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domingo, 29 de setembro de 2013

A marcha do Mercosul (marcha?!; retrocesso, seria o caso de dizer) - Editorial Estadao

Nova fratura no Mercosul

Editorial O Estado de S.Paulo, 28 de setembro de 2013

O Mercosul, já em péssimo estado, sofre mais uma fratura com a decisão do governo uruguaio, anunciada em Genebra, de participar da negociação de um acordo sobre comércio internacional de serviços proposto em 2012 pelos Estados Unidos. Brasil e Argentina permanecem, no bloco regional, como os dois países mais refratários a negociações ambiciosas com parceiros do mundo rico, especialmente quando as discussões envolvem concessões nas áreas de serviços e de investimentos. Além disso, o governo brasileiro tem calibrado sua diplomacia econômica pelos padrões altamente protecionistas da era Kirchner e nada, por enquanto, indica uma alteração nesse comportamento.
O Paraguai foi o primeiro sócio do Mercosul a entrar na discussão do Acordo sobre Comércio de Serviços (Trade in Services Agreement - Tisa). Antes, os governos uruguaio e paraguaio - este suspenso das deliberações do Mercosul - já se haviam ligado como observadores à Aliança do Pacífico, um grupo comercial instituído em junho de 2012 pelo Chile, Peru, Colômbia e México. Um quinto sócio, Costa Rica, poderá acrescentar-se ao bloco até o fim deste ano. Todos os participantes da Aliança têm acordos de livre-comércio com os Estados Unidos.
O Uruguai já se havia antecipado aos parceiros do Mercosul ao formalizar, no fim de 2003, um acordo sobre regras de investimento com os Estados Unidos. Esse pacto foi anunciado em Miami pouco antes do encerramento de uma reunião sobre a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), empreendimento enterrado pouco depois, principalmente, por iniciativa dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner.
Liquidada a Alca, as autoridades americanas avançaram em negociações bilaterais com vários governos do hemisfério. Mais países da região ganharam acesso preferencial ao mercado dos Estados Unidos - alguns já dispunham desse benefício - e concederam aos americanos, em troca, vantagens para concorrer com os brasileiros na América do Sul. Estes foram os grandes perdedores, em consequência da aliança do petismo com o kirchnerismo, até porque os chineses começavam a invadir a região e logo ocuparam espaços importantes.
O maior custo foi para o Brasil, porque o protecionismo argentino distorceu também o comércio no interior do bloco. A distorção continua, porque o governo argentino se acostumou a impor sua vontade às autoridades de Brasília. Parte do empresariado brasileiro, empenhada politicamente em agradar ao governo, passou a tratar com rapapés até o principal articulador das regras de comércio da Casa Rosada, o truculento secretário Guillermo Moreno.
A proposta americana de um acordo sobre comércio de serviços foi apenas uma das iniciativas adotadas para compensar parcialmente a paralisia da Rodada Doha de negociações comerciais. A última grande economia a aderir à nova discussão foi a chinesa. As primeiras ofertas de concessões já foram apresentadas pelos governos dos Estados Unidos e do Japão.
Nos últimos dez anos, Brasília preferiu intensificar os contatos com economias emergentes e em desenvolvimento, algumas com escasso potencial de comércio, sempre respeitando as limitações típicas de uma união aduaneira, no caso, o Mercosul. Mas o bloco, emperrado e fracassado até c0mo zona de livre-comércio, é apenas uma caricatura de união aduaneira. Além de participar das magras iniciativas conjuntas dos sócios do Mercosul, o governo brasileiro decidiu também apostar nas negociações multilaterais da Rodada Doha, enquanto outros países compunham um enorme número de pactos bilaterais e inter-regionais entre economias de todo o mundo.
Se a Organização Mundial do Comércio conseguir na reunião ministerial de Bali, em dezembro, criar as bases para um relançamento da rodada, o Brasil entrará de novo na cena das grandes negociações. Por enquanto, permanece no fundo do palco, em posição modesta, juntamente com a Argentina, assistindo de longe à proliferação de acordos parciais e à negociação do pacto sobre serviços. O mundo avança sem esperar o Brasil.

O estado a que chegamos no Estado das elites incompetentes - Guadencia Torquato

Estou absolutamente convencido que o Brasil só é a porcaria que é -- desculpem o termo brando, ainda vou encontrar outro mais forte -- por causa de suas elites (todas elas, as tradicionais, oligárquicas, as " empreendoras", supostamente modernizantes, e as elites companheiras, que se refestelam nas riquezas criadas por outros, e das quais eles vão se apropriando como ratazanas famintas), que são incompetentes, ineptas, rentistas, mandarinescas, ladravazes, ignorantes, irresponsáveis, etc., etc., etc.
Um país se faz com elites e livros: infelizmente o Brasil não tem nem umas, nem outros...
Paulo Roberto de Almeida

Insensatez e desfaçatez

GAUDÊNCIO TORQUATO - O Estado de S.Paulo, 29/09/2013

Não dá para acreditar, mas esta verdade é bem brasileira: a União ofereceu a um pobre agricultor do Piauí, Nelson Nascimento, de 67 anos, R$ 5,39 (isso mesmo) pela indenização de sua propriedade, que corta o traçado da Ferrovia Transnordestina, uma das principais obras do PAC. A quantia, equivalente a menos de um centavo por metro quadrado, é metade do custo de uma passagem para Nascimento tomar um ônibus, no quilombo Contente, e ir ao Fórum da cidade, Paulistana, contestar o "rico dinheirinho".
A ferrovia, promessa do governo Lula, começou com orçamento de R$ 4,5 bilhões, as obras estão pela metade e o custo hoje seria mais de R$ 8 bilhões. Trata-se de um empreendimento privado, com execução pelo governo federal. A Secretaria de Transportes do Piauí, responsável pelas desapropriações, garante que o preço da indenização segue "as normas à risca". O Dnit, que firmou o convênio com a secretaria, confirma que o cálculo de R$ 5,39 obedeceu "a parâmetros usados em todas as desapropriações".
A trombeta da Justiça anuncia o veredicto: o Estado de Direito vence por nocaute o Estado do bom senso. E assim a nau da insensatez vai multiplicando seus hóspedes a cada porto em que atraca, particularmente naqueles onde as águas do nosso oceano se apresentem revoltas em razão de choques entre as correntes humanas e os braços do Estado. As ondas acabam arrebentando sobre os diques do Judiciário, que, por sua vez, estribado na interpretação das normas, nem sempre consegue equilibrar a balança da justiça, usando o peso do entendimento de Spinoza de que "justiça é uma disposição constante da alma a atribuir a cada um o que lhe cabe de acordo com o direito civil". Pior é ver que a balança dos justiceiros não raro pende para um lado, desequilibrando o sistema de freios e contrapesos, engenhosa construção que o barão de Montesquieu criou para harmonizar os Poderes.
Um exemplo? O "palpitômetro" montado para combater o Projeto de Lei 4.330/2004, que trata da terceirização de serviços, em debate na Câmara dos Deputados, e visa a formalizar a situação de 15 milhões de trabalhadores, hoje sob a égide da ultrapassada Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Pois bem, o verbo contra esse projeto legislativo não só foi encampado pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, como recebeu o endosso de 19 ministros do TST, cuja assinatura em manifesto público escancara a tese de um prejulgamento. Imagine-se como se comportaria a plêiade de altos juízes ante a eventual aprovação de uma lei pelo Poder ao qual, de direito, cabe legislar. Sua decisão seria justa? Não estamos diante de um flagrante de controle prévio de constitucionalidade? Bacon (1561-1626) já ensinava que cabe ao magistrado jus dicere, e não jus dare - interpretar leis, e não dar ou fazer leis.
Analisemos, porém, a tese de que o juiz, como cidadão da polis, pode ser qualificado como ente político, agregando a condição de participar do processo político e opinar sobre os destinos da sociedade. Vamos ao cerne da questão. Não há dúvida quanto à identidade política do juiz, mas haverá de prevalecer em seu sistema decisório o múnus da judicatura, que abriga princípios e valores, a começar da integridade, virtude que os caracteriza. Em O Espírito das Leis, Montesquieu alertava: "Se o poder de julgar estiver unido ao Poder Executivo, o juiz terá a força de um opressor". Imagine-se, agora, uma estrutura de administração da justiça atrelada às pressões de grupos de interesses, organizações corporativas, lideranças políticas e se deixando levar pelas correntes quentes das paixões. O momento nacional sugere que façamos um mergulho nessa hipótese.
A insensatez faz-se presente na vida de outros figurantes da vida institucional. Entorta seus passos em variadas instâncias. Veja-se o caso do Ministério Público (MP), com sua função essencial à justiça, constituído por um batalhão de guerreiros em defesa da sociedade, muitos ainda jovens, mas tocados pela chama cívica. Projetos de magnitude, vitais para o desenvolvimento do País, são retardados ou mesmo se tornam inviáveis por ações impetradas pelo MP, com base em irregularidades apontadas na concessão de licenças ambientais. Recorrente indagação: os processos não estariam contaminados por vieses ideológicos, visões ortodoxas, erros de análise ou mesmo falta de informações?
Multiplicam-se queixas contra o Ibama, o órgão de licenciamento ambiental. Recorde-se o caso da perereca de dois centímetros encontrada na Floresta Nacional Mário Xavier, em Seropédica, entre a Via Dutra e a antiga Rio-São Paulo, que atrasou em um ano e meio as obras do Arco Metropolitano - 77 km de pistas que ligam Itaboraí ao Porto de Itaguaí. Solução? Um viaduto sobre o lago das pererecas. Há mais de 1.600 processos de licenciamento em curso, o que cria suspeitas sobre as razões da excessiva morosidade.
E a que atribuir o fato de a Petrobrás ter gasto US$ 1,18 bilhão, em 2009, na compra de uma refinaria em Pasadena, no Texas (EUA), que custou, em 2005, US$ 42,5 milhões? Má gestão ou "possível compra superfaturada de ações pela Petrobrás", nos termos do Ministério Público Federal?
Da insensatez para a desfaçatez o salto é menor que o da perereca fluminense. É só olhar para o Ceará, onde o governo do Estado pagou caro artistas contratados para shows. Chegaram a custar até oito vezes mais que o preço pago em outros Estados. Na inauguração de um hospital em Sobral, o cachê da cantora Ivete Sangalo foi de R$ 650 mil. Um mês depois uma chuva derrubou a fachada do estabelecimento. Na abertura de um centro de eventos, o tenor Plácido Domingo embolsou R$ 3,1 milhões. Artistas desse porte devem ganhar isso mesmo. A questão é saber se um Estado carente de serviços básicos pode esbanjar seus parcos recursos. Ora, no Brasil, tudo é possível.
GAUDÊNCIO TORQUATO É JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP,  CONSULTOR POLÍTICO DE COMUNICAÇÃO. TWITTER: @GAUDTORQUATO

Capitalista queridinho dos companheiros em calote NUNCA ANTES visto no Brasil, e no mundo...

Pois é, desde o início, quando esse capitalista promíscuo via o dinheiro brotar em árvores, plantadas pelos companheiros, eu achei que algo não iria dar certo. Era mais um esquema Ponzi alimentado com dinheiro público (BBDES, em grande medida) e em fundos que deveriam ser privados, mas que estavam sendo administrados pela nova classe, a nomenklatura das máfias sindicais, ou a burguesia do capital alheio, como diz um outro jornalista.
A matéria não indica quem está perdendo dinheiro com a quebradeira geral desse capitalista aventureiro que subiu como NUNCA ANTES, e desceu idem. Mas aposto como muitos companheiros vão se sentir frustrados. E muitos ingênuos, claro, entre eles capitalistas estrangeiros, que talvez também acharam que dinheiro poderia dar em árvores.
Bem feito...
Paulo Roberto de Almeida

OGX de Eike Batista prepara calote recorde de US$ 44,5 milhões

Mercado financeiro já dá como certo que empresa petroleira não pagará valor referente a juros que vence na terça-feira, dia 1



Clarissa Mangueira, da Agência Estado, 29/09/2013
SÃO PAULO - A empresa OGX Petróleo e Gás do empresário brasileiro Eike Batista está planejando não pagar juros no valor de US$ 44,5 milhões de um bônus que vencerá na próxima terça-feira,1, afirmou uma fonte. O calote dos juros já é amplamente esperado pelo mercado financeiro.

A OGX tem US$ 3,6 bilhões em bônus em circulação, e o calote (default) total da companhia será o maior já feito por uma empresa latino-americana.

O recorde é detido atualmente pelo Banco de Galicia y Buenos Aires S.A., da Argentina, que não pagou uma dívida de US$ 1,9 bilhão em 2012, de acordo com um relatório da Moody's Investors.

Nenhum porta-voz da OGX não foi encontrado para comentar o assunto. A companhia contratou consultores financeiros para reestruturar sua dívida, que inclui US$ 1,06 bilhão em bônus que vencem em 2022, e US$ 2,6 bilhões em bônus com vencimento em 2018.

O pagamento que vence no dia 1 de outubro, terça-feira, é dos juros sobre bônus para 2022, enquanto os bônus para 2018 têm um pagamento de cupom que vence em dezembro.

A companhia planeja pular a data do pagamento dos juros na terça-feira e aproveitar o período de carência para concluir negociações sobre a reestruturação da dívida, afirmou a fonte.

De acordo com as regras estabelecidas no prospecto para o bônus, após o calote do pagamento dos juros, a OGX ainda tem 30 dias para "sanar" o problema antes de sofrer qualquer punição.

Os principais credores da OGX já esperam um calote na terça-feira e desejam continuar as negociações sobre alternativas financeiras para a companhia, disse outra fonte.

A OGX pode também escolher entrar com um pedido de recuperação judicial nas próximas semanas, mas provavelmente perto do fim do período de carência, nos últimos dias de outubro, afirmou a primeira fonte. "Hoje, há 80% de chance de que a OGX buscará uma proteção judicial em breve", acrescentou.

Eike Batista, que já foi o homem mais rico do Brasil, perdeu a maior parte de sua fortuna nos últimos 15 meses em meio a uma profunda crise financeira desencadeada pela perda de confiança em sua capacidade de financiar o enorme conglomerado de infraestrutura que ele criou a partir do zero na última década.

A OGX precisa atualmente de até US$ 500 milhões e não tem acesso a novas linhas de crédito, afirmou uma fonte. A situação foi discutida com consultores financeiros em reuniões realizadas em Nova York, revelaram várias fontes.

A companhia levantou US$ 4,1 bilhões, em 2008, em uma Oferta Pública Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês). Em 2012, a OGX iniciou seu rápido declínio após dizer que não conseguiria cumprir as expectativas extraordinárias de produção que estabeleceu. No início deste ano, a empresa disse finalmente que a maior parte de seus campos de petróleo não eram economicamente viáveis e que tinha decidido paralisar atividades de desenvolvimento.

O valor das ações da empresa recuou mais de 90% até agora no ano. Os bônus da OGX estão sendo negociados atualmente por menos de US$ 0,18, em um reflexo das expectativas de que a companhia não honrará suas dívidas.

A OGX contratou as empresas de consultoria financeira Lazard e Blackstone Group para desenvolver alternativas de reestruturação com os credores, segundo fontes. Os credores da OGX já assinaram acordos de não divulgação, o que permitirá que eles revisem as informações não-públicas da empresa e tomem medidas na direção de um acordo de reestruturação, disse uma outra fonte. Com informações da Dow Jones Newswires.

Nova Kultura dos kompanheirus - Gustavo M. Fernandes



lula

Gustavo Miquelin Fernandes
“Os Ínclitos” era um grupo sediado na cidade de Paraty, Brasil, criado analogicamente ao “The Inklings” aquele ligado a Oxford, cujo objetivo, por aqui entre nós, era fazer a discussão da boa e alta Literatura tupiniquim.
E assim foi feito. O grupo de intelectuais foi crescendo, em latitude e longitude, transmudando aquela porca coisa de Bruno Tolentino e Machado em algo diametralmente superior e, o melhor, com um olhar mais ao social, mais ao país mesmo – já que Literatura deve, sim, ser mais um instrumento para o melhoramento de um povo.
Logo o círculo de altos estudos “Os Ínclitos” se tornou o centro irradiador da grossa intelectualidade e alta cultura do Continente Americano.
De início arrostou alguma dificuldade mais séria. Todo grupo em vias de crescimento tem esse tipo de obstáculo. Mas o patrimônio nacional foi imediatamente mobilizado para  alavancá-lo com forte patrocínio e o grupo salvador já não mais teria dificuldade financeira. A Caixa Federal e a Petrobras encabeçaram esse bonito projeto que já chamava a atenção de nossos vizinhos.
Todo Cone Sul estrepitou-se e, em visitas periódicas, tratarem de fazer uma parceria bem da umbilical e copiaram o modelo. Afinal, Literatura é o instante mágico que o cérebro torna-se mente, que torna-se espírito, que torna-se palavras, que novamente torna-se mente. Isso tudo constava das atas do grupo, bastante difundidas para toda população – orgulhosa que entendia não somente as figurinhas e ilustrações.
As pautas eram assustadoramente densas e riquíssimas em conteúdo.
Jovens uspianos e unespianos formavam grupos aos magotes nos recintos ricamente adornados com emblemas de estatais e, cá e ali, retratos em moldes do novo estilo neo-bolivaripetistomarxistosocialdesenvolvimensalistasulamericano, de escritores e filósofos como George Lukacs, alguns motoqueiros em poses sedutoras, munidos romanticamente com pistolas e fuzis. Não era violência, era arte da mais alta sofisticação.
A sedução era tanta que trataram de não descuidar da nossa infância pobre em intelectualidade literária. Era preciso expandir a capacidade imaginativa dos infantes. Foi criado, com apoio da Livrobras (estatal que apoiaria a criação e difusão do neo-literalismo) e ANLIVRO (agência reguladora da espécie) a sala “Turma da Mônica”, onde seu vestidinho vermelho ganhou uma estrelinha bem na altura do peito. Foi criado o PAL (Projeto de Aceleração da Literatura) para alavancar a nova ordem intelectual.
O Brasil tornou se a Capital Sul-Continental da Literatura. Era a super-literatura. Alguns países não endossaram o modelo; o Chile pedia mais detalhes do projeto, mas o Ministério da Educação rompeu diplomaticamente com aquele, chamou o embaixador de volta e tratou de aplicar uma provinha para ver se fora contaminado com tamanho analfabetismo social, cultural e literário.
As reuniões eram densíssimas. E o conteúdo programático embotado de sabedorias, quase que iniciáticas em níveis deveras elevados.
As atas, no apogeu do grupo, davam conta de uma brutal discussão do gênero misticista-esotérico inaugurador de uma nova ordem cultural, onde bruxos dominariam escritores e a alquimia mandaria todas as páginas, letras e rascunhos para um certa dimensão do espaço etérico cósmico.
Paulo Coelho era a grande sensação e sua cara já ilustrava moedas correntes no país.
O tradicionalismo, nessa época de mudanças rápidas e de uma nova espiritualização pelas letras e alta cultura deveria ser fortemente combatido. Clássicos sofreriam sua especial “noite de São Bartolomeu”. Tudo que era clássico era considerado um “kitsch relutante”, um “démodé reiterativo” e já definanhava no inconsciente coletivo daquele povo já tão bem aculturado. Épocas de boas mudanças.
O gigante Fiodor alquimisticamente transformado em um poeta menor, fruto de um conluio grafo-elitista foi devidamente desmascarado em praça pública; era um analfabeto funcional e, sobretudo, social.
Onde se lia “Os Demônios” se leria “o Aleph”. E ponto final – opcional, já que o anarco-grafismo e a licença poética eram assuntos bem aventados e já assentados como direitos inalienáveis de um povo, tese defendida por Marilena Chauí no Congresso “Como a classe média destruiu a Literatura”.
Na sala “E. L. James”, os 67 ghostwriters da coalizão governista, que já durava 25 anos, foram, numa noite emocionante, agraciados com o prêmio “Cágado Vermelho” pelos relevantes serviços prestados a toda América Latina – um continente unido pela cultura e transformação social.
O Governo distribuía almanaques para toda população, com conteúdos essenciais à promoção da “intelectualidade ativista e social” – nos dizeres oficiais.
O MEC apoiava o grupo e já repassa pingues verbas, já que o Ministro (que se honrava de no passado ter sido palhaço e ser o deputado mais votado do Brasil) considerava que aquilo era uma revolução no“pensamento geral de um povo socialmente coletivo unido em torno de uma estratégia comum de desenvolvimento generalizado para todos”.
O Ministério dos Livros tratou logo de fazer uma propaganda: “Brasil: Leia ou Deixe-o”. Jornais como “O mestre Keynes” passou circular gratuitamente produzidos pela estatal JornalBras.
O MEC também lançou o periódico “O Pravdão”, tendo como editor-chefe Franklin Martins, que insistia que o povo lia pouco, e que as elites abocanhavam os operários pelo vácuo intelectual.
Os “burokratas” todos intelectuais 5 estrelas (sim, os pensadores eram devidamente catalogados) insistiam num novo regime que estava se instaurando. E regozijavam-se. A miséria intelectual fora vencida. O espaço estava aberto para uma reforma política mais ousada, do tipo social, claro, em que os pobres teriam vez nas discussões.
De fato, o analfabetismo passava da casa dos 54%, mas o povo era culto, instruído e lia mais.
O Brasil era outro. Mas era preciso fazer mais… 
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Advogado e Articulista do Liberdade Econômica.
Está à disposição para responder dúvidas e questionamentos a respeito de temas como Direito, Política, Liberdade, Democracia e Economia, através de seu e-mail
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Cuba: antes e depois dos Castro...

O que aconteceu com Cuba?

Entre 1825 e 1897, entre 60 e 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior vieram de Cuba.
Antes do final do Século XVIII Cuba aboliu as touradas por considerá-las "impopulares, sanguinárias e abusivas com os animais".
O primeiro bonde que circulou na América Latina foi em Havana em 1900.
Também em 1900, antes de qualquer outro país na América Latina foi em Havana que chegou o primeiro automóvel.
A primeira cidade do mundo a ter telefonia com ligação direta (sem necessidade de telefonista) foi em Havana, em 1906.
Em 1907, estreou em Havana oprimeiro aparelho de Raios-X em toda a América Latina.
O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio a casais em conflito foi Cuba, em 1918.
O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca, que, por sua vez, foi o primeiro campeão mundial de xadrez nascido em um país subdesenvolvido. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921-1927.
Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitirum concerto de música e apresentar uma notícia pelo rádio.
A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana: Esther Perea de la Torre. Em 1928, Cuba tinha e 61 estações de rádio, 43 deles em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, perdendo apenas para os EUA, Canadá e União Soviética. Cuba foi o primeiro no mundo em número de estações por população e área territorial.
Em 1937, Cuba decretou pelaprimeira vez na América Latina, a jornada de trabalho de 8 horas, osalário mínimo e a autonomia universitária.
Em 1940, Cuba foi o primeiropaís da América Latina a ter um presidente da raça negra, eleita por sufrágio universal, por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca. Ela se adiantou em 68 anos aos Estados Unidos.
Em 1940, Cuba adotou a mais avançada Constituição de todas as Constituições do mundo. Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres trabalharem.
O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba. Ela se antecipou à Espanha em 36 anos, que só vai conceder às mulheres espanholas o direito de voto, o posse de seus filhos, bem como poder tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, o que só ocorreu em 1976.
Em 1942, um cubano se torna o primeiro diretor musical latino-americano de uma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Oscar norte-americano. Seu nome: Ernesto Lecuona.
segundo país do mundo aemitir uma transmissão pela TV foi Cuba em1950, poucos meses antes do Brasil. As maiores estrelas de toda a América, que não tinham chance em seus países, foram para Havana para atuarem nos seus canais de televisão.
O primeiro hotel a ter ar condicionado em todo o mundo foi construído em Havana: o Hotel Riviera em 1951.
Em 1954, Cuba tem uma cabeça de gado por pessoa. O país ocupava a terceira posição na América Latina (depois de Argentina e Uruguai) no consumo de carne per capita.
Em 1955, Cuba é o segundopaís na América Latina com a menortaxa de mortalidade infantil (33,4 por mil nascimentos).
Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo (apenas 23,6%). As taxas do Haiti era de 90%; e Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana todos com 50%.
Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos per capita (1 por 957 habitantes);, com o maior percentual de casas com energia elétrica, depois Uruguai; e com o maior número de calorias (2870) ingeridas per capita.
Em 1958, Cuba é osegundopaís do mundo a emitir uma transmissão de televisão a cores.
Em 1958, Cuba é o país da América Latina commaior número de automóveis (160.000, um para cada 38 habitantes). Era quem mais possuíaeletrodomésticos. O país com o maior número de quilômetros de ferroviaspor km2 e o segundo no número total de aparelhos de rádio.
Ao longo dos anos cinqüenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugar em internações per capita na América Latina, à frente da Itália e mais que o dobro da Espanha.
Em 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6,5 milhões de habitantes, Cuba era29ª economia do mundo.
Em 1959, Havana era a cidade do mundo com omaior número de salas de cinema: (358) batendo Nova York e Paris, que ficaram em segundo lugar e terceiro, respectivamente.

E depois o que aconteceu?

Veio a Revolução... comunista! e hoje... Resta o desespero de umapopulação famintasem liberdade nem mesmo de abandonar o país, sem dignidade, onde a atividade que mais emprega é a prostituição.
Esse mesmo regime que destruiu CUBA é o projeto petista para o Brasil.
O pior é que por desconhecimento, muitos ainda  apoiam  esse  partido.