domingo, 2 de outubro de 2011

Estatisticas do Diplomatizzando - 2/10/2011

Fim de semana é tempo de balanço, revisão, avaliação.
Vejamos alguns números e dados:


Visualizações de página de hoje
134
Visualizações de página de ontem
1.039
Visualizações de página do mês passado
35.491
Histórico de todas as visualizações de página
455.306






PostagensMais »
01/10/2011, 1 comentário
66 Visualizações de página
05/07/2006, 74 comentários
57 Visualizações de página
27/09/2011
45 Visualizações de página
01/10/2011
39 Visualizações de página
29/09/2011
28 Visualizações de página
Origens de tráfegoMais »
PúblicoMais »

Brasil-Argentina: casa de tolerancia no Mercosul - Estadao


Parece que o "machismo comercial" do início do governo atual broxou (ou brochou?).
Em todo caso, não mais tivemos ataques histéricos de um lado ou outro, surtos psicóticos de enfrentamentos comerciais, enfim, parece que tudo voltou ao normal, ou seja: os argentinos bloqueiam produtos brasileiros, e nós continuamos compreensivos com os hermanos.
O machismo comercial se travestiu em afagos eleitorais.
Paulo Roberto de Almeida 

Excessos tolerados

Editorial O Estado de S.Paulo, 2/10/2011
Voltou a ser de grande tolerância a atitude das autoridades brasileiras em relação às medidas prejudiciais à economia do País tomadas pelo governo argentino. Desrespeitando normas do comércio internacional e as regras do Mercosul, o governo da presidente Cristina Kirchner está impondo novas restrições à entrada de produtos brasileiros em seu país. Mas a nota divulgada há dias pelo Ministério do Desenvolvimento (MDIC), em resposta a queixas de exportadores brasileiros contra essas restrições, não deixa dúvidas de que, quaisquer que sejam os problemas criados pela Argentina e suas consequências nocivas para as empresas brasileiras, por enquanto nada será feito.
Em resposta à denúncia de que a Argentina está retendo na alfândega 3,4 milhões de pares de calçados por prazo de até 210 dias, quando o máximo permitido pelas normas da OMC é de 60 dias, o MDIC informou que está fazendo esforços para que a liberação dos produtos "ocorra nos prazos mais curtos possíveis" e que "seguirá empenhado em resolver todos os casos". Ou seja, não fará nada diferente do que tem feito. Isso significa que também a Argentina terá toda a tranquilidade para continuar a fazer o que já faz - dane-se, por isso, a empresa brasileira.
As perdas não são poucas. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), os calçados retidos na alfândega argentina à espera de licença para entrada no país valem US$ 33,8 milhões e representam metade do que o Brasil exportou para seu principal sócio no Mercosul nos sete primeiros meses de 2011.
Faz tempo que a Argentina tenta conter a entrada de calçados brasileiros. Acordo firmado em 2009 limitou a 15 milhões de pares o total das exportações anuais brasileiras. No passado, foram exportados 14,1 milhões de pares. Neste ano, com as dificuldades impostas pelo governo Kirchner, o volume será ainda menor. Como a produção argentina não é suficiente para cobrir essa diferença, ganham os exportadores de outros países, em particular os chineses.
Na tentativa de explicar sua condescendência em relação aos excessos protecionistas do governo Kirchner, a nota do MDIC tentou mostrar que o Brasil está sendo até bem tratado pela Argentina. "A Argentina, um dos principais destinos de produtos manufaturados brasileiros, tem feito exigências a todos os seus parceiros comerciais", segundo a nota. "As licenças de importação para produtos brasileiros, inclusive, têm sido concedidas em menor tempo do que para outros países."
De fato, a Argentina vem impondo dificuldades crescentes à entrada de produtos estrangeiros de todas as procedências. Agora as restrições incluem até livros - estima-se que haja 1 milhão de volumes retidos na alfândega -, um fato espantoso num país com índice de leitura tão alto como a Argentina.
Mas a justificativa não pode ser aplicada a produtos brasileiros. Ao utilizá-la, o governo brasileiro ignora o fato de que Brasil e Argentina - com Uruguai e Paraguai - integram o que, formalmente, é uma união aduaneira, que permite a livre circulação de mercadorias e serviços entre seus integrantes. O Brasil não está sendo tratado como parceiro do Mercosul, mas como qualquer outro país fora do bloco.
O Brasil tenta manter as aparências de uma sociedade feliz no Cone Sul da América do Sul. Da criticada imposição do aumento do IPI sobre automóveis importados anunciada há pouco, o governo brasileiro excluiu os carros argentinos. Essas atitudes discrepantes tornam a sociedade esquisita. Compreende-se a irritação do presidente da Abicalçados, Heitor Klein, diante da benevolência do governo brasileiro em relação às medidas tomadas pela Argentina. Não há razões econômicas que justifiquem tal atitude, que Klein atribui a interesses políticos. Ele acredita que o governo brasileiro age desse modo "para não criar problemas para a presidente Cristina Kirchner". Ela é candidata à reeleição, no dia 23 de outubro. Até lá, pelo visto, nada mudará.

Barack Miterrand Obama - Todd Buchholz


Barack Mitterrand Obama — Can Obama Pirouette?

September 6th, 2011



Todd Buchholz, September 6. 2011
The President has until Spring 2012.  If by May, it’s not “Morning in America,” it’ll be good night for Barack Obama.  The job market is miserable and the economy is limping along while economists feel for a faint pulse.  Obama has painted himself into a “Keynesian Corner.”  He sincerely believes that only government spending can help – but the cupboard is bare.  The deficit-to-GDP ratio looks stuck in a reckless 8-10% crater.  (Funny to recall that in 1983 Keynesians slammed Ronald Reagan as irresponsible when the deficit reached merely 6%, after an even higher, 10.8% jobless rate.)
Can Obama perform a swift 180-degree U-turn?  It’s been done before.  He should look to France and re-crown himself Barack Mitterrand Obama.  Like Obama, Francois Mitterrand was elected with strong left backing.  In 1981 he plunged into Keynesian prescriptions:  fat pay raises for government workers, a wealth tax on the rich, more vacation time for workers, and a boost in the minimum wage.  Union members got bigger voices at the bargaining tables.  Mitterrand even attracted four communists to his cabinet.  Happy Days were here again.  The Socialist Mitterrand would leave the bumbling Reagan in the dust.  Or so they thought.
Two years later, the French economy was a flattened soufflé.  Inflation hit double digits, while Mitterrand’s policies boosted the jobless rate above 10%.  Smart French businessmen hopped aboard the Concorde and fled the crumbling regime.  The French franc was evaporating.
Mitterrand was no fool.  By 1983, he began to push aside his socialist ideas for a French version of Reaganomics.  Suddenly, budgets were frozen, government payrolls shrunk, monetary printing presses shut down, and a Socialist government made it easier for firms to fire feckless workers.  Mitterrand called this “La Rigueur.”  Political observers called it the “Great Turn.”  The people called it a success, as the inflation rate plummeted and jobs came back to France.
Can Barack Obama follow the French pirouette executed so gracefully by Mitterrand?  I doubt it.  Though Mitterrand was an avowed and proud Socialist, he was also a nimble rascal.  Some insiders referred to him as the “Florentine,” as if he was tutored by Machiavelli himself.  Hell, he successfully covered up his work for the Vichy collaborators during World War II!
Obama strikes me as a true believer.  What he believes may be wrong, but it’ll take a Great Depression to change his mind.  Unfortunately, a Great Recession with a 9.1% unemployment rate just doesn’t seem serious enough to do the trick.

Alemanha-Grecia: um caso de amor e odio - Todd Buchholz



OP-ED CONTRIBUTOR

Germany’s Mediterranean Envy

Solana Beach, Calif.
GREECE is broke and broken. Its budget deficit bulges near 10 percent of gross domestic product, while the Germans choke theirs down to just 1.5 percent.
Ask a typical German why and he’ll say: “They drink and dance during the day. We wait for sunset.” That’s the image. The hard-working, disciplined, punch-the-clock-on-time German stays solvent and sober. In contrast, the Mediterranean neighbor lolls around in fertile fields of lemons and olives.
And yet most Germans go along, if grudgingly, with bailouts. Recent elections show the Social Democrats and Greens picking up votes, even though they are even more euro-friendly than Angela Merkel’s government. Why are Germans willing to reach deep into their pockets for many billions of euros to bail out Zorba the Greek and his lackadaisical neighbors?
The standard answer: to safeguard the German economy. But this is flabby reasoning. Despite the Great Recession, the German economy has been bouncing along at a decent pace with a 7 percent unemployment rate, and it even racks up a trade surplus with China. Sure, adopting the euro in 1999 sliced border-crossing costs for German companies, but European monetary union was never chiefly about money. If money was the biggest concern, Germany would never have surrendered the gilded Deutsche mark, controlled by the austere, trusted Bundesbank, for a euro that might someday be twisted by a rabble of politicians baying for votes from Slovenians.
No, Germany’s real motivation to help Greece is not cash; it’s culture. Germans struggle with a national envy. For over 200 years, they have been searching for a missing part of their soul: passion. They find it in the south and covet the loosey-goosey, sun-filled days of their free-wheeling Mediterranean neighbors.
In the early 1800s, Goethe reported that his travels to Italy charged him up with new creative energy. Later, Heinrich Heine made the pilgrimage, writing to his uncle: “Here, nature is beautiful and man lovable. In the high mountain air that you breathe in here, you forget instantly your troubles and the soul expands.”
Nietzsche claimed that the staid German psyche was stunted and needed more than a beer stein of passion. He was fascinated by ancient Greece and famously juxtaposed sober Apollo with that reckless, wine-drinking southerner, Dionysus. A dose of Dionysus might not be so bad, he figured.
Today, Germany still looks too Apollonian. Companies like BMW and Siemens conquer industrial markets by manufacturing flawless, perfectly timed motors. But when do Germans experience the fun of Dionysus? Only when vacationing in Greece, Italy, Spain and Portugal.
Even then, they struggle to find the right balance. In Thomas Mann’s novella “Death in Venice,” the humorless, authoritarian protagonist Gustav von Aschenbach loses his regal bearing and becomes infatuated while in Italy, letting go of his strait-laced ways. Aschenbach lurches from overly repressed to overly sensualized, dyeing his hair, rouging his cheeks and stuffing his mouth with overripe strawberries.
And then there’s Sigmund Freud, an Austrian whose Germanic surname translates as “joy.” If only. Freud, too, thought that Italy and the south offered a tantalizing “softness and beauty” that could save the Teutonic psyche. Instead of Nietzsche’s Apollo and Dionysus, Freud poses superego and id. The id hosts a wild imagination and ecstasy. The superego is that German librarian-frau with her hair tied up in the bun telling you to “shush!”
On the map of Germany you can find quite a few towns with my family name of Buchholz. My wife once scolded me for acting too uptight, saying “You take all the fun out of everything.” Wow, I felt both powerful and bad. I could take all of the fun out ofeverything. Forget Apollo — even Zeus didn’t have that much power! But a starchier-than-thou power sickens the soul.
So today Germany has the power and the discipline and yet still feels bad for its neighbors. Germans are simply unwilling to sever the emotional bond they feel with their unhurried but passionate brothers and sisters to the south.
During Oktoberfest, Germans in biergartens will lift a glass and sway arm in arm to a popular, schmaltzy German tune called “Griechischer Wein” (“Greek Wine”). Haunting and rousing, the lyrics compare Greek wine to the “earth’s blood.” The German narrator spies a group of Greek men drinking together and longs to be with them. He doesn’t even have to ask, for the dark-eyed men stand up and invite him to join them.
Despite a history of proclaiming their superiority, deep down Germans are not sure they’ve got it right, after all.
Todd G. Buchholz is the author of “Rush: Why You Need and Love the Rat Race.”


A frase da semana, do ano, de sempre -- Mundo real...

"A vida é horrível: é tão cheia de realidades!"

Frase de uma paciente rebelde da psicanalista americana Karen Horney:
In: Neurose e Desenvolvimento Humano, Cap. II, Exigências Neuróticas
(Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1966).

Pausa para... Ciencia: Marie Curie e o Ano Internacional da Quimica - Felipe A.P.L. Costa


INFORMAÇÃO MALTRATADA

Marie Curie e o Ano Internacional da Química

Por Felipe A. P. L. Costa 
Observatório da Imprensa, 27/09/2011, edição 661


Há exatos cem anos, uma obstinada cientista, mãe de duas filhas e já então viúva, era agraciada com o Nobel de Química. Um feito e tanto, sem dúvida, mas que, por incrível que pareça, não era um feito inédito: oito anos antes, a mesma cientista havia sido agraciada com o Nobel de Física. O nome dela? Marie Sklodowska-Curie (1867-1934) – nascida Maria Salomea Sklodowska, em Varsóvia (Polônia) –, mais conhecida mundo afora como Marie Curie.
Aproveitando o centenário do Nobel de Química dado a Marie Curie, e como parte de uma programação comemorativa mais extensa, envolvendo outras disciplinas científicas, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2011 o Ano Internacional da Química (ver AIQ 2011ou IYC 2011). O lema da campanha, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) em parceria com a União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês), é “Química: a nossa vida, o nosso futuro”.
Até o momento, porém, a mídia brasileira não parece muito preocupada com o assunto. Afinal, já estamos praticamente no último trimestre do ano e, com raríssimas exceções, até agora nada... Entre as exceções, cabe aqui registrar a cobertura que a revista Ciência Hoje vem fazendo, publicando desde o início do ano artigos especiais em alusão ao AIQ 2011 (ver aqui), a exemplo do que fez em 2009, quando publicou vários artigos em alusão ao Ano Internacional da Astronomia.
“O aterrorizante grau de ignorância científica”
Quando a química aparece na mídia, quase sempre é retratada como se fosse uma cartola de mágico, cheia de truques e curiosidades, ou, na melhor das hipóteses, como uma ciência exclusivamente aplicada – ver, por exemplo, a matéria “Evolução da química levou à criação de aromas sofisticados”, de Sabine Righetti, publicada naFolha de S.Paulo (22/8/2011). Uma explicação para isso é que a química, com perdão do trocadilho, é relativamente impalatável para o grande público, “vendendo” relativamente pouco. Para contornar o problema, editores e repórteres costumam então abusar na maquiagem – o que, em geral, produz matérias distorcidas ou mesmo aberrações.
Além de maltratada pelos meios de comunicação, a química talvez seja, em termos curriculares, a mais marginalizada das ciências naturais. Assim, ao final do ensino médio, o assunto torna-se para a grande maioria dos estudantes cada vez mais distante. Sem uma familiaridade mínima, não é de estranhar que a opinião pública (nacional e internacional) reproduza tantos erros e mal-entendidos grosseiros envolvendo a disciplina. Eis um comentário a respeito desse estado de coisas:
“Havia dois jovens no elevador da estação de rádio quando entrei, depois de terminar uma gravação ao vivo. ‘Você é alguém?’, deixou escapar um deles. Enquanto eu ponderava uma resposta apropriada para essa questão profundamente filosófica, seu amigo disparou: ‘Sim, ele é o cara que fala de química no rádio.’ Essa era a munição de que o filósofo precisava. ‘Ó, não, estamos presos no elevador com um cientista’, brincou, antes de oferecer voluntariamente a informação de que na escola havia tirado dois em química, e ‘mesmo assim colando’.
“Eu já ouvira isso antes. Depois de dar muitas conferências, tenho sido abordado por pessoas que, de alguma maneira, sentem necessidade de desafogar suas mágoas e dizer-me, com alguma espécie de orgulho perverso, que dormiram durante as aulas de ciências do ensino médio, ou que química fora o único curso em que fracassaram. Tais comentários são emocionalmente dolorosos para qualquer um que ensine ciências. Mas, pior que isso, eles deixam implícito que o ensino de ciências pobre e sem imaginação pode ser parcialmente responsável pelo aterrorizante grau de ignorância científica que permeia nossa sociedade.
“O analfabetismo científico não é assunto para brincadeiras. Certamente nos divertimos com respostas bobas de provas, sugerindo que Benjamin Franklin produziu eletricidade esfregando dois gatos um contra o outro, ou que podemos identificar o monóxido de carbono porque ele tem um “cheiro inodoro”. Mas a falta de familiaridade com os princípios científicos básicos pode causar medos infundados e abrir a porta para charlatães.
“Recentemente, ouvi de um cavalheiro que estava preocupado porque, se dormisse com um cobertor elétrico, ficaria ‘cheio de radioatividade’; de pessoas que haviam investido em uma empresa costa-riquenha que descobriu um processo para transformar a areia vulcânica da praia em ouro; e de uma senhora que se preocupava porque o dióxido de silício do seu adoçante artificial lhe causaria câncer de mama […].
“O absurdo químico chegou até a sala dos tribunais. No julgamento de uma briga de gangues na Califórnia [EUA], o promotor descreveu ‘uma situação muito parecida a quando o nitrogênio se encontra com a glicerina: era certo que ia haver uma explosão de violência’. Ele provavelmente baseava a afirmativa em alguma vaga noção de que a nitroglicerina é um potente explosivo, mas essa substância não é feita combinando nitrogênio com glicerina. [...]
“Mais terrível ainda é a história do jovem Nathan Zohner, que ganhou o prêmio da Grande Feira de Ciências de Idaho [EUA]: ele fez com que 43 entre 50 visitantes assinassem uma petição para banir o monóxido de di-hidrogênio ‘porque pode ser fatal se inalado, é um componente principal da chuva ácida e pode ser encontrado em tumores de pacientes terminais de câncer’. [Para detalhes (em inglês) sobre esse caso, ver ‘Dihydrogen monoxide hoax’, na Wikipedia.] Qual é essa horrível substância química? Água, claro (H2O).” [Joe Schwarcz, Barbies, bambolês e bolas de bilhar, p. 18-20 (Jorge Zahar, 2009)]
Átomos radioativos e isótopos
No que segue, vamos nos debruçar um pouco sobre a vida e obra de Marie Curie, a cientista que cunhou o termo “radioatividade” e que foi, ao mesmo tempo, pioneira nessa área de pesquisa e vítima involuntária de sua própria rotina de trabalho.
A radioatividade é a emissão espontânea de partículas e/ou radiação por parte de núcleos atômicos instáveis, dando origem a outros núcleos, que podem ser eles próprios instáveis ou estáveis. Ao contrário do que alguns imaginam, nem todos os elementos químicos são radioativos.
De onde vem a radiação? A fonte última da energia emitida pelos átomos radioativos é o núcleo. Átomos de um mesmo elemento químico têm, por definição, o mesmo número atômico (que é igual ao número de prótons presentes no núcleo). Átomos de um mesmo elemento têm, portanto, o mesmo número atômico, mas podem ter ou não a mesma massa atômica (que é soma de prótons e nêutrons presentes no núcleo), quando são então referidos como isótopos.
A abundância relativa dos isótopos de um mesmo elemento é bastante desigual. Por exemplo, o carbono-12 (cujo núcleo possui seis prótons e seis nêutrons) é o isótopo de carbono mais comum encontrado na Terra, correspondendo a mais de 98% de todos os isótopos desse elemento – existem ainda o carbono-13 (seis prótons e sete nêutrons) e o carbono-14 (seis prótons e oito nêutrons), entre outros. Algo semelhante ocorre com o urânio, cujo isótopo mais abundante é o urânio-238 (92 prótons e 146 nêutrons), que corresponde a mais de 99% dos isótopos desse elemento – há ainda o urânio-235 (92 prótons e 143 nêutrons) e alguns outros, bem mais raros.
Os raios Becquerel e os Curie
Muitos isótopos são instáveis e, por isso mesmo, mudam espontaneamente para uma configuração energeticamente mais baixa e estável. Nesse processo, chamado de desintegração nuclear (ou decaimento radioativo), isótopos instáveis liberam energia (radioatividade) e partículas fundamentais (nêutrons, prótons ou elétrons), sendo então referidos como radioisótopos. Isótopos estáveis não são radioativos – isto é, não sofrem decaimento adicional e, portanto, não emitem radiação.
Em 1896, o físico francês Antoine-Henri Becquerel (1852-1908) relatou em artigo que uma amostra de material contendo urânio (um minério de óxido de urânio chamado pechblenda) era capaz de liberar energia (radiação) espontaneamente. Os raios Becquerel, como chegaram a ser chamados, atravessam sem dificuldade uma série de objetos opacos à luz. A descoberta chamou a atenção da física Marie Curie, que na época já vivia em Paris, onde havia conhecido e se casado com o físico francês Pierre Curie (1859-1906).
Marie e Pierre Curie passaram a se dedicar ao estudo de materiais radioativos. Após um minucioso e demorado trabalho de análise química, o casal – que, ao lado de Becquerel, foi laureado com o Nobel de Física, em 1903 – conseguiu isolar e identificar dois novos elementos: o polônio (nome dado em homenagem à Polônia, terra natal dela) e o rádio (cujo comportamento inspirou a expressão “radioatividade”), ambos altamente radioativos e com os quais eles passariam a lidar quase diariamente. Anos depois, em uma decisão que hoje seria vista como “escabrosa”, Marie Curie deliberadamente abriu mão do direito de patentear o processo de isolamento do rádio. A razão para isso? Simples: facilitar o acesso e as pesquisas com o novo elemento.
Filha e genro agraciados com o Nobel de Química
Pierre Curie morreu precoce e repentinamente, em 1906, após ter sido atropelado por uma carroça em uma rua de Paris. Um congresso internacional de radiologia, realizado na Bélgica, em 1910, homenageou sua memória, dando o nome de curie à unidade de medida da radioatividade. Marie Curie continuou suas pesquisas com materiais radioativos, tendo recebido, em 1911, como foi dito antes, um segundo Nobel, este de Química, tornando-se assim a primeira pessoa a ser duplamente laureada. Tal distinção ocorreu até hoje com outros três cientistas: o químico estadunidense Linus Pauling (1901-1994), laureado com o Nobel de Química (1954) e o da Paz (1962); o engenheiro eletricista estadunidense John Bardeen (1908-1991), laureado duas vezes (1956 e 1972) com o Nobel de Física; e o bioquímico inglês Frederick Sanger (1918-), laureado duas vezes (1958 e 1980) com o Nobel de Química.
Após tantos anos manipulando material radioativo sem as devidas precauções – além da manipulação direta, ela carregava amostras nos bolsos do jaleco, em uma época na qual os efeitos biológicos da radiação ainda eram desconhecidos –, Marie Curie passou a conviver com sérios problemas de saúde, vindo a desenvolver um tipo de câncer (leucemia). Quando faleceu, no entanto, em 1934, as implicações e as aplicações biológicas dos átomos radioativos já estavam sendo avidamente estudadas. Ela própria esteve profundamente envolvida com o assunto desde antes da I Guerra Mundial (1914-1919). Em 1935, sua filha mais velha, Irène Joliot-Curie (1897-1956), e o esposo, o físico francês Frédéric Joliot-Curie (1900-1958), seriam agraciados com o Nobel de Química, mais uma vez em razão de estudos envolvendo a radioatividade.
***
[Felipe A. P. L. Costa é biólogo e autor de Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2003)]

Republicanos ortodoxos, democratas gastadores: as sauvas dos EUA

Este economista sensato explica como, sob quais condições, chegar a um consenso sobre a divisão que paralisa atualmente o governo americano: republicanos que não aceitam nenhum aumento de impostos, democratas que querem aumentar impostos e continuar gastando...
Paulo Roberto de Almeida

Opinion

The Problem With ‘No New Taxes’

The New York Times, October 1 2011
IN a debate in August, Republican presidential candidates were asked whether they would support a budget deal that bundled $10 of spending cuts for every $1 of tax increases. All said no. They rejected any deal that involved raising taxes.
Curiously, though, if this approach actually were to become government policy, it would have a surprising effect: it would surely lead to higher rather than lower taxes.
Consider the example more closely. Cutting $10 in spending for every $1 in tax increases would result in $9 in net tax reduction. That’s because lower spending today means lower taxes tomorrow, and limiting the future path of government spending does limit future taxes, as Milton Friedman, the late Nobel laureate and conservative icon, so clearly explained. Promising never to raise taxes, without reaching a deal on spending, really means a high and rising commitment to future taxes.
Furthermore, this refusal to contemplate a tax increase — which I’d characterize as an extreme Republican stance — has brought what seems to be an extreme Democratic response: President Obama’s latest budget plan is moving away from entitlement reform and embracing multiple tax increases on the wealthy. We may be left with no good fiscal options.
The problems with a no-new-taxes stance run deeper. Because it’s unlikely that spending cuts alone can balance the budget, politicians who espouse extreme antitax views often end up denying the scope of our long-run fiscal problems.
The reality is that a mix of our aging population and rising health care costs will create acute budgetary pressures in about 10 years. If Medicare costs rise, say, 5 percent a year, such costs will roughly double in 14 years. Imagine that Congress freezes spending generally. Doing that for Medicare would, in essence, cut the size of the program in half over that period. Since the number of older Americans is rising, the per capita Medicare benefit would fall even more, with increasingly drastic results as the years pass.
That’s politically unlikely, and insisting upon it, or refusing to acknowledge that this is what a spending freeze means, ends up as another way of running away from fiscal reform. Focusing on cutting discretionary spending, a common political tactic, isn’t enough to balance the books.
Another conservative economist and Nobel laureate, James M. Buchanan, emeritus professor of economics at George Mason University, argues that deficit spending leads to yet more spending, and higher future taxes, compared with a pay-as-you-go approach. A move toward balancing the budget may mean some tax increases up front, he says, but future taxes as well as government spending will be lower than they would be otherwise.
In other words, the current antitax strategies advocated by the Republican candidates are unlikely to lead to fiscally conservative ends.
Conservatives may distrust the idea of making a grand fiscal bargain with President Obama. Some may believe that the balance of political influence is shifting in their favor anyhow. Yet from a 10-to-1 starting point, or even from 6-to-1 (one of the deals rumored to be on the table a few months ago) the bargain cannot improve all that much more in favor of spending cuts over taxes. Refusing such a bargain also requires an extreme estimate of how much American public opinion will swing in the conservatives’ direction. Keep in mind, too, that once Republican politicians are in power, they are often less keen to cut spending.
Of course, it may be rational to worry that a grand fiscal bargain isn’t much of a bargain at all. A prudent deal may postpone much of the spending reductions until the economy picks up. Perhaps we’ll end up getting the tax increases up front, and the promised spending reductions will never materialize. Congress may break its word and not make those cuts in future years, or maybe a national emergency — real or fabricated — will bring a completely new fiscal plan. Even so, it’s hard to see the harm in having tried to reach a deal, and taxes will eventually go up in any case, because they must.
What’s more, a vote for a grand fiscal bargain, in which both Republicans and Democrats have at least once endorsed a common vision of reducing entitlement spending, would increase the chance that reform would stick.
The more cynical interpretation of the Republican candidates’ stance on taxes is that they are signaling loyalty to a cause, or simply marketing themselves to voters, rather than acting in good faith. It could be that candidates are more worried about having to publicly endorse tax increases than they are about the tax increases themselves. If that’s true, it is all the more reason to watch out for our pocketbooks; it means that the candidates are protecting themselves rather than the taxpayers.
The final lesson is this: Many professed fiscal conservatives still find it necessary to pander to voter illusions that only a modicum of fiscal adjustment is needed. That’s an indication of how far we are from true fiscal conservatism, but also a sign of how much it is needed.
Tyler Cowen is a professor of economics at George Mason University.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...