentes, irão se beneficiar das políticas de favor.
Se isso não é hipocrisia, eu não sei o que é.
Apenas isso explica o crescimento dos não brancos neste país.

Acho que estamos a caminho da decadência ética, moral, intelectual.
Esse é o estado a que chegamos...
Paulo Roberto de Almeida

Debate economico nem sempre muito claro: commodities vs manufaturados

Um debate complicado, pois não é preciso ficar com uma posição ou outra, ou seja, defender o laissez-faire total, ou as induções estatais sobre o setor privado.
Pode-se simplesmente dizer que os empresários é que devem decidir o que melhor fazer, e criar as condições para que eles possam fazê-lo.
Isso significa regras estáveis, um bom ambiente de negócios, insumos com preços de mercado (não gravados por impostos excessivos) e outras condições que são justamente deformadas pela existência de um Estado predador e extorsivo...

Mas vocês vejam como mesmo as pessoas aparentemente mais "inteligentes" conseguem escorregar feito no raciocínio econômico quando pensam em termos de monopólios capitalistas, teorias conspiratórias sobre a dominação dos mercados e bobagens do gênero.
O professor Fernando Sarti, da Unicamp, ilustra como uma commodity como soja "têm mais conteúdo tecnológico que as de telefones celulares, um produto manufaturado. Enquanto a produção de soja envolve um investimento grande em sementes, química fina e biotecnologia, a de celulares muitas vezes se limita a montagem de componentes importados."
Muito bem, mas o que ele diz logo em seguida? Isto aqui:
"No caso da soja, diz Sarti, o Brasil é extremamente competitivo na produção, mas não na comercialização internacional do produto, nas mãos de três grandes empresas multinacionais."
Inacreditável!
O Brasil tem a soja mais barata do mundo até a porteira da fazenda. Depois ela fica muito mais cara do que a soja americana porque somos gravados pelo custo dos transportes, pela péssima situação das estradas, por portos ineficientes, etc...
E o professor invoca o fato de que três multinacionais comercializam o produto!!!???
Se fossem três grandes tradings brasileiras por acaso isso teria qualquer influência sobre a cotação internacional da soja??? Isso teria qualquer influência benéfica sobre a logística pavorosa que faz com que a soja chegue ao porto mais cara do que a soja americana, apesar de ser mais barata na fazenda???
Realmente, custo a acreditar que profesores universitários possam ser tão simplistas assim!
Paulo Roberto de Almeida

Nem todos querem exportar valor agregado
Sergio Lamucci, de São Paulo,
Valor Economico, 28/04/2011

Com os preços de commodities nas alturas e a perspectiva de que a China deverá manter por muitos anos o apetite por matérias-primas, a discussão sobre se é melhor exportar produtos básicos ou investir em agregar mais valor se torna mais complexa. Alguns analistas perguntam, por exemplo, por que a Vale deve investir em siderurgia num momento em que há excesso de produção de aço e as cotações do minério de ferro aumentam com força ano após ano.

Vários economistas, contudo, ainda defendem ferrenhamente a estratégia de agregar valor às vendas externas, para que o país não fique dependente dos preços de commodities, historicamente muito voláteis, e aposte em setores com maior desenvolvimento tecnológico e empregos de melhor qualidade.

Ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros diz que, em princípio, é "melhor exportar produtos com maior valor agregado". Como regra geral, o processo traz benefícios à economia do país, afirma ele. "A questão é que cada caso precisa ser analisado detalhadamente. Não há respostas prontas, pré-concebidas", pondera Mendonça de Barros, tomando como exemplo a questão se a Vale deve ou não investir com mais força em siderurgia.

Além da escalada de preços do minério e da sobra de aço no mundo, ele levanta duas questões que podem colocar em xeque a conveniência de a empresa apostar na siderurgia. A primeira é que, se entrar agressivamente nesse mercado, a Vale passará a concorrer com seus principais clientes. "É preciso um estudo para ver o impacto de a empresa competir com os principais compradores de seus produtos", afirma ele, hoje sócio da Quest Investimentos.

O segundo ponto é que produzir aço consome muita energia elétrica, o que não ocorre com a extração de minério de ferro. "Será que o Brasil tem oferta de energia suficiente para isso, a preços competitivos?" São perguntas, segundo ele, que precisam de um estudo detalhado para serem respondidas.

O professor Fernando Cardim de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vê com maus olhos a ideia de produtos como o minério de ferro ganharem tanto espaço na pauta de exportação brasileira. "Há nesse caso um conflito entre os ganhos de curto e os de longo prazo. Neste momento, certamente exportar minérios para a China é um dos melhores negócios que existem, mas como fica a situação num período maior?", diz Cardim, observando que os preços de matérias-primas são muito voláteis.

"Estamos surfando na fase boa da volatilidade, mas nós conhecemos o que ocorre quando vem a fase ruim." Para ele, apostar que o apetite chinês por matérias-primas não vai arrefecer é ignorar a história econômica "dos últimos 250 anos". Cardim também defende a estratégia de buscar mais valor agregado por causa do seu impacto sobre o emprego. A produção de commodities costuma gerar poucos postos de trabalho, em geral de baixa qualificação, diz ele. Na fabricação de manufaturados, há maior desenvolvimento tecnológico e a geração de melhores empregos.

Mendonça de Barros vê um período bastante longo de commodities em níveis elevados, dada a perspectiva de que a China continue a crescer a taxas robustas por vários anos. "Já a tendência dos produtos industriais é continuarem muito baratos", observa ele. Cardim, por sua vez, diz que a queda das cotações dos bens manufaturados, num cenário de ganhos de escala, não impede que a fabricação siga bastante rentável. "A manufatura sempre foi assim, basta ver a estratégia da própria China."

O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman tem uma visão oposta à de Cardim. Para ele, há maniqueísmo de muitos economistas brasileiros, que consideram a produção de bens de maior valor agregado como algo intrinsecamente bom. "A questão é que não é algo absoluto. A rentabilidade hoje de produzir minério de ferro é muito maior do que a da siderurgia. O que é melhor para a empresa, ser a Vale ou a Usiminas?"

Schwartsman diz ainda que há grande capacidade ociosa no setor siderúrgico no mundo, além de não ver no radar um tombo dos preços de commodities. Mas essa não seria uma visão de curto prazo? "Pode haver incertezas em relação aos preços, mas não ignore o que mercado está dizendo. A diretoria da empresa tem que tomar decisões que afetam a vida da empresa vários anos à frente, com os acionistas fungando em seus cangotes." Para Schwartsman, quem está no dia a dia da empresa e conhece o mercado em que a companhia atua está muito mais capacitado para definir a estratégia do que um burocrata em Brasília. "E as empresas de commodities não operam num enclave. Elas estão integradas à economia, gerando demandas por produtos manufaturados e serviços nas suas cadeias", conclui ele.

Um ponto que torna a discussão mais complexa é que um produto primário muitas vezes tem um processo de produção que envolve muita agregação de valor. A extração de petróleo em águas profundas é um exemplo eloquente. A tecnologia e a mão de obra empregadas no processo deixam claro que se trata de algo complexo e avançado, como concordam - pelo menos nesse ponto - Schwartsman e Cardim.

O professor Fernando Sarti, da Unicamp, considera que a discussão sobre o assunto é feita muitas vezes de modo simplista - a polêmica minério de ferro X aço no caso da Vale seria uma dessas simplificações. Ele dá um exemplo interessante para ilustrar como a discussão é hoje mais complicada: as exportações brasileiras de soja, uma commodity, têm mais conteúdo tecnológico que as de telefones celulares, um produto manufaturado. Enquanto a produção de soja envolve um investimento grande em sementes, química fina e biotecnologia, a de celulares muitas vezes se limita a montagem de componentes importados.

O assunto, contudo, não se esgota aí, diz Sarti. No caso da soja, nota ele, o Brasil é extremamente competitivo na produção, mas não na comercialização internacional do produto, nas mãos de três grandes empresas multinacionais. No caso da Vale, focar na produção de minério de ferro pode talvez de fato ser mais indicado, dada a sobra de aço no mundo, mas seria importante que os investimentos da empresa em logística beneficiassem outros setores da economia -a construção de ferrovias pela companhia, por exemplo, tem aumentado a demanda pela produção de mais locomotivas e trilhos no país? "É importante haver um transbordamento para outros segmentos da economia."

A exploração do petróleo do pré-sal pode garantir esse tipo de benefício, com a montagem de uma cadeia de fornecedores dos equipamentos que serão necessários para a Petrobras. "Essa estratégia é uma boa opção, desde que seja equilibrada, e não faça a empresa ter fortes aumentos de custos", diz Mendonça de Barros.

Retrocede Brasil (8): cenas explicitas de protecionismo pornografico...

Sempre existe um industrial preocupado com a segurança dos seus trabalhadores e que pretende barrar alguma máquina chinesa porque ela não cumpre exigências que ele acha que todas as máquinas devem ter para serem importadas no Brasil.
Sempre tem um produtor de chave de fenda que acha que as chinesas são vendidas abaixo do custo de produção, perdendo dinheiro na exportação e provocando concorrência desleal no Brasil apenas para açambarcar o mercado brasileiro e depois ficar sozinho cobrando preços abusivos.
Sempre tem gente que acredita em histórias desse tipo.
Eles ainda não abandonaram os livros e as estórias do jardim de infância.
Aposto como o MDIC vai conceder.
Alguém quer apostar comigo?
Paulo Roberto de Almeida

Setor de máquinas e equipamentos entra com pedido de salvaguardas contra a China
Agencia Brasil, 27/04/2011

São Paulo – O setor de máquinas e equipamentos deu entrada no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com três pedidos de adoção de salvaguardas contra a China. Os fabricantes de chaves de fenda, guindastes e válvulas borboleta questionam o preço cobrado pelos chineses no Brasil.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entidade que deu entrada com os pedidos na semana passada, aguarda agora um parecer do ministério sobre os pedidos. As solicitações estão em fase de análise prévia. Se aprovados, será a primeira vez que o Brasil adotará salvaguardas contra a China no setor. No curto prazo, a Abimaq promete ingressar com mais 17 pedidos de salvaguardas contra o país asiático.

“Não tem mais como esperar, a diferença de preço praticado pela China com o que a gente exporta, e com o resto do mundo é um absurdo. Está chegando máquina a US$ 5, US$ 6 o quilo. O que a gente quer é isonomia, é igualdade”, disse o presidente da Abimaq, Luiz Albert Neto.

Além dos pedidos de salvaguardas, o setor está aguardando o aval do Ministério do Trabalho e Emprego para que as importações de máquinas passem também a ter de respeitar as normas de segurança exigidas das fabricantes brasileiras. A intenção é tornar mais difícil as importações de máquinas da China.

“As fabricantes de prensa nacional, por exemplo, têm de seguir uma norma de segurança, com uso de laser [para evitar acidentes]. A máquina que vem da China, pergunta se tem? Estamos só esperando uma assinatura do Ministério do Trabalho para que todas as máquinas importadas tenham esse critério”, cobrou Albert.

O faturamento da indústria de bens de capital, no primeiro trimestre de 2011, atingiu R$ 18,3 bilhões, valor 4,6% superior ao registrado no mesmo período de 2010. No mês de março, o faturamento de R$ 7,2 bilhões foi 3,5% inferior ao atingido em março de 2010 e 25,2% acima do de fevereiro de 2011.

Em relação à balança comercial, no primeiro trimestre de 2011 o total de máquinas exportadas rendeu US$ 2,6 bilhões, um aumento de 35,5% em relação aos embarques dos três primeiros meses do ano passado. Porem, as importações do setor continuam superando as exportações. No primeiro trimestre do ano, as compras externas somaram US$ 6,7 bilhões, valor 32,6% maior que o registrados no mesmo período de 2010.

A China é o segundo país que mais exporta máquinas para o Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos. No primeiro trimestre, foram importados do país asiático US$ 965,9 milhões, 53,5% a mais do negociado no mesmo período do ano passado.

Mafias sindicais: nossa praga de gafanhotos...

Temos outros "pragas bíblicas, eu sei, mas esta é a que mais cresceu, se desenvolveu e prosperou nos oito anos (and counting...) da República Sindical a que fomos levados por escolha dos eleitores.
Na Argentina vizinha, eles também escolheram criar uma República Sindical, que nunca retrocedeu, a despeito de governos militares e de civis mais liberais.
A Argentina continua decaindo, décadas depois da instalação da sua República Sindical.
O Brasil, com suas peculiaridades, vai pelo mesmo caminho.
A escolha é só nossa...
Paulo Roberto de Almeida

A festança das centrais
Editorial - O Estado de S.Paulo
30 de abril de 2011

Houve tempo em que dirigentes sindicais responsáveis faziam do dia 1.º de maio um momento de reflexão sobre os problemas que atormentavam os trabalhadores. Em muitos países, a data foi transformada no Dia do Trabalhador para homenagear aqueles que dedicaram a vida à defesa dos direitos de seus parceiros de trabalho. Nos últimos anos, porém, as centrais sindicais brasileiras transformaram o Dia do Trabalhador num pretexto para festas e discursos demagógicos, desvirtuando seu significado original.

Dinheiro para festejar não lhes falta. Além da generosa fatia a que têm direito na partilha do dinheiro extraído anualmente do bolso dos trabalhadores na forma de imposto sindical, o que lhes garante mais de R$ 100 milhões por ano, as centrais obtiveram patrocínio de empresas estatais e de algumas companhias privadas para realizar sua festança deste domingo.

Estima-se que as duas grandes festas das centrais sindicais em São Paulo - uma liderada pela Força Sindical, com o apoio de outras quatro entidades, outra preparada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) - custarão R$ 5 milhões.

Alguns artistas renomados, outros nem tanto, políticos e sindicalistas se apresentarão para cerca de 2 milhões de pessoas, atraídas não para discutir as grandes questões que afetam o mercado de trabalho e angustiam os trabalhadores, mas para ver seus artistas prediletos e concorrer a prêmios valiosos, como 20 automóveis novos.

Seria muito bom se a realidade justificasse tanta festa. As condições de trabalho e de vida no Brasil e no mundo mudaram radicalmente em relação àquelas que prevaleciam no fim do século 19, quando a data foi escolhida para homenagear os trabalhadores. E continuam a mudar para melhor. Mas problemas novos surgiram.

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia na indústria e no setor de serviços e a internacionalização das atividades econômicas e financeiras impuseram mudanças profundas nas relações do trabalho, num processo de desregulamentação que enfraqueceu os vínculos formais entre empregador e empregado.

Com muito raras exceções, os líderes sindicais não entenderam as transformações no mundo do trabalho, no exterior e no Brasil. Continuam presos a velhas palavras de ordem, que repetem como se quisessem ter a sensação do cumprimento de seu dever. Há dias, os dirigentes das centrais sindicais apresentaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), a lista do que consideram prioritário. Os pontos são velhos conhecidos: redução da jornada de trabalho, eliminação do fator previdenciário e regulamentação do trabalho terceirizado.

Nada disseram sobre problemas graves do mercado de trabalho, que não lhes parecem causar preocupação. Alguns são tão antigos como o Brasil e outros são bastante recentes. Mas as lideranças sindicais parecem alheias às mudanças que ocorreram diante de seus narizes.

Pretendendo representar os trabalhadores em nome dos quais dizem atuar, na realidade as centrais representam, no máximo, metade dos brasileiros que vivem de seu trabalho. Dados recentes mostram que a informalidade no mercado de trabalho vem diminuindo, mas, ainda hoje, 51,5% das pessoas que vivem de seu trabalho não têm registro em carteira. Não contam com nenhum direito trabalhista e, por omissão dos sindicatos, não têm direito nem mesmo à sindicalização.

Os que mais precisam de apoio dos sindicatos são por estes inteiramente ignorados, como mostra o fato de terem sido surpreendidos pela recente onda de revoltas nos canteiros de obras de usinas hidrelétricas. Não sabiam o que ocorria em algumas das maiores aglomerações de trabalhadores do País.

Além disso, eles nada têm feito para treinar os trabalhadores de suas bases para as novas demandas do mercado de trabalho. Há empregos, mas é cada vez maior a falta de trabalhadores qualificados para ocupá-los. É preciso preparar os trabalhadores, mas, para os sindicatos, esse não é problema deles, como não são muitos outros. Por isso, a festa de Primeiro de Maio deixou de ser a festa dos trabalhadores para virar a festa das lideranças sindicais.

Fight of the Century: Keynes vs. Hayek Round Two - Youtube

Para quem viu o primeiro, recomendo o segundo da série, "O Combate do Século":

http://www.youtube.com/watch?v=GTQnarzmTOc

Imperdível para os que gostam de levar a economia não muito seriamente...

De fato, este é o combate do século.
Para mim, considero que, depois das guerras mortíferas que tivemos no século XX, a peste negra do estatismo ainda contamina exageradamente as políticas públicas.
Impossível dispensar o Estado, eu sei, mas o culto que lhe rendem os keynesianos tem tornado a humanidade muito mais pobre do que ela poderia ser numa eventual liberação completa das forças econômicas.
Sei que pouca gente acredita nisto, pois liberdade total conduz a um pouco de anarquia, crises, concentração de renda, desigualdades e tudo o mais.
Mas a riqueza, para todos, seria muito maior.
Infelizmente, as pessoas preferem continuar sendo "baby-sittadas" por uma mãe aparentemente generosa que é o Estado.
Eu sei que as pessoas são preguiçosas: preferem passar a noite comendo alguma coisa na frente da TV do que estudar e progredir na vida.
A lei inercial da preguiça humana é o o que nos torna mais pobres.
Isso é o keynesianismo. Ele é a TV aberta da humanidade: todos esperam que algo aconteça, de graça.
O Estado faz, mas não de graça...
Paulo Roberto de Almeida

Paranoia dos celulares: uma enfermidade infantil da era movel...

Ja tem gente fazendo campanha contra a Apple e os iPhones por causa do sistema de tracking embutido no sistema desse celular.
Já imaginam um Big Brother, lá na California, vigiando os passos de cada um dos zilhões de usuários dos iPhones para tramar sabe-se lá qual complô consumista contra seus interesses individuais.
Acho que não sou paranóico a este ponto. Sei que muitos seguem os meus passos, amigos e inimigos, sobretudo neste blog, onde atuo sobretudo por divertimento, mas não acredito que eu venha a fazer loucuras por indução capitalista de quem segue meus passos pelo meu iPhone (aliás, muito útil).
Paulo Roberto de Almeida

Mobile tracking
The Difference Engine: The spy in your pocket

The Economist, April 29th 2011, 9:00 by N.V.

LOS ANGELES - FOR those who managed to miss the “Locationgate” brouhaha last week, a brief recap. The story broke in the Wall Street Journal, which reported on how two British researchers had discovered a database file called “consolidated.db” that contained unencrypted details of the owners’ travels over the past year. The file, found in computers that had synched with Apple’s iPhones and iPads, contained a date-stamped log of the longitude and latitude coordinates of the various locations visited. Right or wrong, the conclusion was that Apple was tracking every move its customers made. An uproar erupted as a result, with demands by lawmakers that the company explain its actions forthwith.

On April 27th, Apple broke its week-long silence with a denial that its mobile devices were tracking customers, but then promised to fix the privacy issue that did not exist anyway. Coming out of medical leave to help squelch the imbroglio, Steve Jobs, Apple’s charismatic chief executive, admitted that the company had made a mistake in how it handled the location data on its iPhones and iPads. But in no way did the devices log users’ locations multiple times a day. The data found in the phones referred to the location of various cell towers, not the users, which could be as far as 100 miles away, said Apple. Even so, independent researchers were quick to point out that the data could still allow phones to be tracked to within 100 feet.

According to Apple, it was all a misunderstanding on the part of the two British researchers. The file they had stumbled upon, the company claimed, contained simply the locations of known WiFi hotspots and cell towers that had been downloaded from Apple. The location database on the company’s servers has been built up over the past year using “anonymous, crowd-sourced information” as millions of iPhone and iPad users unknowingly synched (via iTunes) the location details of cell towers and WiFi hotspots they had come in contact with. The local data were updated and cached on the mobile devices simply to help them figure out their own location.

Mobile devices need to know where they are to make calls and receive them—as well as to do clever tricks like display maps of the immediate surroundings, pinpointing stores, restaurants and entertainment of potential interest. The phone finds where it is by listening for the whispers from cell towers and WiFi hotspots in the neighbourhood, as well as from GPS satellites in orbit.

Like a web browser that caches data on a personal computer about websites visited so the pages can be pulled up promptly the next time the user returns to them, having the coordinates of local towers or hotspots already in the cache makes it easier for the phone to triangulate its own location. That way, the device responds quicker than it would if it had to download the data for triangulation each time from Apple, or wait a minute or so for the faint signal from a passing GPS satellite. By reducing the amount of computation done on board the device, caching speeds things up and saves battery life in the process.

Once explained, most users accept that as reasonable. What upsets them, though, is the way Apple has been secretly caching up to a year’s worth of comings and goings on owners' devices—and reporting the information back to its location database at head office whenever users synch with iTunes. More damning still is the way the company keeps collecting such data when users deliberately turn the location services off.

That is not what Apple informed members of Congress last July when first quizzed on the matter. Representative Joe Barton of Texas told the Wall Street Journal this week that Apple “lied” to him and another lawmaker when it said its phones do not collect and transmit location-based data such as mapping when location services are switched off.

Mr Jobs blames “bugs” in the software for the misunderstanding. Apple has now promised to upgrade the software in coming weeks to reduce the amount of location data cached in the devices from a year’s worth to no more than a week’s supply. The new software will also delete the location data stored in the phone’s cache when the user turns its location services off. In addition, the next version of iOS, Apple’s operating system for mobile devices, will ensure that all location data cached and reported back to Apple are fully encrypted.

So much for Apple's damage control. But why collect such voluminous amounts of location data anyway? Clearly, Apple is racing to catch up with Google and others who have already carved out large chunks of the fast-growing market for location-based services. According to Gartner, a research firm based in Stamford, Connecticut, sales of location-based services are currently running at $2.9 billion a year. But the market is expected to grow to $8.3 billion by 2014. In particular, Apple wants to offer iPhone users information on traffic-congestion, as Google already does using data fed back from the millions of Android phones travelling the roads of the world. A great deal of revenue from location-based advertising is at stake here.

All of which begs the question: How is Google acquiring all this information on its customers’ whereabouts? The short answer is that its Android phones and tablets are doing much the same as Apple’s iPhones and iPads—only more so. They survey the user’s location every few seconds and report the information back to the company several times an hour. According to Samy Kamkar, a security analyst interviewed by the Wall Street Journal, an Android phone can also transmit a unique identifier tied to the individual device—and thus the customer’s home address. As far as we are aware, Apple does not do that.

Readers may recall that Google got into hot water last year when its fleet of StreetView cars, which map and photograph streets around the world, inadvertently collected e-mail addresses, passwords and other personal details while scanning for WiFi hotspots. Several European governments were up in arms, and ordered the company to cease such wholesale invasion of their citizens’ privacy. Google says it has now stopped collecting personal information this way.

No question that Apple and Google—as well as the wireless carriers themselves—still have much to explain. Lawmakers will have a chance to question both Google and Apple when they testify before Congress on May 10th. What is clear, though, is that rather than abate, the wholesale tracking and collection of information about people’s behaviour while on the move is set to increase dramatically. As mobile phones and tablets take over from desk-bound computers, marketers are no longer content to classify consumers merely by their postal codes or telephone area codes. They want to know where precisely they are at every moment while out and about—so they can send text messages with instant inducements (coupons, discounts, special offers, you name it) to enter one particular store or restaurant they are passing rather than another.

We should be both cheered and cautious about such developments. Above all, let us hope that lawmakers at least insist that sufficient transparency be provided so people can choose how much or little of their personal details to make available. For that and more, Locationgate has been a useful wake-up call.

Diploma de Harvard? Esqueca! Melhor ser guarda penitenciario na California...

A California, ou melhor, o tipo especial de organização social e estatal em vigor naquele estado ensolarado -- cujo PIB é muito superior ao do Brasil inteiro, é bom que se diga -- foi objeto de uma matéria de capa e de special survey na Economist de duas semanas atrás.
Recomendo vocês lerem -- deve estar livremente disponível no site da revista -- se quiserem saber como fazer, uma receita muito simples, para afundar um país, uma sociedade, para jogar na decadência tudo de bom que foi construído pelas gerações precedentes, aquelas que trabalharam duro para fazer dos EUA e da Califórnia o lugar mais afluente -- não o mais rico, mas o mais inovador e criativo -- do mundo, sem questionamentos.
Pois bem, os californianos, ou pelo menos alguns californianos, estão destruindo tudo isto, por políticas como a expressa nesta matéria de opinião do Wall Street Journal deste sábado.
Claro, sempre existem caminhos mais rápidos para a decadência, e o Brasil é pródigo nelas, mas a California já tinha ficado rica, quando decidiu voltar a ser pobre outra vez.
O Brasil, para nossa tristeza, nem conseguiu ficar rico, e decidiu continuar pobre para sempre..
Paulo Roberto de Almeida

OPINION
California Prison Academy: Better Than a Harvard Degree
By ALLYSIA FINLEY
The Wall Street Journal, April 30, 2011

Prison guards can retire at the age of 55 and earn 85% of their final year's salary for the rest of their lives. They also continue to receive medical benefits

Roughly 2,000 students have to decide by Sunday whether to accept a spot at Harvard. Here's some advice: Forget Harvard. If you want to earn big bucks and retire young, you're better off becoming a California prison guard.

The job might not sound glamorous, but a brochure from the California Department of Corrections and Rehabilitations boasts that it "has been called 'the greatest entry-level job in California'—and for good reason. Our officers earn a great salary, and a retirement package you just can't find in private industry. We even pay you to attend our academy." That's right—instead of paying more than $200,000 to attend Harvard, you could earn $3,050 a month at cadet academy.

It gets better.
Training only takes four months, and upon graduating you can look forward to a job with great health, dental and vision benefits and a starting base salary between $45,288 and $65,364. By comparison, Harvard grads can expect to earn $49,897 fresh out of college and $124,759 after 20 years.

As a California prison guard, you can make six figures in overtime and bonuses alone. While Harvard-educated lawyers and consultants often have to work long hours with little recompense besides Chinese take-out, prison guards receive time-and-a-half whenever they work more than 40 hours a week. One sergeant with a base salary of $81,683 collected $114,334 in overtime and $8,648 in bonuses last year, and he's not even the highest paid.

Sure, Harvard grads working in the private sector get bonuses, too, but only if they're good at what they do. Prison guards receive a $1,560 "fitness" bonus just for getting an annual check-up.

Most Harvard grads only get three weeks of vacation each year, even after working for 20 years—and they're often too busy to take a long trip. Prison guards, on the other hand, get seven weeks of vacation, five of them paid. If they're too busy racking up overtime to use their vacation days, they can cash the days in when they retire. There's no cap on how many vacation days they can cash in! Eighty officers last year cashed in over $100,000 at retirement.

The cherry on top is the defined-benefit pension. Unlike most Harvard grads working in the private sector, prison guards don't have to delay retirement if their 401(k)s take a hit. Prison guards can retire at the age of 55 and earn 85% of their final year's salary for the rest of their lives. They also continue to receive medical benefits.

So you may be wondering what it takes to become a prison guard. For one, you have to be a U.S. citizen with a high-school diploma or equivalent. Unfortunately, you can't have any felony convictions, but don't worry, possession of marijuana is only an infraction in California.

There's also a vision test, background investigation, psychological evaluation, physical exam, tuberculosis screening, and a fitness test that measures your grip strength. The hardest part, however, is the written test, which includes word problems like this sample test question: "Building D currently has 189 inmates, with 92 beds unfilled. Building D is currently at what capacity?" If you've somehow forgotten how to add and divide, you can bone up on your basic math with Barron's "Correction Officer Exam" prep book.

The application process may seem like a piece of cake compared to Harvard's, but the correctional officer academy is actually more selective than Harvard. Over 120,000 people apply every year, according to the state Legislative Analyst's Office, but the academy only enrolls about 900. That's an acceptance rate of less than 1%. Harvard's is 6.2%. The job also has a better retention rate than Harvard. Only 1.7% dropped out of the service last year, compared to 2% who left Harvard.

If your parents aren't thrilled about you turning down Harvard to become a prison guard in California, just show them the job brochure. Then explain that in another few years instead of paying off thousands of dollars in college loans you'll be taking cruises together. They'll be speechless.

Ms. Finley is assistant editor of OpinionJournal.com.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...