sábado, 7 de janeiro de 2012

Jose Guilherme Merquior, um polemista refinado - Obras Completas


Uma coleção para o polemista maior

Série reúne 22 volumes com a obra integral de um dos mais controvertidos ensaístas brasileiros, o carioca José Guilherme Merquior, morto em 1991, homenageado ainda com biografia e livro tributo

Antonio Gonçalves Filho
O Estado de S.Paulo, 07 de janeiro de 2012 

Temperamento polêmico, o diplomata, ensaísta e acadêmico carioca José Guilherme Merquior (1941-1991) colecionava adversários intelectuais com a facilidade com que citava nomes imemoráveis - o que lhe dava enorme vantagem sobre seus opositores. Erudito, divertia-se em fustigar os inimigos com adjetivos ruidosos e denúncias de plágio. O crítico e ex-ministro da Educação Eduardo Portella definiu-o como "a mais fascinante máquina de pensar do Brasil pós-modernista - irreverente, agudo, sábio". Dessa "máquina", que parou aos 49 anos, saíram 22 livros produzidos em 25 anos de vida acadêmica, que começam a ser publicados ainda este semestre pela Editora É Realizações. Só este ano são lançados oito deles (seis de crítica e dois de ensaios) na Biblioteca José Guilherme Merquior, coleção organizada pelo professor de Literatura Comparada da Uerj, João Cezar de Castro Rocha.
O professor de literatura João Cezar de Castro Rocha destaca o papel visionário de Merquior (foto) - Fernando Bueno/AE - 29/11/1985
Fernando Bueno/AE - 29/11/1985
O professor de literatura João Cezar de Castro Rocha destaca o papel visionário de Merquior (foto)
Até 2014 a coleção estará completa, inclusive com dois volumes adicionais, o primeiro sendo um livro tributo, escrito por quem conviveu com Merquior, e o último uma biografia ainda em preparo. A meta, diz o organizador, é criar um público novo para a obra de um polemista que investiu contra a filosofia de Foucault, defendeu que o marxismo estava em processo de liquidação, atacou a prática da psicanálise ("uma doença do intelecto", dizia) e desancou luminares da crítica literária, incomodando ainda consagrados compositores como Caetano Veloso, a quem chamou de "pseudointelectual de miolo mole". Em troca, foi acusado de "terrorismo bibliográfico" pelo psicanalista carioca Eduardo Mascarenhas (1942-1997) e chamado de "empregadinho da ditadura militar" pelo filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar.
Tão múltipla como a formação intelectual de Merquior é a do organizador da biblioteca que leva o nome do diplomata. João Cezar de Castro Rocha é autor, entre outros livros, deLiteratura e Cordialidade - o Público e o Privado na Cultura Brasileira (1998) eAntropofagia Hoje? - Oswald de Andrade em Cena (lançado o ano passado pela É Realizações). O professor encara o desafio de organizar a reedição das obras e examinar os inéditos de Merquior justamente porque seu itinerário e sua independência se parecem com a trajetória intelectual do homenageado.
Aos 47 anos, Castro Rocha, colaborador do Sabático, fez conferências em vários países, dá aulas numa universidade americana e tem igual vocação para a polêmica - recentemente, num seminário sobre René Girard (de quem também organizou a obra completa), comprou briga com as maiores autoridades estrangeiras na obra do filósofo francês.
"Minha geração não leu Merquior, autor de livros fundamentais como Formalismo eTradição Moderna (1974), que antecipou algumas questões estéticas só discutidas na década seguinte, de 1980", observa Castro Rocha. Ele admite que o trânsito do diplomata pelas altas esferas pode ter afastado as novas gerações da sua obra- Merquior foi assessor do chefe da Casa Civil, João Leitão de Abreu (1913-1992), durante a ditadura do general Médici (1905-1985) e um dos ideólogos do governo Collor, ao lado do também diplomata e senador Roberto Campos (1917-2001). "No entanto, é conveniente lembrar que um dos melhores amigos de Merquior foi o marxista Leandro Konder, a quem sempre ajudou, inclusive financeiramente", lembra o organizador da coleção.
De fato, o diplomata, vinculado à corrente liberal - seu último livro é O Liberalismo,Antigo e Moderno (1991)-, não só tinha amigos comunistas como escreveu O Marxismo Ocidental (1987), um de seus livros mais polêmicos. Entre outras coisas, Merquior afirmava (há 25 anos) não ver futuro para o marxismo e decretava como permanente a crise pela qual passava a doutrina - de raízes religiosas, segundo ele, o que provocou escândalo. No livro sobram ainda farpas para o filósofo alemão Habermas, herdeiro da Escola de Frankfurt e um dos mais prestigiados pensadores do marxismo cultural. Em outro livro, A Natureza do Processo (1984), ele chega a arriscar um chocante diagnóstico de Marx, definindo-o como "um caso de esquizofrenia intelectual". O que ele não aceitava no marxismo, segundo disse o ex-ministro Sergio Paulo Rouanet numa mesa-redonda sobre Merquior, era o dogmatismo.
Como revelou Eduardo Portella nesse mesmo encontro, realizado na Academia Brasileira de Letras em 2001, poucos sabem que Merquior teve um "pequeno período lukacsiano", quando escreveu um artigo intitulado Contradições da Vanguarda, que deve figurar no livro dedicado aos textos inéditos do diplomata. Até mesmo no livro Arte e Sociedade em MarcuseAdorno e Benjamin (1969), o segundo a ser lançado pela É Realizações, persiste um "sotaque heideggeriano", segundo Portella, concluindo que não foi Marx que retirou Merquior de Frankfurt, mas Heidegger.
Ao ser transferido para Paris, seu primeiro posto internacional, em 1966, o diplomata foi inicialmente atraído pelo estruturalismo, mas sua independência não permitiu que defendesse a causa. Aluno do antropólogo Lévi-Strauss, Merquior tem alguns livros escritos originalmente em francês e inglês e traduzidos para o português, como Verso eUniverso em Drummond (1975), sua tese de doutorado na Sorbonne (de 1972), que será lançada durante a Flip (de 4 a 8 de julho), em Paraty. O organizador Castro Rocha o inclui entre os três mais importantes do diplomata (os outros dois são Razão do Poema, seu primeiro livro, de 1965, e Formalismo e Tradição Moderna). "Estamos revisando outras traduções, pois Merquior era muito cioso de sua obra." Entre os ensaios produzidos quando Merquior servia nas embaixadas do Brasil na Europa estão A Estética de Lévi-Strauss (1977) e Rousseau & Weber (1989), dois estudos de peso que se tornariam obras de referência - inclusive, para a comunidade cultural europeia.
Julia Merquior, filha do ensaísta, revela que, curiosamente, nenhuma editora antes da É Realizações procurou a família para recolocar esses títulos - fora de catálogo há anos - no mercado. "Claro, José Mário Pereira, da Topbooks, publicou muitos títulos, mas era mais a parte literária, direcionada à universidade." Um dos maiores especialistas na obra do amigo, ele republicou, em 1996, entre outros títulos que serão relançados na coleção, De Anchieta a Euclides (1977), e foi convidado pelo organizadora Castro Rocha para organizar os volumes extras com os inéditos e a correspondência de Merquior. Entre os missivistas estão o antropólogo Lévi-Strauss, o poeta Carlos Drummond de Andrade, o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre e o cineasta baiano Glauber Rocha (que lhe pediu uma bolsa para estudar a obra do escritor Oscar Wilde em Londres).
Desde cedo Merquior conviveu com grandes intelectuais brasileiros. Aos 22 anos, foi convidado por Manuel Bandeira para organizar a antologia Poesia do Brasil e, antes, aos 18 anos, já assinava textos no suplemento dominical do Jornal do Brasil - alguns incluídos em Razão do Poema, republicado pela Topbooks em 1996 com contracapa assinada por Antonio Candido, que o classificou entre os maiores críticos que o Brasil já teve, destacando ainda sua capacidade de interpretar textos "sem os reduzir à mecânica formalista".
Além de crítico literário, diplomata, filósofo, bacharel em Direito e membro da Academia Brasileira de Letras, Merquior tinha, a exemplo do organizador de sua coleção, uma paixão imensa por arte. Sua biblioteca, que chegou a ter mais de 10 mil volumes (8.300 comprados pela Fundação Banco do Brasil), abrigava desde os clássicos da Filosofia (Spinoza, seu mentor, em primeiro lugar) até estudos da arquitetura de Buckminster Fuller e da pintura de Poussin, que adorava.
"Lembro dele nos levando (ela e o irmão Pedro, que morreria num acidente de moto) ao museu e como sempre tinha informações sobre os autores dos quadros", diz Julia, alfabetizada em língua inglesa durante os anos em que Merquior serviu na embaixada de Londres. O traço mais característico do pai, segundo a ex-atriz e agora dona de uma empresa de recicláveis, era o humor perene. "Fico imaginando o que ele diria do governo Lula, da Dilma, são perguntas que me faço sempre." Julia garante que o pai ficou muito feliz com a volta das eleições diretas, em 1985, esperança que fez o maior pensador liberal do Brasil abraçar o caminho político após a morte de Tancredo Neves. "Foi o período em que conversamos mais", revela. "Notei que a sua luta era contra ver as coisas de uma maneira só, sendo ele profundo conhecedor da História."
Visto como um direitista pela esquerda, Merquior se definia como um liberal em economia, social-democrata em política e anarquista em cultura. Ele dizia que no Brasil há uma intelectualidade, mas não uma intelligentsia. O modelo histórico que tinha em mente era o dos intelectuais da Europa oriental do século 19, quase párias cuja independência incomodava a sociedade em que viviam. Aqui, os intelectuais, dizia, se organizam em corporação. Um tema que rendeu e ainda rende muita discussão.
PRIMEIROS LIVROS DA COLEÇÃO
1. Razão do Poema (1965)
2. Arte e Sociedade em Marcuse, Adorno e Benjamin (1969)
3. Saudades do Carnaval (1972)
4. Formalismo e Tradição Moderna (1974)
5. As Ideias e as Formas (1981)
6. O Elixir do Apocalipse (1983)
7. De Anchieta a Euclides (1977)
8. O Fantasma Romântico (1980)



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Paris, toujours Paris, under Brazilian eyes... - Cours PRA - IHEAL

Estes são os dois cursos que darei no Institut de Hautes Études de l'Amérique Latine, a partir do final de janeiro de 2012, na verdade um único curso, dividido em duas seções, para fins administrativos: 



HZLB3 Le Brésil dans l’ordre global : les relations économiques internationales à l’époque contemporaine 1 (Paulo Roberto De Almeida)
suivre obligatoirement la seconde partie
HZRI3 *
et la seconde partie les mercredis de 16h à 18h salle Paul Rivet
HZRI3 Le Brésil dans l’ordre global : les relations économiques internationales à l’époque contemporaine 2 (Paulo Roberto De Almeida)
Suivre obligatoirement la première partie HZLB3 

Ver o curso, material bibliográfico e grandes temas que serão abordados, neste link do meu site.

Paris, toujours Paris, under American eyes - Richard Seaver

He Knew It When He Saw It

Publishing 'Lady Chatterley's Lover,' '

The Story of O' and 'Tropic of Cancer'

—and bringing Samuel Beckett to English-speaking readers.

The Wall Street Journal, January 6, 2012



The Tender Hour of Twilight

By Richard Seaver
(Farrar, Straus & Giroux, 457 pages, $35)

Richard Seaver tunneled under the Atlantic Ocean and smuggled European avant-garde literature into the United States. Samuel Beckett, Jean Genet, Alain Robbe-Grillet, Eugène Ionesco and the pseudonymous author of the sado-masochistic fantasy "The Story of O" were only a few of those who found a welcome from Seaver at Grove Press in the 1950s and 1960s. The name on the cover of the last—Pauline Réage—disguised a French lady of letters. The name of the translator—Sabine d'Estrée—masked Seaver himself. He translated other works, but his proudest achievement, stamped all over these memoirs, was to have unearthed Beckett from his self-entrenchment in Paris and to have set the Irish playwright and novelist before an English-speaking readership.
Seaver (1926-2009) told the story often of how, on a Fulbright scholarship in Paris in the early 1950s, he purchased Beckett's works in French direct from their publisher and then hunted down a French translation of the early novel "Murphy." There were several English-language literary magazines in Paris after the war. Together with a clutch of talented friends, Seaver was producing Merlin. Hooked on the peculiar cadences of Beckett's prose—French lyrics set to an Irish tune—he pursued the Irish recluse for a contribution: "We had all but given up hope of ever hearing from Beckett when, one dark and stormy early evening in late November . . . outlined in the light, was a tall gaunt figure in a raincoat, water streaming down from the brim of the nondescript hat jammed onto the top of his head. . . . 'You asked me for this,' he said, thrusting [a] package into my hand."
The package contained "Watt," Beckett's last full-length work in English. Sections appeared in Merlin, and in 1953 the novel launched the magazine's imprint, Collection Merlin. Though only six titles were brought out, these included the English translation of Beckett's "Molloy" and "The Thief's Journal" by Jean Genet and were enough to earn Collection Merlin a place in literary history.
Despite such highs, the Paris sections of "The Tender Hour of Twilight" lack freshness. Seaver reports extended café conversations and pillow-talk, transmitted from 50-year-old memory. A meeting with Jean-Paul Sartre is rendered in dialogue unworthy of TV-budget drama. The dangers of self-regard lurk in the margins of every other page. Beckett remained indebted to Seaver, yet the reader will learn more from a few pages of the recently published second volume of the Beckett correspondence about why he wrote in French, and what fortified his uncompromising aesthetics, than from all of Seaver's recollections.
If Beckett is the hero of the first act, the second is dominated by Barney Rosset, the owner of Grove Press. Seaver's New York career began, after a stint in the Navy, in 1958 at the firm of George Braziller, about whom he writes unflatteringly. The next year Rosset invited him for lunch and asked: "Why don't you join the excitement?" Grove was planning to publish D.H. Lawrence's banned 1928 novel, "Lady Chatterley's Lover," an event that was to alter the character of publishing. Henry Miller's "Tropic of Cancer" followed, even though the author himself felt initially that the U.S. publication was "premature." Miller, enjoying a peaceful life in Big Sur, Calif., had reconciled himself to the forfeiture of royalties from his infamous books, which were underground best sellers in Europe. Eventually he was persuaded. Next came "Naked Lunch" by William Burroughs and John Rechy's novel of hustling, "City of Night."
In each instance, the campaign was a matter of printing the books, shipping them to those stores willing to stock them and then waiting to see what happened. Lawsuits followed; legal bills followed the suits; ruination for Grove and its employees threatened. "For three years between 1962 and 1964 we had been in a Sargasso Sea financially, with sales stagnant and profits, when they came, minimal," Seaver reports. In 1962, Grove lost "roughly $400,000 on sales of slightly over $2 million," largely as a result of lawsuits. Rosset's private means supported this gambling habit—once readers could get the books, they sold in large quantities—but eventually he succumbed to the successful businessman's fatal flaw: overreach. "From 20 or so employees half a dozen years before, our weekly payroll [in 1969] numbered close to 150, housed in our spanking new building on the corner of Bleecker and Houston streets. . . . One entered through a massive arch in the shape of a capital G."
Preoccupied with legal matters and the extra burden of running the house's literary quarterly, the Evergreen Review, Seaver appears not to have noticed that the carnal appetites of Miller and Rechy and the willing punishments of the "Story of O" were not universally appreciated. In 1970, the company was unionized behind the bosses' backs. Arriving for work at the posh building one morning, Seaver was prevented from entering Rosset's office on the top floor. It was occupied by a group led by a radical feminist who threatened to destroy precious galleys and correspondence. As often happens during social upheaval, a new revolutionary guard was challenging the old. Asked what they wanted, Seaver replied: "I know what they want. Have you seen the broadsheet? They want editorial control of all Grove publications, a few million dollars for assorted causes, a day-care center for children. God knows what else."
The final drama of Seaver's Grove career provides some of the best reading in "The Tender Hour of Twilight." He later moved to Viking, where he had an illustrious career, then—beyond the purview of this book—to Henry Holt and eventually his own Arcade Press. Seaver was among the great publishers of the "excitement" era, and even if daily meetings with formally adventurous authors taught him little about writing, this memoir, arranged from a larger mass of material by his widow, will be sought by everyone who has felt the floppy thrill of a Grove paperback between his fingers.

Mr. Campbell is the author of "Exiled in Paris: Richard Wright, James Baldwin, Samuel Beckett and others on the Left Bank."

A batalha de ideias do seculo XX: eBook da Foreign Affairs

Comemorando os 90 anos da Foreign Affairs (sim, ela começou a ser publicada em 1922, e eu já li esse número inaugural), o Council on Foreign Relations publica um eBook com uma seleção de artigos e ensaios seminais (como se diz).
Vale a pena olhar mais de perto...



The Clash of Ideas


The Clash of Ideas tells the story of the great ideological debates of the past century and the emergence of the modern order.
Combining several new essays with highlights from 90 years ofForeign Affairs, the collection features authors such as Isaiah Berlin, Benedetto Croce, Francis Fukuyama, Charles P. Kindleberger, John Ikenberry, Harold J. Laski, Leon Trotsky, and many more.  An introduction by Foreign Affairs Editor Gideon Rose sets the stage and puts both old and new material in context.
Released to coincide with the special 90th anniversary issue of Foreign Affairs, this book offers an indispensable look at where we have come from and where we are going.
The book is available for purchase in digital format for the KindleNOOK, and iPad. An enhanced PDF is for sale for $8.95 at www.ForeignAffairs.com/ClashOfIdeas, and print copies will soon be available for purchase on Amazon.com.
Professors who would like to review this book for course adoption can send a request for examination copy to Christine Leonard at cleonard@cfr.org. Please include your university and course name. 


Ver os formatos para o livro neste link.
Na Amazon está mais de 10 dólares para o Kindle, mas é possível comprar por menos de 9 dólares nos demais formatos: 



The Clash of Ideas: The Ideological Battles that Made the Modern World- And Will Shape the Future [Kindle Edition]

Gideon Rose Jonathan Tepperman 

Kindle Price:$10.95

Editorial Reviews

Product Description

This special collection drawn from the archives of Foreign Affairs traces, in real time, the great intellectual debates that defined the twentieth century-and are molding the twenty-first. Also featuring new essays, including works by Gideon Rose, editor of Foreign Affairs, and Francis Fukuyama, author of the End of History, this intellectual narrative explains how and why modern politics look the way they do, and where we go from here.

Product Details

  • Format: Kindle Edition
  • File Size: 540 KB
  • Publisher: Foreign Affairs (December 27, 2011)
  • Sold by: Amazon Digital Services
  • Language: English
  • ASIN: B006QPXDQ6

The Clash of Ideas

by Gideon Rose

View More By This Author
This book is available for download on your iPhone, iPad, or iPod touch with iBooks and on your computer with iTunes. Books must be read on an iOS device.

Description

This special eBook collection drawn from the archives of Foreign Affairs traces, in real time, the great intellectual debates that defined the twentieth century-and are molding the twenty-first. Also featuring new essays, including works by Gideon Rose, editor of Foreign Affairs, and Francis Fukuyama, author of the End of History, this intellectual narrative explains how and why modern politics look the way they do, and where we go from here.
Commemorating Foreign Affairs' 90th anniversary, this collection is indispensable reading for understanding the emergence of political liberalism and the making of the modern world order.
The Clash of Ideas
View In iTunes
  • $8.99
  • Available on iPhone, iPad, or iPod touch.
  • Category: Politics & Current Events
  • Published:Jan 03, 2012
  • Publisher: Foreign Affairs
  • Seller: Council on Foreign Relations

E termino com Janer Cristaldo, por hoje...

Sou um leitor infiel dos blogs a que me filiei, aderi, anotei o endereço. Já sem tempo para ler meus livros, jornais, revistas e tudo o mais, apenas de forma bissexta acabo passando nos bons blogs da vida.
O do Janer Cristaldo é um deles. Imperdível.
Há tempos não visitava. Hoje tomei uma indigestão. Devo ter lido vários meses de crônicas, todas saborosas, impecáveis...
Bem, intoxicado pelo prazer, termino transcrevendo só um trecho final de uma das suas crônicas -- invariavelmente sobre a burrices dos homens, e de algumas mulheres também -- sobre o multilinguismo forçado na Espanha... (isso nos tempos do socialismo, que já passaram por enquanto; depois volta).
Vou passar por lá agora: tentarei sobreviver...
Paulo Roberto de Almeida
(...)
Durante séculos, a Espanha se entendeu muito bem com o espanhol. Tornar oficiais mais quatro línguas – das quais duas pelo menos, o catalão e o basco, já gozam desse status – significa tornar mais complicada a vida de todo cidadão. O Partido Popular (PP) qualificou a medida como totalmente idiota e ridícula no cenário internacional, com “senadores que portarão aparelhos de tradução para se entenderem em uma câmara onde todo mundo fala a mesma língua”.
Socialismo é isso mesmo. Para que facilitar quando se pode complicar?
- Enviado por Janer @ 8:38 PM

Mercosul solidario com as Malvinas argentinas? E se os europeus forem solidarios com as Falklands?

Apenas imaginando...
Como diria o Millor, sonhar não custa nada...
Os mercosulianos, solidários com os pobres argentinos que perderam as Malvinas para esses imperialistas ingleses há mais ou menos 150 anos, pretendem proibir navios que se dirijam às Falklands/Malvinas de atracarem em seus portos.
Parece que os uruguaios -- e foi lá mesmo que a decisão foi tomada -- dormiram no ponto.
Pode ser que decidam apreender o tal navio britânico, sei lá...
E se os europeus decidirem proibir navios do Mercosul de atracarem em portos europeus em represália?
Fica a pergunta, apenas sonhando, claro...
Paulo Roberto de Almeida 

E agora, ao que interessa: Paris (com Janer Cristaldo)

Ninguém é de ferro: essas coisas de política, de corrupção, Cuba, Venezuela, roubalheira, incultura, são um porre, literalmente.
Vamos falar do que interessa: turismo etílico-gastronômico, e em Paris, para onde vou daqui a exatamente nove dias...
E com um conhecedor-apreciador...
Paulo Roberto de Almeida

BON VOYAGE!
Janer Cristaldo
Segunda-feira, Setembro 26, 2011

Alexandre Breveglieri está com o pé no estribo e me pede dicas sobre Paris. Como não houve jeito de responder (seu email parece estar errado), segue aqui o mapa da mina.

Atenho-me principalmente à geografia etilogastronômica, informação que nem sempre encontramos nos guias de turismo. Cabe lembrar que esta oferta é imensa em Paris, e cada viajante sempre encontrará seus rumos. Cito aqueles que encontrei e gostei. São quase todos centenários e podem ser facilmente encontrados no Google ou no Google Earth.

Fora o Chartier e o Polydor, não são restaurantes baratinhos. Mas tampouco são caros. Praticam os preços médios de Paris. Normalmente, entre duas pessoas, janto por algo entre 60 e 90 euros, vinho incluído. Mas pode-se comer por dez euros naqueles restaurantes do Quartier Latin e Mouffetard. Há menus executivos que constam de entrada, prato principal, sobremesa e eventualmente um demi pichet de vin. Nem sempre se come bem. Mas também se pode comer bem por esse preço, é questão de ter olho clínico. Evite os que ficam em ruas com alto tráfego de turistas.

Bares

• Os grandes bares de esquina ou de bocas de metrô são sempre mais caros que os botecos mais discretos. Lá, se paga pela paisagem. Num botequinho modesto de meio de rua, pode-se tomar a mesma cerveja dos bares mais imponentes, quase pela metade de preço. Vale o mesmo para cafezinho ou refeições
• Mesmo assim, estacionar em pelo menos um dos dois cafés frente ao metrô Odéon: o Danton e o Relais Odéon, um quase em frente ao outro. Apanhar um jornal, pedir algo e olhar a fauna. Vale a consumação. Por outro lado, sentar numa terrasse numa tarde de inverno, mesmo que o cafezinho custe um pouco mais, é uma boa hipótese para observar as gentes
• Se você quiser uma taça de vinho, deve pedir um ballon, rouge ou blanc, conforme seu gosto
• Dar um giro pela rue Mouffetard, perto do Panteon. Há uma feira deliciosa nas manhãs de domingo. Almoços ótimos e abordáveis. Gosto em particular de um deles, o Tire Bouchon, na rua Descartes, ao lado da Mouff. É daqueles onde se come bem por dez euros, ao meio-dia. O patron se chama Antoine e sempre me recebe de braços abertos. A Mouff merece uma visita, é uma rua para onde os parisienses tentaram fugir, para escapar ao Quartier Latin. Se bem que o turismo já chegou lá. Saindo da Sorbonne, dá uns 10 ou 15 minutos a pé
• Um restaurante interessante a visitar é o Polydor, na rue Monsieur Le Prince, a uns cinco minutos da Sorbonne. Almoços relativamente baratos. Gosto muito, particularmente quando tem boudin no cardápio, o que não acontece todos os dias. Modesto, honesto e tradicional. Bom para um almoço sem maiores pretensões.
• Bem no início da Rue du Faubourg Montmartre, há um restaurante peculiar, o Chartier, bem no início, à esquerda, no fundo de uma “cour”. Simpático, folclórico e muito barato. Foi construído no final do século XIX, hoje está classificado como monumento histórico e gaba-se de servir o mesmo cardápio desde a inauguração. À noite, fecha às nove. Só pelo ambiente, vale a visita. Lembrar que em Paris as mesas, mesmo pequenas, são coletivas. Não se importe de sentar junto a estranhos ou que eles sentem em sua mesa. É normal
• Na Gare de Lyon há um restaurante suntuoso, um teto de cair o queixo, o Train Bleu. Vale a pena a visita, que mais não seja para tomar um cerveja no bar e contemplar o ambiente. Não aconselho comer nele. Muito caro. Rapport prix/qualité nada conveniente
• Na Rue de l’Ancienne Comédie, quase ao lado do Relais Odéon, há o Procope, fundado em 1686. Lá almoçaram desde Racine, Voltaire, Rousseau, D’Alembert até os revolucionários de 89 e Napoleão. Este deixou lá um chapéu a título de pindura. Está lá também a mesa em que Voltaire escrevia. Preços normais de Paris
• Há um belíssimo restaurante, o Julien, na rue du Faubourg Saint-Denis. Pratos excelentes, nada caros em termos de Paris. A rua é de prostituição, está um pouco deteriorada, mas é freqüentável sem problema algum
• Na rue Mabillon, procurar o Charpentier, excelente cozinha, preços humanos. Recomendo vivamente. Cuisine du terroir. O restaurante, simpaticíssimo, é ligado ao movimento de Compagnonage, uma confraria meio paralela à maçonaria. Recomendo vivamente as andouilletes AAAAA. Isto é, as andouilletes aprovadas pela Association Amicale des Amateurs d'Andouillettes Authentiques. O boudin aux pommes é superbe
• Na Île St. Louis, ilha ao lado da ilha da Notre Dame, na rue St. Louis en l’Île, procurar Le Sergeant Recruteur ou, ao lado, Nos Ancêtres, les Gaulois. São dois restaurantes com menu a preço fixo. Entradas, queijos e vinhos à vontade. Quanto aos pratos propriamente ditos, você escolhe um entre três opções. Não esquecer que o vinho é “à la volontê”. Não é lugar para se ir sozinho. Como é ambiente de alegria coletiva, o solitário fica um tanto deslocado. Se o garçom demora e você está sedento, estenda sua taça a seu vizinho de mesa e peça um pouco de seu vinho. Ele não vai negar. Nem estranhar
• Algo mais sofisticado e, evidentemente, mais caro: o Bofinger, numa pequena travessa da Place de la Bastille. É só chegar na Place e perguntar pelo restaurante. Sem falar na cozinha, só o interior vale uma tarde e alguns euros a mais. Quando sento lá, não tenho mais vontade de sair. Em frente, o Petit Bofinger, caso o Bofinger esteja lotado. Mas a arquitetura do Petit não se compara à do primeiro
• Um excelente restaurante, o preferido do Mitterrand, é a Brasserie Lipp, no boulevard Saint Germain. Abrigou várias gerações de intelectuais franceses. As esquerdas sempre sabem onde se come bem. Recomendo fortemente. O plat de resistance é o cassoulet, uma espécie de protofeijoada. Mas o jarret de porc tampouco é de se jogar fora
• Frutos do mar há por toda parte. Mas um dos locais mais reputados é o Au Pied de Cochon, no Les Halles. Em matéria de ostras, minhas diletas são as fines de Claire
• Em quase todos os restaurantes que arrolo, se você quiser vinho, em vez da bouteille pode pedir um pichet, ou, para amadores, un demi pichet ou un quart pichet. Ou seja, uma jarra de vinho, uma meia jarra ou um quarto de jarra. Em geral, o vinho é potável. Em restaurante bom, o vinho sempre é bom

• Tivesse eu de visitar apenas cinco restaurantes, pela ordem, eu começaria pelo Julien e Charpentier, continuaria pelo Procope e Bofinger, e terminaria com a Brasserie Lipp

• Não esquecer as virtudes da comida de rua. Há um sanduíche árabe em Paris que adoro, é o merguez au chili. Merguez é uma lingüicinha picante. Compra-se em quiosques de esquina. Atenção: munir-se de água. Pega fogo na garganta

• A gorjeta vem sempre incluída na conta. Lei do Mitterrand

• Fora isso, deve existir mais uns cinco mil restaurantes e cafés por lá, à sua espera


Outra dicas

• comer ou beber sentado custa uns 20 % a mais do que no balcão. Para um café da manhã, nada melhor que uma tartine au beurre, que é uma baguetinha com manteiga
• em compensação, se você pede um cafezinho ou chope numa mesa, pode a rigor passar uma hora sem que o garçom o incomode
• jamais pedir “une bière”, isto o denuncia como marinheiro de primeira viagem. Se o garçom for sacana, lhe empurra um litro de cerveja. Pede-se “un demi”, ou seja, un demi-verre.
• em boa parte dos bares há uma cerveja belga que gosto muito, é a Abbaye de Leffe. Esta geralmente não é servida em demi, mas em um copo um pouco maior. É mais cara que as triviais, mas vale a pena. Tem três versões: blonde, brune e radieuse. Qualquer uma é boa aposta
• se você vai ficar coisa de uma semana, tratar da carte orange (une semaine, deux zones). A semanal vale de segunda a domingo. Levar fotos 3 x 4. Ou tirá-las nas dezenas de máquinas automáticas, encontradiças em todas as ruas do centro. No metrô, se enfia o tiquete na catraca, no ônibus basta mostrar a carta ao motorista. Outra opção, carnê de dez bilhetes, mais conveniente se você chega no meio da semana e vai ficar pouco tempo
• Comprar a revista Pariscope, ou L’Officiel des Spectacles, em qualquer banca. Saem às quartas e dão toda a programação cultural da cidade. Lembrar que em Paris gastronomia também é cultura
• Usar ônibus tem a vantagem de lhe mostrar Paris. Neste sentido, o 69 é ótimo. Se você fizer o percurso de início a fim de linha, terá o melhor da cidade

Visitas a meu ver obrigatórias

No “centrão”, se é que se pode falar de centro em Paris:

As tradicionais: Notre Dame (tem concertos de órgão, domingo, às 17 hs, maravilhoso e grátis) Louvre, Sorbonne. (Na Sorbonne, depois do 11/9, não dá pra entrar mais. Só sendo estudante ou professor). Frente à Sorbonne há uns botecos agradáveis, para um lanche rápido ou leituras.
• Além do Louvre, há o Musée d’ Orsay, às margens do Sena, belíssimo. (E mais umas duas ou três centenas de museus, é claro). Conforme seu tempo, terá de passar rapidinho por museus, ou não verá nada da cidade
• Saint Chapelle, no Palais de Justice, no Boul'Mich. Belíssima
• Les catacombes, metrô Denfert-Rochereaux. Antes abriam apenas um domingo por mês. Agora estão abertas durante a semana toda. Imperdível
• Centro Beaubourg, conjunto com biblioteca, exposições, etc. Se você subir ao último andar, terá uma bela vista de Paris, sem ter de enfrentar as filas nem os preços da torre Eiffel. Deambular pelas adjacências
• Um passeio pelo parque Luxembourg, a cinco minutos da Sorbonne é algo imperativo. Diria que são quatro parques em um só: a cada estação do ano, uma beleza diferente
• Le Forum des Halles. Arquitetura subterrânea criada no espaço do antigo mercado, Les Halles. Hoje é um imenso centro comercial. A bem da verdade, passei por lá em minha última viagem a Paris e não gostei. Me pareceu muito deteriorado. Mas a arquitetura em seus entornos é interessante
• Dedicar pelo menos uma hora percorrendo as gôndolas da FNAC, a mais poderosa livraria do país. Acho que há três FNACs em Paris. Nas FNAC há muita oferta em matéria de som e eletrônicos. Música que você jamais encontrará aqui. Neste sentido, a FNAC de Montparnasse é mais diversificada
• Tudo isto pode ser feito a pé e a arquitetura, por si só, já é uma festa. Se você se perde em algum pedaço, vai descobrindo novas geografias
• Perambular pelo Marais (bairro onde está o centro Beaubourg), Palais Royal, Place des Vosges, principalmente esta última, último reduto da aristocracia parisiense. (Mas já vi mendigos dormindo por lá)
• Dar uma olhadela no café Deux Magots (metrô Saint Germain), pelo menos em homenagem aos existencialistas dos anos 60. Fica em frente ao Chez Lipp.
• Dar uma passada no Boulevard Montparnasse, à noite. Há uma livraria interessante, L’ Oeil qui écoute. Mais cafés dos existencialistas, La Coupole, Le Dôme, também caros e turísticos. Eu gostava particularmente do Select Latin, onde curti centenas de horas de leitura
• Pode-se subir a Montmartre de barco. É só pegar no Sena, às 9 da manhã, um barquinho chamado La Patache, que ancora ao lado da piscina Deligny. Vai subindo por canais subterrâneos e eclusas, até o Canal Saint Martin. Chega-se ao pé do morro lá pelas 11. (Não sei se este barco existe ainda. Conferir no Pariscope)

Saindo do “centrão”:

• Perambular pela Champs Elysées, Trocadero, Eiffel, Arco do Triunfo, etc
• Pegar um metrô expresso, o R.E.R., e ir até La Défense. Ver a Arche, que os jornalistas brasileiros insistem em chamar de Arco. É o lado modernoso de Paris, frio e imponente. Acho que deve ser visto, para não se ficar com uma idéia apenas da Paris que imaginávamos. Estando lá, dar uma olhadela no Omnimax, o cinema de 360 graus. Vale
• Cité de la Science et de l’Industrie, em La Villette, ao norte, no XXe. Tem de tudo. Cabe uma visita ao Geode, outra sala de cinema com uma tela de 360°. Sessões de hora em hora. Melhor escolher um só setor da Cité, senão perde-se um dia todo
• Se der tempo, mas só se der tempo, visitar La Grande Bibliothèque, último monumento faraônico do Mitterrand. Aqueles quilômetros e quilômetros de mogno que forram paredes e pisos foram surripiados do Brasil, via o cacique Paulinho Paiakan.
• Père Lachaise, é claro. Em Asnières, ao sul de Paris, há um cemitério de cães que vale a pena como folclore. Há um outro em Villepinte. Visitá-los em dia de Finados é um espetáculo à parte
• Procurar a Promenade Plantée. É um passeio belíssimo. Apanhá-la de manhã, por exemplo, de modo a chegar pela 1h ou 2h da tarde na Bastille e aproveitar para um almoço no Bofinger.
Et bon voyage!


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...