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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Soberania economica, desindustrializacao e esquizofrenia economica

Alguns, muito acima dos mortais comuns, querem por que querem que o Brasil fabrique iPads (desde que com 80% de conteúdo local, alertam esses nacionalistas esquizofrênicos, que não têm ideia dos processos produtivos integrados em escala mundial que ocorrem hoje).
Para isso estão dispostos a tudo, ridiculamente, cedendo soberania econômica que tanto prezam (equivocadamente) no plano político, criando regras confusas no terreno da política industrial, fazendo do setor uma selva completa de miniregras setoriais que só alimentam a confusão nessa área.
Seria tão mais simples se as regras fossem universais, e para melhorar o ambiente de negócios no Brasil.
Economistas malucos acabam provocando desindustrialização no Brasil, mesmo quando a intenção é outra, ou exatamente oposta.


Foxconn recebe inéditas renúncias fiscais do governo do PT

A empresa Foxconn está habilitada a produzir tablets no Brasil, recebendo incentivos fiscais determinados pelo decreto 5.906, de 2006, que se refere à Lei da Informática.

. O governo do PT concedeu inéditas renúncias fiscais.

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Comento brevemente:
Na verdade, não existe política industrial, mas apenas impulso, repentes, rebrotes, saltos de "genialidade" governamental (que todas remetem a dar mais dinheiro para os ricos de sempre), e muito protecionismo tarifário para proteger os mesmos ricos da concorrência estrangeira.
O problema da indústria no Brasil é grave, e ele tem um nome: o inimigo da indústria se chama Estado extrator, o arrecadador compulsório e o espoliador das receitas e do faturamento do empresário, por uma teia complexa de tributação em cascata, reincidente e irracional, que está matando a competitividade da indústria.
A seguir uma seleção de matérias sobre mais esse escândalo de uma suposta política industrial no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Foxconn recebe benefício para fabricar iPad
O Estado de S. Paulo - 26/01/2012


O governo federal oficializou a concessão de incentivos fiscais para a Foxconn produzir o tablet iPad, da Apple, no Brasil. A medida está em uma portaria interministerial publicada ontem no Diário Oficial da União.
Embora a portaria não cite diretamente o tablet da Apple, o governo já havia dito que a fabricante tinha interesse em produzi- lo no País. Os incentivos envolvem a isenção dos impostos IPI, PIS e Cofins. Segundo a portaria, a Foxconn poderá receber benefícios para produzir "microcomputador portátil, sem teclado, com tela sensível ao toque ("touch screen"), de peso inferior a 750g (Tablet PC)". OiPad tem peso de 601 gramas (3G) e de 613 gramas (3G +Wi-Fi).
Aportaria, com data de segunda-feira, foi assinada pelos ministros Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e pelo então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que desde terça-feira responde pelo Ministério da Educação.
Com sede em Taiwan, a Foxconn é a maior fabricante de componentes eletrônicos do mundo. Em viagem à China em abril de 2011, a presidente Dilma Rousseff anunciou um investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn no Brasil em cinco anos. A empresa, no entanto, nunca deu detalhes sobre o projeto.


O ministro, a China e o professor

Fala-se muito de inovar e fazer mais ciência no país, mas não temos professores para formar técnicos
O GOVERNO ABRIU ontem a porteira para a Foxconn receber subsídios e fabricar iPads no Brasil.
Anteontem, Aloizio Mercadante deixou de ser ministro de Ciência e Tecnologia para ocupar a pasta da Educação. O que têm a ver Mercadante e Foxconn?
Mercadante foi um dos ministros que negociaram a vinda da Foxconn para o país. Mas não apenas isso.
Em abril de 2011, na visita de Dilma Rousseff à China, a gigante sino-taiwanesa anunciou investimentos de US$ 12 bilhões no Brasil.
Soube-se depois que a Foxconn traria seu "savoir-faire" (know-how, em português corrente), mas o dinheiro deveria vir de sócios, subsídios e empréstimos estatais.
A Foxconn fornece insumos para computadores e eletrônicos, para Intel e Apple. No Brasil, se for mais que uma maquiladora subsidiada, pode formar um aglomerado de fornecedores e pesquisa em torno de si. Bom.
A múlti sino-taiwanesa seria uma empresa "de ponta" tecnológica por aqui (nem tão mais de ponta assim). É muito raro o Brasil inventar, por si só, empresas desse tipo.
Não temos empreendedores animados ou instruídos o bastante para inventar tais negócios nem massa crítica tecnológica. Empresas ignoram universidades e vice-versa. Não temos trabalhadores qualificados suficientes. Temos impostos e outros custos altos demais.
O governo vai dar, pois, à Foxconn condições que nega a montes de empresas no Brasil -no mínimo, impostos menores e infraestrutura. E trabalhador qualificado?
O único programa novo de Dilma Rousseff na área de educação básica é o Pronatec, de incentivo à educação para o trabalho, em especial no ensino médio. Grosso modo, o Pronatec pretende dar bolsas para estudantes, financiar escolas técnicas em Estados e municípios e ampliar em uns 60% a rede de escolas técnicas federais.
Mercadante mencionou o programa, entre outros dos governos petistas, em seu discurso político e sem novidade maior (nem novidade média, mas é cedo ainda, tudo bem). Em 5.300 palavras, 30 páginas, visitou todos os clichês do setor, como a necessidade de "educar para inovar" (nas empresas) e a de formar mais engenheiros. O de sempre.
Disse que quer saltos na educação, em vez de melhorias incrementais. Ok. Como? Por meio de um "pacto nacional pela educação", em primeiro lugar. Uhm. Oh, torpor único do enfado. Isso é conversa. Mas passemos, ainda, pois o ministro acabou de chegar.
Depois desses prolegômenos, a gente espera que o ministro conte algo sobre, por exemplo, currículos mais eficazes ou, nas palavras dele, como "educar para inovar".
Inovação depende de boa educação para o trabalho (não depende, nem de longe, apenas de formar "cientistas de ponta". Quem vai trabalhar nas empresas inovadoras? Quem vai inovar processos no dia a dia, o arroz com feijão da inovação?).
Talvez sejam os oriundos das escolas que o Pronatec, em tese, vai multiplicar. Mas escolas técnicas precisam de professores de matemática, física e química. Mesmo hoje, o deficit de professores nessas áreas é de dezenas de milhares. Se o ensino médio em geral se expandir (e o técnico em particular), de onde virão os professores? Da China?
Isso não é trivial. É quase dramático. Quem liga?
(Vinícius Torres Freire, na Folha de São Paulo de hoje, 26/01/2012)
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O que seria preciso para fabricar Iphones nos EUA?
Mansueto Almeida, 23/01/2012

Foi essa a pergunta provocante que presidente Obama fez ao ex-CEO da Apple, Steven P. Jobs, em fevereiro de 2011, em um jantar na Califórnia.
O The New York Times trouxe uma excelente matéria neste último domingo (How the U.S. Lost Out on iPhone Work) (1) que tenta responder a esta pergunta do presidente Obama a partir de uma série de entrevistas que os repórteres fizeram com vários funcionários e ex-funcionários da Apple, economistas, pesquisadores, especialistas em comércio internacional, etc.
A matéria mostra que o grande diferencial da China, por exemplo, não são apenas os salários menores (corrigidos pela produtividade), mas também: (i) abundante oferta de mão-de-obra qualificada e semi-qualificada; (ii) elevada flexibilidade e disponibilidade de trabalhadores que podem, se necessário, iniciar um turno de trabalho não programado durante à noite já que esses trabalhadores moram nas fábricas; (iii) rapidez das fábricas tanto para aumentar quanto para reduzir a escala de operação; e  (iv) elevada integração das cadeias produtivas entre os vários países asiáticos.
A matéria mostra que uma empresa, nos EUA, levaria pelo menos 9 meses para contratar cerca de 8.000 engenheiros, enquanto, na China, os fornecedores da Apple levaram apenas 15 dias para executar essa tarefa.
Reportagens como essa sobre por que os Iphones são produzidos na China e a maneira que a Foxconn trabalha, me fazem questionar a promessa da Foxconn de investir US$ 12 bilhões para produzir Ipads e telas dos dispositivos móveis no Brasil (ver post anterior sobre esse tema) (2). Não tenho dúvidas que, a depender do volume de subsídios e de barreiras tarifárias e não tarifarias contra importação, a Foxconn possa eventualmente produzir alguns Ipads para serem vendidos no Brasil e Mercosul.
Mas não espere muita coisa além disso porque, dada a nossa estrutura de custo, o Brasil não tem como ser uma plataforma de exportação de aparelhos eletrônicos e, assim, ainda acho delírio a expectativa de que a Foxconn venha a empregar 100 mil trabalhadores e 20 mil engenheiros no Brasil como chegou a ser anunciado pelo governo em abril de 2011.
Mais do que acreditar em planos mirabolantes, seria melhor que a presidenta Dilma em reunião com empresários aproveitasse a oportunidade e fizesse pergunta semelhante que o presidente Obama fez no jantar da Califórnia com duas modificações:
O que seria preciso para que vocês empresário aumentassem o investimento na indústria no Brasil, sem que para isso seja necessário aumentar o volume de empréstimo do BNDES e a proteção comercial?

(Mansueto Almeida / IPEA)

Movimentos regressistas se reunem em Porto Alegre

Com exceção das causas verdadeiramente humanitárias, mais do gênero emergencial, a maioria das propostas que emergem das tribos esquizofrênicas que se reunem em Porto Alegre -- inclusive do lado governamental -- fariam o Brasil, a América Latina e o mundo regredirem na globalização e se tornarem piores do que já são.
Não preciso insistir sobre o caráter nocivo desse anticapitalismo primário e desse anti-imperialismo infantil.
Paulo Roberto de Almeida 
Fórum reúne novos e tradicionais movimentos anti-imperialistas
Começou ontem o Fórum Social Temático 2012, em Porto Alegre (RS), trazendo grande expectativa sobre um dos temas centrais do megaevento: a crise do capitalismo e a luta anti-imperialista dos povos, em vários continentes, contra o sistema hegemônico. Tendo como pano de fundo discussões que antecedem a Cúpula dos Povos, evento alternativo à Rio+20, movimentos sociais históricos se encontram com novas lideranças de mobilizações que ocuparam praças de cidades em todo mundo, em 2011.
“Conseguimos articular um espectro bastante grande dos movimentos sociais. Tanto nacionais, quanto internacionais . Estamos trazendo todo o segmento histórico do fórum social mundial, as organizações que participam desde o início, mas também novos movimentos e mobilizações que ocuparam as praças de todos os continentes, em 2011, especialmente a Primavera Árabe, os Indignados na Europa, o Ocupar Wall Street de Nova York e de Londres, e o movimento estudantil no Chile”, disse ao Site Vermelho Mauri Cruz, coordenador do Comitê Organizador do FST.
Lideranças dos movimentos, como a chilena Camila Vallejo, estão presentes. Mauri Cruz ressalta que muitos desses movimentos não possuem ideologia, mas que são válidos e que acumularam ao longo deste ano uma trajetória de luta contra o capital. “Várias lideranças estarão aqui até para que haja essa troca. Como sabemos não se trata de um movimento com recorte ideológico, é mais uma indignação. Então, haverá uma troca bastante interessante entre os novos movimentos e a luta histórica dos trabalhadores, representados por sindicatos, e das massas populares contra o modelo capitalista”, avalia o coordenador.

A presidente Dilma participará do FST hoje, às 19h, no Gigantinho. O presidente uruguaio, José Pepe Mujica, também confirmou presença na mesma atividade. “Além do diálogo com a presidente Dilma, o governo brasileiro vai estar presente em outras mesas, com a presença de ministros, para discutir com representantes de outros países como Bolívia e Argentina. Devemos definir como será a dinâmica da cúpula dos povos na Rio+20”, completa Mauri.
O acompanhamento virtual dos Grupos Temáticos também pode ser realizado pela internet, por meio do site www.dialogos2012.org. No mesmo endereço, é possível realizar a inscrição para fazer parte de um dos grupos ou criar novos grupos de discussão.

Franceses se preocupam com o declinio economico

Demorou, mas finalmente os franceses tomam conhecimento desse trabalho do CEBR britânico, que coloca o Brasil na frente do Reino Unido em termos de PIB.
Eles também serão alcançados pelo Brasil, pela Índia e pela Rússia, mas ainda têm alguns anos pela frente.
Na verdade, a matéria é de 27 de dezembro de 2011, mas só agora a Radio France Internationale, junto à qual eu me inscrevi para receber esse tipo de alerta, se lembrou de me avisar.
Merci, quand même...
Paulo Roberto de Almeida


Le Brésil dépasse le Royaume-Uni au classement des économies mondiales

C'est désormais la 6e puissance économique mondiale. Le Brésil a fait une notable avancée dans le classement annuel établi par l'institut britannique de recherche CEBR. Le pays supplante le Royaume-Uni, et talonne désormais la France, classée 5e.

Une croissance de 7,5% en 2010. Voilà un chiffre qui fait rêver bien des pays occidentaux. Le Brésil, avec quelque 200 millions d'habitants, ne cesse de grimper dans le classement des puissances économiques mondiales. L'année dernière, le plus grand pays d'Amérique latine avait atteint la 7e place en doublant l'Italie. Cette année, c'est le Royaume-Uni qu'il laisse derrière lui, se hissant à la 6e place.

La France rétrogradée à la 9e place en 2020

Le quinté de tête n'a en revanche pas changé en 2011 : Etats-Unis (1er), Chine (2e), Japon (3e), Allemagne (4e) et France (5e). Mais l'institut CEBR (Center for Economics and Business Research) prévoit du changement dans les prochaines années. En 2016, le Brésil devrait dépasser la France. En 2020, la Russie et l'Inde devraient se
hisser respectivement aux 4e et 5e rangs, tandis que Paris se retrouvera à la 9e place.
Dans une interview à la radio BBC, le directeur de ce cabinet d'études a souligné que ce classement montrait le poids croissant de l'Asie
dans l'économie mondiale. "On voit aussi que des pays qui produisent des biens de première nécessité, comme les aliments et l'énergie, s'en sortent très bien" estime Douglas McWilliams.
"Le Brésil progresse d'année en année" explique Stéphane Monclaire, maître de conférences à la Sorbonne, spécialiste du Brésil
Ver neste link:
http://www.franceinfo.fr/economie-economie/le-bresil-depasse-le-royaume-uni-au-classement-des-economies-mondiales-482121-2011-12-27

Debate Keynes vs Hayek: nacional (ABL)

Não se trata do famoso combate do século, em formato de dois videos com personagens cantando um longo "rap econômico" -- que eu já postei aqui pelo menos duas vezes -- mas de um debate no Brasil, ainda assim esclarecedor.
Retirado do blog de José Roberto Afonso (link):


Debate Keynes x Hayek (Barbosa/IBMEC-RJ)

E-mailImprimirPDF
Debate Keynes x Hayek, indicado por Luiz F. de Paula, organizado por Virginia Barbosa com apoio do IBMEC-RJ, com objetivo de realizar uma discussão sobre o atual cenário econômico financeiro à luz de dois ilustres economistas: John Maynard Keynes e Frederich Hayek. Com participação de Luiz Fernando de Paula, Jennifer Hermann, Rodrigo Constantino, Roberto Castello Branco e Guilherme Fiuza. O evento foi realizado na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro." Video 1) http://bit.ly/uzJREC 2)http://bit.ly/rDygRL 3) http://bit.ly/tR11ne

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Petite randonnée en Europe: de Évora a Girona, em tempos alternados...


Petite randonnée en Europe: de Évora a Girona, em tempos alternados...

Paulo Roberto de Almeida

O avião com Carmen Lícia chegou pouco depois da hora fixada, na sexta-feira dia 20, mas, assim como ocorreu comigo ao desembarcar em Paris, os passageiros tiveram de descer escadas sozinhos, sem qualquer ligação com o tradicional finger. Não sei se é greve de funcionários, economia da empresa, ou bagunça mesmo, mas isso está ocorrendo com cada vez maior frequência: os serviços aeroportuários estão se tornando mais precários, em lugar de melhorar.
Meu carro já estava à espera, assim que foi fácil sair do aeroporto, tomar a autoestrada e logo em seguida atravessar a nova ponte Vasco da Gama, que ainda não conhecia: imponente, mesmo sob o lusco-fusco da manha de inverno. Saímos de Lisboa pouco antes das 7hs, com o odômetro marcando 23.130 kms. As 8h30 já estávamos adentrando em Évora. 
Biblioteca Pública de Évora (cartaz simpático)
Depois de rápida circulada pela cidade murada, e de ver que a Hostaria de Loyos não era lá essas coisas, resolvemos ficar num hotel moderno fora de uma das portas da cidade, o Ibis, da rede hoteleira Accor. Dormimos, ambos, até quase as 15hs, quando saímos para passear novamente na cidade, desta vez a pé, por várias partes. De noite fizemos lanche, em lugar de jantar, pois já tínhamos comido no meio da tarde. E ficamos planejando as próximas etapas do passeio. Na manhã seguinte, sábado 21, saímos do Hotel para visitar a Universidade, em férias até o início de fevereiro: prédio imponente, salas antigas, com azulejos azuis retratando os diversos temas das aulas, catedráticas (já que todas elas tinham um púlpito, suponho que não mais usado). Fiz-me fotografar no púlpito da sala de filosofia grega, e tirei fotos de Platão, Aristóteles e alguns outros companheiros filósofos. Todos eles “falando” em latim, curiosamente...

 Aristóteles ensinando em latim na Universidade de Évora
Na mesma universidade, uma "aluna" não convencional, anda faltando às aulas involuntariamente...
Uma gata universitária desaparecida, infelizmente para boa sua formação...


Seguimos para a Espanha, e almoçamos a cerca de 100kms de Córdoba, nosso primeiro destino no país: comi uma “dorada al horno”, num excelente parador de estrada, mas podia ter comido mais, sobretudo jamón ibérico que deixamos para outro dia.
Acabamos enfrentando mais estrada do que o esperado, e fomos dormir em Águilas, já na costa valenciana, depois de esquivar Granada, cujo Alhambra já vimos mais de uma vez. Até essa cidade espanhola da costa mediterrânea já tinha alcançado mais de 3.200kms de viagem de carro, o que dá mais ou menos 650kms por dia, nossa média em matéria de turismo, se ouso dizer. Só de Évora a Águila foram 850kms, em cerca de 11 hs de viagem, com duas boas paradas no caminho.
No dia 22, domingo, saímos tarde e acabamos parando em Santa Pola, antes de Valência, para almoçar, as 15hs, como fazem todos os espanhóis. Excelente restaurante “El Faro”, que nos reteve durante mais de uma hora: calamares fritos de entrada, dorada de principal, vinho branco da região “Primitivo Quiles”, de Alicante, de uma tradição familiar que remontava, segundo li no rótulo, a 1780 (parbleu!); água Vichy Catalona que também segundo o rótulo foi premiada em várias exposições universais e feiras internacionais, desde as de Nice e Nápoles, em 1884, a de Barcelona, e 1888, a exposição universal do centenário da revolução, em Paris, em 1889, Veneza em 1902 e Viena, em 1904; isso faz um bocado de prêmios para uma simples água mineral com gás: em todo caso matou a minha sede espanhola. Total, para dois, com sobremesas e café, 52 euros!
Seguimos boa parte do caminho de Alicante a Valência pela costa, pela estrada N322, serpenteando entre colinas e praias. De Santa Pola a Valência foi mais um passeio de barriga cheia, o que não me impediu de chegar as 19hs e de ainda circular bastante pela cidade, até encontrar um Holiday Inn Express, que nos pareceu conveniente, com garagem interna e outros serviços. Um descanso reparador, internet ampla e livre, café da  manhã espanhol, ou seja, razoável.
Em Valência, parece que o prefeito foi para a cadeia por sobrefaturar esta cidade das Ciências monumental (no Brasil, não se vai para a cadeia por obras bem mais medíocres...)
Como acordamos tarde, fomos pela autoestrada e depois coleando pela costa, parando em Port Salou, para almoçar: foi no limite de Cambrils, e tinha muita coisa fechada, por não ser estação de férias. Acabamos achando o restaurante Casa Solers, com menu completo a 27 euros cada. Entrada: aperitivos da casa (tapitas e pasteizinhos) e langostinos a la plancha, devidamente grelhados ao ponto, com limão e ervas, quase italiano; principal: bacalao catalana, com alho, tomates e pignoli; vinho L’Arnot Nègre, da Catalunha mesmo; sobremesa: fresas, ou seja, morangos, bem maduros, mas duros, o que estava perfeito; custo total: 54,57 euros. Valeu.
Não deu para esperar pela foto: estava louco para experimentar o meu Bacalao Catalana.
Na saída, no caminho para Tarragona, pudemos contemplar alguns exemplos da fantástica bolha imobiliária espanhola, que pode ter arrastado a economia do país para o buraco (já que a Espanha não ofendeu muito os critérios de Maastricht); alguns cartazes em russo fazem supor que os amigos de Putin, capitalistas mafiosos e mafiosos tout court fazem um pouco de lavagem de dinheiro ali mesmo, no imobiliário espanhol. Enfim, fica a sugestão para os brasileiros que se cansaram de encontram outros brasileiros em Miami: os imóveis por aqui devem estar ainda mais baratos, e eles podem falar portunhol. Enfim, isso na suposição de que os mafiosos russos não estejam executando gente por aqui, como fazem lá na terra deles... 
Chegamos no final da tarde em Barcelona, o suficiente, porém, para passear por várias partes da cidade, para um guarda da Generalitat me dar uma bronca por entrar com o carro em zona proibida, e para escapar depois, já noite entrada, para a estrada. Já conhecíamos suficientemente a melhor cidade da Europa (de longe, batendo Paris, pela abertura total a qualquer hora) para não precisar ficar mais uma vez em Barcelona. O objetivo sempre foi mais o sul da França, e assim pegamos a autoestrada outra vez.
Paramos pouco antes da fronteira, em Girona, num Novotel confortável (e caro) próximo à estrada: ali sim, comemos jamon ibérico de lanche-jantar, mais queijos e pão, acompanhados de uma taça de vinho tinto Duero e outro rosé Penedés; café excelente. Nem vi a conta, pois fomos direto para o quarto descansar. Nem tanto, pois Carmen Lícia fazia aniversário na virada da meia noite, e retirei os presentes que tinha comprado em Lisboa para lhe oferecer: duas roupas (lindas, acho) e um batom, dos seus preferidos. Creio que foi um bom final de noite, a despeito do cansaço e da quilometragem.
Na manha seguinte, entramos em Girona, para conhecer a imponente catedral. A cidade nos pareceu bastante desenvolvida, e moderna, a despeito do centro histórico sempre de ruas acanhadas, como ocorre tradicionalmente nas velhas cidades europeias.
Em Girona, completei 25.000kms no carro, o que significa mais de 4 mil kms percorridos em menos de dez dias.
De lá seguimos para a fronteira da França, mas sobre essa etapa falarei depois.

Paulo Roberto de Almeida 

O "outro mundo possivel" fez chabu?; o FSM tropecou e caiu?

Eu sempre me pergunto a quantas anda a construção do tal de "outro mundo possível", prometido por um bando de esquizofrênicos mais de dez anos atrás e até agora carente de maiores definições.
Já escrevi muito a respeito dos malucos do Fórum Social Mundial, que ficam repetindo slogans bisonhos, totalmente sem sentido, sem saber o que fazer, que tipo de medida propor.


Este meu livro, por exemplo, foi todo dedicado à tribo dos antiglobalizadores, desmantelando cada um dos seus argumentos totalmente sem sentido, sem fundamento, totalmente equivocados: 


Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização 
(Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2011, xx+272 p.; Inclui bibliografia; ISBN: 978-85-375-0875-6;
link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/107Globalizando.html).


Mas eles insistem, agora sob a forma de Foros temáticos, mas pretendem, no próximo ano, voltar com o formato grandioso de Fórum Social Mundial.
Isso porque agora dispõem de um governo conivente, que vai usar o dinheiro dos cidadãos gaúchos para financiar o nada sobre o nada, pois eles não têm nada a propor.
Um professor esquizofrênico acha que uma das razões do fracasso é o fato de que o FSM desligou-se de governos, e insistiu apenas com ONGs, como se eles não tivessem recebido chefes de Estado (os suspeitos de sempre, ditadores, populistas, demagogos, e outros da tribo) e achacado governos para conseguir dinheiro.
O mais incrível é que eles usam toda a parafernália da globalização para protestar contra a globalização.
Ingratos!
Idiotas, também!
Contraditórios, idem, pois se fossem coerentes, não usariam sequer um iPhone, um tablet, o Google e o Gmail, todos os blogs de que se servem gratuitamente...


Eu sempre digo que tenho horror à burrice, mas desculpo os mais jovens, que estão nesse empreendimento por puro idealismo.
Mas, apenas até os 24 anos, quando devem começar a enfrentar a vida profissional.
Depois disso se tornam simplesmente estúpidos.
Mais grave é o caso dos mais velhos, estudantes profissionais, que estão ali para a política (e para viver de dinheiro público), e, sobretudo, os professores velhacos, acadêmicos supostamente consagrados, que vivem de enganar os outros. Estes são desonestos, e eu nem acrescentaria o adjetivo intelectual, pois não merecem. São simplesmente gente sem caráter, que atuam de má-fé, apenas querendo ter sucesso em cima dos ingênuos.


Em todo caso, continuo esperando as propostas inteligentes que eles teriam a apresentar.
OK, não precisaria ser inteligente, apenas inteligível, ou coerente.
Como? Nem isso? Não conseguem ter nenhuma proposta de qualquer tipo, mesmo estúpida?


Estamos bem arranjados: antiglobalizadores que não conseguem mais antiglobalizar...
Descansem em paz...
Paulo Roberto de Almeida 

Um dialogo "fiscal" de quatro seculos atras: sempre atual...

 Um trecho de literatura do século XVII, sempre atual, que alguns chamariam de "maquiavélico":



Diálogo entre Colbert e Mazarino, durante o reinado de Luís XIV,

 extraído da peça de teatro "Le Diable Rouge", de Antoine Rault: 

 Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar 
[o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, 
que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando
 já se está endividado até ao pescoço...

Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto 

de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, 
é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. 
Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!

Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos 

de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os 
impostos imagináveis?

Mazarino: Criam-se outros.

Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: Sim, é impossível.

Colbert: E então os ricos?

Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. 

Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: Então como havemos de fazer?

Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico 

de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos 
e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e 
temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, 
cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos, mais 
eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um
 reservatório inesgotável." 

Citation originale:

Colbert: Pour trouver de l'argent, il arrive un moment où 

tripoter ne suffit plus. j’aimerais que Monsieur le Surintendant 
m'explique comment on s'y prend pour dépenser encore quand 
on est déjà endetté jusqu'au cou…
Mazarin:Quand on est un simple mortel, bien sûr, et qu'on est 

couvert de dettes, on va en prison. Mais l'État…, lui, c’est différent. 
On ne peut pas jeter l'État en prison. Alors, il continue, il creuse la dette ! 
Tous les États font ça.
Colbert :Ah oui ? Vous croyez ? Cependant, il nous faut de l'argent. 

Et comment en trouver quand on a déjà créé tous les impôts imaginables ?
Mazarin: On en crée d'autres.
Colbert :Nous ne pouvons pas taxer les pauvres plus qu'ils ne le sont déjà.
Mazarin ui, c’est impossible.
Colbert:Alors, les riches ?
Mazarin: Les riches, non plus. Ils ne dépenseraient plus. 

Un riche qui dépense fait vivre des centaines de pauvres 
Colbert: Alors, comment fait-on ?
Mazarin:Colbert, tu raisonnes comme un fromage (comme un 

pot de chambre sous le derrière d'un malade) ! il y a quantité de 
gens qui sont entre les deux, ni pauvres, ni riches… Des Français qui 
travaillent, rêvant d'être riches et redoutant d'être pauvres ! c'est 
ceux-là que nous devons taxer, encore plus, toujours plus ! Ceux là ! 
Plus tu leur prends, plus ils travaillent pour compenser… 
c'est un réservoir inépuisable. 

Extrait du "Diable Rouge" d'il y a 4 siècles...


Progressos da "democratizacao dos meios de comunicacao"

Está compatível com o que pretendem os companheiros, ou não?


Brasil cai 41 posições em ranking mundial de liberdade de imprensa

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, foi a queda mais acentuada na América Latina

A imagem do dia: o imperio reconsidera suas incursoes...

Pés cansados é o nome desta imagem:

A imprensa internacional continua se curvando ante o nada...

Parece que propaganda funciona: não fosse assim, ninguém consumiria os produtos mais publicizados nos meios de comunicação.
Pois é: os companheiros criaram uma máquina poderosa de comunicação -- comprada, seduzida, induzida, estimulada, chantageada -- que faz com que produtos que não significam grande coisa, ou nada, sejam vendidos como sendo a maior maravilha do cenário político universal.
Em parte é desinformação induzida de jornalistas pouco dispostos a empreender um trabalho analítico sério -- e por isso se deixam levar, por simpatia, ou não, pelo clima reinante de oba-oba nos círculos oficiais -- e em parte é esforço concreto de mistificação da realidade, pelos propagandistas das soluções milagre, e dos blefes construídos.
Nunca antes, no Brasil e fora dele, se vendeu mercadorias tão ordinárias como se fosse ouro em pó...
Paulo Roberto de Almeida


ROUSSEFF'S GENDER REVOLUTION
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Women Take Power in Brazilian Government
Spiegel online international, January 19, 2012

Brazil's new president, Dilma Rousseff, has quickly stepped out of the
shadow of her charismatic predecessor Lula. After one year in office,
she is more popular than any former president was at this stage. She has
surrounded herself with powerful women, who are now calling the shots in
Brasília.

Rousseff's Gender Revolution

Women Take Power in Brazilian Government

By Jens Glüsing in Brasília
Photo Gallery: Dilma Rousseff's Government
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DPA
Brazil's new president, Dilma Rousseff, has quickly stepped out of the shadow of her charismatic predecessor Lula. After one year in office, she is more popular than any former president was at this stage. She has surrounded herself with powerful women, who are now calling the shots in Brasília.
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The epicenter of Brazilian power can be found on the fourth floor of the Palacio do Planalto in Brasília, the nation's capital. Liveried waiters elegantly carry trays of coffee through the hallways of the presidential palace, high-ranking officials wait in anterooms and air-conditioning units hum in the offices.

Planning Minister Miriam Belchior rushes past on her way to visit Chief of Staff Gleisi Hoffmann, with whom she will discuss a multi-billion-real investment program to combat poverty. On the way she is greeted by Ideli Salvatti, the woman who manages the government's relations with Congress. Two floors down, Press Secretary Helena Chagas is talking on the phone. In the front office, several women are reviewing the day's newspapers.
Wherever you look in this white marble palace, there are female ministers, female advisers, female experts and female undersecretaries. Only the waiters and the security guards in the entrance hall are men. Thanks to President Dilma Rousseff, everything else at government headquarters is firmly in female hands.
Rousseff is the first female head of state of Latin America's largest country, and she's appointed women to many of her government's most important posts. Ten of them sit in the cabinet. All but one of her inner circle of advisers are women. This isn't because of quotas. "Given a choice between a man and a woman with the same qualifications, she prefers to hire the woman," says Gilberto Carvalho, who runs the presidential office.
Women in Charge
Skilled women aren't hard to find. Brazilian women stay in education longer and attend university in greater numbers than their male counterparts. Although the country has its fair share of machismo, the society itself has distinctly matriarchal characteristics. Men may call the shots out on the street, but women rule everywhere else.
A third of all families are run by women. Often enough, men play only a reproductive role. Child benefit, known as the "bolsa família," is typically paid out to women because they are more responsible with money. Even so, working women earn a third less than men in the same position. Quotas exist only in politics: By law, 30 percent of all candidates in mayoral, gubernatorial and parliamentary elections must be women. Up to now, no more than lip service has been paid to this stipulation.
"The political parties claim they can't find enough qualified women," says Marta Suplicy, the vice president of the Senate. "But that's an excuse. They just don't try hard enough."
Suplicy is a member of the governing Workers' Party (PT) and a long-time champion of sexual equality. In the 1980s she made a name for herself on television fighting for homosexuals' rights.
Later, she served as mayor of Sao Paulo, the country's largest city and its economic hub. "Before I gave my inaugural speech, a politician who was also a friend of mine came to me and said, 'You say a few nice words of welcome, but then leave budgetary matters to me.' I first had to make clear to him which one of us had been elected mayor," Suplicy says.
The bitterest opponents of moves to promote women are sitting in the Brazilian Congress. Religious groups and patriarchal male alliances block all attempts at liberalization, for instance on issues such as abortion. "Luckily we're strong in government, and we have the president to thank for that" says Suplicy.
Effective Clean-Up
Gilberto Carvalho, the universally popular head of the presidential office, is the sole influential male. Carvalho served Rousseff's predecessor, Lula da Silva, for eight years, and nobody knows their way around the labyrinthine corridors of power better than Carvalho. "Gilbertinho," as Rousseff's women affectionately call him, using the Portuguese diminutive, is something like an older brother to them. They consult him whenever they get tangled up in the minutiae of the state apparatus, and they go to see him when the president has chewed them out. "I'm responsible here for the female part," Carvalho says.
Carvalho recalls that men frequently used macho expressions in the presidential palace in Lula's time. Nevertheless, that didn't stop Lula grooming a woman as his chosen successor. His instincts were spot-on. Rousseff now rules the traditionally male bastion of Brasília with an iron fist.
She has already replaced seven ministers, six of them because of various corruption scandals. The patriarchs in the affected parties in her governing coalition beat their chests and threatened her, but the president refused to be intimidated. Rousseff's political clean-up has clearly been effective. None of her predecessors was as popular a year into their presidency as she is now. It didn't take her long to step out of the shadow of Lula, who had become a national hero. The two still have a warm relationship, and once a month Rousseff visits Lula in Sao Paulo, where he is undergoing treatment for throat cancer.
Different Style
But Brazil's iron lady has a very different style of leadership than her jovial predecessor. "Lula acted on impulse and instinct," Carvalho says. By contrast Rousseff is more distanced from her staff. And she hates wheeling and dealing with party bigwigs, governors and parliamentarians.
Lula would fly to a different corner of his giant county every week, and rarely spent more than two days in the capital. His successor is more likely to be seen at her desk than in the government Airbus. The two are also very different in their approach to foreign policy. Iranian President Mahmoud Ahmadinejad was welcomed with open arms by Lula. But he deliberately avoided Brazil during his Latin American trip last week. That's partly because Rousseff criticized the regime in Tehran even before she came to office because of its medieval treatment of women.
Rousseff lives in Alvorada Palace, the official residence of the Brazilian president, together with her mother and aunt. Her closest confidant is Carlos Araújo, a former guerilla comrade-in-arms who is also her ex-husband and the father of her daughter.
O Globo newspaper dubs the head of state's most powerful staffers "the PT Amazons," in a reference to the Portuguese initials of Rousseff's Workers' Party. The group comprises the chief of staff, the planning minister and the minister for institutional relations, who is responsible for contact with the parliament.
Ruthless Manager
The most well-known face of the trio is Rousseff's ethnic German chief of staff, Gleisi Hoffmann, whose unusual first name is the result of a transcription error on her birth certificate. Her parents had wanted to call her "Grace" in memory of Hollywood star Grace Kelly. The men in Congress initially poked fun at the blonde woman with honey-colored eyes, calling her "Dilma's Barbie." But Hoffmann is a ruthless manager, and quickly whipped the congressmen into shape.
Her main task is to push through major government undertakings that are stuck in red tape or threaten to get held up by parliamentary hurdles. Hoffmann is currently overseeing the funding of the stadiums that will host the 2014 soccer World Cup as well as the expansion of ports and energy projects.
As a young girl she wanted to become a nun. Later she studied Marx and Engels and joined the Communists. At the end of the 1980s she became a member of Lula's Workers' Party. Later she was hired as the finance director of the major Itaipu hydroelectric dam. Staff at the presidential palace recall the time she presented the company's finances to the then-president, Itamar Franco. "Oh, you understand some math!" the old man said in surprise, though he subsequently apologized for his slip of the tongue.

"Women have to work twice as hard as men to get the same recognition," Hoffmann says. Her office in the presidential palace looks far out over the savanna. A spectacular cloudy sky hangs over the green landscape. Photos of her two children stand on the window ledge.
Wearing the Pants
She rarely gets home before 10 p.m., when they are already in bed. A domestic servant looks after them. "That's typical in this country: Women look after women," Hoffman explains. There are about 7.5 million female domestic servants in Brazil's households. "They work harder and have fewer rights than most laborers," Hoffmann adds.
Gleisi Hoffmann's cleaning lady has the weekend off. So the chief of staff shares the housework with her husband, Communication Minister Paulo Bernardo. Gleisi is his superior in cabinet meetings, Bernardo admits, but he insists there's no rivalry between them. "My opponents say nothing has changed for me," he says. "They say that Gleisi was already the one wearing the pants at home."
Translated from the German by Jan Liebelt