O Brasil, que é mais industrializado do que vários membros da UE, quer ainda ser tratado como coitadinho em desenvolvimento...
O atraso brasileiro não é exatamente material. É mental...
Paulo R. de Almeida
Um recado europeu ao Brasil
Editorial - O Estado de S.Paulo
20 de julho de 2011
O Brasil deve perder em 2014 as preferências tarifárias concedidas pela União Europeia, avisa o negociador comercial do bloco, Karel de Gucht. Depois de ter apostado quase todas as suas fichas nas negociações globais de comércio, a Rodada Doha, a diplomacia comercial brasileira enfrenta hoje as consequências de uma série de opções erradas. Nove anos e meio depois do lançamento, a rodada está atolada num impasse e ninguém sabe se algum dia será concluída. O projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi enterrado pelo terceiro-mundismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu companheiro Néstor Kirchner. O Mercosul só concluiu tratados comerciais com economias em desenvolvimento e as conversações com a União Europeia, retomadas há pouco tempo, continuam lentas e pouco promissoras. Se nenhum resultado for obtido nos próximos dois anos e meio, o Brasil poderá ficar no pior dos mundos, sem as preferências europeias, em desvantagem no mercado americano e forçado a competir em condição de inferioridade com a China e outras potências comerciais dinâmicas.
A advertência do comissário europeu para o Comércio é um instrumento de pressão para estimular o Brasil e seus parceiros do Mercosul a se esforçarem mais pelo acordo com a União Europeia. Para isso, os sul-americanos terão de ser mais generosos nas concessões, especialmente na área industrial. Isso dependerá principalmente de brasileiros e argentinos. Estes, durante anos, foram os menos dispostos a abrir seu mercado a exportadores industriais europeus. Não mudaram muito e mantêm-se aferrados a medidas protecionistas até contra seu principal parceiro comercial, o Brasil. Mas os brasileiros também se mostram hoje pouco dispostos a oferecer concessões comerciais, por causa do câmbio valorizado e de outras desvantagens.
Nos países mais industrializados, o ambiente, agora, também não é favorável à negociação de acordos de livre comércio. O desemprego continua elevado. Nos dois lados do Atlântico Norte a ideia de maior abertura a produtores estrangeiros é altamente impopular. No caso dos Estados Unidos, há um fator agravante. Durante a campanha eleitoral, o presidente Barack Obama cortejou alguns dos sindicatos mais protecionistas do país. Até agora, evitou decepcioná-los, embora tenha pressionado o Congresso para aprovar alguns acordos assinados pelo Executivo nos últimos anos.
Na Europa, os agricultores continuam rejeitando a liberalização dos mercados. A curto prazo, a proximidade das eleições na França, previstas para maio de 2012, também dificultam as negociações.
Mas o aviso do comissário europeu é mais que um instrumento de pressão. O governo brasileiro deve, naturalmente, continuar negociando e estimulando os parceiros do Mercosul a se empenhar no jogo com os europeus. Mas tem de ser realista e levar em conta, seriamente, a hipótese de um novo impasse.
Confirmada essa hipótese, o acesso ao mercado europeu será mais difícil do que hoje, porque as vantagens do Sistema Geral de Preferências desaparecerão em 2014 e nenhum acordo comercial terá sido assinado. As preferências, no entanto, continuarão sendo concedidas a países pobres, isto é, com renda per capita baixa (a do Brasil é média). Alguns desses países pobres são fortes competidores em algumas áreas industriais, por causa de salários muito reduzidos. Terão, portanto, mais vantagens contra o Brasil.
Essa perspectiva é mais um bom motivo - entre tantos outros - para se adotar no Brasil, seriamente, a tão prometida e, até hoje, não concretizada política de competitividade. Desde o começo do ano, ministros da área econômica têm falado sobre medidas para reduzir os custos do investimento, da produção e da exportação. Mas a cada pronunciamento as inovações esboçadas se tornam mais modestas, porque o hábito da gastança dificulta a redução de tributos.
Além disso, a ineficiência do governo dificulta os investimentos na infraestrutura, outra importante desvantagem dos brasileiros. Seria bom se a advertência do comissário europeu pelo menos provocasse algum susto em Brasília.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Homenagem a Jose Guilherme Merquior - ABL
ABL inaugura exposição sobre José Guilherme Merquior
Annaclara Velasco
Jornal do Brasil, 19/07/2011
Ele começou a escrever nas páginas do JB aos 19 anos e se tornou um dos maiores pensadores do Brasil
Foi inaugurada, nesta terça-feira, na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, a exposição que homenageia o crítico, escritor, diplomata, sociólogo e filósofo José Guilherme Merquior. O acervo da vida do intelectual, que morreu prestes a completar 50 anos, em 1991, vítima de câncer, é montado por fotos pessoais, livros publicados, depoimentos de seus colegas da ABL e um vasto material cedido pelo Cpdoc do JB, como fotos e páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, onde ele publicava suas críticas. Era naquele espaço que, segundo José Mario Pereira, curador da exposição, Merquior "separava o joio do trigo".
"Suas frases eram mortais. Uma delas me marcou muito, quando ele escreveu uma crítica sobre o texto Pão e Vinho. Ele disse 'Seu pão é dormido e seu vinho não nos embriaga'. Genial, polêmico", lembra.
Em 2011, Merquior completaria 70 anos de vida, além de marcar os 20 anos de seu repentino desaparecimento. Pereira, que foi grande amigo pessoal do intelectual afirma que “a ideia é dar um retrato da vida e obra de um dos mais importantes críticos literários e de ideias já nascidos no Brasil”.
"Merquior começou a escrever nas páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil na década de 60, quando fez uma verdadeira revolução nas artes e nas ideias do Brasil na época. Este trabalho deu notoriedade a ele, que começou a ser convidado para colaborar em outras revistas".
Com o passar do tempo, segundo Pereira, ele se transformou em um crítico de várias formas de racionalismo e terminou como um dos mais importantes liberais do Brasil. O carinho entre os dois amigos, que se conheceram em 1979 quando Pereira, jornalista, procurou Merquior para fazer uma matéria, transparece na montagem da exposição.
"O trabalho está lindo, claramente feito com muito amor. Ninguém melhor do que ele para organizar esta homenagem", declara a escritora Nélida Piñon. “Comecei a conviver com Merquior quando éramos muito jovens, talvez em 62. E ele sempre foi brilhante, andava muito elegante, de camisa de seda. Já parecia anunciar ao mundo que havia chegado”, lembra a escritora e amiga, que o descreve como polêmico, eloquente e corajoso.
A obra de Merquior também fascina a Marcus Vinicios Vilaça, atual presidente da ABL.
“A gente se morde de pena por ele ter ido tão cedo. Ele foi um grande pensador e sua obra está aí para explicar e mostrar toda a sua polivalência. Ele escrevia sobre literatura, filosofia, história, sempre com muita inteligência”, conta.
A viúva do escritor, Hilda, sua filha, Julia e a neta, Ana Beatriz, também prestigiaram a inauguração da exposição. Julia descreu o trabalho como “uma homenagem muito bem escolhida da vida do meu pai”. Mas brincou que toda sua obra não caberia em apenas uma exposição.
“Talvez em uma dissertação de doutorado”, brinca ela, emocionada.
Annaclara Velasco
Jornal do Brasil, 19/07/2011
Ele começou a escrever nas páginas do JB aos 19 anos e se tornou um dos maiores pensadores do Brasil
Foi inaugurada, nesta terça-feira, na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, a exposição que homenageia o crítico, escritor, diplomata, sociólogo e filósofo José Guilherme Merquior. O acervo da vida do intelectual, que morreu prestes a completar 50 anos, em 1991, vítima de câncer, é montado por fotos pessoais, livros publicados, depoimentos de seus colegas da ABL e um vasto material cedido pelo Cpdoc do JB, como fotos e páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, onde ele publicava suas críticas. Era naquele espaço que, segundo José Mario Pereira, curador da exposição, Merquior "separava o joio do trigo".
"Suas frases eram mortais. Uma delas me marcou muito, quando ele escreveu uma crítica sobre o texto Pão e Vinho. Ele disse 'Seu pão é dormido e seu vinho não nos embriaga'. Genial, polêmico", lembra.
Em 2011, Merquior completaria 70 anos de vida, além de marcar os 20 anos de seu repentino desaparecimento. Pereira, que foi grande amigo pessoal do intelectual afirma que “a ideia é dar um retrato da vida e obra de um dos mais importantes críticos literários e de ideias já nascidos no Brasil”.
"Merquior começou a escrever nas páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil na década de 60, quando fez uma verdadeira revolução nas artes e nas ideias do Brasil na época. Este trabalho deu notoriedade a ele, que começou a ser convidado para colaborar em outras revistas".
Com o passar do tempo, segundo Pereira, ele se transformou em um crítico de várias formas de racionalismo e terminou como um dos mais importantes liberais do Brasil. O carinho entre os dois amigos, que se conheceram em 1979 quando Pereira, jornalista, procurou Merquior para fazer uma matéria, transparece na montagem da exposição.
"O trabalho está lindo, claramente feito com muito amor. Ninguém melhor do que ele para organizar esta homenagem", declara a escritora Nélida Piñon. “Comecei a conviver com Merquior quando éramos muito jovens, talvez em 62. E ele sempre foi brilhante, andava muito elegante, de camisa de seda. Já parecia anunciar ao mundo que havia chegado”, lembra a escritora e amiga, que o descreve como polêmico, eloquente e corajoso.
A obra de Merquior também fascina a Marcus Vinicios Vilaça, atual presidente da ABL.
“A gente se morde de pena por ele ter ido tão cedo. Ele foi um grande pensador e sua obra está aí para explicar e mostrar toda a sua polivalência. Ele escrevia sobre literatura, filosofia, história, sempre com muita inteligência”, conta.
A viúva do escritor, Hilda, sua filha, Julia e a neta, Ana Beatriz, também prestigiaram a inauguração da exposição. Julia descreu o trabalho como “uma homenagem muito bem escolhida da vida do meu pai”. Mas brincou que toda sua obra não caberia em apenas uma exposição.
“Talvez em uma dissertação de doutorado”, brinca ela, emocionada.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
O Partido da Imprensa Golpista (PIG) governa no lugar da presidente...
Certas pessoas inventaram uma coisa que não existe, o tal de PIG, ou Partido da Imprensa Golpista, que teria tentado tirar um sapo barbudo da presidência apenas por denunciar, falcatruas, patifarias, roubos, corrupção, enfim toda sorte de bandalheira em seu governo.
Vejam que injustiça; a imprensa pretendendo pautar os governantes...
E não é que o PIG chegou ao poder?
Ele é quem governa, demite ministros, coloca outros em suspeição, enfim, faz aquilo que a presidente deveria fazer e não faz.
Acho que aquelas certas pessoas estavam certas quanto às pessoas do PIG: elas resolveram mandar no país. E não é que conseguiram?
Que azar não é?
Paulo Roberto de Almeida
Quais são mesmo os porcos nesta história?
José Nêumanne
Estado de S. Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011, p. A2
Até agora Dilma demitiu todos os subordinados sobre os quais imprensa lançou alguma suspeita
Antônio Palocci não era um burocrata qualquer quando a presidente Dilma Rousseff dispôs de seu emprego na alta cúpula do governo federal. Ele tinha sido o avalista do padrinho e ex-chefe dela Luiz Inácio Lula da Silva no crédito de confiança que a classe média deu à adesão do Partido dos Trabalhadores (PT) ao rigor fiscal e à estabilidade da moeda. Isso o credenciou a se tornar o todo-poderoso ministro da Fazenda do primeiro governo do patriarca. E foi com essa missão que também costurou o apoio da burguesia nacional à candidatura de Dilma à sucessão presidencial, reunindo cacife para coordenar a equipe de transição e ocupar a chefia da Casa Civil.
Tampouco o sanitarista de Ribeirão Preto era um “ficha-limpa” quando, empossada na Presidência, Dilma recorreu ao seu talento de articulador. Pois Sua Excelência já havia caído do alto, envolvido num escândalo – a frequência habitual de uma mansão suspeita – e numa violência contra a cidadania: a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A revelação pela Folha de S.Paulo da posse de um apartamento de R$ 6,6 milhões e da multiplicação por 20 do patrimônio acumulado como “consultor” enquanto ocupava uma modesta e quase anônima carreira na Câmara dos Deputados indicava uma óbvia reincidência. E pela segunda vez o condestável desabou do topo.
Na chefia da Casa Civil, para a qual nomeou Palocci, Dilma havia substituído José Dirceu, acusado de chefiar uma quadrilha em processo que tramita nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal (STF). No posto conviveu – segundo consta, às turras – com o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, senhor do castelo do Partido da República (PR), da base de apoio parlamentar do governo. Em nome da “governabilidade”, ela lhe devolveu o posto e foi levada a dele afastá-lo depois de o referido ter protagonizado caso de corrupção denunciado pela revista Veja. E nas páginas desse semanário o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Luiz Pagot, mereceu idêntico tratamento. Antes de ser demitido, como chegou a ser anunciado, contudo, Pagot tirou férias, das quais se afastou para elogiar no Congresso o zelo da comandante e o comportamento de seu futuro chefe, na esperança de ter a boquinha de volta.
Voltará? É aí que está o busílis. Dilma jura que não. Mas Paulo Sérgio Passos garante que nada há que pese contra o retorno do antigo companheiro de cúpula no Ministério dos Transportes. O benefício da dúvida pode favorecer Dilma quanto à atuação de todos esses senhores ao longo do mandato de Lula, em que chefiou a Casa Civil com fama de “gerentona” dura e de trato pessoal pouco delicado. Dela, porém, não se noticiou nenhuma reação pública contra a conduta dos dois ministros, o que saiu e o que o substituiu. Se se furtou no Ministério dos Transportes, é de imaginar que ela confiasse que Alfredo não sabia e Paulo, muito menos. Se ela soubesse, como justificar que os nomeasse para o primeiro escalão do governo ao qual foi içada pela maioria dos eleitores?
A guilhotina continuou – e, ao que parece, continuará – funcionando no prédio que os aliados do PR ocupam na Esplanada dos Ministérios. Rolou a cabeça de José Henrique Sadok de Sá, que ostentava duas coroas: de diretor executivo e diretor-geral interino nas “férias” de Pagot. Sá foi denunciado por favorecimento a uma empresa da mulher pelos repórteres deste Estado. No rastro sangrento dessa execução, já foram previamente anunciadas as demissões do petista Hideraldo Caron, também do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da empresa estatal suspeita de figurar no lamaçal, a Valec - Engenharia, Construções e Engenharia S. A.
No ostensivo loteamento político realizado pelo governo federal, Palocci e Nascimento, os expoentes dos denunciados que caíram em desgraça sob Dilma, têm em comum a proteção do paraninfo dela, seu antecessor Lula. Este chegou a se deslocar, sem ser chamado, de seu retiro em São Bernardo do Campo para o Planalto Central para tentar resgatar o então chefe da Casa Civil. Em vão! O malogro no intento não o impediu, contudo, de deitar falação contra o que ele e os soldados dos blogs financiados de alguma forma pelo governo e pelo PT chamam de “Partido da Imprensa Golpista” (PIG, em inglês porco). Na troca de presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) em congresso bancado por empresas públicas, o ex disse que os grandes jornais de São Paulo nem chegam ao ABC e que a população sabe que não precisa mais de “intermediários” para ter acesso à informação.
Por causa da enxúndia de notícias disponíveis, talvez ele tenha alguma razão. O afastamento de alguns de seus amiguinhos mais chegados da cúpula federal, contudo, demonstrou que sua sucessora tem precisado – e muito – dos meios de comunicação para saber o que alguns de seus subordinados fazem “debaixo dos panos”, lembrando aquele sucesso junino de Antônio Barros e Cecéu. A exemplo das cobaias de Pavlov que salivavam ao toque de sinetas, a presidente tem demitido regularmente todos os auxiliares cujas atividades heterodoxas têm sido reveladas por órgãos de comunicação. Até agora nenhum denunciado escapou da degola. E até agora ninguém foi degolado antes de vir a ser denunciado no noticiário.
Noves fora a mágoa de Lula por estar perdendo poder no governo da protegida, o que ele omitiu na meia-verdade aplaudida por um público cuja simpatia foi patrocinada revela uma trágica e perigosa distorção da democracia brasileira atual: o Poder Executivo não dispõe de informações para sanear a máquina pública. Ou, se dispõe, não tem como, ou não quer, fazer a faxina que tais informações preceituam. Dilma age sob pressão da opinião pública, que, à falta de uma oposição de respeito, só conta mesmo é com a liberdade de informação e opinião como aliada.
Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde.
Vejam que injustiça; a imprensa pretendendo pautar os governantes...
E não é que o PIG chegou ao poder?
Ele é quem governa, demite ministros, coloca outros em suspeição, enfim, faz aquilo que a presidente deveria fazer e não faz.
Acho que aquelas certas pessoas estavam certas quanto às pessoas do PIG: elas resolveram mandar no país. E não é que conseguiram?
Que azar não é?
Paulo Roberto de Almeida
Quais são mesmo os porcos nesta história?
José Nêumanne
Estado de S. Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011, p. A2
Até agora Dilma demitiu todos os subordinados sobre os quais imprensa lançou alguma suspeita
Antônio Palocci não era um burocrata qualquer quando a presidente Dilma Rousseff dispôs de seu emprego na alta cúpula do governo federal. Ele tinha sido o avalista do padrinho e ex-chefe dela Luiz Inácio Lula da Silva no crédito de confiança que a classe média deu à adesão do Partido dos Trabalhadores (PT) ao rigor fiscal e à estabilidade da moeda. Isso o credenciou a se tornar o todo-poderoso ministro da Fazenda do primeiro governo do patriarca. E foi com essa missão que também costurou o apoio da burguesia nacional à candidatura de Dilma à sucessão presidencial, reunindo cacife para coordenar a equipe de transição e ocupar a chefia da Casa Civil.
Tampouco o sanitarista de Ribeirão Preto era um “ficha-limpa” quando, empossada na Presidência, Dilma recorreu ao seu talento de articulador. Pois Sua Excelência já havia caído do alto, envolvido num escândalo – a frequência habitual de uma mansão suspeita – e numa violência contra a cidadania: a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A revelação pela Folha de S.Paulo da posse de um apartamento de R$ 6,6 milhões e da multiplicação por 20 do patrimônio acumulado como “consultor” enquanto ocupava uma modesta e quase anônima carreira na Câmara dos Deputados indicava uma óbvia reincidência. E pela segunda vez o condestável desabou do topo.
Na chefia da Casa Civil, para a qual nomeou Palocci, Dilma havia substituído José Dirceu, acusado de chefiar uma quadrilha em processo que tramita nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal (STF). No posto conviveu – segundo consta, às turras – com o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, senhor do castelo do Partido da República (PR), da base de apoio parlamentar do governo. Em nome da “governabilidade”, ela lhe devolveu o posto e foi levada a dele afastá-lo depois de o referido ter protagonizado caso de corrupção denunciado pela revista Veja. E nas páginas desse semanário o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Luiz Pagot, mereceu idêntico tratamento. Antes de ser demitido, como chegou a ser anunciado, contudo, Pagot tirou férias, das quais se afastou para elogiar no Congresso o zelo da comandante e o comportamento de seu futuro chefe, na esperança de ter a boquinha de volta.
Voltará? É aí que está o busílis. Dilma jura que não. Mas Paulo Sérgio Passos garante que nada há que pese contra o retorno do antigo companheiro de cúpula no Ministério dos Transportes. O benefício da dúvida pode favorecer Dilma quanto à atuação de todos esses senhores ao longo do mandato de Lula, em que chefiou a Casa Civil com fama de “gerentona” dura e de trato pessoal pouco delicado. Dela, porém, não se noticiou nenhuma reação pública contra a conduta dos dois ministros, o que saiu e o que o substituiu. Se se furtou no Ministério dos Transportes, é de imaginar que ela confiasse que Alfredo não sabia e Paulo, muito menos. Se ela soubesse, como justificar que os nomeasse para o primeiro escalão do governo ao qual foi içada pela maioria dos eleitores?
A guilhotina continuou – e, ao que parece, continuará – funcionando no prédio que os aliados do PR ocupam na Esplanada dos Ministérios. Rolou a cabeça de José Henrique Sadok de Sá, que ostentava duas coroas: de diretor executivo e diretor-geral interino nas “férias” de Pagot. Sá foi denunciado por favorecimento a uma empresa da mulher pelos repórteres deste Estado. No rastro sangrento dessa execução, já foram previamente anunciadas as demissões do petista Hideraldo Caron, também do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da empresa estatal suspeita de figurar no lamaçal, a Valec - Engenharia, Construções e Engenharia S. A.
No ostensivo loteamento político realizado pelo governo federal, Palocci e Nascimento, os expoentes dos denunciados que caíram em desgraça sob Dilma, têm em comum a proteção do paraninfo dela, seu antecessor Lula. Este chegou a se deslocar, sem ser chamado, de seu retiro em São Bernardo do Campo para o Planalto Central para tentar resgatar o então chefe da Casa Civil. Em vão! O malogro no intento não o impediu, contudo, de deitar falação contra o que ele e os soldados dos blogs financiados de alguma forma pelo governo e pelo PT chamam de “Partido da Imprensa Golpista” (PIG, em inglês porco). Na troca de presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) em congresso bancado por empresas públicas, o ex disse que os grandes jornais de São Paulo nem chegam ao ABC e que a população sabe que não precisa mais de “intermediários” para ter acesso à informação.
Por causa da enxúndia de notícias disponíveis, talvez ele tenha alguma razão. O afastamento de alguns de seus amiguinhos mais chegados da cúpula federal, contudo, demonstrou que sua sucessora tem precisado – e muito – dos meios de comunicação para saber o que alguns de seus subordinados fazem “debaixo dos panos”, lembrando aquele sucesso junino de Antônio Barros e Cecéu. A exemplo das cobaias de Pavlov que salivavam ao toque de sinetas, a presidente tem demitido regularmente todos os auxiliares cujas atividades heterodoxas têm sido reveladas por órgãos de comunicação. Até agora nenhum denunciado escapou da degola. E até agora ninguém foi degolado antes de vir a ser denunciado no noticiário.
Noves fora a mágoa de Lula por estar perdendo poder no governo da protegida, o que ele omitiu na meia-verdade aplaudida por um público cuja simpatia foi patrocinada revela uma trágica e perigosa distorção da democracia brasileira atual: o Poder Executivo não dispõe de informações para sanear a máquina pública. Ou, se dispõe, não tem como, ou não quer, fazer a faxina que tais informações preceituam. Dilma age sob pressão da opinião pública, que, à falta de uma oposição de respeito, só conta mesmo é com a liberdade de informação e opinião como aliada.
Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde.
Republica Mafiosa do Brasil: os metodos de certo partido...
Ou Republica Federativa da Corrupção...
Vocês escolhem o nome mais apropriado para designar o sistema único de corrupção sistêmica, generalizada, extensiva, abrangente, industrial, organizada, desavergonhada e persistente.
Eu teria muitas outras expressões para caracterizar o que representa hoje o sistema de governança absolutamente deletéria que impera no Brasil, em que criminosos estão organizados para assaltar de forma permanente os recursos públicos através do controle que exercem sobre mecanismos do poder.
Não tenho tempo, nem estômago aliás, para explorar todos os meandros, formas e ferramentas da corrupção geral e amplamente disseminada que tomou conta do Brasil.
Só posso me horrorizar, mas não deixo de pensar sobre como isso se tornou possível.
Acho que o texto abaixo, que transcrevo do blog de conhecido jornalista, ajuda a compreender como chegamos a esse estado lamentável de corrupção mafiosa na política brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Como o PT e Lula se tornaram os principais beneficiários de um dos regimes mais corruptos do mundo. Ou: É preciso cortar a cabeça da Górgona
Reinaldo Azevedo, 19/07/2011
Estão dispostos a encarar? Longo, mas, modéstia às favas, acho que bastante bom. Avaliem.
*
A corrupção no poder não é um problema exclusivamente brasileiro; aqui, no entanto, as coisas estão saindo do, vá lá, razoável. Sim, há certa razoabilidade até no mundo da bandalheira. Quem tem uma posição de mando está permanentemente ameaçado pela tentação de contemplar os próprios interesses. Resistir é uma questão de caráter. É preciso trabalhar com pessoas decentes, pois. Mas, nas democracias organizadas mundo afora, confia-se menos nos homens do que nas instituições; são estas que controlam aqueles, não o contrário. No que diz respeito à coisa pública, é preciso diminuir o espaço do arbítrio, da escolha pessoal, em benefício de um padrão que interessa à coletividade. No Brasil, estamos fazendo o contrário: a cada dia, diminui a margem de escolha dos indivíduos privados, e aumenta o arbítrio do estado. É o modo petista de governar. É claro que isso não daria em boa coisa. Convenham: nós, os ditos “conservadores” — “reacionários” para alguns —, estamos denunciando essa inversão de valores faz tempo.
A forma como o poder está organizado no Brasil facilita a ação dos larápios. Há um elemento de raiz nessa história. O regime saído da Constituição de 1988 foi desenhado para o parlamentarismo até a 24ª hora; na 25ª, pariu-se o presidencialismo, e veio à luz um regime híbrido, de modo que o chefe do Executivo fica de mãos atadas sem a maioria no Congresso, e o Congresso não existe sem a distribuição das prebendas gerenciadas pelo Executivo. Ai do presidente que perder a maioria no Parlamento! É claro que Fernando Collor, por exemplo, caiu por bons motivos, mas os motivos para a queda de Lula em 2005 eram maiores e melhores, e, no entanto, foi socorrido pelo Legislativo. O resto é história.
Isso que se convencionou chamar de “Presidencialismo de Coalizão” se mostra, já escrevi aqui, “Presidencialismo de Colisão com a Moralidade Pública”. Aquele que vence a eleição presidencial precisa começar a construir, no dia seguinte à vitória, a sua base de sustentação no Congresso. Não o faz com base num programa de governo. Sabemos como isso está desmoralizado, não? No máximo, há algumas palavras de ordem. Uma das idéias-força de Dilma Rousseff, por exemplo, era o ataque às privatizações… Agora, ela faz o diabo para tentar acelerá-las no caso dos aeroportos, por exemplo.
Ao buscar o apoio no varejo, o que tem o eleito a oferecer? Como se viu, nem mesmo um programa de governo. Resta negociar com o bem público: “Ô Valdemar, rola o apoio dos seus 40 deputados em troca do Ministério dos Transportes, de porteira fechada?” Claro que rola! Pensem bem: por que um partido quer tanto uma pasta como essa? Vocação natural dos valentes para servir? Expertise adquirida ao longo de sua história, de sua militância? Não! Está de olho na verba da pasta, no seu orçamento. Passam, então, a usar uma estrutura do estado e o dinheiro público com três propósitos:
a - fazer política clientelista com os aliados — distribuindo pontes, asfalto, melhorias aqui e ali segundo critérios partidários;
b - fortalecimento do partido por meio da “caixinha” cobrada de empreiteiros e prestadores de serviços;
c - enriquecimento pessoal.
O interesse público, a essa altura, foi para o diabo faz tempo. O PR sabe que jamais exercerá a hegemonia do processo político; sua principal virtude — ou melhor: a principal virtude do partido para seus próceres — é ter porte médio; é ser importante na composição da maioria, mas sem ter a responsabilidade de governar. Isso ele deixa para os dois ou três grandes aos quais pode se associar, sempre cobrando o ministério de porteira fechada. Torna-se, assim, um ente destinado a fazer negócios, não a implementar políticas públicas.
Fragmentação partidária
A fragmentação partidária, outra herança perversa da Constituinte de 1988, também está na raiz desse mal estrutural, que predispõe o sistema brasileiro à corrupção. Os tais movimentos sociais capitaneados pelo PT e pela igreja, os egressos do exílio, mesmo os liberais que combateram a ditadura militar, toda essa gente se juntou para defender a ampla liberdade de organização partidária, estabelecendo critérios muito frouxos e pouco exigentes para a criação de legendas, que foram se tornando ainda mais relaxados por legislação específica.
“Pra que tanto partido, meu Deus?”, pergunta o meu coração. Para assaltar os cofres públicos! Ou alguém identifica no, sei lá, PR, PP e PRB diferenças ideológicas de fundo, que realmente os diferenciem? Ou ainda: o que eles têm de incompatível com o PMDB, por exemplo, e este com o PSB ou com o PDT? A experiência mundo afora tem demonstrado que dois partidos bastam para fazer uma sólida democracia, eventualmente três. Os demais ou servem à vaidade de líderes regionais — na hipótese benigna e mais rara — ou ao assalto organizado ao caixa. Esses partidos não DÃO apoio a ninguém, mas o VENDEM. Os que não conseguem expressão eleitoral para reivindicar cargos públicos fazem negócios antes mesmo da eleição: negociam seu tempo na televisão.
Dá para ser otimista quanto a esse particular? Não! Os encarregados de fazer uma reforma partidária, por exemplo, são os principais beneficiários da fragmentação partidária. Isso não vai mudar.
Como o PT degradou o que já era ruim
Não! Eu não vou igualar o governo FHC ao camelódromo petista só para que me julguem isento. Até porque deixo a “isenção” para os que não têm independência para se dizer comprometidos com certas idéias e teses. Eu, felizmente, tenho. O tucano também governou segundo esse sistema chamado “presidencialismo de coalizão”, sim; denúncias e casos de corrupção também apareceram em seu governo, mas o fato é que a sua gestão tinha um propósito que, a juízo deste escriba, tirou o Brasil do fim do mundo e o fez um ator importante na ordem global: a modernização da economia, que se expressou por intermédio das privatizações, da abertura ao capital estrangeiro, da reorganização do sistema bancário, da disciplina nas contas públicas, da estruturação da assistência social. E tudo debaixo do porrete petista, é bom lembrar. FHC governou essencialmente com o PSDB e com o PFL, os dois partidos que venceram a eleição.
Os leitores mais jovens não têm como saber, mas eu lembro: quando FHC, então pré-candidato do PSDB à Presidência, anunciou a disposição de fazer uma composição com o PFL, a imprensa “progressista” ficou arrepiada. “Como? O intelectual que veio da esquerda se junta aos conservadores? Que horror!” Seu governo, depois, e isso todos sabem, foi chamado de “neoliberal” pelos intelectuais e jornalistas pilantras do PT. Adiante.
O PT entrou na disputa de 2002 prometendo duas coisas antitéticas — o que gloriosamente apontei na revista Primeira Leitura, que fechou as portas em 2006: “mudar tudo o que está aí” (era o discurso de sempre do petismo) e “preservar tudo o que está aí” — essência da tal “Carta ao Povo Brasileiro”, que Antonio Palocci e outros petistas redigiram na sede de um banco de investimentos. A síntese que fiz à época foi esta, e eu a considero, modéstia à parte, muito esperta até hoje: “O PT é a continuidade sem continuísmo, e Serra (então candidato tucano) é o continuísmo sem continuidade”. Minha síntese é boa, mas algo fica faltando.
Oferecer o quê?
O PT NÃO CONTINUOU FHC num particular: faltava-lhe um projeto de governo. Além da continuidade sem imaginação, levado pelos bons ventos da economia mundial, o que o partido tinha a oferecer? Certa resistência do ex-presidente tucano à feira livre dos cargos, aos lobbies organizados de corporações sindicais e empresariais, à demagogia do “faço-e-aconteço” — e essa era uma das virtudes republicanas de FHC — foram transformadas por Lula num grande defeito, numa evidencia do governante frio e tecnocrata. Ele, Lula, era diferente: abria as portas do Palácio a quem tivesser alguma reivindicação, ouvia todo mundo, atendia a todos os pleitos. O Apedeuta transformou o governo federal, em suma, numa espécie de pátrio dos milagres de quantos queisessem arrancar um dinheirinho dos cofres públicos em troca do apoio ao governo.
O PT JÁ TINHA SE DADO CONTA, ÀQUELA ALTURA, QUE A HEGEMONIA DO PROCESSO POLÍTICO, QUE ESTAVA EM SEU HORIZONTE DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 1980, SE DARIA NÃO COM A MUDANÇA DA CULTURA POLÍTICA, MAS COM A SUA MANUTENÇÃO.
Por isso Lula disparou certa feita a máxima de que governar é fácil. Ele se dava conta de que a simbiose entre Legislativo e Executivo, de que a fragmentação partidária e de que a gigantesca máquina federal concorriam para a construção e consolidação daquela pretendida hegemonia. E não, ele não precisava nem ter nem anunciar projeto nenhum! Bastava manter nas mãos do PT o núcleo duro do poder e distribuir cargos à mancheia. Teria o Congresso, como teve, na palma das mãos. Se a aliança estratégica que FHC fizera no passado com o PFL soou a muitos uma traição, a de Lula com a escória da política foi tida como evidência de uma pensamento estratégico e sinal de amadurecimento do PT.
O PT, FINALMENTE, SE TORNAVA O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DO MODELO CONTRA O QUAL, PARA TODOS OS EFEITOS, SE CONSTRUÍRA.
Um novo sentido moral para a corrupção
Vocês já devem ter lido que Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e espião oficial de Lula na gestão Dilma, tentou livrar a cara de Luiz Antonio Pagot. O Babalorixá de Banânia, embora diga o contrário, não aprova o desmanche da canalha que incrustada no Ministério dos Transportes. Ainda que Dilma seja, obviamente, beneficiária indireta do modo como Lula construiu o governo, tem lá algumas exigências incompatíveis com aquela máquina de ineficiência e corrupção em que se transformou a pasta. Para o demiurgo tornado o ogro da democracia brasileira, isso é absolutamente irrelevante.
Há muito, desde o antiqüíssimo Caso Lubeca — pesquisem a respeito —, o petismo tenta demonstrar que a corrupção praticada pelo partido e por seus aliados tem um sentido moral diferente daquela eventualmente protagonizada por seus adversários. As lambanças petistas seriam imposições da realidade e buscariam sempre o bem comum; no máximo, admite-se que o partido faz o que todos fazem; censurá-lo, pois, seria evidência de preconceito. Esse juízo chegou ao paroxismo durante o mensalão. Muito bem! O PR não inovou seus métodos nos seis meses de governo Dilma; apenas continuou a praticar o que fez nos oito anos de governo Lula. Não por acaso, Valdemar Costa Neto foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão. E com tal evidência que renunciou para não ser cassado. Carvalho, em nome de Lula, tenta segurar Pagot porque entende que o PR é parte da construção da hegemonia partidária. Os petistas deram dignidade à escória da política brasileira.
Como se desarma isso?
Como se desarma isso? Não tenho a pretensão de ter uma resposta definitiva. E acho que não há “a” ação eficaz. A vigilância da imprensa, como provou VEJA, é certamente um elemento poderoso. Os partidos de oposição têm de ampliar sua articulação com a sociedade, que se expressa cada vez mais nas chamadas redes sociais. A cada um de nós cabe denunciar a corja de vigaristas que, sob o pretexto de “mudar o Brasil”, transforma o país no reino da impunidade.
E, definitivamente, é preciso denunciar a ação deletéria do sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso cortar a cabeça dessa Górgona barbuda sempre disposta a justificar as piores práticas políticas e a petrificar o juízo crítico. Ele se tornou hoje o símbolo do desastre moral que é a administração pública do Brasil. Não por acaso, enquanto o governo Dilma se quedava ontem entre a paralisia e a evidência da corrupção desbragada, lá estava ele ontem confraternizando com os “governistas” da Fiesp, hoje um dos aparelhos rendidos ao lulo-petismo. Comemorando o quê?
A condição de Lula de chefe de um dos regimes políticos mais corruptos do mundo. Isso, como vimos, não será denunciando pelos “comunistas” da UNE, um cartório do PC do B, sócio do poder. Também não será denunciando pelos supostos “capitalitas” da Fiesp, um cartório dos que estão de olho, ou já os têm, nos empréstimos do BNDES a juros subsidiados ou em alguma exceção fiscal.
É assim que se faz da corrupção um método e quase uma metafísica.
=========
E aqui o complemento lógica da República Mafiosa do Brasil:
A Górgona barbuda quer transformar a herança maldita em maldição
Reinaldo Azevedo,19/07/2011
Notem que, aos poucos, a agenda de Lula vai sendo incorporada ao noticiário como pauta obrigatória: aonde ele vai, com quem fala, o que disse, quem foi atacado, quem o elogiou, os títulos que recebe, quem ele visita, encontros em palácios com governadores, agenda com prefeitos, reuniões com o seu partido, conversinhas com representantes da base aliada, palestras…
Não passa mais dia sem que saibamos da buliçosa vida de Lula. E olhem que 2012 ainda nem começou. Será ele o grande comandante do PT na disputa pelas Prefeituras.
Está, em suma, reencarnando sem nem ter desencarnado. Acho de uma irrelevância danada saber se ele combinou ou não os movimentos com a presidente Dilma Rousseff. Isso não tem a menor importância. Como ela não vai mesmo romper com ele e com o PT — ou não governa mais —, essa é uma questão vencida.
O fato é que Lula prepara o retorno daquele que não foi. Ninguém acredita que Dilma chegue em condições ótimas para disputar a reeleição em 2014. Segundo gente que freqüenta o ambiente palaciano, nem ela própria. Assim, ele perdeu o pudor de tomar o lugar dela como principal referência da política.
A Górgona barbuda já está em campanha. Quer transformar a herança maldita numa maldição.
Vocês escolhem o nome mais apropriado para designar o sistema único de corrupção sistêmica, generalizada, extensiva, abrangente, industrial, organizada, desavergonhada e persistente.
Eu teria muitas outras expressões para caracterizar o que representa hoje o sistema de governança absolutamente deletéria que impera no Brasil, em que criminosos estão organizados para assaltar de forma permanente os recursos públicos através do controle que exercem sobre mecanismos do poder.
Não tenho tempo, nem estômago aliás, para explorar todos os meandros, formas e ferramentas da corrupção geral e amplamente disseminada que tomou conta do Brasil.
Só posso me horrorizar, mas não deixo de pensar sobre como isso se tornou possível.
Acho que o texto abaixo, que transcrevo do blog de conhecido jornalista, ajuda a compreender como chegamos a esse estado lamentável de corrupção mafiosa na política brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Como o PT e Lula se tornaram os principais beneficiários de um dos regimes mais corruptos do mundo. Ou: É preciso cortar a cabeça da Górgona
Reinaldo Azevedo, 19/07/2011
Estão dispostos a encarar? Longo, mas, modéstia às favas, acho que bastante bom. Avaliem.
*
A corrupção no poder não é um problema exclusivamente brasileiro; aqui, no entanto, as coisas estão saindo do, vá lá, razoável. Sim, há certa razoabilidade até no mundo da bandalheira. Quem tem uma posição de mando está permanentemente ameaçado pela tentação de contemplar os próprios interesses. Resistir é uma questão de caráter. É preciso trabalhar com pessoas decentes, pois. Mas, nas democracias organizadas mundo afora, confia-se menos nos homens do que nas instituições; são estas que controlam aqueles, não o contrário. No que diz respeito à coisa pública, é preciso diminuir o espaço do arbítrio, da escolha pessoal, em benefício de um padrão que interessa à coletividade. No Brasil, estamos fazendo o contrário: a cada dia, diminui a margem de escolha dos indivíduos privados, e aumenta o arbítrio do estado. É o modo petista de governar. É claro que isso não daria em boa coisa. Convenham: nós, os ditos “conservadores” — “reacionários” para alguns —, estamos denunciando essa inversão de valores faz tempo.
A forma como o poder está organizado no Brasil facilita a ação dos larápios. Há um elemento de raiz nessa história. O regime saído da Constituição de 1988 foi desenhado para o parlamentarismo até a 24ª hora; na 25ª, pariu-se o presidencialismo, e veio à luz um regime híbrido, de modo que o chefe do Executivo fica de mãos atadas sem a maioria no Congresso, e o Congresso não existe sem a distribuição das prebendas gerenciadas pelo Executivo. Ai do presidente que perder a maioria no Parlamento! É claro que Fernando Collor, por exemplo, caiu por bons motivos, mas os motivos para a queda de Lula em 2005 eram maiores e melhores, e, no entanto, foi socorrido pelo Legislativo. O resto é história.
Isso que se convencionou chamar de “Presidencialismo de Coalizão” se mostra, já escrevi aqui, “Presidencialismo de Colisão com a Moralidade Pública”. Aquele que vence a eleição presidencial precisa começar a construir, no dia seguinte à vitória, a sua base de sustentação no Congresso. Não o faz com base num programa de governo. Sabemos como isso está desmoralizado, não? No máximo, há algumas palavras de ordem. Uma das idéias-força de Dilma Rousseff, por exemplo, era o ataque às privatizações… Agora, ela faz o diabo para tentar acelerá-las no caso dos aeroportos, por exemplo.
Ao buscar o apoio no varejo, o que tem o eleito a oferecer? Como se viu, nem mesmo um programa de governo. Resta negociar com o bem público: “Ô Valdemar, rola o apoio dos seus 40 deputados em troca do Ministério dos Transportes, de porteira fechada?” Claro que rola! Pensem bem: por que um partido quer tanto uma pasta como essa? Vocação natural dos valentes para servir? Expertise adquirida ao longo de sua história, de sua militância? Não! Está de olho na verba da pasta, no seu orçamento. Passam, então, a usar uma estrutura do estado e o dinheiro público com três propósitos:
a - fazer política clientelista com os aliados — distribuindo pontes, asfalto, melhorias aqui e ali segundo critérios partidários;
b - fortalecimento do partido por meio da “caixinha” cobrada de empreiteiros e prestadores de serviços;
c - enriquecimento pessoal.
O interesse público, a essa altura, foi para o diabo faz tempo. O PR sabe que jamais exercerá a hegemonia do processo político; sua principal virtude — ou melhor: a principal virtude do partido para seus próceres — é ter porte médio; é ser importante na composição da maioria, mas sem ter a responsabilidade de governar. Isso ele deixa para os dois ou três grandes aos quais pode se associar, sempre cobrando o ministério de porteira fechada. Torna-se, assim, um ente destinado a fazer negócios, não a implementar políticas públicas.
Fragmentação partidária
A fragmentação partidária, outra herança perversa da Constituinte de 1988, também está na raiz desse mal estrutural, que predispõe o sistema brasileiro à corrupção. Os tais movimentos sociais capitaneados pelo PT e pela igreja, os egressos do exílio, mesmo os liberais que combateram a ditadura militar, toda essa gente se juntou para defender a ampla liberdade de organização partidária, estabelecendo critérios muito frouxos e pouco exigentes para a criação de legendas, que foram se tornando ainda mais relaxados por legislação específica.
“Pra que tanto partido, meu Deus?”, pergunta o meu coração. Para assaltar os cofres públicos! Ou alguém identifica no, sei lá, PR, PP e PRB diferenças ideológicas de fundo, que realmente os diferenciem? Ou ainda: o que eles têm de incompatível com o PMDB, por exemplo, e este com o PSB ou com o PDT? A experiência mundo afora tem demonstrado que dois partidos bastam para fazer uma sólida democracia, eventualmente três. Os demais ou servem à vaidade de líderes regionais — na hipótese benigna e mais rara — ou ao assalto organizado ao caixa. Esses partidos não DÃO apoio a ninguém, mas o VENDEM. Os que não conseguem expressão eleitoral para reivindicar cargos públicos fazem negócios antes mesmo da eleição: negociam seu tempo na televisão.
Dá para ser otimista quanto a esse particular? Não! Os encarregados de fazer uma reforma partidária, por exemplo, são os principais beneficiários da fragmentação partidária. Isso não vai mudar.
Como o PT degradou o que já era ruim
Não! Eu não vou igualar o governo FHC ao camelódromo petista só para que me julguem isento. Até porque deixo a “isenção” para os que não têm independência para se dizer comprometidos com certas idéias e teses. Eu, felizmente, tenho. O tucano também governou segundo esse sistema chamado “presidencialismo de coalizão”, sim; denúncias e casos de corrupção também apareceram em seu governo, mas o fato é que a sua gestão tinha um propósito que, a juízo deste escriba, tirou o Brasil do fim do mundo e o fez um ator importante na ordem global: a modernização da economia, que se expressou por intermédio das privatizações, da abertura ao capital estrangeiro, da reorganização do sistema bancário, da disciplina nas contas públicas, da estruturação da assistência social. E tudo debaixo do porrete petista, é bom lembrar. FHC governou essencialmente com o PSDB e com o PFL, os dois partidos que venceram a eleição.
Os leitores mais jovens não têm como saber, mas eu lembro: quando FHC, então pré-candidato do PSDB à Presidência, anunciou a disposição de fazer uma composição com o PFL, a imprensa “progressista” ficou arrepiada. “Como? O intelectual que veio da esquerda se junta aos conservadores? Que horror!” Seu governo, depois, e isso todos sabem, foi chamado de “neoliberal” pelos intelectuais e jornalistas pilantras do PT. Adiante.
O PT entrou na disputa de 2002 prometendo duas coisas antitéticas — o que gloriosamente apontei na revista Primeira Leitura, que fechou as portas em 2006: “mudar tudo o que está aí” (era o discurso de sempre do petismo) e “preservar tudo o que está aí” — essência da tal “Carta ao Povo Brasileiro”, que Antonio Palocci e outros petistas redigiram na sede de um banco de investimentos. A síntese que fiz à época foi esta, e eu a considero, modéstia à parte, muito esperta até hoje: “O PT é a continuidade sem continuísmo, e Serra (então candidato tucano) é o continuísmo sem continuidade”. Minha síntese é boa, mas algo fica faltando.
Oferecer o quê?
O PT NÃO CONTINUOU FHC num particular: faltava-lhe um projeto de governo. Além da continuidade sem imaginação, levado pelos bons ventos da economia mundial, o que o partido tinha a oferecer? Certa resistência do ex-presidente tucano à feira livre dos cargos, aos lobbies organizados de corporações sindicais e empresariais, à demagogia do “faço-e-aconteço” — e essa era uma das virtudes republicanas de FHC — foram transformadas por Lula num grande defeito, numa evidencia do governante frio e tecnocrata. Ele, Lula, era diferente: abria as portas do Palácio a quem tivesser alguma reivindicação, ouvia todo mundo, atendia a todos os pleitos. O Apedeuta transformou o governo federal, em suma, numa espécie de pátrio dos milagres de quantos queisessem arrancar um dinheirinho dos cofres públicos em troca do apoio ao governo.
O PT JÁ TINHA SE DADO CONTA, ÀQUELA ALTURA, QUE A HEGEMONIA DO PROCESSO POLÍTICO, QUE ESTAVA EM SEU HORIZONTE DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 1980, SE DARIA NÃO COM A MUDANÇA DA CULTURA POLÍTICA, MAS COM A SUA MANUTENÇÃO.
Por isso Lula disparou certa feita a máxima de que governar é fácil. Ele se dava conta de que a simbiose entre Legislativo e Executivo, de que a fragmentação partidária e de que a gigantesca máquina federal concorriam para a construção e consolidação daquela pretendida hegemonia. E não, ele não precisava nem ter nem anunciar projeto nenhum! Bastava manter nas mãos do PT o núcleo duro do poder e distribuir cargos à mancheia. Teria o Congresso, como teve, na palma das mãos. Se a aliança estratégica que FHC fizera no passado com o PFL soou a muitos uma traição, a de Lula com a escória da política foi tida como evidência de uma pensamento estratégico e sinal de amadurecimento do PT.
O PT, FINALMENTE, SE TORNAVA O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DO MODELO CONTRA O QUAL, PARA TODOS OS EFEITOS, SE CONSTRUÍRA.
Um novo sentido moral para a corrupção
Vocês já devem ter lido que Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e espião oficial de Lula na gestão Dilma, tentou livrar a cara de Luiz Antonio Pagot. O Babalorixá de Banânia, embora diga o contrário, não aprova o desmanche da canalha que incrustada no Ministério dos Transportes. Ainda que Dilma seja, obviamente, beneficiária indireta do modo como Lula construiu o governo, tem lá algumas exigências incompatíveis com aquela máquina de ineficiência e corrupção em que se transformou a pasta. Para o demiurgo tornado o ogro da democracia brasileira, isso é absolutamente irrelevante.
Há muito, desde o antiqüíssimo Caso Lubeca — pesquisem a respeito —, o petismo tenta demonstrar que a corrupção praticada pelo partido e por seus aliados tem um sentido moral diferente daquela eventualmente protagonizada por seus adversários. As lambanças petistas seriam imposições da realidade e buscariam sempre o bem comum; no máximo, admite-se que o partido faz o que todos fazem; censurá-lo, pois, seria evidência de preconceito. Esse juízo chegou ao paroxismo durante o mensalão. Muito bem! O PR não inovou seus métodos nos seis meses de governo Dilma; apenas continuou a praticar o que fez nos oito anos de governo Lula. Não por acaso, Valdemar Costa Neto foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão. E com tal evidência que renunciou para não ser cassado. Carvalho, em nome de Lula, tenta segurar Pagot porque entende que o PR é parte da construção da hegemonia partidária. Os petistas deram dignidade à escória da política brasileira.
Como se desarma isso?
Como se desarma isso? Não tenho a pretensão de ter uma resposta definitiva. E acho que não há “a” ação eficaz. A vigilância da imprensa, como provou VEJA, é certamente um elemento poderoso. Os partidos de oposição têm de ampliar sua articulação com a sociedade, que se expressa cada vez mais nas chamadas redes sociais. A cada um de nós cabe denunciar a corja de vigaristas que, sob o pretexto de “mudar o Brasil”, transforma o país no reino da impunidade.
E, definitivamente, é preciso denunciar a ação deletéria do sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso cortar a cabeça dessa Górgona barbuda sempre disposta a justificar as piores práticas políticas e a petrificar o juízo crítico. Ele se tornou hoje o símbolo do desastre moral que é a administração pública do Brasil. Não por acaso, enquanto o governo Dilma se quedava ontem entre a paralisia e a evidência da corrupção desbragada, lá estava ele ontem confraternizando com os “governistas” da Fiesp, hoje um dos aparelhos rendidos ao lulo-petismo. Comemorando o quê?
A condição de Lula de chefe de um dos regimes políticos mais corruptos do mundo. Isso, como vimos, não será denunciando pelos “comunistas” da UNE, um cartório do PC do B, sócio do poder. Também não será denunciando pelos supostos “capitalitas” da Fiesp, um cartório dos que estão de olho, ou já os têm, nos empréstimos do BNDES a juros subsidiados ou em alguma exceção fiscal.
É assim que se faz da corrupção um método e quase uma metafísica.
=========
E aqui o complemento lógica da República Mafiosa do Brasil:
A Górgona barbuda quer transformar a herança maldita em maldição
Reinaldo Azevedo,19/07/2011
Notem que, aos poucos, a agenda de Lula vai sendo incorporada ao noticiário como pauta obrigatória: aonde ele vai, com quem fala, o que disse, quem foi atacado, quem o elogiou, os títulos que recebe, quem ele visita, encontros em palácios com governadores, agenda com prefeitos, reuniões com o seu partido, conversinhas com representantes da base aliada, palestras…
Não passa mais dia sem que saibamos da buliçosa vida de Lula. E olhem que 2012 ainda nem começou. Será ele o grande comandante do PT na disputa pelas Prefeituras.
Está, em suma, reencarnando sem nem ter desencarnado. Acho de uma irrelevância danada saber se ele combinou ou não os movimentos com a presidente Dilma Rousseff. Isso não tem a menor importância. Como ela não vai mesmo romper com ele e com o PT — ou não governa mais —, essa é uma questão vencida.
O fato é que Lula prepara o retorno daquele que não foi. Ninguém acredita que Dilma chegue em condições ótimas para disputar a reeleição em 2014. Segundo gente que freqüenta o ambiente palaciano, nem ela própria. Assim, ele perdeu o pudor de tomar o lugar dela como principal referência da política.
A Górgona barbuda já está em campanha. Quer transformar a herança maldita numa maldição.
terça-feira, 19 de julho de 2011
A frase do ano: um monumento em honra da sinceridade...
Frase do deputado Paulo Wagner, do PV potiguar, em entrevista à Rádio Difusora de Mossoró, citada pelo sempre atento colunista Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br):
"Eu prometo ao povo do Rio Grande do Norte que vou me segurar para não meter a mão no dinheiro alheio".
Coletada na coluna diária do jornalista Carlos Brickmann, Quarta-Feira, 20 de julho
"Eu prometo ao povo do Rio Grande do Norte que vou me segurar para não meter a mão no dinheiro alheio".
Coletada na coluna diária do jornalista Carlos Brickmann, Quarta-Feira, 20 de julho
Tudo indica que este governo so age comandado pela imprensa...
Pois é, o Partido da Imprensa Golpista, como gostam de dizer certos energúmenos, conseguiu finalmente dar o seu golpe de mestre: mandar no governo.
Um governo inoperante, improvisado, sem capacidade de iniciativa (sequer para descobrir e punir as falcatruas que são cometidas no próprio governo), com muita gente medíocre (intelectualmente) e esperta (financeiramente) espalhada por seus muitos redutos quase indevassáveis, só acaba agindo, no último minuto, sob a pressão do Partido da Imprensa Golpista, o famigerado PIG de blogueiros subservientes (e possivelmente corruptos, também), a serviço de causas inconfessáveis (ambos os lados, se ouso dizer).
Estamos bem de governo: atuando em consonância com a imprensa, golpista ou não...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma contraria grupo de Lula, reitera saída de Pagot e pede limpeza total
Por Tânia Monteiro, Leonencio Nossa e Júlio Castro
O Estado de S.Paulo, 19 de Julho de 2011
BRASÍLIA E FLORIANÓPOLIS - A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi encarregada na segunda-feira, 18, pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, atualmente em férias, não retornará mais ao cargo.
Dilma orientou ainda o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a concluir, se possível esta semana, a "limpeza" na pasta, com o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos num esquema de corrupção que abala o governo desde o início do mês.
Logo pela manhã, a presidente deu o primeiro recado. Numa reunião no Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou introduzir na conversa a necessidade da permanência de Pagot. Dilma afirmou que, se fosse para trazê-lo de volta, teria de fazer o mesmo com os outros seis que ela havia demitido, e isso não ocorrerá. Gilberto Carvalho, braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vocalizava, no atual governo, a defesa da permanência de Pagot.
A presidente observou ainda, na conversa com o petista, que Pagot tinha responsabilidade sobre a direção do órgão e, portanto, esse assunto é página virada.
Numa entrevista em Santa Catarina, a ministra Ideli Salvatti ratificou oficialmente a demissão de Pagot. "Tudo indica que sim, até pelas reiteradas vezes que ela (Dilma) tem se comportado dessa forma", afirmou. "Operacionalmente, com alguém de férias, você não pode tomar essa medida." Após a declaração, auxiliares diretos confirmaram que Dilma mantém a decisão de afastar o diretor do Dnit.
Mudanças. Em uma conversa, antes do almoço, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Dilma o avisou que Pagot, mesmo com as pressões e apoio dentro do governo de auxiliares muito próximos a Lula, é carta fora do baralho. Informou também que é preciso promover, o quanto antes, as mudanças necessárias em todos os órgãos da área de transportes.
Um governo inoperante, improvisado, sem capacidade de iniciativa (sequer para descobrir e punir as falcatruas que são cometidas no próprio governo), com muita gente medíocre (intelectualmente) e esperta (financeiramente) espalhada por seus muitos redutos quase indevassáveis, só acaba agindo, no último minuto, sob a pressão do Partido da Imprensa Golpista, o famigerado PIG de blogueiros subservientes (e possivelmente corruptos, também), a serviço de causas inconfessáveis (ambos os lados, se ouso dizer).
Estamos bem de governo: atuando em consonância com a imprensa, golpista ou não...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma contraria grupo de Lula, reitera saída de Pagot e pede limpeza total
Por Tânia Monteiro, Leonencio Nossa e Júlio Castro
O Estado de S.Paulo, 19 de Julho de 2011
BRASÍLIA E FLORIANÓPOLIS - A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi encarregada na segunda-feira, 18, pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, atualmente em férias, não retornará mais ao cargo.
Dilma orientou ainda o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a concluir, se possível esta semana, a "limpeza" na pasta, com o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos num esquema de corrupção que abala o governo desde o início do mês.
Logo pela manhã, a presidente deu o primeiro recado. Numa reunião no Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou introduzir na conversa a necessidade da permanência de Pagot. Dilma afirmou que, se fosse para trazê-lo de volta, teria de fazer o mesmo com os outros seis que ela havia demitido, e isso não ocorrerá. Gilberto Carvalho, braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vocalizava, no atual governo, a defesa da permanência de Pagot.
A presidente observou ainda, na conversa com o petista, que Pagot tinha responsabilidade sobre a direção do órgão e, portanto, esse assunto é página virada.
Numa entrevista em Santa Catarina, a ministra Ideli Salvatti ratificou oficialmente a demissão de Pagot. "Tudo indica que sim, até pelas reiteradas vezes que ela (Dilma) tem se comportado dessa forma", afirmou. "Operacionalmente, com alguém de férias, você não pode tomar essa medida." Após a declaração, auxiliares diretos confirmaram que Dilma mantém a decisão de afastar o diretor do Dnit.
Mudanças. Em uma conversa, antes do almoço, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Dilma o avisou que Pagot, mesmo com as pressões e apoio dentro do governo de auxiliares muito próximos a Lula, é carta fora do baralho. Informou também que é preciso promover, o quanto antes, as mudanças necessárias em todos os órgãos da área de transportes.
Maquiavel agradece aos fieis leitores... e promete outros dois livros, este ano...
Depois do lançamento-debate de meu livro (publicado em 2010, enquanto eu estava na China), "O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado", realizado em 18 de maio em sessão animada por meus amigos Paulo Kramer (da UnB) e Murillo Aragão (da Arko Advice), eu ainda não tinha tido a oportunidade, o tempo e o lazer de agradecer pessoalmente aos muitos amigos, colegas, conhecidos ou simplesmente curiosos, que apareceram nessa simpática soirée, realizada na Casa Thomas Jefferson, em Brasilia:
Maquiavel e a política contemporânea
Pois bem, eu faço isto hoje, registrando simplesmente o nome dos muitos amigos consignados como gentis recipiendários dos livros disponíveis nessa ocasião. Pode ser, é até provável, que eu esqueça ou tenha perdido os nomes de alguns, mas gostaria de agradecer a todos, sobretudo pelas boas perguntas feitas nessa noite que homenageou sobretudo a inteligência do intelectual florentino (sendo que o mesmo não se pode exatamente dizer da política contemporânea, sobretudo em certos países que primam por chamar os eleitores de idiotas e pagadores passivos).
Juliano Cortinhas
Leandro Grôppo
Daniela Nobre
Bergue
Thiago
Isbel Santos Q. Teixeira
Einstein Lincoln Taquary
Eneida Taquary
Celso de Tarso Pereira
Gilberto Moura
Antonio Paulo e Isabel Maria
Ana Paula Andriolli
Pedro Paulo Assumpção
Luiz Paulo
Leandro Rocha de Araujo
Louize Helena
Eleanora Dutra
Miúra Silva Bettim
Luiz Eduardo Costa
Alice Vieira
William Paulino
Moira
Oscar e Elinor Lorenzo
Marcos Magalhães
Deborah Celentano
Luis Dantas
Carlos Ilha
Marcel Garcia
Gustavo
Rolemberg Estevão de Sousa
José Roberto
Carlos Eduardo Vidigal
Livia Sales
A todos eles, e a todos os demais passantes, navegantes, distraídos, incógnitos, não registrados, simples curiosos (mas que certamente se beneficiaram de uma noite de bons debates, e uma bebidinha ao final), meu muito obrigado, em toda sinceridade.
Aproveito para informar que dentro de dois ou três meses, no máximo, deverão adentrar na praça (isso existe?, apenas como figura de estilo), dois outros livros meus:
Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Lumen Juris)
Relações Internacionais e Política Externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (LTC Editora)
Sumários, capa, outras informações na seção livros do autor do meu site:
www.pralmeida.org
Maquiavel e a política contemporânea
Pois bem, eu faço isto hoje, registrando simplesmente o nome dos muitos amigos consignados como gentis recipiendários dos livros disponíveis nessa ocasião. Pode ser, é até provável, que eu esqueça ou tenha perdido os nomes de alguns, mas gostaria de agradecer a todos, sobretudo pelas boas perguntas feitas nessa noite que homenageou sobretudo a inteligência do intelectual florentino (sendo que o mesmo não se pode exatamente dizer da política contemporânea, sobretudo em certos países que primam por chamar os eleitores de idiotas e pagadores passivos).
Juliano Cortinhas
Leandro Grôppo
Daniela Nobre
Bergue
Thiago
Isbel Santos Q. Teixeira
Einstein Lincoln Taquary
Eneida Taquary
Celso de Tarso Pereira
Gilberto Moura
Antonio Paulo e Isabel Maria
Ana Paula Andriolli
Pedro Paulo Assumpção
Luiz Paulo
Leandro Rocha de Araujo
Louize Helena
Eleanora Dutra
Miúra Silva Bettim
Luiz Eduardo Costa
Alice Vieira
William Paulino
Moira
Oscar e Elinor Lorenzo
Marcos Magalhães
Deborah Celentano
Luis Dantas
Carlos Ilha
Marcel Garcia
Gustavo
Rolemberg Estevão de Sousa
José Roberto
Carlos Eduardo Vidigal
Livia Sales
A todos eles, e a todos os demais passantes, navegantes, distraídos, incógnitos, não registrados, simples curiosos (mas que certamente se beneficiaram de uma noite de bons debates, e uma bebidinha ao final), meu muito obrigado, em toda sinceridade.
Aproveito para informar que dentro de dois ou três meses, no máximo, deverão adentrar na praça (isso existe?, apenas como figura de estilo), dois outros livros meus:
Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Lumen Juris)
Relações Internacionais e Política Externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (LTC Editora)
Sumários, capa, outras informações na seção livros do autor do meu site:
www.pralmeida.org
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