sábado, 1 de março de 2014

Por que nao dar nomes aos bois, ou ao Boi? Bem, parece que não precisa...

Você já ouviu falar do "Boi"?
Renato Lemos 
Recebido em 1 de março de 2014.

No DOI-CODI, ele era conhecido por esse nome - "agente Boi"
"Boi" era o nome usado nos tempos do regime militar para esconder a identidade de um informante.

Não me refiro ao boi que vive no pasto, muitas vezes em manada e que, abatido nos matadouros, proporciona carne para bifes e churrasco.
Este é o boi "marido" da vaca. 
Falo de outro "Boi". A carne dele não serve nem para bife nem para churrasco.
É imprópria para consumo. Está toda infestada de vermes e parasitas que resistem a qualquer tratamento.
Até mesmo de veterinários e médicos cubanos!...
Convém lembrar que há "vacas" também no caminho e nas andanças desse "Boi", mas isto é outra história...
E bem "cabeluda"!!!...

No DOI-CODI, ele era conhecido por esse nome - "agente Boi" - e em público, com sua verdadeira identidade e falação, procurava ganhar prestígio entre os trabalhadores como líder sindical. 
O homem, barbudo e chegado a uma 51, jogava nos dois times.
Dava aos militares informações sobre o que acontecia no meio sindical.
Muitos companheiros saíram de cena, vítimas desse seu trabalho.
Quando reunido com os trabalhadores, tratava de assuntos trabalhistas e sindicais, ao mesmo tempo em que criticava e condenava o regime militar. 
Era um pelego a serviço dos militares e usava de todos os recursos no meio sindical para enganar os trabalhadores.
Tirou proveito da confiança que conquistou entre os trabalhadores à custa de mentiras e esperteza, enquanto recebia benefícios e vantagens dos militares como pagamento pela sua função
de dedo-duro e agente infiltrado entre os trabalhadores. 
Foi assim que ele cresceu no meio sindical.
Tudo começou quando os militares se empenharam em eliminar o que ainda restava do populismo getulista depois de 1964.
Para conseguir isto, houve um trabalho de doutrinação executado por intelectuais da USP, - alguns deles considerados "esquerdistas" - que, com seus escritos, procuraram desacreditar o trabalhismo getulista e desmoralizar antigos líderes, como Leonel Brizola, Jango Goulart, Almino Afonso e outros. 
Para uma ação mais direta no meio sindical, com a finalidade de anular a influência da CGT - Comando Geral dos Trabalhadores, era necessário alguém aceito e ouvido pelos trabalhadores.
Quem ajudou a encontrar o homem capaz dessa tarefa foi o empresário Paulo Villares, das Indústrias Villares.
Foi ele a ponte que estabeleceu a ligação entre os militares e aquele que atuaria como líder sindical e informante conhecido pela alcunha de "Boi".
Ele já havia prestado "favores" a Paulo Villares, que lhe era grato por isso.
Promovera a pedido dele uma greve que as Indústrias Villares pretendiam usar, depois, - assim aconteceu, - como pretexto para rescindir um contrato com a COFAP e desta forma evitar prejuízos para a empresa. 
Ele foi apresentado ao general Golbery do Couto e Silva num churrasco na casa dele na Granja do Riacho Fundo
Como era uma figura sem estudo e cultura, os militares decidiram que ele deveria ter uma formação à altura, para poder atuar de forma eficiente como líder sindical.
Ele começou como aluno do IADESIL - Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre, escola de doutrinação que funcionava em São Paulo, desde 1963, por iniciativa e às custas dos sindicatos norte-americanos da AFL-CIO. 
Em seguida, ele teve viagem e estada pagas pelo regime militar para fazer curso de sindicalismo nos Estados Unidos, em 1972.
Lá recebeu aulas sobre a matéria, acompanhado de tradutor, na Johns Hopkins University, em Baltimore, e nos sindicatos norte-americanos, aulas de que saiu com "diploma" de aluno bem aproveitado.
E tão bem aproveitado que, pela forma como passou a agir posteriormente, o que se conclui é que aprendeu todo tipo de lições sobre sindicalismo, até mesmo aquelas que mancham a história de algumas dessas organizações norte-americanas, controladas por mafiosos e exploradas por espertalhões e bandidos.
Nomes como Jimmy Hoffa, Bugsy Siegel e Lucky Luciano, entre outros, fazem parte dessa história, muito bem retratada em filmes como Sindicato de Ladrões. 
De volta ao Brasil, pôs em prática tudo que aprendera.
O lícito e o ilícito.
Depois de perder um dedinho - sabe-se lá como!... - quando ainda estava na Villares, parou de trabalhar, e desde então nunca mais se interessou pelo assunto.
Desta forma, com a vida garantida, ficou com tempo livre para atuar entre os trabalhadores e passar horas nos botecos, onde se distraía com doses generosas de 51. 
Nas reuniões, fazia circular várias ideias e propostas entre os trabalhadores e acompanhava com atenção a reação deles, passando a defender a que parecia ter apoio da maioria.
Foi assim, à custa deste e de outros recursos, que não excluem a fraude e a mentira, que ele conquistou a simpatia e confiança dos trabalhadores.
Como torneiro, quando ainda trabalhava, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos, em que ocupou cargos importantes até se tornar seu presidente em 1975.
Nesta época estava em vigor o AI-5.
Por isso muitos asseguram que sua ligação com os militares foi decisiva para ele chegar à presidência do sindicato.
Eles têm razão. Todos os sindicatos estavam sob intervenção e ninguém assumiria a presidência, principalmente de um sindicato tão importante como o dos Metalúrgicos, sem aprovação dos militares. 
Nesta época, ele dividia o tempo como líder sindical e informante do DOI-CODI.
Sem dispensar, naturalmente, os botecos...
Sua atividade como líder e dirigente sindical era conhecida de todos os trabalhadores, mas a de informante, apenas da cúpula do DOI-CODI, ou, mais exatamente, do então delegado do DOPS Romeu Tuma.
Muitos tentaram obter do antigo delegado dados esclarecedores sobre o informante, mas Tuma, quando senador da República, sempre se mostrou evasivo a respeito do assunto e acabou levando para o túmulo as informações que ajudariam a delinear um perfil bem acabado do "agente Boi".
Foi uma pena os trabalhadores não terem sabido desses fatos naquela época.
O "Boi" teria morrido de inanição e desaparecido, como resto descartável, jogado no lixo da História!...

Em 1980 ele foi preso.
Foi um acontecimento que causou surpresa, pois nessa época já gozava de prestígio como líder sindical.
Muitos estranharam isto e perguntavam por que ele havia sido poupado durante as agitações e manifestações dos anos anteriores, quando ainda estava em vigor o AI-5.
Pelo que aconteceu depois, a prisão parece ter sido uma manobra para chamar a atenção e colocá-lo em evidência. Na prisão, o "Boi" foi tratado a pão-de-ló.
Enganou o público com uma greve de fome sabidamente furada e gozou de regalias de que não desfrutavam os demais presos, tudo graças ao delegado Romeu Tuma. 
O resultado do período em que esteve preso é conhecido.
Ganhou a auréola de "mártir da ditadura", que lhe foi conferida por amigos, mas, para Leonel Brizola, conhecedor do que escondia o nome "Boi", ele não passava de "filho da ditadura" .
Com os civis de volta ao poder, fez-se passar por perseguido político, vítima do antigo regime, e isto lhe rendeu, mais tarde, uma gorda indenização coroada com uma aposentadoria vitalícia isenta de imposto de renda.
Atualmente recebe mais de R$ 6.000,00 (seis mil reais) mensalmente.
Aposentadoria por vagabundagem, se comparada com a de qualquer trabalhador depois de 40 anos de serviço
Aconselhado e apoiado pelo general Golbery, dentro daquela mesma linha antigetulista, liderou a criação de um partido político a que deu o nome dos trabalhadores.
Assim, com o fim do regime militar, deixou de ser o "agente Boi", um título e função que ficaram para trás como parte do passado, perdidos nas sombras e ignorados pelos trabalhadores.
Desde então o que se viu foi um homem membro de um sindicato transformado em líder político, com os piores vícios que podem manchar um político.
Um político da pior espécie, sem princípios morais e éticos, mentiroso, ardiloso, trapaceiro, desonesto, corrupto, oportunista, que usa as pessoas para chegar ao poder, para "subir sem se elevar", que trai os amigos para salvar a própria pele.
Em resumo, um político que se conduz pelo princípio segundo o qual o fim justifica os meios. 
A continuação dessa história é o que o Brasil, infelizmente, está vivendo desde 2003!!!...

-Fim -
(desta história, mas não das suas consequências para o Brasil e para os brasileiros, infelizmente...)

Brasil: fascismo economico da Receita e protecionismo comercial sempre em alta

Você quer saber, caro leitor, como a Receita consegue obter, ano a ano, mês a mês, sempre maiores volumes de arrecadação, mesmo numa economia tecnicamente em recessão?
Pois é simples: aumente o grau de extração tributária criando novas modalidades de valoração aduaneira e de enquadramento tributário, mesmo sem aumentar formalmente os impostos, ou criar novos, o que teria de passar pelo Congresso para ser legal.
E para isso atenda os reclamos dos produtores nacionais, que querem que os importados tenham as mesmas cargas altíssimas que eles pagam internamente. Ou seja, não basta colocar tarifas altas (e elas já são altas, comparativamente a outros países), mas acrescentar, em cima disso, vários outros encargos a que os importados não estão sujeitos porque países normais não são estúpidos a ponto de aumentar preços de exportações taxando a cadeia produtiva que se destina à competição internacional.
O princípio da Receita é este: não taxou lá fora, nós taxamos aqui dentro.
Essa é a origem do PIS-Cofins sobre importações, que não financia nenhuma previdência social pois a origem é externa, e não se remete o dinheiro arrecadado para os trabalhadores estrangeiros ou seu sistema previdenciário. Ele fica aqui mesmo, já que as pobres empresas nacionais tem de arcar com esse imposto duplicado sobre as mesmas fontes.
Esse é o fascismo econômico já em curso no Brasil, e que vai continuar pelo futuro previsível...
Paulo Roberto de Almeida


Posted: 25 Feb 2014 03:06 PM PST
O crescimento do consumo doméstico de vinhos despertou o interesse de fornecedores estrangeiros. No mercado de vinhos finos, a parcela dos importados chegou a 80% em 2012, o que fez o setor, à época, entrar com pedido de salvaguarda no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) para proteger a produção nacional. Após meses de negociação, houve um acordo com medidas para elevar a parcela dos vinhos nacionais no mercado brasileiro nos próximos anos.
O fenômeno da importação de vinhos não demandou atuação apenas do Mdic. No ano passado, a Receita Federal deflagrou a operação “Dionísio”, na qual os cem maiores importadores de vinho da região metropolitana de São Paulo foram intimados a dar esclarecimentos sobre a classificação tarifária das bebidas desembarcadas. Por enquanto as manifestações dos contribuintes estão sendo analisadas, mas a expectativa da Receita é de que as autuações sejam lançadas em dois ou três meses.
Esse tipo de operação deve se intensificar com a criação da Delegacia Especial de Fiscalização de Comércio Exterior (Delex), instituída este mês. Segundo o titular da nova delegacia, José Paulo Balaguer, ela reúne duas áreas já existentes na Receita Federal: a fiscalização de comércio exterior e a fiscalização de indústrias. No ano passado, diz o delegado, a área de comércio exterior, responsável por 22 mil empresas, gerou um total de R$ 800 milhões em autuações fiscais. A área de indústria, que acompanha 54 mil empresas, respondeu por R$ 4,5 bilhões em cobranças. “Esperamos que com a visão integrada da cadeia produtiva haja um incremento de 20% na quantidade e valor total das ações fiscais.”
Na área de comércio exterior, explica Balaguer, são três as principais frentes de atuação. A mais representativa é a chamada interposição fraudulenta, na qual a Receita detecta na importação a existência de um sujeito oculto que supostamente financia a importação e que ao final seria o destinatário dos bens importados. A operação, segundo a Receita, é montada para burlar o recolhimento de tributos. A interposição, diz o secretário, responde por 50% das autuações da área de comércio exterior.
A outra metade das autuações se divide entre classificação e regimes especiais. Na classificação, explica Balaguer, há tanto a fiscalização relacionada à origem declarada como também ao enquadramento tarifário. Foi nesse tipo de fiscalização que a importação de vinho chamou atenção da Receita. “É um tipo de produto que requer profissional especializado para atestar a efetiva classificação do vinho segundo o teor alcoólico, a origem e o tipo de uva.” De forma semelhante, outro setor alvo é a indústria química. “Nesse segmento são necessários os laudos, já que o exame físico não costuma ser suficiente para identificação e classificação dos produtos químicos importados.”
Os pedidos de ex-tarifários são também alvo da fiscalização de classificação, diz o delegado, referindo-se ao benefício que permite redução de tarifas para bens de capital sem similar nacional. Nesse caso, afirma Balaguer, o problema geralmente não está na importação que deu origem ao benefício, mas nos desembarques que usam o precedente do ex-tarifário. ”Muitas vezes o bem que está sendo importado não corresponde ao produto sem similar nacional para o qual o benefício foi dado.”
(aspas)
Fonte : Jornal “Valor Econômico” 18/02/2014

Ucrania e o duelo geopolitico EUA-Russia: alguem acredita no Obama? (Le Monde)




La Maison Blanche a affirmé que toute intervention militaire russe en Ukraine aurait un « coût », et agité la menace d'une annulation du sommet du G8 à Sotchi en juin.

Ukraine : Obama met la Russie en garde

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Barack Obama le 28 février à Washington.

Il est très inhabituel de voir Barack Obama un vendredi soir dans la salle de presse de la Maison Blanche. Peu après 17 heures, le président américain est venu au podium délivrer une mise en garde à la Russie. Toute intervention militaire en Ukraine aurait un « coût », a-t-il dit.

M. Obama s'est laissé une marge de manœuvre. Il s'est abstenu de confirmer les informations sur la présence de militaires russes en Crimée, ou d'utiliser le terme d'« invasion ». Mais aussitôt après son intervention, la Maison Blanche a agité la menace d'une annulation du sommet du G8 à Sotchi en juin, si la Russie persistait dans son opération.
C'était la première intervention solennelle de M. Obama depuis la chute du président Ianoukovich. Jusque là, le secrétaire d'Etat John Kerry et le secrétaire à ladéfense Chuck Hagel s'étaient chargés d'appeler la Russie à éviter toute« provocation ».
« INTERFÉRENCE PROFONDE »
« J'ai parlé il y a quelques jours avec le président Poutine et mon administration a été en contact quotidien avec les officiels russes, a rappelé M. Obama. Nous avons clairement dit qu'ils peuvent être partie prenante de l'effort de la communauté internationale pour encourager la stabilité et le succès d'une Ukraine unie, ce qui n'est pas seulement dans l'intérêt du peuple d'Ukraine et de la communauté internationale, mais aussi dans l'intérêt de la Russie. »
Se déclarant « profondément préoccupé » par les informations sur « des mouvements militaires » russes en Ukraine, M. Obama a noté que la Russie a « une relation historique avec l'Ukraine », ainsi qu'une base militaire en Crimée.
« Mais toute violation de la souveraineté et de l'intégrité territoriale de l'Ukraine serait profondément déstabilisatrice, ce qui n'est pas dans l'intérêt de l'Ukraine, de la Russie ou de l'Europe. Cela représenterait une interférence profonde dans des sujets qui doivent être déterminés par les Ukrainiens. Cela constituerait une claire violation de l'engagement de la Russie àrespecter l'indépendance, la souveraineté et les frontières de l'Ukraine, ainsi que du droit international ».
Juste après les Jeux olympiques, a-t-il assuré, une telle action « appellerait la condamnation » internationale. « Et les Etats-Unis seront aux côtés de la communauté internationale pour affirmer que toute intervention militaire en Ukraine aura des coûts », a-t-il promis.
Le président a conclu en indiquant que le vice-président Biden s'était entretenu avec le premier ministre ukrainien pour l'assurer du soutien des Etats-Unis et le féliciterpour sa « retenue »« Nous allons continuer à nous coordonner avec nos alliés européens », a-t-il souligné. Et nous tiendrons la presse et les Américains informés. »

LE SOMMET DU G8 DANS LA BALANCE
Après l'intervention, un haut responsable a expliqué à la presse que le président américain pourrait difficilement participer au G8 de Sotchi si les troupes russes avaient effectivement envahi le voisin ukrainien. Ce qui revient à mettre le sommet dans la balance, les autres occidentaux risquant de s'aligner sur la position des Etats-Unis.
La veille encore, les responsables américains excluaient que M. Obama puisseboycotter le tête-à-tête prévu avec M. Poutine en marge du sommet. L'an dernier, il avait déjà annulé l'entretien, à cause de la position russe sur la Syrie. Même pendant la guerre froide, aucun président américain n'a évité les rencontres prévues plusieurs fois de suite.
Le sénateur républicain John McCain a estimé que Vladimir Poutine cherchait à« rebâtir l'empire soviétique » et que Barack Obama a été « un peu naïf » sur les ambitions du président russe. Regrettant que M. Obama n'ait pas été plus précis sur les « coûts » qui pourraient être infligés à Moscou, il a proposé diverses mesures de rétorsion, telles que la reprise du programme de défense anti-missile en République tchèque, annulée devant l'opposition russe, ou l'accélération de l'intégration de laGéorgie dans l'OTAN.
Le sénateur, qui compte parmi les faucons de Washington, a regretté que M. Obama n'ait pas défendu avec plus de vigueur les « valeurs de base » des Etats-Unis. « Poutine a vu ce qui s'est passé en Syrie quand la ligne rouge devient rose », a-t-il grincé.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Brasil na esteira das ditaduras castrista e chavista - Demetrio Magnoli

ÚO guardião de Havana

Quem escreveu aquele comunicado vergonhoso? “Os Estados Partes do Mercosul (…) rechaçam as ações criminosas dos grupos violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na República Bolivariana da Venezuela”, “expressam sua mais firme rejeição às ameaças de ruptura da ordem democrática” e “confiam plenamente que o governo venezuelano não descansará no esforço para manter a paz e as plenas garantias de todos os cidadãos”. Essas linhas são uma cópia quase literal das declarações do governo da Venezuela. O Brasil só assinou embaixo, produzindo uma das páginas mais sombrias da história de nossa política externa. Qual é a motivação do governo de Dilma Rousseff para rebaixar-se à condição de eco dos sucessores de Hugo Chávez?

Nos tempos de Lula, tínhamos uma política externa com inflacionadas pretensões, guiada pela meta de obter um lugar no Conselho de Segurança da ONU. Falava-se na construção de uma ordem global multipolar, na ruptura da “hegemonia americana” e na reorganização Sul-Sul do comércio mundial. O chanceler Celso Amorim proclamou uma “aliança estratégica” Brasil-China. Uma vertente ultranacionalista personificada por Samuel Pinheiro Guimarães flertou com a ideia de edificação de um arsenal nuclear brasileiro. No auge do desvario, oferecemos uma cobertura à aventura nuclear iraniana. Hoje, nada restou daquela espuma: tornamo-nos, apenas, um aparelho de repetição das frases e dos gestos de Nicolás Maduro.

A política externa lulista era um castelo de areia inspirado por reminiscências do terceiro-mundismo e uma renitente nostalgia do projeto de Brasil-Potência delineado na ditadura militar. O castelo desabou sob o impacto de fracassos em série e do notório desinteresse de Dilma por qualquer coisa que aconteça fora das fronteiras nacionais. Sobrou um caroço duro de compromissos políticos e ideológicos: hoje, o Brasil define seu lugar no sistema internacional em função do imperativo da proteção dos interesses do regime castrista. Eis a chave para decifrar o comunicado do Mercosul.

O destino da “revolução bolivariana” nunca tocou nos feixes nervosos do lulopetismo. Lula assistiu, contrariado, à ascensão de Chávez como liderança concorrente na América Latina e tentou guardar distância dos rompantes antiamericanos do caudilho de Caracas. Mas a Venezuela chavista firmou uma estreita aliança com Havana e o petróleo subsidiado da PDVSA converteu-se na linha vital para a sobrevivência do Estado castrista. É por esse motivo que o Brasil firmou um comunicado no qual a oposição venezuelana aparece sob o rótulo de “grupos criminosos” engajados em promover um golpe de Estado.

A política externa lulista era um castelo de areia inspirado por reminiscências do terceiro-mundismo

Bem antes da segunda candidatura presidencial de Lula, em 1994, um editorial da revista teórica do PT qualificou a Cuba de Fidel Castro como uma ditadura indefensável. Nos anos seguintes, enquanto José Dirceu reinventava o PT como uma azeitada máquina política, Lula fazia uma opção preferencial pela ditadura cubana, rejeitando a oferta de acomodar seu partido no ônibus da social-democracia europeia. Aquelas escolhas marcam a ferro a política externa do lulopetismo. Tilden Santiago, um embaixador brasileiro em Havana, elogiou os fuzilamentos políticos promovidos pelo castrismo em 2003. No Ministério da Justiça, em 2007, Tarso Genro deu a ordem imoral de deportação dos boxeadores cubanos. Três anos depois, Lula identificou os presos políticos cubanos como criminosos comuns. É nessa trajetória que se inscreve o comunicado do Mercosul.

A Venezuela ainda não é uma ditadura, pois conserva a liberdade partidária e um sistema de sucessão baseado em eleições gerais. Contudo, já não é mais uma democracia, pois eliminou-se a independência do Judiciário, restringiu-se a liberdade de imprensa e as Forças Armadas foram submetidas ao catecismo chavista. À beira do colapso econômico, o regime enfrenta uma onda de insatisfação que se espraia da classe média para os pobres. Confrontados com manifestações de protesto, os sucessores de Chávez recorrem a intimidações, prendem sem acusações críveis um líder opositor e soltam a rédea dos “coletivos”, que operam como grupos paramilitares de choque.

O uso da força contra manifestações pacíficas foi respaldada pelo Mercosul, mas crismada como “inaceitável” até mesmo por José Vielma Mora, governador chavista do estado de Tachira, que pediu a libertação de “todos os aprisionados por razões políticas”. Até quando Dilma Rousseff emprestará o nome do Brasil à repressão “bolivariana”?

Cuba é o nome da armadilha. De um lado, sem a vasta transferência de recursos proporcionada pela Venezuela, o poder castrista enfrentaria o espectro do colapso. De outro, o governo brasileiro não dispõe das condições políticas necessárias para assumir o lugar da Venezuela. O Brasil já financia o regime dos Castro por meio de obscuros empréstimos do BNDES e das remessas de divisas associadas ao programa Mais Médicos. Entretanto, mesmo diante de uma oposição prostrada, o lulopetismo não tem como vender à nação a ideia de converter o Brasil no Tesouro de Cuba. Como produto do impasse, nossa política externa foi capturada pela crise da “revolução bolivariana”.

“A Venezuela não é a Ucrânia”, disse a primeira-dama Cilia Flores, desvelando mais um temor que uma certeza. A profundidade da crise não escapou à percepção de Heinz Dieterich, o sociólogo que cunhou a expressão “socialismo do século 21” e serviu durante anos como conselheiro ideológico de Chávez. Dieterich conclamou “uma facção” do chavismo a articular “uma aposta democrática de salvação nacional” que se coagularia num governo de coalizão com os oposicionistas moderados reunidos em torno de Henrique Capriles. Qualquer saída política pacífica exigirá um esforço de mediação internacional. O Brasil só poderá ajudar se o governo conseguir separar o interesse nacional dos interesses da ditadura castrista.

Fonte: O Globo, 27/02/2014

SOBRE DEMÉTRIO MAGNOLI

Demétrio Magnoli
Sociólogo, colunista dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”. Magnoli foi colunista da rádio “BandNews FM” e comentarista do “Jornal da Cultura”. Atualmente, é comentarista de política internacional do "Jornal das Dez" da Globo News. É autor de diversos livros como ”Uma gota de sangue” (Contexto) e “Liberdade versus Igualdade” (Record). Integra o Grupo de Análises de Conjuntura Internacional (Gacint) da USP. Magnoli tem doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP).


Com Dilma, economia do país cresce no menor ritmo desde Collor - Blog Achados Economicos

Blog Achados Econômicos, 27/02/2013

A economia brasileira medida pelo PIB (produto interno bruto) cresceu 2,3% em 2013, depois de uma expansão de 1% em 2012 e de 2,7% em 2011, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nos três primeiros anos da presidente Dilma Rousseff, portanto, o crescimento médio foi de 2%. O número é metade do verificado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (4%), e ligeiramente inferior ao registrado no período de Fernando Henrique Cardoso (2,3%).
Também está bem abaixo do desempenho do período Itamar Franco (5%), mas muito acima da variação de -1,3% ao ano verificada nos três anos do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
O gráfico abaixo mostra qual foi o ritmo de crescimento médio anual do PIB durante o mandato de cada presidente.
Apenas por curiosidade, calculei a média desde Getulio Vargas, que chegou ao pode em 1930. Mas naquela época as condições eram tão diferentes que não dá nem para comparar. Além de uma conjuntura nacional e internacional completamente diversa, o ritmo de crescimento da população era muito maior. Portanto, os dados que vão dos anos 1930 a mais ou menos 1980 estão aí só a título de curiosidade, mesmo.
Só para não perder a viagem, acrescento que, de 1930 até hoje, a economia brasileira registrou um crescimento acumulado de 5.134%.

Mundo
Em comparação com outros países, o período em que o PIB do Brasil teve o melhor desempenho desde 1990 foi o de Itamar, com um crescimento de 5%, acima da média do mundo, da América Latina e dos países emergentes e pobres.

No gráfico ao lado, os dados de 2013 são estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), pois muitos países ainda não divulgaram o PIB do ano passado.
A economia brasileira cresceu menos do que a do mundo nos governos Collor e FHC, assim como nos três primeiros anos de Dilma. O país só superou ritmo do restante do planeta durante as gestões de Itamar e Lula.
No grupo dos emergentes e pobres há 154 nações que o FMI classifica dessa forma. Na América Latina, foram considerados 32 países, incluindo a região do Caribe. No mundo, incluí os 189 países sobre os quais o FMI tem dados.

Comparações
Com este texto, o blog Achados Econômicos encerra uma série de comparações do desempenho da economia brasileira no período de cada um dos últimos presidentes da República.
Considerando as séries históricas disponíveis, o período Dilma foi o melhor em termos de emprego e renda.
Quanto à balança comercial (diferença entre exportações e importações), à inflação e ao equilíbrio das contas públicas, a média anual desses indicadores nos anos Dilma foi menos favorável do que na era Lula e mais do que no período FHC.
Em relação à indústria, o ritmo de crescimento no governo Dilma é o menor desde Collor, como ocorreu com o PIB.
Como venho afirmando desde a primeira postagem desta série, a comparação do desempenho de indicadores econômicos não deve ser a única nem a principal maneira de avaliar um presidente, pois a economia é influenciada por diversos fatores que não estão ao alcance do chefe do Poder Executivo.
Mesmo assim, esse tipo de comparação é importante porque mostra quais foram os principais desafios macroeconômicos do país durante o mandato de cada um e ajuda a entender por que alguns presidentes se tornaram mais populares do que outros.
Se olharmos, por exemplo, para o período Lula, que encerrou seu segundo mandato sendo aprovado por mais de 80% da população adulta, os indicadores de emprego, renda, PIB, balança comercial, contas públicas e inflação estavam melhores do que o do seu antecessor, FHC. Este, por sua vez, foi nitidamente superior aos que o antecederam em termos de combate à inflação, como todos sabemos, o que explica sua eleição em 1994 e, provavelmente, sua reeleição, em 1998.

Plano Real, 20 anos: sendo paulatinamente desmantelado pelos companheiros - Editorial Estadao

A revolução do real

27 de fevereiro de 2014 | 2h 10
Editorial O Estado de S.Paulo
Há 20 anos uma revolução sem armas e sem passeatas começou a mudar a vida dos brasileiros, quando o presidente Itamar Franco assinou a Medida Provisória (MP) 434 e criou a Unidade Real de Valor (URV), embrião de uma nova moeda, o real. Naquele mês de fevereiro, os preços ao consumidor subiram 40,27% e a alta acumulada em 12 meses chegou a 757,29%. Em 2013, a inflação anual ficou em 5,91%. Há 20 anos, os preços de bens e serviços aumentavam muito mais que isso em apenas uma semana. Recebido o pagamento, os trabalhadores corriam ao supermercado para abastecer a casa. A corrosão do salário em poucos dias era muito maior do que foi em todo o ano passado.
Como o ar, a água, as praças e a ordem democrática, a moeda é um bem público e a sua preservação é uma das obrigações mais importantes do poder político.
Cumprir essa obrigação é também proteger os pobres, os mais indefesos diante da alta de preços. Em tempos de inflação elevada, o reajuste de seus ganhos é normalmente mais lento que a alta do custo de vida. Além disso, eles são menos capazes de poupar e de buscar proteção em aplicações financeiras. Políticas de transferência de renda teriam sido inúteis no Brasil da espiral inflacionária, porque os benefícios seriam rapidamente anulados pelos preços em disparada. Apesar disso, há quem defenda a tolerância à inflação como política progressista.
Assinada em 27 de fevereiro, a MP entrou em vigor no dia seguinte, com a publicação no Diário Oficial. Durante quatro meses o Brasil teria duas moedas. A URV serviria como referência de valor. O cruzeiro real, ainda em circulação, continuaria usado para os pagamentos e outras operações do dia a dia.
Lançada com o valor inicial de CR$ 647,50, a URV seria reajustada todos os dias até a emissão da nova moeda, em 1.º de julho. Nesse período, serviu de base para o reajuste de todos os preços, a atualização de contratos e a fixação da taxa de câmbio pelo Banco Central (BC).
Emitido o real, com valor correspondente a CR$ 2.750,00, houve de novo a unificação monetária, com um só instrumento servindo como unidade de conta, meio de pagamento e reserva de valor. Não seria apenas uma nova moeda, como aquelas criadas em planos anteriores de estabilização e logo erodidas e desmoralizadas por um novo surto inflacionário.
A atualização diária dos preços, com base na variação da URV, deveria servir para uma recomposição geral de valores e de suas proporções. Tudo se passaria como se a indexação fosse levada ao extremo para em seguida, de repente, ser interrompida. Autores de planos anteriores haviam tentado vencer a inflação inercial - a realimentação constante da alta de preços pelo prolongamento do impulso inflacionário. Mas essas tentativas haviam sempre envolvido congelamentos de preços e truques variados. Não haveria mágicas no real.
Proibir a indexação na maior parte dos contratos foi uma das primeiras medidas, a partir da reforma monetária. Mas essa iniciativa teria sido anulada pelo retorno da inflação, se faltassem esforços muito mais ambiciosos. Avançou-se na desestatização para aliviar o Estado e aumentar a eficiência do governo e de importantes indústrias de base e de infraestrutura. Ampliou-se a abertura comercial.
Iniciou-se, enfim, uma complexa renegociação das dívidas de Estados e municípios. Esse arranjo incluiu a extinção ou reforma de bancos estaduais. Essa manobra permitiu o ressurgimento de uma política monetária eficaz, algo impossível quando o BC era forçado a sancionar a desordem criada pelos governos de Estados e seus bancos.
Só um BC revigorado e com bons instrumentos poderia ter vencido com rapidez, como venceu, os surtos inflacionários de 2002-2003 e de 2009. Em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal completaria a reforma.
Com o real, o brasileiro passou a dispor de novo de uma moeda respeitável e adequada às funções clássicas de meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Como tantas outras conquistas, essa também é reversível. Nenhuma moeda é indestrutível quando se combinam por algum tempo a tolerância à inflação, a irresponsabilidade fiscal e o populismo.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O ogro famelico ataca outra vez: taxando duplamente as empresas brasileiras

Mais um exemplo, apenas um exemplo criativo de como o longo braço da Receita, o órgão mais fascista que possuímos, está aí para isso mesmo: romper a legalidade em nome do aumento de arrecadação e extorquir empresas brasileiras por quaisquer meios disponíveis.
Só assim eles garantem recordes tributários num quadro recessivo.
E contra obrigações internacionais do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Avesso do avesso

Coluna Sonia Racy, O Estado de S.Paulo, 27.fevereiro.2014 | 1:10


Haja imaginação para tornar a MP 627 – que muda as regras de tributação das empresas sobre lucros obtidos com operações no exterior– palatável internacionalmente.
Para não descumprir os tratados internacionais contra a bitributação, assinados entre o Brasil e 30 países, a Receita Federal criou uma nova terminologia para taxar o lucro sem dizer que está cobrando o imposto.
Como se chama? “Parcela do ajuste do valor do investimento equivalente aos lucros.”
Avesso 2
Segundo executivo de uma grande multinacional que esteve em várias reuniões com o Fisco para debater a MP, a Receita, quando questionada, admitiu o fato. “A ideia é dar um by pass nos tratados para não ter o desgaste político de denunciá-los”, explica.


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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...