terça-feira, 28 de junho de 2011

Uma aposta contra o supremo idiota: eu dobraria a aposta...

Busquem dois posts abaixo, o post do idiota supremo, este aqui:

O mundo e os idiotas, ou um idiota do tamanho do mundo...

Agora tenho o prazer de postar uma aposta contra ele. Confesso que não tive paciência, nem tempo de preparar uma resposta, mas eu me ofereceria para pagar em dobro ao idiota supremo se ele conseguisse vencer o desafio do Diogo Costa.
Fica aqui, ampliada a aposta...
Paulo Roberto de Almeida

Capitalismo Terminal? Uma aposta para Leonardo Boff
por Diogo Costa
Ordem Livre, 27 de Junho de 2011

Quero desafiar Leonardo Boff para uma aposta.

Em artigo recente, Leonardo Boff declara que “a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal”

Boff lista dois motivos para sustentar tese, mas acaba oferecendo três explicações:

1. O uso dos recursos naturais chegou ao ponto de exaustão: “Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado”.

2. A tecnologia tornou o trabalho humano dispensável. Os níveis de desemprego atuais não abaixarão porque as pessoas não conseguirão ser mais produtivas do que as máquinas: “Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva”.

3. Os novos descontentes atingem um nível consciência social não visto no passado. Conforme exigências do mercado aumentaram a formação educacional dos trabalhadores, aumentou-se também sua capacidade de pensar criticamente: “Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra”.

Eu discordo das previsões de Leonardo Boff. Acho que sua análise combina wishful thinking socialista com incompreensão de teoria econômica e dos eventos correntes.

Sobre 1, entendo que recursos naturais são produto da inventividade humana, e não apenas um dado da natureza. O petróleo não era um recurso para os maias, mas passou a ser para os mexicanos. Fatores naturais pouco ou nada utilizados por uma geração acabam se tornando recursos para gerações futuras. Não há motivos para vermos nossa geração como exceção ao funcionamento da história tecnológica da humanidade. Se a produção de energia a partir de recursos fósseis se tornar excessivamente custosa no futuro, seu uso se reduzirá e novas tecnologias de energia serão desenvolvidas. Hoje utilizamos os recursos naturais de forma mais eficiente do que gerações passadas e continuaremos o percurso.

Sobre 2, Boff enxerga a tecnologia como o carrasco econômico que empobrece o proletário. A história econômica discorda. Apesar do reajuste do trabalho, a tecnologia melhora as condições dos trabalhadores de forma geral. Por causa da tecnologia, os trabalhadores do século XXI têm um nível de vida melhor do que os burgueses do século XIX. É verdade que nenhuma pessoa consegue tecer algodão mais rapidamente que uma máquia têxtil, nem montar carros com mais eficiência do que a indústria robótica. Mas as revoluções tecnológicas do passado não criaram uma massa crescente e permanente de desempregados. Em vez disso, novas profissões foram criadas. Desemprego estrutural sempre existiu no passado e vai continuar existindo no futuro. Mas a tecnologia não cria desemprego permanente e crescente. O talento e a capacidade humana sempre encontram novas formas de servir a sociedade e de aumentar o nível de vida geral.

Sobre 3, não se pode colocar todo o descontentamento político mundial na mesma categoria. Alguns grupos rebeldes são mesmo simpáticos a causa anticapitalista de Boff. Mas são os que lutam pela manutenção do status quo. Os jovens e velhos que saem às ruas de Atenas não lutam contra o sistema. Lutam pela preservação do sistema de privilégios do welfare state grego. Quem está em crise na Europa são os governos. Não foram os empreendedores que fizeram com que a Grécia acumulasse 44 mil dólares de dívida per capita com promessas e mais promessas de benefícios. Foram os políticos, com ideias de “conquistas sociais” que teriam até a aprovação do Leonardo Boff. Em contraste, os descontentes das economias fechadas do oriente médio estão mais dispostos a participar do liberalismo globalizado que os déspotas lhes negaram na prática e que Boff quer negá-los na teoria.

Em resumo, Boff entende que mais mercado levará a maior exploração e/ou desemprego das camadas menos favorecidas. Eu entendo que mais mercado levará a empregos melhores e mais bem pagos. Boff acredita na revolução do socialismo. Eu acredito no triunfo do liberalismo. Se eu estou certo, países que liberalizarem seus mercados terão mesas com mais comida, cabeças com mais conhecimento, e crianças com mais saúde. Se Boff estiver certo, ocorrerá o contrário.

Quem está certo? Felizmente, há uma forma para Leonardo Boff e eu testarmos nossa divergência. Podemos fazer uma aposta. Vamos examinar, dentro de 10 anos, o que irá ocorrer com os países que mais liberalizarem suas economias. Então saberemos se a população mais pobre estará ainda mais pobre, como prevê Boff, ou se estará mais rica, como eu prevejo.

Nossa aposta pode ser decidida da seguinte forma: indentificamos os dez países que mais liberalizarem suas economias de 2011 a 2021. Se a renda per capita dos 10% mais pobres desses países houver diminuído, eu pago 500 dólares a Leonardo Boff. Se a renda dos 10% mais pobres tiver aumentado, Leonardo Boff me paga 500 dólares.

Para medir o grau de liberalização econômica, podemos usar o Relatório de Liberdade Econômica no Mundo, publicação anual do Instituto Fraser do Canadá. Para medir a renda per capita dos 10% mais pobres, podemos usar dados do World Development Indicators do Banco Mundial.

Portanto:

Leonardo Boff, aceita meu desafio? Lanço essa aposta de boa fé. Se você de fato acredita na sua análise de que o capitalismo está em fase terminal, estou lhe oferecendo dinheiro de graça. Basta que ocorra o que você já disse que irá ocorrer para que você ganhe 500 dólares. Será até uma chance de fazer doação para uma das populações empobrecidas.

Aguardo resposta.
Diogo Costa

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PS.: Como disse antes, dobro a aposta...

E por falar em idiotas, ou idiotices, algumas sao persistentes...

Incrível como certas pessoas podem continuar com bravatas idiotas contra "multinacionais das sementes:, mesmo com tanta coisa mais importante com que se preocupar. E tem também aquela coisa de achar que a pobreza africana vai diminuir com um pouco mais de cooperação ao desenvolvimento, ou seja, despejando mais um pouco (ou um montão) de dinheiro, naquele continente, que já vem sendo inundado com recursos da cooperação internacional ao desenvolvimento, por parte de europeus, americaos, japoneses, por mais de meio século.
O Brasil entra com força no dejà vu, no more of the same.
Desejamos sucesso no empreendimento, mas a minha previsão é a de que não vai dar certo, ou seja, não vai mudar nada.
Rendez vous em cinco anos, ou quando desejar o novo DG da FAO, a quem desejamos sucesso...
Paulo Roberto de Almeida

Um brasileiro na FAO
Editorial - O Estado de S. Paulo
Terça-feira, 28/06/2011

A diplomacia brasileira conseguiu sua primeira grande vitória política em oito anos e meio, com a eleição de José Graziano da Silva, criador do Programa Fome Zero, para a direção-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Foi uma vitória apertada - 92 votos contra 88 conferidos ao diplomata espanhol Miguel Ángel Moratinos - conseguida graças à mobilização de países em desenvolvimento. O combate à fome é prioridade oficial de várias entidades multilaterais, como o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), empenhados em socorrer as populações mais afetadas. O Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias do mundo, incluiu o problema dos preços e da segurança alimentar em sua agenda.

Os preços dos alimentos subiram muito e tornaram-se especialmente instáveis a partir de 2006, afetando severamente as populações de países pobres e dependentes da importação de comida. As cotações atingiram o pico em 2007 e 2008. Caíram nos dois anos seguintes - continuando acima dos níveis anteriores à grande alta - e voltaram a subir no começo de 2011. O número estimado de famintos passou de 820 milhões em 2007 para mais de 1 bilhão em 2009 e recuou depois para cerca de 900 milhões, segundo a FAO e outras entidades multilaterais. O cenário poderá piorar. Até 2019, segundo projeções recentes, os preços da maior parte dos alimentos deverão permanecer em níveis superiores aos da década anterior à crise de 2007-2008.

Graziano terá de enfrentar questões políticas e econômicas muito mais complexas que as da pobreza brasileira. Sua experiência recente como representante da FAO para a América Latina e o Caribe pode ter sido uma boa preparação para o novo posto. Isso se verá adiante.

Ao assumir o cargo, nesta segunda-feira, seu primeiro pronunciamento foi marcado por alguns velhos tiques. Ele gastou fôlego, por exemplo, criticando o controle do mercado de sementes por algumas multinacionais. O assunto pode render uma boa discussão, mas é irrelevante para a análise da situação das centenas de milhões de famintos.

Com ou sem esse "monopólio", o acesso à comida seria difícil para as populações mais pobres do mundo, porque as causas de sua miséria são de outra natureza, como a instabilidade política, as ditaduras sanguinárias - algumas muito bem tratadas pelo grande cabo eleitoral de Graziano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - e a baixa produtividade na maior parte da África e nas áreas mais pobres da Ásia e, em muito menor proporção, das Américas.

A mesma insistência em meia dúzia de temas impediu Graziano e outros petistas de perceber, durante anos, as transformações da agricultura brasileira. Num documento de 2001, ele mencionou a seguinte "constatação", como se fosse uma novidade: "O problema da fome, hoje, não é de falta de produção de alimentos, mas da falta de renda para adquiri-los". Isso poderia ser novidade para ele e para alguns companheiros, mas não para quem havia acompanhado a modernização da agropecuária brasileira. O próprio presidente Lula, ao assumir o governo, ainda falava em exportar só os "excedentes", como se houvesse escassez de alimentos. Em pouco tempo ele abandonou essa tolice. Os programas de transferência de renda e a elevação do salário real melhoraram a situação dos mais pobres, embora tenham sido insuficientes para capacitá-los a viver por seus meios.

O combate à fome nas áreas mais pobres do mundo será uma tarefa muito mais complicada, porque falta - e provavelmente ainda faltará por longo tempo - o respaldo de agriculturas nacionais produtivas e institucionalmente protegidas.

De toda forma, o governo brasileiro tem uma vitória para comemorar. A diplomacia petista foi derrotada nas eleições para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio, para a presidência do Banco Interamericano do Desenvolvimento e para a Secretaria-Geral da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura, além de ter sido incapaz de mobilizar apoio latino-americano para sua pretensão de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Pode ser sinal de uma nova fase.

O mundo e os idiotas, ou um idiota do tamanho do mundo...

Como escrevi, num post recente, eu comecei a reconsiderar a questão central de um artigo escrito poucos anos atrás, no qual eu perguntava se o mundo estava abrigando um número maior de idiotas. Ou, em outros termos, eu queria saber se o número de idiotas estava crescendo, com condições de submergir nosso pequeno mundo de seres racionais num mar de irracionalidade.
Mas eu estava falando de pessoas comuns, ou seja inocentes úteis, ou mesmo inúteis, gente simples, sem muita educação e suscetível, portanto, de se deixar levar por alguns espertos, falando em nome da religião, do dinheiro (ou da cobiça por), ou seja lá o que for.
Eu agora estou pronto a reconsiderar minha pergunta, aliás deixar de perguntar, e afirmar simplesmente: sim, o mundo está cheio de idiotas, cada vez mais, e os mais idiotas não são, necessariamente, gente simples, pouco educada.
Tem idiota dos grandes, formados, diplomados, talvez até informados, mas também deformados, capazes de fazer de tudo para ver no capitalismo um sistema falido, ou como diz Leonardo Boff, uma crise final, terminal.
Não se enganem: estamos em face de um idiota terminal, estrutural, não simplesmente conjuntural; um verdadeiro idiota fractal, definitivo.
Frente a um idiota assim, eu fico praticamente sem palavras...
Paulo Roberto de Almeida

Crise terminal do capitalismo?
Blog Leonardo Boff, 22/06/2011

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.
A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX, Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.
A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.
O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.
Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal, 12% no pais, e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.
A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.
Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.
As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados" que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: "não é crise, é ladroagem". Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.
Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

Leonardo Boff é teólogo e escritor, autor do livro "Proteger a Terra – cuidar da vida: como evitar o fim do mundo" (Record 2010).

Arquivos (pouco) diplomaticos: tempos de chumbo...

Em geral evito o sensacionalismo e as fontes pouco confiáveis. No caso abaixo, dispenso as acusações pouco objetivas, na base do impressionismo.
Mas documentos existem e devem ser considerados no processo de reavaliação histórica.
Avante história...
Paulo Roberto de Almeida

Os arquivos da ditadura que os militares brasileiros querem ocultar
Dario Pignotti - Página/12
Carta Maior, 28/06/2011

Documentos da ditadura militar brasileira, obtidos pelo jornal Página/12, trazem detalhes inéditos dos arquivos que a presidenta Dilma Rousseff quer tornar públicos. Militares resistem à divulgação desses arquivos. Matéria publicada neste domingo no jornal argentino traz informações sobre atuação de Azeredo da Silveira, chanceler do general Geisel, que antes de assumir o Itamaraty comandou a embaixada na Argentina, onde teria sido um "pioneiro do terrorismo de Estado regionalizado". Da leitura de centenas de papéis em poder do Página/12 fica claro que os contatos eram frequentes, e grande a afinidade dos militares brasileiros com os golpistas de 1976 na Argentina. A reportagem é de Dario Pignotti.

“O ex-presidente argentino Juan Perón esteve na mira dos serviços de Inteligência brasileiros. Isso é quase um fato. Participei de reuniões com ele, se pressentia que nos vigiavam. Se abrirem os arquivos da ditadura, como quer a presidenta Dilma, surgirão mais provas disso”.

A afirmação é de João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Melchior Goulart, Jango, amigo do general argentino por mais de duas décadas. Transcorridos 47 anos da derrubada Jango e 38 de seus últimos encontros com Perón, provavelmente espionados por agentes brasileiros, “é hora de terminar com esse longo silêncio, ainda vivemos de costas para a história dos anos 70 devido às pressões de grupos ligados ao terrorismo de Estado”, lamenta João Vicente.

Dilma Rousseff parece compartilhar essa preocupação e, na semana passada, instruiu seus ministros, em particular a titular de Direitos Humanos, Maria do Rosário, para que convençam o Congresso a aprovar imediatamente o projeto sobre a Comissão da Verdade, contra o qual se insubordinaram os chefes das forças armadas em dezembro de 2009.

“Certo dia estava em um hotel de Madri, com papai, atendi o telefone e alguém me disse: “Quero falar com Janguito, diga que sou o general Juan Perón. Eu não podia acreditar, mas era verdade. Perón estava do outro lado da linha para convidar Jango para uma conversa na residência da Porta de Ferro. Creio que era o início de 1973”, relatou Goulart ao Página/12.

“Em uma ocasião, falou-se da possibilidade de haver um acordo. Meu pai (fazendeiro) venderia carnes no marco de um plano trienal que iria ser implementado pelo governo peronista, mas que fracassou por influências do bruxo”, apelido pelo qual era conhecido José López Rega. “Ocorreram mais reuniões com Perón, outra foi em Buenos Aires. Lembro que algumas pessoas nos diziam que os serviços de Inteligência estavam rondando por ali”.

Algo parecido ocorria com o ditador Ernesto Geisel, que se referia ao argentino como a “Múmia” e o excluiu de sua cerimônia de posse, no início de 1974, da qual participaram o chileno Augusto Pinochet, o boliviano Hugo Banzer e o uruguaio Juan María Bordaberry. Geisel iniciou um período de mudanças na política externa, conhecido como “pragmatismo responsável”, caracterizado pela abertura de relações com países do Terceiro Mundo e menor alinhamento com os Estados Unidos. Este giro não implicava o fim da estratégia de contenção do comunismo. Outra marca de sua política externa foi a intensa, e por vezes contraditória, relação com o secretário de Estado, Henry Kissinger. Nenhum chanceler teve mais sintonia com Kissinger do que Francisco Azeredo da Silveira, que esteve no cargo durante o quinquênio de Geisel.

Antes disso, Azeredo comandou a embaixada na Argentina, “onde foi um pioneiro do terrorismo de Estado regionalizado; em 1970 foi o responsável pelo sequestro em Buenos Aires e transporte ilegal ao Brasil do coronel Jefferson Cardin, um militar nacionalista e brizolista que foi meu companheiro na prisão do Rio de Janeiro”, diz Jarbas Silva Marques, prisioneiro político entre 1967 e 1977. “Jefferson Cardin me disse na prisão do Rio que Azeredo da Silveira, sendo chanceler, sabia tudo sobre a Argentina e certamente sabia dessa possível espionagem sobre Perón e mandava a embaixada colaborar com os golpistas”.

“Essa é uma história pesada, estamos falando do chefe da diplomacia brasileira entre 1974 e 1979. De uma política de Estado. Até hoje há gente querendo esconder essa história debaixo do tapete, há muita pressão. Vemos o presidente do Senado, José Sarney, fazendo lobby a favor dos militares para impedir que Dilma abra os arquivos, disse Silva Marques ao Página/12.

É impossível fazer uma reconstrução acabada de todos os movimentos da diplomacia brasileira e seus pactos com os golpistas argentinos, devido à falta de documentação suficiente. Da leitura de centenas de papéis em poder do Página/12 fica claro que os contatos eram frequentes, e grande a afinidade com aqueles que perpetrariam o golpe de 1976. A guerra suja já lançada então contra a “subversão” era aprovada.

O telegrama “secreto” enviado pela embaixada brasileira no dia 3 de setembro de 1975 dá conta de uma “longa conversa” com os “comandantes Jorge Videla e Eduardo Massera”, que expressaram seu interesse em “estimular por todos os meios a aproximação das Forças Armadas” de ambos os países. Em outra mensagem “confidencial”, de 19 de fevereiro de 1975, fala-se sem eufemismos da coordenação repressiva. A nota relata um encontro oficial de diplomatas brasileiros com o ministro da Defesa argentino, Adolfo Savino, quando se tratou com “total franqueza da necessidade de um profundo entendimento de nossos países frente aos inimigos comuns da subversão”.

Durante sua conversa com o Página/12, o filho de João Goulart e Jarbas Silva Marques lamentaram o “atraso” histórico do Brasil frente a Argentina, o Chile e o Uruguai, onde “houve um ajuste de contas com a história e a verdade”, mas manifestaram esperança de que essa situação possa ser revertida. Eles, assim como vários organismos de direitos humanos, confiam no compromisso com a verdade assumido por Dilma Rousseff, vítima de prisão e torturas durante o regime militar, assim como na pressão internacional. Citam o exemplo da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condenou o Estado brasileiro por não julgar os crimes da ditadura.

Tradução: Katarina Peixoto

Um caso para o Dr. House... - Itamar, uma alma ingenua...

Itamar Franco foi um homem bom. Muitas vezes equivocado, como por exemplo, quando quis a volta do velho, antiquado, ultrapassado Fusca. Ou quando mudou de presidente do BC e de ministro da Fazenda várias vezes seguida, só porque queria juros baixos (um dos segredos mais inescrutáveis da economia brasileira).
Em todo caso, foi mais benigno do que certos ex-presidentes ou senadores que andam por ai, arrombando cofres públicos e praticando desonestidades.
Meus votos de melhoras a ele...

POLÍTICA
ITAMAR FRANCO VAI PARA A UTI
Ex-presidente contraiu pneumonia enquanto luta contra leucemia

The Joy of (Same) Sex (Marriage): the comfort of ladies...

Argumenta a autora, uma jornalista feminista, que o casamento gay, ou homoafetivo, ou do mesmo sexo -- chamem como quiserem -- beneficia as mulheres.
Bem, pode-se pensar que vai diminuir o número de straight guys disponíveis -- sim, sempre tem quem case, independentemente de sua orientação ou preferência sexual -- mas por outro lado, argumenta ele, pela primeira vez as mulheres tem a vantagem de ver reconhecida pela sociedade a igualdade absoluta dos sexos no casamento.
Machistas, já para a cozinha e a lavanderia...
Paulo Roberto de Almeida

Setting Marriage Straight
By Linda Hirshman
Slate magazine, June 26, 2011

The biggest cheers from the record-breaking throng at the New York Pride Parade Sunday were for the soberly T-shirted, widely grinning lobbyists and activists from the coalition Marriage Equality New York. When the state legislature passed and Gov. Andrew Cuomo signed the law authorizing same-sex marriage in New York late Friday night, the number of Americans who will be able to marry same-sex partners doubled. New York is the first state to legalize same sex marriage after a dry spell following Maine's repeal of its marriage law a year and a half ago. Maybe for lesbian and gay people, It Gets Better after all.

And they're not the only ones. To paraphrase the great gay songwriter Stephen Sondheim: Straight women, rise! As same-sex couples marry, things get better for us, too. Remember the scary (and since-discredited) stories about how a woman is more likely to be killed by a terrorist than to find a husband after she turns 40? Or the one about how suitors are fleeing from Maureen Dowd because they're afraid of her Pulitzer Prize? The poll showing evangelical women in patriarchal marriages are happier than Sarah Jessica Parker? Well, same-sex marriage shows that people can make long-term, loving, sexual bonds with each other even where neither is naturally inclined to tell the other what to do. Or to be the natural homemaker or the hunter-gatherer. Same-sex marriage represents the possibility that marriage can be an equal deal after all—or at least one where inequality is not locked in at birth. The conservatives are right: Same-sex marriage will change opposite-sex marriage. And it's a good thing, too.
The people fighting same-sex marriage know this. They've been fighting some variation of the battle against marriage equality—for women—probably since the early Christians argued for the equality of women's souls. In the Anglo-American common law system, laws called "coverture" eliminated women's civic personhood when they married men. Unequal marriage was portrayed as a bargain between naturally created opposites: Women did women's work at home, and men took care of their public role, making contracts for them and voting in their interests. Apparently unsatisfied with this "bargain," women pressed for equality, including marriage equality, ultimately giving rise to the suffrage movement in the 19th century and feminism in the 20th.

At each point along the road to women's equality, conservatives defended heterosexual marriage inequality on the grounds that women were naturally suited only for certain kinds of lives. At the height of the suffrage battle in 1873, the Supreme Court rejected feminist Myra Bradwell's plea to be allowed to practice law on the grounds that "the paramount destiny and mission of woman are to fulfill the noble and benign offices of wife and mother." In 2001, after the second wave of feminism broke, conservative scholar William Bennett wrote in his ominously titled The Broken Hearth: Reversing the Moral Collapse of the American Family: "In the past husbands and wives had well defined roles. Today, thanks to the social and sexual revolution of our time, definitions blur, and disappointed hopes can turn rapidly into hopes abandoned."
The naturalism argument has suffered somewhat from the fact that women have been living outside their natural boundaries for decades. So marriage-equality resisters have moved to a kind of happiness project—trying to show that women with traditional gender attitudes are happier than their counterparts in more socially egalitarian relationships. In his much-debated 2006 article "What's Love Got To Do With It? Equality, Equity, Commitment and Women's Marital Quality" (PDF), W. Bradford Wilcox, a sociologist at the University of Virginia and resident scholar at the Institute for American Values, argued that "women are not happier in marriages marked by egalitarian practices and beliefs." And it's their fault: "We suspect that higher expectations of intimacy and equality among women, especially more egalitarian-minded women, have led them to view their husbands' emotion work more critically; we also suspect that these expectations have increased marital conflict and—in turn—dampened men's marital emotion work." More church attendance, higher male earnings, and lower female expectations are instead the key to family happiness, Wilcox concludes.
Opponents of heterosexual equality may have been first alerted to the dangerous possibilities of same-sex marriage by a 1993 Hawaii court decision. Writing against same-sex marriage in the Washington Post in 1996, Bennett opined "Marriage is not an arbitrary construct; it is an 'honorable estate' based on the different, complementary nature of men and women" (italics mine). The members of Congress who drafted the federal law rejecting same-sex marriage, the Defense of Marriage Act, dropped Bennett's article right into the Congressional Record. Seventeen years later, when the time came for the defenders of California's same-sex marriage prohibition, Proposition 8, to produce an expert witness on the harm such unions might produce, up popped David Blankenhorn, founder and president of Brad Wilcox's scholarly home away from home, the Institute for American Values. Who knows what same-sex marriage might do to the rest of our marriages, Blankenhorn intoned. Who knows? It might even make them more equal.
Turnabout is fair play. As the arguments for heterosexual marriage inequality were used to fight same-sex marriage, so the success of same-sex marriage is a living refutation of the argument that marriage requires congenital natural inequality with women on the bottom. Even the campaign for same-sex marriage, consisting of a torrent of moving stories about the happy same-sex couples who want to get married, is a feminist windfall. Maybe marital equality and happiness aren't so incompatible after all.

Cooperacao ao desenvolvimento: uma industria anacronica (e inutil)

Alguém ai já ouviu falar de algum país, um só, que se tenha tornado desenvolvido, ou digamos, que tenha escapado ao subdesenvolvimento, com base em ajuda de outros países, com base em assistência ao desenvolvimento, tal como ela vem sendo praticada pelos últimos 50 ou 60 anos?
Alguém acredita nisso?
O novo secretário-geral da FAO, o brasileiro Francisco Graziano diz que o Brasil e a FAO vão aumentar a ajuda à África.
Alguém acredita que vai funcionar?
O Brasil se prepara para fazer o que europeus e americanos vem fazendo pelo último meio século.
Alguém acredita que vai funcionar, só porque é o Brasil?
Abaixo, uma matéria sobre a cooperação indiana ao desenvolvimento, um país desesperadamente pobre. Alguém acredita que vai fazer alguma diferença?
Paulo Roberto de Almeida

Poor Little Rich Country
BY PATRICK FRENCH
Foreign Policy, June 24, 2011

How do you categorize India, a nation that is at once fantastically wealthy and desperately poor?

In May, the Indian government announced that it was giving $5 billion in aid to African countries in the interest of helping them meet their development goals. "We do not have all the answers," Prime Minister Manmohan Singh said, "but we have some experience in nation-building, which we are happy to share."
The British could be forgiven for being annoyed with Singh's largesse. Britain, after all, currently gives more than $450 million a year in aid to India, and has plans to continue doing so for at least the next few years. The British economy is bumping in and out of a recession, while India's gross domestic product is growing at more than 8 percent a year. This has put the British government in the rather bizarre position of having to sell bonds in order to donate money to Asia's second-fastest-growing economy, even as the latter is itself getting into the philanthropy business.

The policy is unpopular with most of the British press, which argues that because India has a space program and some flamboyant billionaires, it does not need aid -- especially when Britain cannot really afford it. (When the Labour government was voted out at last year's general election, the departing Finance Minister Liam Byrne left a one-line note on his desk for his successor: "I'm afraid there is no money." It was a joke -- but it was also true.) Nevertheless, Britain still sees itself as a donor nation, with all the obligations and international prestige that entails. This comes in part from a sense of postcolonial guilt: Prime Minister David Cameron spoke recently of a "sense of duty to help others" and the "strong moral case" for giving aid.

The situation suggests just how dramatically the economic rise of Asia has undone centuries of experience, and the expectation that the West will retain the hegemony it has had for the past 400 years. It is increasingly difficult to classify whether a nation is rich or poor, and terms such as "the Global South" and "the Third World" have to be heavily qualified to take into account the fact that large sections of the population in countries like China, Brazil, and India now have a purchasing power matching that of people in "the West."

In 1951, the American diplomat Bill Bullitt described the condition of India in Life magazine: "An immense country containing 357 million people," he wrote, "with enormous natural resources and superb fighting men, India can neither feed herself nor defend herself against serious attacks. An inhabitant of India lives, on average, 27 years. His annual income is about $50. About 90 out of 100 Indians cannot read or write. They exist in squalor and fear of famine." Today, it would be hard to make such an absolute statement about India. Poverty certainly remains a chronic problem, but it exists alongside pockets of substantial wealth. An Indian's life expectancy at birth now stands at 67 years, and continues to rise. It is necessary perhaps to think in a different way, and to see that a country like India, like Schrödinger's cat, exists in at least two forms simultaneously: rich and poor.

The most important change of the last two decades, since the beginning of economic liberalization, has been the transformation of middle-class Indian aspiration. Although the stagnant days of the controlled economy and the "Permit Raj" -- when important decisions depended on a bureaucrat's authorization -- had their own stability, they also stifled opportunity and individual talent. Members of the professional middle class frequently preferred to seek their fortune in more meritocratic societies abroad.

The modern Indian middle class has a new chance to shape its own destiny in a way that was not previously possible. You can move to your own house using a home loan and live outside the joint family; you can buy a car that is not an Ambassador or a Fiat; you can travel abroad and see how people in other countries live; you can watch your politicians accept bribes or dance with prostitutes on television in local media sting operations while surfing your way to Desperate Housewives or Kaun Banega Crorepati, an Indian adaptation of Who Wants to Be a Millionaire? Businesspeople who have succeeded on their own merits overseas, such as PepsiCo CEO Indra Nooyi, are presented as national heroes.

In the 20th century, the world's personal wealth was held in American, European, Arab, and occasionally East Asian hands. By 2008, four of the eight richest people alive were Indian, and 2011 is the first year in which more billionaires have come from the BRICs -- Brazil, Russia, India, and China -- than from Europe. In earlier times, India's rich were princely rulers or members of extended business families who had made a fortune in textiles or manufacturing. Industrialists would hoard capital, and there was a limited expectation of seeking to outbid your neighbors in gross ostentation. Since liberalization, many of the new flock of billionaires who have made fortunes in areas such as construction, real estate, steel, and technology are no longer the scions of well-connected families. An unbound social elite has grown with extraordinary speed.

At times this new wealth has provoked intense resentment. In Mumbai, the industrialist Mukesh Ambani recently built the world's most expensive private residence, a 27-story confection housing three floors of gardens, swimming pools, a "cool room" (which, in the ultimate Himalayan dream, blows flurries of fake snow), three helipads, a six-story parking garage, and several "entourage rooms" -- because who travels without an entourage? The steel tycoon Lakshmi Mittal, who lives in London and is presently the richest person in Britain, is today the only Indian richer than Ambani. In 2006, Mittal Steel's hostile bid for Europe's largest steelmaker, Arcelor, was met with dismay on the continent. The head of the latter firm, Guy Dollé, said sorrowfully that the predatory company was "full of Indians" and his own Luxembourg-based operation had no need for "monnaie de singe" -- an expression meaning "money without value," but a phrase that has the unfortunate direct translation of "monkey change." Lakshmi Mittal won the battle, Dollé was ousted, and Arcelor Mittal is now the world's largest steel company.

During this global financial shift, about one-quarter of India's population has so far gained almost nothing from the country's economic transformation. Those who live outside the cash economy, in hills and jungles and on land that is increasingly sought after for its natural resources, have not shared the benefits of national growth at all. The journalist Mark Tully, who has been reporting on India for nearly 50 years, once said that the crocodile tears shed over India's poor would flood the Ganges. Today, as inequality grows and some Indians become exceptionally rich, the arguments over the country's poverty -- its extent and depth and the best means of alleviating it -- are fiercer than ever. Surjit Bhalla, who runs an economic research and asset management firm in New Delhi, has argued that the numbers of India's least fortunate are massively exaggerated: In his analysis, a "conservative estimate" suggests the poverty level in India in 1999 was under 12 percent, and is surely even lower today. But a first-time visitor to India will notice at once that many people there are painfully poor, and that the suggestion that they number scarcely 1 in 10 of the population -- or lower -- is absurd.
Doubtful statistics are also used by those who dislike liberal economic policies and the effects of globalization. It is commonly claimed that 77 percent of Indians live on less than 20 rupees (about $0.50) a day. This figure has an interesting lineage, and first came to public notice in a report issued in 2007 by the left-wing economist Arjun Sengupta, which he claimed was based on data from India's National Sample Survey Organisation (NSSO), an official body. On closer inspection, it would appear Sengupta used average monthly per capita consumer expenditure for the year 2004-05, which came out at 559 rupees for rural India and 1,052 rupees for urban India. But what commentators who widely circulate this data do not point out is that consumer expenditure figures collected by the NSSO have consistently been low -- possibly because of under-reporting -- and are very difficult to square with the fact that other measures of consumption in India have grown steadily over the past few years.

Using more current data, the Indian government's Planning Commission announced a few weeks ago that in fact, 41.8 percent of the rural population and 25.7 percent of the urban population now live on 20 rupees a day or less -- suggesting either that India's poverty has been more than halved in just six years, or (more likely) that Sengupta's original figure was wrong, and should never have been publicized without extensive qualification. But obtaining accurate data on poverty and interpreting it reasonably is a difficult task; an additional problem is that India's state governments routinely overestimate their poverty levels in order to get more money from New Delhi.

In any case, even cautious figures suggest that a substantial portion of India's population remains desperately poor. The basic argument about whether economic liberalization has been good or bad for India is today largely conducted outside the country. In India itself, the debate ran itself into the ground in the late 1990s, when it became apparent that growth rates were higher even than the reformers had expected. All major political parties are now in broad agreement that it would be a mistake to return to centralized, socialist planning; after all, back in the 1970s per capita GDP in India was growing more slowly than at any point in the preceding 100 years. The crucial question now is, how to narrow the gulf between the rich and the poor? The Indian government has made some progress with social programs in recent years, but is moving interminably slowly, and corruption and weak governance at the centre remain a pressing problem. In the short term there is no harm in countries like Britain continuing with their aid projects, but India has the money to fund its own poverty alleviation programs. Whether it will choose to do so, is another question.

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