Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
Ah, esses românticos que não sabem nada e pretendem salvat a humanidade dela mesma. O João Luiz Mauad critica, com razão essa tal de Hora da Planeta, que é para todo mundo, carneiramente, apagar as luzes e ficar em silêncio, contemplando o escuro. Eu sou lá de perder meu tempo com bobagem? Vou ficar lendo e trabalhando, como sempre faço. Eu sinceramente acho inócuo todos esses gestos. A humanidade pode
poupar, pode produzir, pode mudar técnicas de produção e distribuição de
energia, com base na criatividade humana, e nas necessidades
econômicas. Estas são muito bem sinalizadas pelo sistema de preços. Quando alguma coisa é valiosa, e rara, não tenho nenhuma dúvida de que
seu preço será alto. E alguém, que não pertence à tribo de ingênuos
dos ecologistas românticos, inventará uma forma de ganhar dinheiro
oferecendo energia mais barata. Simples assim. São os governos que
impedem as melhores soluções, interferindo no mecanismo de preços. Esta
noite, portanto, em lugar de ficar no escuro, use sua energia para se
informar um pouco mais sobre as soluções de mercado que vão trazer
energia mais barata, desde que burocratas governamentais e ecologistas
românticos não atrapalhem..
Vindo do trabalho, a caminho de casa, ouço no rádio a notícia de que, na noite deste sábado, 28 de março, a ONG WWF promoverá, ao redor do mundo, mais um “Earth Hour” (Hora do Planeta), pedindo que as pessoas apaguem as luzes durante uma hora (entre 8:30h e 9:30h) para despertar a conscientização sobre o problema do aquecimento global.
O objetivo da “Hora do Planeta”, de acordo com seus organizadores, é incentivar as pessoas a pensar sobre como elas podem reduzir seu consumo de energia. O evento em si tem pouco efeito sobre as emissões de carbono, mas o que importa, segundo os organizadores, é o seu significado simbólico, inspirando as pessoas a tomar ações concretas para reduzir as suas “pegadas de carbono”.
O que nunca é mencionado é o fato de que a redução dos gases de efeito estufa no volume pretendido pelos ativistas do aquecimento global seria, em si, uma catástrofe para a humanidade. Os políticos e os ambientalistas, incluindo aqueles por trás da “Hora do Planeta”, não estão pedindo que as pessoas simplesmente apaguem algumas lâmpadas, mas uma redução verdadeiramente maciça nas emissões de carbono: algo como 80% abaixo dos níveis de 1990. Como a energia consumida no mundo é predominantemente à base de carbono (os combustíveis fósseis representam perto de 85% da produção mundial de energia), isso significa necessariamente uma redução drástica em nosso consumo de energia.
Poucas pessoas têm uma noção clara do que isso significaria na prática. Nós, cidadãos do mundo industrializado, raramente nos damos conta do quanto nos beneficiamos do uso de combustíveis fósseis, em cada minuto dos nossos dias. Nós dirigimos nossos carros para o trabalho, temos nossas residências e escritórios refrigerados e iluminados, alimentamos nossos computadores e inúmeros outros aparelhos domésticos, e contamos com bens e serviços indispensáveis que só a energia abundante, confiável e barata dos combustíveis fósseis torna possível: hospitais, supermercados, fábricas, fazendas, telecomunicações, etc.
É difícil para nós sequer imaginarmos o grau de sacrifício e de danos que as políticas de redução de emissões de CO2 requeridas pelos ativistas do aquecimento global nos causariam. Se consumimos hidrocarbonetos, é porque eles nos garantem níveis de prosperidade, conforto e mobilidade como nenhum outro combustível. A energia deles obtida melhora nossa saúde, reduz a pobreza, permite uma vida mais longa, segura e melhor. Ademais, o petróleo não no fornece somente energia, mas também plásticos, fibras sintéticas, asfalto, lubrificantes, tintas e uma infinidade de outros produtos.
“O petróleo talvez seja a mais flexível substância jamais descoberta,” escreveu Robert Bryce em “Power Hungry”, um livro iconoclástico sobre energia. “O petróleo”, diz ele, “mais do que qualquer outra substância, ajudou a encurtar distâncias. Graças à sua alta densidade energética, ele é o combustível quase perfeito para a utilização em todos os tipos de veículos, de barcos a aviões, de carros a motocicletas. Não importa se medido por peso ou volume, o petróleo refinado produz mais energia do que praticamente qualquer outra substância comumente disponível na natureza. Essa energia é, além de tudo, fácil de manusear, relativamente barata e limpa”. Caso o petróleo não existisse, brinca Bryce, “teríamos que inventá-lo”.
Os participantes da “Hora do Planeta” passarão por agradáveis 60 minutos no escuro, mas ao mesmo tempo terão a certeza de que o conforto e outros benefícios da civilização industrial estarão apenas a um interruptor de distância. Em resumo, as pessoas permanecerão absolutamente ignorantes a respeito das conseqüências práticas das políticas draconianas de redução de emissões de carbono que os ativistas do aquecimento global exigem.
Aqueles que afirmam que é preciso reduzir em 80% as emissões de dióxido de carbono deveriam tentar passar não uma hora, mas um ano no escuro, sem aquecimento, sem refrigeração, sem eletricidade, sem utilizar quaisquer equipamentos úteis para economia de trabalho e de tempo, enfim, produtos de poupança de energia que só a civilização industrial tornou possível.
Minha sugestão é que mandemos todos esses ativistas passar alguns meses morando na Coréia do Norte, onde a “Hora do Planeta” dura o ano inteiro. Depois dessa experiência, se eles voltarem à civilização ainda com as mesmas idéias, a gente conversa.
Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.
Parece que deu chabu na fabulosa "Nova Matriz Econômica".
OK, não vou tripudiar muito, deixo para meu amigo Roberto Ellery, que faz uma primeira análise dos resultados divulgados pelo IBGE no seu blog, de onde copio esta postagem.
Pelos meus cálculos, nosso PIB per capita caiu de pouco mais de 10 mil dólares para menos de 9 mil dólares: o pessoal não vai poder abusar nem em Paris, nem em Miami...
Ele mesmo diz que serão precisos números mais detalhados para saber onde foi parar o investimento, que desapareceu por completo do cenário à vista. Pode ser que demore uns dois ou três anos para aparecer de novo. Mais um crime econômico companheiro...
Paulo Roberto de Almeida
Blog do Roberto Ellery, sábado, 28 de março de 2015
Comentários a respeito dos números do PIB de 2014.
Ontem o IBGE divulgou os resultados do PIB de 2014 (link aqui). O crescimento
de 0,1% ficou abaixo das expectativas do mercado em 2014 (reforçando a tese que
o mercado é otimista) e muito abaixo da previsão do governo. Em janeiro de 2014
o mercado previa um crescimento do PIB de 2,28% (link aqui), a previsão foi
caindo até chegar em 0,14% em dezembro de 2014 (link aqui), só a partir de 2015
o mercado passou a trabalhar com previsão de redução do PIB. Ainda não tenho
informações de quanto seria o crescimento do PIB sem a mudança metodológica. A
previsão feita pelo governo de crescimento de 4% em 2014 (link aqui) mostrou-se
simplesmente absurda e desconectada da realidade, uma obra de ficção ruim.
A tabela abaixo (que está na página do IBGE) mostra a
decomposição da taxa de crescimento do PIB tanto pela ótica da produção quanto
pela ótica da despesa. Pela ótica da produção o setor de serviços, que corresponde
a aproximadamente 60% da economia, cresceu 0,7% e foi o que teve melhor desempenho
em 2014. O fato do setor com maior crescimento ter crescido apenas 0,7% mostra
o desastre que foi o crescimento da economia em 2014. Ainda em relação a serviços
fica evidente que os que afirmaram que a Copa do Mundo levaria a um forte crescimento
dos serviços estavam errados. Conforme eu falei aqui no blog e em entrevista a
Alexandre Garcia no Espaço Aberto da Globonews (link aqui) a Copa do Mundo é
uma festa, podemos nos orgulhar de dar uma festa bonita, mas não podemos
esperar ficar mais ricos dando festas.
Na outra ponta ficou a indústria. O setor encolheu 1,2% e mais
uma vez puxou para baixo o crescimento do país. A gigantesca desvalorização do
real bem como a tentativa frustrada de reduzir juros na marra não foram capazes
de reverter o encolhimento da indústria, pelo contrário. A indústria de transformação,
alvo de várias políticas do governo, diminuiu 3,8% em 2014, o crescimento de 8,7%
da indústria extrativa mineral foi quem evitou um desastre ainda maior na
indústria como um todo. A se confirmar a crise no setor de petróleo no mundo e
se a crise da Petrobras não for contornada os resultados de 2015 para indústria
podem ficar bem piores que os de 2014. Ao contrário do ano passado onde um
desempenho excepcional da agropecuária “salvou” o crescimento do PIB (link aqui)
este ano a o setor, que corresponde a aproximadamente 5% da economia, também
teve um desempenho medíocre, cresceu 0,4%. Em resumo nenhum dos setores da
economia mostrou força para puxar o crescimento do PIB.
Pela ótica da demanda o consumo das famílias, correspondendo
a aproximadamente 62% do PIB, cresceu 0,9% e o consumo do governo,
aproximadamente 20% do PIB, cresceu 1,2%. Que o consumo do governo tenha crescido
bem mais que o consumo das famílias é um indício forte do que vivemos no
Brasil. Um ajuste fiscal focado em corte de transferências para as famílias e
aumento de impostos pode levar a um desequilíbrio ainda maior entre o
crescimento do consumo das famílias e o crescimento do consumo do governo,
grosso modo é como se estivéssemos sacrificando nosso consumo para permitir o
aumento do consumo do governo. Porém o número que mais impressiona na ótica da
despesa é a queda de 4,4% no investimento. A taxa de investimento no Brasil é
baixa e está caindo, é difícil crescer sem produtividade (link aqui) e sem
investimento. Sobre a queda do investimento chama atenção que o ativismo do
BNDES mais uma vez não foi capaz de mostrar resultados sequer na taxa de
investimento. O que mais será preciso para o governo assumir publicamente e de
uma vez por todas que o BNDES age de forma cara e ineficiente?
A eficácia da desvalorização do câmbio fica aberta a
questionamento à luz do fato que as exportações da indústria automobilística
foram destaque negativo em 2014. A queda nas importações de máquinas e
equipamentos reforça a tese que a os empresários não estão dispostos a investir
e sugere que se não foi capaz de estimular a indústria, como esperavam os
defensores da moeda fraca, a desvalorização cambial do primeiro governo Dilma
pode ter dificultado a importação de máquinas e equipamentos e, portanto, contribuído
para reduzir o investimento e a adoção de novas tecnologias incorporadas em
máquinas e equipamentos. Ressalto que este comentário contém muita especulação
e só estudos mais cuidadosos feitos com mais dados permitirão uma análise
adequada dos efeitos da desvalorização do câmbio na economia.
A verdade é que os números de 2014 mostram uma economia em
crise. O PIB per capita, variável relevante do ponto de vista econômico,
encolheu em 0,7% e caiu para R$ 27.229. A combinação de uma inflação 6,4% e uma
redução no PIB per capita deixa indiscutível que 2014 foi um ano muito ruim
para a economia. Mais grave, as expectativas do mercado e do governo apontam
para um 2015 ainda pior, inclusive com fortes chances de aumento na taxa de
desemprego. Se considerarmos que mesmo após as mudanças metodológicas do BNDES
o governo Dilma apresentou uma das menores taxas de crescimento da história
recente e a menor desde a estabilização é muito provável que segunda década do
século XXI seja uma nova década perdida. Não precisava ser assim...
Cadê o crescimento que estava aqui?
O gato comeu?
Claro que não. Os companheiros estragaram tudo, com suas políticas econômicas ineptas, incompetentes, no limite criminosas, ao comprometer o futuro do país gastando muito mais do que se arrecada...
Paulo Roberto de Almeida
Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Relativo ao Período de 1964 a 2014 em Percentuais do PIB Períodos Média/Ano 1964/84: 6,29 1985/89: 4,38 1990/94: 1,40 1995/02: 2,36 2003/10: 4,05 2011/2014: 2,12 Fonte de Consulta IBGE.
1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 6,29% ao ano. 2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,38% ao ano. 3 – Nos 5 anos dos governos Collor e Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 1,40% ao ano. 4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,36% ao ano. 5 – Nos 8 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,05% ao ano. 6 – No governo Dilma (2011/2014) o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,12% ao ano.
Quais
são os ensinamentos que uma visão de longo prazo sobre a desigualdade na
América Latina nos oferece? [1] Sem dúvida
muitos, e vários deles de grande utilidade para pensar os desafios do presente.
Estas são algumas das conclusões decorrentes da leitura das apresentações
realizadas no seminário “A
inequidade na América Latina a longo prazo”, organizado pelo BID, pelo
Banco Mundial e pela Cepal no auditório do Instituto para a Integração da
América Latina e do Caribe (BID-Intal) em Buenos Aires, de 3 a 5 de dezembro de
2014. Entre outras contribuições, a perspectiva temporal nos permite observar o
peso que variáveis como a educação, a política tributária, a propriedade da
terra, a configuração das elites, as diferentes estratégias econômicas e os
fatores demográficos e naturais tiveram sobre a equidade, ao mesmo tempo que
nos permite discernir o que aconteceu com as desigualdades de classe, gênero e
étnicas ao longo da história. Neste artigo, baseado nas principais descobertas
de um grupo de trabalhos apresentados no seminário, em primeiro lugar se fará
referência à controvérsia central sobre a história da desigualdade da região e
às mais recentes contribuições apresentadas a esse respeito. A seguir, será
analisada em perspectiva temporal a evolução das desigualdades de gênero e
étnicas. E, por último, se abordará um exemplo de trajetória de longo prazo da
desigualdade, finalizando o artigo com algumas reflexões sobre o uso da
história para ajudar a pensar os desafios do presente.
Se
há consenso sobre o aumento registrado nas desigualdades de renda nas últimas
décadas do século 20 na região, à medida que olhamos mais para o passado, as
posturas divergem. De todo modo, a perspectiva mais aceita entre os
historiadores é a que remete as inequidades à época da Colônia. Em termos
gerais e com nuances entre os diversos autores, essa perspectiva se baseia no
caráter extrativo da economia colonial, nas restrições ao desenvolvimento
econômico que as coroas espanhola e portuguesa impuseram às suas colônias, na
estrutura da propriedade da terra e na poderosa configuração de elites locais
que depois se cristalizou nas repúblicas nascentes em forma de instituições,
estrutura de classes e coalizões de poder que perpetuaram e reforçaram as
desigualdades anteriores. A apresentação de Luis Bértola no seminário
aprofundou-se nessa linha argumentativa. Ele defendeu a necessidade de observar
a desigualdade passada não só com relação à renda, mas também em uma perspectiva
ampla, incluindo a estrutura social da colônia, em particular, a existência de
escravos e de outras formas de subordinação e servidão, restrições à cidadania
e ao acesso à terra, entre outras dimensões. E, embora estes elementos pudessem
não se refletir na renda, sem dúvida constituíam formas de desigualdade
profundas. Por outro lado, assinalou que o problema da região a partir do
século 19 foi principalmente a volatilidade econômica, já que os avanços e os
retrocessos do desenvolvimento representaram profundas flutuações em termos de
desigualdade. Além disso, destacou a necessidade de revisar a relação entre
crescimento e desigualdade, afirmando que, pelo que parece, para crescer a
região teve que gerar desigualdade, mas que, por sua vez, essa desigualdade foi
uma base frágil para conseguir um crescimento sustentável. Passando para os
casos nacionais, a título de exemplo, a apresentação de Jorge
Gelman e Daniel Santilli sobre Buenos Aires da colônia até o fim do
século 19 seguiu em termos gerais essa perspectiva de desigualdade com raízes
históricas.
Uma perspectiva diferente foi sustentada por Jeffrey
Williamson na sua apresentação (Gráfico 1). A partir da construção de
uma série de dados de longa duração (os primeiros datam do século 15) ele
afirma que nos primeiros anos da conquista a produção de excedente era muito
baixa para produzir desigualdades expressivas. Esta aumenta só a partir do
século 17, mas até fins do século 19 se mantém abaixo da inequidade registrada
nesse momento na Europa e nos Estados Unidos. Depois da Primeira Guerra Mundial
é que a região começará a elevar seus níveis de inequidade, ao mesmo tempo que
a Europa começará a diminui-los. A pergunta é o que aconteceu depois de 1910
que levou a esse aumento da desigualdade na região que persiste até hoje. A
apresentação de María
Gómez León, a partir de uma visão metodológica nova sobre a estrutura
de classes do Brasil de 1839 a 1950, pode se inscrever nesta linha
argumentativa. Seu trabalho identifica períodos da história brasileira
caracterizados por um crescimento da classe média junto com um declínio nos
níveis de desigualdade, particularmente no final do século 19 e início do 20.
Assim, a imagem tradicional de um Brasil caracterizado por uma estrutura social
polarizada é questionada.
A
desigualdade latino-americana é uma persistência histórica?
Gráfico 1
A
apresentação de Pablo
Astorga sobre a desigualdade funcional na América Latina entre 1900 e
2011 também leva à revisão de certas ideias sobre o passado. O autor constrói
uma série de dados novos sobre salários reais comparável a longo prazo para
seis países da América Latina[2] e faz cálculos
próprios do coeficiente de Gini entre grupos ocupacionais. A partir deles,
afirma que não se verifica um padrão comum de evolução da desigualdade na
região a partir do século 19; na verdade, registram-se diferenças expressivas
nos padrões nacionais no final da primeira industrialização e durante meados do
século 20. Pelo contrário, assevera que sim parece haver um dado comum na
tendência a uma desigualdade crescente a partir de 1960, que teve seu auge no
final do século passado. Em linhas gerais, o quadro apresentado não pareceria
ser coerente com a hipótese de uma desigualdade alta e relativamente constante
no século 20, dado que se observam diferenças significativas não só entre
países, mas também em cada um deles ao longo do tempo. Um dado interessante
para os desafios do presente é que o autor não encontra em nenhum país uma fase
de concomitância de um aumento sustentável da participação do salário
acompanhado de uma redução na dispersão salarial. Em outras palavras, quando a
participação do trabalho na distribuição da riqueza sobe também teria aumentado
a desigualdade entre os diversos trabalhadores. Sua contrapartida lógica,
particularmente no final do século 20, é a sincronia entre um aumento no
salário real médio e um aumento da dispersão. Como corolário, conclui que o que
parece estar faltando na história econômica dos seis países analisados são
episódios impulsionados por dinâmicas de mercado de um aumento do salário médio
articulado com uma redução da dispersão salarial. Trata-se de um tema de grande
importância, já que esta apresentação estabelece uma relação da distribuição
primária, entre capital e trabalho, com a secundária, entre indivíduos e
domicílios. E, com efeito, a redução da desigualdade de renda exige uma melhora
tanto de uma quanto da outra, e essa sincronia também não se percebe no
presente.
A
apresentação de Leticia
Arroyo Abad junto com Peter
Lindert também expõe conclusões novas. Os autores realizaram o que
chamaram de o primeiro estudo multipaís sobre como os governos
latino-americanos utilizaram os impostos e o gasto público para atuar sobre a
distribuição da renda. Para isso, construíram uma série histórica para seis
países latino-americanos,[3] em combinação
com estudos recentes sobre os padrões de redistribuição fiscal do século 21. Da
apresentação se deduzem, entre outros, os seguintes ensinamentos. Em primeiro
lugar, eles sustentam que o gasto social se acelerou no pós-guerra. Depois,
mostram que na América Latina a redistribuição ocorre basicamente dos jovens
para os idosos, principalmente por meio do sistema de pensões. Em terceiro
lugar, eles afirmam que desde a Independência a região investiu pouco em
educação e infraestrutura. Em quarto lugar, assinalam que, em termos gerais, a
progressividade foi escassa na região. Em quinto, demonstram que o investimento
humano em capital implicou maiores – embora mais dilatados - benefícios do que
as políticas de transferência de renda; e, por último, afirmam que o gasto
social na região, além de volátil, foi pró-cíclico.
Desigualdades de gênero e raça em perspectiva histórica
A evolução ao longo do tempo das desigualdades de gênero e étnica ou racial,
como foi chamada em várias apresentações, foi outro dos temas do seminário. Silvana
Maubrigades apresentou uma análise realizada junto com María
Magdalena Camou sobre a distribuição da renda e da participação
feminina no mercado de trabalho na América Latina desde o início do século 20
(Gráfico 2). O trabalho afirma que a desigualdade de gênero em matéria de renda
se expressa basicamente de duas formas: por meio de uma entrada mais restrita e
tardia das mulheres no mercado de trabalho e por meio da existência de uma
brecha salarial em comparação com os homens. A análise conclui que existe uma “path
dependence” (às vezes traduzida como “dependência histórica”) importante em
nível nacional no tocante à evolução do mercado de trabalho, porque os países
com maiores níveis de educação e de participação feminina no mercado de trabalho
(como a Argentina e o Uruguai) são também os de menor desigualdade de gênero na
matéria. Concluem, em termos gerais, que o nível de desenvolvimento de um país
é previsor do nível de participação feminina no mercado de trabalho. No
entanto, o estudo mostra que a formação não tem resultados lineares em termos
da redução da desigualdade, visto que nem sempre se correlaciona com um aumento
da participação feminina no mercado de trabalho nem com uma redução da brecha
salarial. Esta conclusão é também importante para o presente: diversos
trabalhos mostram que nem todas as desigualdades diminuem de forma articulada
e, em particular, que a nossa região foi mais equitativa na distribuição de
bens educativos do que na distribuição da renda e que essas disparidades
continuam no presente.
Gráfico 2
Nesse
mesmo sentido, mas relativos a grupos étnicos, encontram-se as conclusões
apresentadas por Enriqueta
Camps junto com Stanley
Engerman. Esta apresentação visou analisar o impacto da raça e da
desigualdade na formação de capital humano nos séculos 19 e 20 na América
Latina. Destaca-se que durante o século 20 a educação tornou-se de massa na
América Latina, pelo menos nos níveis fundamental e médio, ao mesmo tempo que a
desigualdade educativa se reduziu, incorporando as mulheres e pessoas de todas
as raças. No entanto, também se destaca que o impacto da queda do coeficiente
de Gini educacional não foi notado sobre o Gini de renda até a década de 1990.
Uma abordagem sobre este tema no caso do Brasil foi realizada pela apresentação
de Justin
Bucciferro. O autor parte da constatação de que durante a última década
se evidenciou uma importante redução da desigualdade racial no Brasil com
relação aos níveis de emprego e renda, do alfabetismo e da educação. A partir
daí, ele se pergunta se o declínio faz parte de uma tendência de longo prazo ou
se responde a fatores estritamente conjunturais. O trabalho contém evidências
sobre a desigualdade racial no Brasil desde 1827 até hoje, concentrando-se na
análise da expectativa de vida, nos níveis de analfabetismo, na quantidade de
anos de escolaridade e nas rendas médias mensais, desagregados por grupos
(negros, pardos, brancos, asiáticos e indígenas). A evidência o leva a concluir
que, em termos gerais, houve uma redução da desigualdade no Brasil ao longo do
tempo, e que esta tendência é anterior às últimas décadas (Quadro 1). No
entanto, ele acrescenta que o progresso para uma maior igualdade entre os
grupos étnicos foi errático e teve resultados diversos segundo o grupo
analisado.
Quadro 1
Estas
pesquisas mostram, entre outros elementos, além da persistência de
desigualdades de gênero e entre os grupos étnicos, que os avanços não são
lineares no tempo nem em todas as dimensões. Talvez seja útil trazer como
referência um aprendizado dos estudos sobre estigmatização que apontam o
caráter pertinaz e multiforme dos estigmas: quando parecem terem sido
eliminados em uma dimensão, concentram-se, reaparecem ou se expressam em
outras. Sem dúvida com as desigualdades de gênero e de raça acontece algo
similar: os avanços em certas áreas nos obrigam a ficar mais atentos para
detectar as persistências ou ainda o reforço de inequidades em outras. O
aumento da participação feminina no mercado de trabalho, por exemplo, não
necessariamente implica uma redução das brechas de renda ou, mais ainda,
estaria acarretando uma maior sobrecarga do tempo de trabalho doméstico e
extradoméstico das mulheres. Portanto, neste caso, se ganha em uma dimensão da
desigualdade, mas se perde em outra.
Desigualdade a longo prazo: um caso de padrão cíclico
Um resultado interessante é a observação de um padrão cíclico na desigualdade
de renda a longo prazo no caso do Chile (Gráfico 3). Javier
Rodríguez Weber analisou na sua apresentação a relação entre
crescimento econômico e desigualdade levando em conta a incidência tanto dos
fatores institucionais quanto das forças de mercado em três períodos da
história desse país de 1850 em adiante. Entre suas descobertas, mostra que nem
sempre o crescimento implicou desigualdade, mas que o fundamental é o tipo de
crescimento, mostrando que a curva de Kuznets (a hipótese de que toda fase de
crescimento provoca um aumento inicial da desigualdade) não é de jeito nenhum
uma lei válida para todos os países nem para todos os estilos de
desenvolvimento. Centrado depois no período 1938-1973, no qual houve uma grande
queda na desigualdade, encontra o peso positivo da regulamentação estatal da
economia visível na promoção da industrialização e em uma forte política de
recomposição do salário mínimo real. Por último, estuda o período 1973-2009,
assinalando que até 1989 (fim da ditadura de Pinochet) se produz um expressivo
aumento da desigualdade, devido a uma forte redistribuição a favor das elites,
produzida a partir de uma queda dramática do salário real e da abertura do que
o autor denomina novos terrenos para a extração de lucros, referindo-se
basicamente à privatização da educação e da segurança social.
Gráfico 3
Encerramento
Este artigo se propôs a apresentar alguns dos aprendizados decorrentes de uma
perspectiva de longo prazo sobre a desigualdade na região. Em primeiro lugar,
os trabalhos sugerem que as controvérsias sobre a desigualdade não estão
sanadas. Parece que se encaminha para uma maior diversificação de perspectivas
ou, possivelmente, para uma suspensão da possibilidade de uma visão única para
todos os países e períodos, em virtude dos novos estudos sobre os diversos
casos nacionais, da maior luz sobre períodos que haviam ficado até agora sob
certa penumbra e, sem dúvida, das novas variáveis e indicadores que sejam
levados em conta para captar a desigualdade, principalmente se for adoptada uma
perspectiva multidimensional da mesma.
No entanto, hoje já se conta com uma grande quantidade de dados, construção de
séries históricas e indicadores diversos que constituem uma fonte de informação
e conhecimentos de grande utilidade para enfrentar os desafios do presente.
Sabe-se bastante mais sobre o que teve peso tanto nas fases de redução quanto
de aumento da desigualdade de renda, em especial entre indivíduos e pessoas.
Temos certezas com relação ao fato de que as políticas e as instituições contam
e que é impossível explicar a persistência da desigualdade sem colocar no
centro da análise a dinâmica dos grupos sociais, em particular das elites. A
história dos países também questiona certas ideias: nem todo crescimento gera
desigualdade, já que isso depende do estilo de desenvolvimento, e tampouco a
desigualdade melhora necessariamente em todas as dimensões de forma articulada
e inexoravelmente. Além disso, incorporam-se outras perspectivas sobre a
distribuição, por exemplo, a que observa as transferências produzidas entre
gerações, uma dimensão pouco presente nos estudos dos nossos países. Em suma,
tenta-se responder à interrogação inicial sobre as contribuições da perspectiva
de longo prazo com algumas reflexões sobre os muitos ensinamentos que a
perspectiva de longo prazo pode nos deixar; e também convidar os leitores a
encontrar suas próprias respostas nestas e nas demais apresentações do
seminário.
[1] Este texto foi escrito pelo consultor Gabriel Kessler. [2] Trata-se da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e
Venezuela. [3] Trata-se da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e
Uruguai.
Gráfico 1. Estimativa da tendência à desigualdade na América Latina, 1491-1929
Obs.: Gráfico traduzido. Fonte: Apresentação de Jeffrey Williamson.
Gráfico 2: Inequidade global e a brecha de gênero
Obs.: Gráfico traduzido. Fonte: Apresentação de Silvana Maubrigades.
Quadro 1: Expectativa de vida ao nascer (anos) por raça, 1950-2008
1950
1960
1980
1991
2008
BRANCA
47,5
54,7
66,1
70,8
73,1
NÃO BRANCA
40,1
44,7
59,4
64,0
67,0
DIFERENÇIA
7,4
10,0
6,7
6,8
6,1
Gráfico 3. A "melhor estimativa" de desigualdade na distribuição de renda no Chile. 1850-2009. Coeficiente de Gini.
Obs.: Gráfico traduzido. Fonte: Apresentação de Rodríguez Weber.
A tese é, em si, estapafúrdia: já que empresas são seres sempre perversos, que querem sempre contaminar com o seu dinheiro sujo os nossos impolutos políticos, os companheiros querem que o nosso dinheiro, que já vai para o Fundo Partidário -- que é em si um absurdo, pois se trata também do nosso dinheiro, quando partidos devem ser financiados por quem concorda com eles, não com o dinheiro de todo mundo -- também abasteça as milionárias campanhas eleitorais.
Como é que esse pessoal não tem vergonha?
Então o empresário capitalista teria de financiar o militante socialista que quer acabar com a empresa privada?
Ou a senhora católica teria de financiar campanhas abortistas, contra a sua vontade?
A tese é de um fascismo exemplar...
E sabemos que a proibição não impedirá o que já acontece, que é a imensa corrupção de partidos sobre empresas que tem diretores nomeados politicamente.
Quanto é que o PT roubou da Embraer, ou da Vale, ou da Votorantim? Alguém sabe?
Se essas empresas quiserem doar legalmente, que o façam. Que empresas públicas sejam extorquidas por políticos, já é demais.
Bem faz o ministro Gilmar em resistir a essa ideia maluca.
A cidadania precisa sair às ruas no dia 12 também contra essa proibição, que aliás não compete ao STF legislar.
A reforma política não pode fazer o Brasil ficar pior do que já está.
Paulo Roberto de Almeida
VOCÊ QUER FINANCIAR AS CAMPANHAS ELEITORAIS DO PT, PCdoB, PCB, PSOL, PSTU E PCO?
por Percival Puggina. Artigo publicado em
Na última terça-feira, dia 24, a CNBB cobrou do STF uma deliberação
sobre a proposta, há um ano em mãos do ministro Gilmar Mendes, que acaba
com o financiamento privado das campanhas eleitorais. Essa permanente
dedicação da CNBB às pautas políticas sempre me impressiona. No caso,
mais uma vez, a tese que a Conferência abraça é a tese do PT.
O
partido reinante, há bom tempo, vem reafirmando seu desejo de que o
financiamento das campanhas seja proporcionado pelo Orçamento da União.
Orçamento "da União", você sabe, é aquele documento que autoriza o
governo a usar nosso dinheiro. Embora a maioria dos brasileiros acredite
que os recursos do erário são "do governo", o fato é que o governo não
tem recursos próprios. Todo esse dinheiro procede do povo brasileiro,
por ele é gerado, a ele pertence e para ele deve retornar em bons
serviços e investimentos. Você concorda com incluir entre suas
obrigações o financiamento das campanhas eleitorais?
O PT parece
já haver convencido muita gente de que sim, de que essa conta tem que
ser paga por nós. Entre os fieis adeptos da tese se inclui a CNBB,
parceira nas boas e más horas petistas. No entanto, é bom sabermos que
essa moeda tem dois lados e dois beneficiários. A decisão de acabar com o
financiamento privado cria a obrigação de fazê-lo com recursos tomados
do nosso bolso e define que o PT e o PMDB serão os principais
beneficiados. Por serem a dupla hegemônica da política nacional, ambos
abocanharão a parcela maior desses recursos.
Depois de tudo que
se ficou sabendo através da operação Lava Jato e do petrolão, depois de
conhecida a lavagem de dinheiro público em empresas privadas para
financiamento dos partidos da base do governo, essa dedicação à tese do
financiamento público é de uma hipocrisia estarrecedora. Ademais, não há
como impedir com segurança absoluta o financiamento privado através de
caixa 2.
Por fim, o financiamento público obrigatório comete
contra os cidadãos uma violência que, no meu caso, se configura assim: o
dinheiro dos impostos que eu pago será usado, contra a minha vontade,
para financiar campanhas eleitorais de todos os partidos. Certo? Então,
meu suado dinheirinho apropriado pelo Estado estará financiando as
campanhas do PT, do PSOL, do PSTU, do PCdoB, do PCB, do PCO e
assemelhados. Me digam se isso não é um completo disparate. ______________ *
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é
arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e
Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
Investigadores da Lava Jato reconstituem a rota do ‘money-delivery’
Investigadores reconstituíram o trajeto percorrido pelo homem que distribuía dinheiro sujo aos políticos acusados de envolvimento no escândalo da Petrobras
Por: Robson Bonin
- Atualizado em
Criada pelo doleiro Alberto Youssef para agradar aos "clientes especiais" da quadrilha que desviou bilhões da Petrobras na última década, a entrega de propina em domicílio, o já imortalizado "money delivery" do petrolão, foi, durante muito tempo, um instrumento de proteção aos corruptos. Alguns dos políticos e empresários mais influentes do país recebiam o dinheiro sujo incólumes em quartos de hotéis, apartamentos e escritórios de norte a sul do país e, em certos casos, até no exterior, sem deixar rastros. Braço-direito do doleiro, Rafael Ângulo Lopez era quem comandava esse serviço. Os corruptos adoravam a sua discrição. Costumavam recepcioná-lo com festa. Até que veio a Operação Lava-Jato e mudou tudo isso. Ângulo fechou com a Justiça um acordo de delação premiada para entregar às autoridades a lista completa dos políticos que receberam as suas entregas. Agora, depois de três meses de colaboração, os depoimentos acabaram de chegar à mesa do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), para ser homologados. O "homem das boas notícias", como era conhecido, tornou-se um pesadelo para os corruptos.
Em dezembro passado, VEJA revelou parte do conteúdo que o entregador acabara de contar à Justiça em troca da redução de pena. Versão perfeita do "homem da mala", Ângulo passou a última década cruzando o país com fortunas em cédulas escondidas sob as roupas. O ex-presidente e senador Fernando Collor, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, governadores (Roseana Sarney), ministros do governo Dilma Rousseff (Mário Negromonte) e deputados federais (Nelson Meurer, Luiz Argôlo e André Vargas) estavam na sua lista. Ângulo também cumpria missões para as empreiteiras do clube que saqueava os cofres da Petrobras. Os procuradores que interrogaram o entregador nas últimas semanas em São Paulo colheram farto material probatório para levar ao cadafalso alguns desses figurões da República. O entregador confirmou o nome dos corruptos que usavam os seus serviços. Relacionou datas, endereços e valores das entregas. Mas foi além. Valendo-se de sua memória fotográfica, reconstituiu cenas e apontou detalhes da intimidade dos poderosos que são considerados preciosos pelos procuradores para provar a etapa final do esquema de corrupção: quando o dinheiro vivo chegou ao bolso de parlamentares, ministros, empresários... Para descrever as revelações mais importantes do entregador e não deixar nenhuma dúvida sobre o destino das malas de dinheiro, os procuradores reconstituíram detalhadamente alguns dos trajetos.
O Analytics do Academia.edu permite, e quem usa sabe disso, a identificação das cidades e dos países que estão acessando a página dos membros, e os "produtos", ou seja, os papers que foram visualizados ou descarregados.
Mas nem sempre, pois muitas outras visitas e downloads permanecem não identificados. É o que eu chamo de meus visitantes misteriosos do NSA, da CIA, do FSB (sucessor do KGB), do Mossad, quem sabe até da nossa castrada ABIN e dos serviços de inteligência dos companheiros, treinados nesse tipo de operação pelos seus mestres, e amos, cubanos.
Estou brincando, claro, mas estimo em cerca de um terço as visitas que permanecem não identificadas.
O resto eu sintetizei abaixo, já extirpado dos desconhecidos.
Muitas cidades se repetem, seja porque o indivíduo visitante tinha dúvidas sobre o que queria ver, e clicou duas vezes, seja porque ele descarregou diferentes trabalhos na mesma visita à minha página.
Enfim, como eu gosto de geografia, tanto quanto de história, resolvi alinhar apenas as cidades dos visitantes, e postar aqui como registro da minha ONU particular.
Um dia vou encontrar esses visitantes em carne e osso, menos os pesquisadores da CIA claro.
Paulo Roberto de Almeida
Cidades do
Academia.edu em 27/03/2015, últimos 60 dias de visitas e downloads em minha página: