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terça-feira, 2 de junho de 2015

Brasil e OCDE: uma interacao necessaria - tese de CAE (1996) - Paulo Roberto de Almeida


Em julho de 1996, eu apresentei, no âmbito do Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Itamaraty, a tese cuja ficha segue abaixo, agora finalmente disponível na plataforma de Academia.edu:
https://www.academia.edu/5659888/530_Brasil_e_OCDE_uma_interacao_necessaria_-_tese_CAE_1996_



530.Brasil e OCDE: uma interação necessária”, Brasília, 15 julho 1996, 290 p. (texto + anexos: notas, bibliografia, complementos informativos e apêndices estatísticos). Tese apresentada ao XXXII Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco. Depositada no IRBr em 15 de julho de 1996, aceita para arguição oral em 19 de setembro (Carta IRBr/457), com fixação da defesa para o período de 24 de outubro a 6 de novembro; defendida em 29 de outubro 1996 de 1996. Reprovada pela Banca; feito Memorial sobre o processo de avaliação (Trabalho n. 540).


Como relatado ao final da ficha, a tese foi reprovada pela Banca Examinadora, cujos integrantes não vem ao caso mencionar agora, inclusive porque um deles já morreu, e outros dois parecem ter sido induzidos por outra figura do processo de avaliação, a reprovar a tese, não pelo seu conteúdo intrínseco, (embora este também levantasse alguns sobrolhos, como se dizia antigamente), mas mais provavelmente pela minha atitude desafiadora em relação à banca, ousando contestar direta e frontamente, alguns dos conceitos bases sobre as quais continuava a se assentar, a despeito de toda a aparente modernidade da era neoliberal, a nossa augusta política externa, com todo o seu cepalianismo e unctadianismo que eu  ousava desafiar.
Tanto foi problemático o processo, que houve recurso, rebatendo cada um dos pontos do relatório da banca, mas ainda assim confirmaram a recusa. O que estava em causa não era a tese, mas a minha atitude, provavelmente julgada arrogante demais.
Aqui abaixo as respectivas fichas dos dois textos de recurso:

540. “Memorial do candidato sobre o processo de avaliação da Tese”, Brasília, 9 novembro 1996, 14 p. Texto preparado para subsidiar argumento em favor da revisão da decisão da Banca que decidiu recusar a tese de CAE. Entregue em 11.11.96 ao Diretor do IRBr.



541. “Recurso em legítima defesa”, Brasília, 11 novembro 1996, 2 p. Carta ao Diretor do IRBR, com pedido de reconsideração da decisão da Banca que decidiu recusar a tese de CAE. Entregue em 11.11.96 ao Diretor do IRBr. Resposta comunicada em 10.12.96, por ofício 758 do Diretor do Instituto Rio Branco, confirmando a decisão negativa da Banca. 

 Transcrevo o sumário da tese: 

Brasil e OCDE: uma interação necessária

Índice:

À guisa de prefácio... , 5

I. Introdução: o Brasil e a OCDE no sistema econômico mundial  , 7
Esse obscuro objeto do desejo: a OCDE na agenda diplomática do Brasil , 7
A interdependência econômica e a inserção internacional do Brasil , 9
A história como instrumento de trabalho diplomático  , 13
A base do problema: definição de uma política oficial , 15

II. A construção da interdependência: uma perspectiva de meio século , 17
     1. Do Plano Marshall à OCDE  , 17
O contexto econômico e político do pós-guerra: a OECE  , 17
A OECE e a reconstrução da Europa ocidental , 21
A reconstituição da OECE e o estabelecimento da OCDE , 24

     2. Os países em desenvolvimento na economia global  , 30
Um Plano Marshall para a América Latina?  , 31
Comércio e pagamentos: OECE e América Latina  , 35
O comércio internacional e o problema do desenvolvimento , 38
Intercâmbio desigual e busca da não-reciprocidade  , 40

     3. Do desenvolvimentismo à aceitação da interdependência  ,   44
Ascensão e crise da ideologia desenvolvimentista  ,   46
A UNCTAD e o declínio do desenvolvimentismo   , 50
Fragmentação e diversificação do Terceiro Mundo , 54
A América Latina e o Brasil no contexto internacional , 59
A macroestrutura institucional da interdependência mundial , 62

III. A OCDE e o multilateralismo econômico  , 67
     1. O consenso liberal e a ortodoxia econômica: a agenda da OCDE  , 68
Estrutura e processo decisório na OCDE: flexibilidade e consenso , 70
O mandato da OCDE e a interdependência: sinfonia inacabada , 75
Templo da racionalidade econômica?: modesto poder de coerção , 76
Desafios ao consenso liberal: protecionismo e unilateralismo , 80

     2. A interdependência na prática: as relações externas da OCDE , 90
Das origens ao fim da guerra fria: os alunos modelos  , 91
A OCDE como padrão de cooperação interestatal  , 93
Dormindo com o inimigo: as relações com os socialistas  , 94
Uma OCDE asiática?: nas origens da APEC  , 96
A “política externa” da OCDE: relações com países não-membros  , 98
             Os parceiros da transição ao capitalismo bem comportado , 101
             O diálogo informal com asiáticos e latino-americanos  , 103
             Um dragão irrequieto: a China  ,     106
             As economias emergentes  , 107

     3. Requisitos do contrato global: processos de adesão à OCDE , 109
A marcha de adesões à OCDE: de moderato a fermo  , 110
Ainda a marcha da OCDE: de prestissimo a piano  , 113
Critérios de adesão e realismo pragmático: trade-offs  , 116
A marcha do capital: derrubando barreiras  , 117
Entrando no templo: México, República Tcheca e Hungria  , 122

IV. Brasil e OCDE: a dinâmica do relacionamento  , 127
     1. Histórico da política de aproximação , 129
Pré-história do relacionamento: comércio compensado , 130
A presença discreta da nova organização: a OCDE , 131
A divisão Norte-Sul e o “clube dos países ricos” , 132
Primeiros contatos estruturados: o Comitê do Aço  , 134
O “último dos desenvolvidos...”: a missão de 1991 à OCDE , 138

     2. Participação nas atividades do diálogo informal  , 147
O Brasil como major economy  , 147
Prosseguimento da política de diálogo  , 151
O Brasil e o futuro da relação OCDE/economias dinâmicas   , 158

     3. Bases de uma mudança de status , 168
O quadro geral da política econômica: culto à estabilidade , 170
Liberando os fluxos de bens, de serviços e de capitais  , 175
Políticas estruturais e setoriais: novas disciplinas , 183

     4. Impacto nas relações econômicas e na política externa  , 191
Relações econômicas internacionais: revisão de longo curso , 192
Efeitos sobre o Estado e o funcionamento do aparelho social  , 201
Um novo paradigma na política externa?: a perspectiva global  , 206

V. Conclusões: a OCDE e a nova inserção internacional do Brasil , 213
Uma balança do poder mundial: do G-7 ao G-10? , 214
Idealpolitk e realismo na política externa  , 218

Anexos:
Apêndices:  , 223
1. OCDE: Estrutura, órgãos subsidiários e agências especializadas , 225
2. Estrutura operacional de trabalho da OCDE , 227
3. O Secretariado da OCDE e como ele se vê a si mesmo  , 232
4. Composição e participação nas atividades da OCDE , 239
5. Centro de Desenvolvimento  , 240
6. Comitê do Aço da OCDE  , 241
7. As publicações da OCDE  , 242
8. Indicadores econômicos e sociais comparativos , 246

Bibliografia , 251

Nota final , 261

Nota em 2/06/2015: 
Talvez a tese esteja ultrapassada na sua informação puramente factual e momentânea, bem como nos links fornecidos para sites da OCDE, que melhorou muito seu webdesign e informações online, desde quando redigi a tese no começo de 1996.
Mas, as análises qualitativas sobre a relação entre o Brasil e a OCDE devem manter sua relativa atualidade, inclusive porque, sob o reino dos companheiros, o Brasil se atrasou 20 anos no seu processo de aggiornamento institucional e provalmente muito mais no que se refera ao seu quadro mental. Os companheiros levaram o Brasil de volta não aos anos 1990, mas aos anos 1950 e 60.
Bando de anacrônicos...
Paulo Roberto de Almeida 

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Esta postagem foi feita em meados de 2015, quando ainda parecia reinar soberano o "lulopetismo diplomático", um termo que cunhei para designar a política externa esquizofrênica dos companheiros, e que recusava, peremptoriamente, qualquer aproximação com o "clube de ricos", atitude mantida até o final do regime companheiro, em maio de 2016.

Como recentemente (junho de 2017), o governo brasileiro decidiu, finalmente, solicitar adesão à essa organização, que pode mais ser descrita como "um clube de boas práticas", creio ser importante refazer o trabalho, numa outra perspectiva. Não terei tempo de fazer isso agora, ou no curto prazo, razão pela qual coloco o texto novamente à disposição dos leitores, para que eles saibam o que eu pensava mais de vinte anos atrás.
O que eu pensava? Eu achava que o Brasil já estava atrasado, pelo menos desde que saímos do regime militar, dez anos antes.
Agora, o Brasil continua atrasado TRINTA ANOS, mas se espera que possamos recuperar o tempo perdido, imputável não apenas aos companheiros, mas sobretudo aos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida 
Bras´ˆlia, 14 de agosto de 2017



Itamaraty reformula segundo escalao - Valor Economico

Itamaraty reformula segundo escalão
by Por Daniel Rittner
Valor Econômico, 2/06/2015

O chanceler Mauro Vieira já bateu o martelo em uma nova dança das cadeiras que abrange quase todo o segundo escalão do Ministério das Relações Exteriores. As trocas de equipes envolvem diplomatas experientes, que lidam com o núcleo da política externa brasileira e em áreas sensíveis, como o relacionamento com a vizinhança e negociações comerciais.
As mudanças ainda não se tornaram oficiais porque os atuais ocupantes dos cargos, que foram indicados para chefiar representações diplomáticas no exterior, ainda dependem de sabatina no Senado e precisam ter suas indicações aprovadas. Essa reformulação, no entanto, já foi comunicada informalmente a todos os envolvidos.
O embaixador Paulo Estivallet ocupará a Subsecretaria-Geral de América do Sul, Central e Caribe no lugar de Antônio Simões. A troca deverá ocorrer apenas na segunda metade do ano, já que Simões, além de aguardar a sabatina para sua indicação à embaixada brasileira em Madri, está diretamente envolvido na presidência rotativa do Brasil no Mercosul neste semestre. É de sua responsabilidade ainda a condução do diálogo político com a Venezuela, a ênfase na reaproximação com o México e as discussões sobre barreiras comerciais impostas pela Argentina.
Gaúcho e engenheiro agrônomo por formação, Estivallet integrou a delegação brasileira junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. Desde 2011, tem respondido pelo Departamento Econômico do Itamaraty, que lida com os contenciosos na própria OMC e com o desenvolvimento da Rodada Doha. Também esteve à frente, nos últimos meses, de negociações com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com quem o Brasil deseja estreitar suas relações, embora uma adesão ao "clube dos países ricos" esteja fora do radar, por enquanto.
Quem também teve a sua nomeação acertada é o atual embaixador do Brasil em Quito, Fernando Simas Magalhães, que voltará ao país para ocupar a Subsecretaria-Geral de Política I. Nela, passará a acompanhar o relacionamento com os Estados Unidos e com os países da Europa, além de organismos internacionais, como Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA). O atual subsecretário, Carlos Paranhos, foi indicado para a embaixada em Copenhague.
Outra mudança, já desenhada desde a virada do ano, deverá se concretizar nos próximos meses: o embaixador Carlos Márcio Cozendey, ex-secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, voltou ao Itamaraty com a chegada de Joaquim Levy e ocupará a Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros. Hoje o cargo está com o embaixador Ênio Cordeiro, indicado para o México.
Com um amplo leque de atividades, a subsecretaria chefia o departamento atualmente por Estivallet, além da área comandada atualmente pelo próprio Cozendey, que abrange assuntos financeiros e serviços - a reforma do FMI, o Banco dos Brics e o arranjo contingente de reservas passam por lá. O departamento responsável por algumas das principais negociações comerciais em andamento, como o acordo entre Mercosul e União Europeia, também faz parte da estrutura dessa subsecretaria.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Economia brasileira: catastrofe pior que a encomenda - Nilson Teixeira

Recuo de dois anos do PIB não está de todo descartado, diz Teixeira
Por Flavia Lima e Catherine Vieira | De São Paulo
Valor Econômico, 1/06/2015

 Teixeira, do CS: "Tudo indica que oito trimestres de queda nos investimentos estão dados. E dez é um cenário razoável"

O grau de incerteza da economia e o desempenho do mercado de trabalho devem contribuir para que o Produto Interno Bruto (PIB) recue com mais força, em queda de ao menos 1,8% neste ano segundo contas revisadas por Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse. Para 2016, a previsão ainda é de expansão, de 0,6%, mas uma recessão não está descartada. Na sexta-feira, o IBGE divulgou que o PIB do primeiro trimestre caiu 0,2%.

Assim como boa parte do mercado, Teixeira reconhece que desemprego contribui de modo importante para que a inflação arrefeça, mas alerta que a persistência inflacionária pode eliminar as chances de uma convergência à meta em dezembro de 2016, como delineado pelo Banco Central. Não por acaso, a previsão do Credit Suisse para o IPCA do ano que vem é de alta de 6,5%, enquanto a mediana do mercado se situa em um ponto percentual abaixo disso.

Assumindo um câmbio ao redor de R$ 3,10, convergir à meta exigiria uma taxa Selic entre 15% e 17% - ou uma taxa de desemprego próxima de 10%, quase quatro pontos acima da atual. "O desejo é aumentar os juros, mas não se quer todas as consequências de se fazer isso e que contribuirão mais à frente para a inflação cair?". Igualmente relevante, diz ele, o resultado fiscal deve atingir apenas um terço do previsto.

Para Teixeira, é preciso um plano de ação que olhe a rigidez dos gastos públicos e, nessa equação, enxerga avanços em um lugar insuspeito: o Congresso Nacional. "Vejo uma paixão nessa questão do fator previdenciário, mas, me parece, ao nos afastarmos um pouco da questão, que, talvez, isso tenha sido favorável", diz em referência à possibilidade de substituição da regra atual de aposentadoria. Para ele, o Executivo precisa convencer o Legislativo da relevância da discussão do pacto federativo. E encerra a entrevista com a seguinte frase: "Estamos otimistas". A seguir, trechos da entrevista.

Valor: Sua previsão para o PIB de 2015 continua em -1,3%?

Nilson Teixeira: Tínhamos revisado nossas projeções no início do ano, mas, de lá para cá, temos visto deterioração. De tal maneira que o número que veio no primeiro trimestre foi quase idêntico ao nosso, mas revisaremos para uma contração maior da atividade neste ano, de 1,8%. Em relação a nossa leitura do início do ano, aumentou a probabilidade do segundo trimestre ser pior do que o primeiro em praticamente todos os componentes da oferta e da demanda. E o que era positivo, vai ficar menos. Consequentemente, até por conta da nova metodologia de ajuste sazonal do IBGE, a contração do PIB no segundo trimestre será maior do que no primeiro, de 1,9%. Mais do que isso: subiu a probabilidade de o terceiro trimestre também mostrar uma contração. Embora nossa projeção ainda seja de expansão de 0,5%. Então, a certeza que temos é que o primeiro semestre tende a ser pior do que o segundo.

Valor: Ou seja, chegaremos ao fundo do poço agora em junho?

Texeira: Esse é o ponto: pode ser que o segundo semestre não seja tão menos pior. O ponto é que no terceiro trimestre, embora tenhamos leitura de expansão frente ao trimestre anterior, pode haver uma contração. No início do ano, falávamos que qualquer número entre - 1% ou -2% parecia razoável para o ano. Hoje, dizemos que uma contração entre 1,5% e 2% parece razoável. Mais importante, atribuímos probabilidade bem maior hoje de que a contração em 2015 fique acima de 2%. A chance disso não fica abaixo de 20%.

Valor: E para o ano que vem, vocês também vão revisar?

Teixeira: Sim. Tínhamos alta de 0,8% e agora vamos revisar para 0,6%. Mais importante do que isso é que, dadas às incertezas, não se pode mais descartar a possibilidade de 2016 também ser um ano de recessão. E a probabilidade de ser abaixo de 0,6% é maior do que ser acima disso.

Valor: E o que levou a piora de um quadro que já era ruim?

Teixeira: Vários fatores. O grau de incerteza da economia aumentou. O desempenho do mercado de trabalho tende a ser até pior do que imaginávamos. Hoje estamos com taxa de desemprego média de 6,2% em 2015, o que significa uma taxa de desemprego de 7% no fim do ano, e de 6,6% em 2016. O fato, no entanto, é que a capacidade de um economista ter certeza sobre o desempenho do mercado de trabalho é muito baixa porque a série estatística, além de curta, foi caracterizada por um declínio quase contínuo da taxa. E com a grande incerteza que ocorreu em 2014, período em que a força de trabalho se contraiu. O que não é algo normal. Em 2015, a expectativa é que haja uma expansão da força do trabalho, o que vai ser importante para entender o que acontecerá com a taxa de desemprego.

Valor: A indústria veio um pouco melhor do que se esperava, não?

Teixeira: Prevíamos contração maior do que aconteceu. Mas quando se vê a composição, a grande diferença está na construção civil, em que esperávamos um desempenho bem pior. E aí são as 'proxys' usadas pelo IBGE e que de alguma forma não fomos capazes de estimar de forma apropriada. Mas a metodologia de cálculo acerta bem a tendência. Então, é natural esperar que o segundo trimestre tenha desempenho pior do que o primeiro na construção civil.

"Dadas as incertezas, não se pode mais descartar a possibilidade de 2016 também ser um ano de recessão"

Valor: A sequência de queda da formação bruta [medida do que se investe em máquinas e equipamentos e na construção civil] é muito grande. Há luz no fim do túnel?

Teixeira: É de se esperar que os efeitos mais desfavoráveis estejam concentrados no primeiro trimestre. Não vai continuar contraindo no mesmo ritmo, embora não se saiba até quando isso vai, pois se observa que a parte de bens de capital é um dos setores em que tem maior nível de estoques hoje. Ou seja, todo esse ajuste que a gente está vendo na parte da oferta, na parte de produção industrial de bens de capital, não está sendo ajustado pela demanda. Está se mantendo um nível de estoques muito alto na parte de bens de capital e investimento nada mais é do que bens de capital e construção civil. Enquanto a gente não começar a ver um processo de redução do nível de estoques é difícil esperar uma retomada muito expressiva. A confiança está atingindo níveis não vistos antes e não há sinalização de que ela recupere. Isso é que leva à argumentação de que em 2016 podemos ter uma recessão e aí investimentos poderia ter papel relevante. Tudo indica que, na comparação com o trimestre anterior, oito trimestres de queda nos investimentos estão dados. E dez é um cenário bastante razoável. E quatorze não podem ser descartadas.

Valor: Qual a projeção para a formação bruta neste ano?

Teixeira: É de queda de 7,3%. E ano que vem temos alta de 0,8%.

Valor: Vocês colocam nessa conta a operação Lava-Jato?

Teixeira: Não tem nenhum instrumento para estimar isso. O que podemos dizer é que todas essas investigações trazem mais incerteza para economia e aí o mais provável é que a confiança continue onde está ou até piore. E, em consequência, menos provável é uma retomada. Parece que uma coisa se pode dizer com um grau de certeza razoável: uma retomada substancial é muito improvável.

Valor: A demanda doméstica caiu mais que o esperado, isso terá impacto na politica monetária?

Teixeira: Temos argumentado desde o ano passado que para trazer a inflação para 4,5% no fim de 2016, assumindo a nossa trajetória de taxa de câmbio, de R$ 3,40 no fim de 2015 e de R$ 3,60 no fim de 2016, seria necessário um aperto monetário bem mais relevante do que a nossa projeção, que há algum tempo é de 13,75% [para a Selic] em 2015. Isso porque, em parte, temos leitura diferente em relação à da autoridade monetária. Reconhecemos que o aumento da taxa de desemprego contribui de maneira importante para que a inflação diminua. Por outro lado, os outros determinantes que julgamos mais relevantes fazem o trabalho no sentido oposto, que é a persistência inflacionária. A inflação continua alta, é crescente e, ao se comparar com as expectativas do mercado no início do ano, ela é bem superior. Mais importante do que isso, nossos modelos mostram que com essa dinâmica de inflação - crescente e persistente - o repasse da taxa de câmbio para a inflação não diminui, apesar do aumento do desemprego. Em resumo, seria necessário um aperto monetário maior. Até porque outro fator relevante é a política fiscal e a nossa leitura é que o resultado fiscal será melhor, mas bem aquém do 1,1% do PIB. Hoje o mercado já reconhece a dificuldade de se obter esse resultado, seja porque as despesas são menos elásticas, seja porque a arrecadação é bem pior. É razoável esperar que as expectativas de mercado comecem a diminuir daquele intervalo que ouço muito, de 0,8% a 1,1% do PIB, mais na direção do nosso número, um superávit de 0,4% do PIB.

Valor: A política monetária está afetando mais a atividade do que controlando a inflação?

Teixeira: O canal de demanda funciona dessa forma. A política monetária afeta a atividade econômica e o mercado de trabalho e esses dois fatores, dentre outros, afetam a inflação. Outro processo é que a política monetária também contribui para fazer com que as expectativas também diminuam e, consequentemente, funcionem como uma âncora para a inflação. Mas o fato é que a inflação no Brasil, ao se olhar desde 2010, tem subido. E possivelmente continuará subindo até o fim do ano. Isso faz com que a capacidade da meta de ancorar a inflação corrente seja muito mais tênue. E quando se perde a âncora o que aprendemos é que os agentes econômicos olham para a inflação passada, que passa a ser mais relevante.

Valor: O juro deveria ir para quanto para trazer a inflação para 4,5% no fim do ano que vem?

Teixeira: À luz dos nossos modelos e assumindo um câmbio estável em torno de R$ 3,10 nos parece que a taxa de juros teria que subir para 15%, 16%, 17% para ter uma certeza maior sobre essa convergência da inflação já em 2016. Com o nosso câmbio (em R$ 3,40 no fim deste ano e R$ 3,60 no fim do ano que vem), uma alta dos juros ainda maior.

Valor: Qual a projeção da inflação de vocês para o próximo ano?

Teixeira: É de 6,5%, um diferencial importante com relação às expectativas de mercado, que estão ao redor de 5,5%. Razão pela qual julgamos que seria necessário um aperto monetário mais significativo. Nossa projeção para a taxa de desemprego é de 6,2%, mas os nossos modelos, que não são robustos é importante frisar, dizem que a taxa de desemprego teria que caminhar quase para 9%, 10% para haver um declínio mais relevante da inflação para chegar aos 4,5%.

Valor: O quanto desse quadro negativo é questão de percepção?

Teixeira: É tudo uma questão de percepção. O crescimento potencial, por exemplo. Os mesmos modelos que são utilizados hoje diziam em 2007, 2008, 2009 que o país era capaz de crescer de forma sustentada 4%, os mais pessimistas, 3,5%, e gente muito otimista falava em 5%. Os mesmos modelos dizem hoje que o crescimento potencial é ali entre 2% e 2,4%. Esses mesmos modelos rodados no fim de 2015 provavelmente sinalizarão que o crescimento potencial da economia é menor do que 2%.

Valor: O que fazer?

Teixeira: Em várias instâncias no Brasil se pergunta, e agora? No Congresso, por exemplo. As medidas de ajuste fiscal e questão da desoneração da folha. Com mais ou menos flexibilidade, serão aprovadas. E depois? O governo encaminhou várias medidas de ajuste. E agora? Cadê o programa para tentar estimular a economia? Nos parece que precisa de um plano de ação. Qual é a incerteza hoje? Há rigidez grande para cortar gastos e, a menos que venham medidas que realmente importam, o caminho mais fácil é sempre de aumento das receitas. E a discussão que se ouve é de aumento do imposto de renda pessoa física para salários maiores; se fala também do JCP; aumento de IOF adicional; em CPMF. É um grau de incerteza sobre o que pode vir por aí que retrai tanto o consumidor quanto o empresário. Como ele vai fazer investimento? Esse grau de incerteza torna muito difícil a recuperação.

Valor: Mas muita coisa que o mercado pleiteava no fim do ano passado não foi colocada?

Teixeira: Sim, mas em 12 meses, o déficit primário é de 0,8% do PIB. Parte substancial do resultado primário conseguido até agora foi de Estados e municípios. E quando se conversa com governadores e prefeitos eles dizem que isso é temporário, que a situação é muito difícil e que nos próximos meses veremos uma piora nos resultados destes entes. Os resultados fiscais caminham na direção correta, mas são compostos muito pelo ajuste das receitas e aumento das alíquotas, o que resulta em aumento da inflação. O país precisava caminhar para maior previsibilidade. Num prazo mais longo, a Previdência tem problemas gravíssimos. Eu vejo uma paixão nessa questão do fator previdenciário, mas, me parece, ao nos afastarmos um pouco da questão, que, talvez, isso tenha sido favorável.

Valor: Em que sentido?

Teixeira: Pelo menos agora, assumindo que a presidente venha a vetar, ela vai encaminhar alguma medida de alteração da legislação. O fato de o Congresso ter colocado ali o fator previdenciário tornou necessário que o governo discuta esse tema. A nossa expectativa é que as alternativas sejam favoráveis para trazer esse déficit para patamares menores ou então impedir a continuidade do aumento.

"O fato de o Congresso ter colocado o fator previdenciário tornou necessário que o governo discuta esse tema"

Valor: O governo tem como fazer isso com a oposição voltando atrás até em questões antes lideradas por ela, como o fator previdenciário?

Teixeira: Não estou dizendo que é fácil, mas o governo tem obrigação de pelo menos apontar soluções na sua leitura. O que não dá é deixar para o próximo. A política que estamos vendo tem contradições. De um lado, a autoridade monetária apertando juros, de outro uma medida para aumentar a oferta de crédito imobiliário no país. É justo? Para o tomador é. Mas para quem precisa olhar o benefício mais de médio e longo prazo, esta medida traz inconvenientes. É preciso buscar transparência. E isso inclui sinalizar para os participantes do mercado qual o ritmo de redução do subsídio TJLP x Selic. Hoje assumindo 50 pontos base de alta da TJLP por trimestre, o diferencial permanece o mesmo do ano passado e, consequentemente, dado que o volume de crédito da instituição é maior, os subsídios que têm que ser aportados em algum momento vindos do Tesouro, também tendem a ser maiores. É outra forma de tornar a política monetária menos eficaz.

Valor: Por que parece mais difícil sair dessa crise do que das outras?

Teixeira: Ficou mais difícil crescer, mas isso não é um processo só do Brasil. No mundo inteiro, o crescimento potencial de uma grande maioria de países está em queda. É preciso do governo para coordenar esse processo. Mais fácil seria a carga tributária, mas isso aumentaria a inflação. E nós temos uma das inflações mais altas, com um crescimento dos mais baixos que há. Temos que parar e propor as medidas corretas. É sempre possível pintar um cenário positivo, mas ele parece mais distante hoje. É um risco que não pode ser descartado de a inflação ser superior ao nosso 8,5%. Os juros têm o objetivo precípuo de restringir a demanda. E aí quando isso começa a acontecer se vem dizer que os benefícios de reduzir a inflação são inferiores aos malefícios sobre a atividade? O desejo é aumentar os juros, mas não se quer todas as consequências de se fazer isso e que contribuirão mais à frente para a inflação cair? O crédito está caindo, vamos estimular o crédito. Está aumentando o desemprego, vamos criar estímulos. Aí não se faz ajuste, só se aumenta juros. É o pior dos caminhos.

Valor: Há risco de impeachment, vocês têm isso no cenário?

Teixeira: Nós nunca colocamos esse evento com uma probabilidade razoável. Nos parece que a incerteza política diminuiu quando a presidente colocou como coordenador político o vice-presidente Michel Temer. Mas é importante salientar que, em nossa leitura, o que está acontecendo no Congresso é favorável. O Congresso, nas figuras de seus líderes, tem buscado votar mais. E com propostas. Se pode dizer que algumas são equivocadas, mas tem um trabalho. E aí entra nossa história de que há um projeto muito importante que precisa ser encampado. O Executivo tem que convencer o Legislativo, na presença dos presidentes da Câmara e do Senado, da relevância da discussão do pacto federativo. Trabalhado num cenário mais amplo isso pode ser favorável. O Legislativo tem votado mais. Tem se apresentado para votar e discutir. Esse é, talvez, um momento no Congresso, em que poucas vezes vimos isso. Nesse aspecto, acho que é possível ser otimista. Não é possível reduzir os juros de maneira importante enquanto o país tiver uma inflação de 8,5% ou 6,5%. É um processo que nós temos que resolver. E, no fundo, há um diagnóstico que se não é pacificado é próximo a isso, de que o fiscal tem que ser ajustado. Também já se chegou à conclusão de que não dá para reduzir carga tributária sem reduzir gastos. Então, o problema são os gastos, vamos atacar os gastos. Cabe a quem? Ao Legislativo e ao Executivo. Estamos otimistas.

Argentina se opone a que Brasil y Uruguay avancen solos en negociaciones con la UE (El Observador)

Depois que o Brasil -- ou certa pessoinha -- anunciou que o Brasil negociaria com os dois outros sócios menores, e na ausência da Argentina e da Venezuela (autoexcluída por não preencher nenhum requisito do Mercosul), o interminável acordo com a UE -- que não vai terminar antes de mais ou menos 25 anos -- a Argentina decidiu usar o seu poder de veto (pois é, parece que isso existe no Mercosul), e fazer como fazia o Brasil até a desastrosa gestão anterior, ao bloquear completamente a possibilidade de acordos em separado no Mercosul.
Pode, sim, desde que se anule uma mera resolução política recomendando negociações conjuntas.
Simples não é? Basta o Brasil apresentar a proposta de resolução na próxima cúpula do Mercosul, que por acaso é em Brasília mesmo.
Quero ver como será...
Paulo Roberto de Almeida

Argentina se opone a que Brasil y Uruguay avancen solos en negociaciones con la UE

El embajador argentino en Uruguay dijo que su país no rechaza el acuerdo, pero quiere que se firme con todos los socios del bloque


El embajador argentino en Uruguay, Dante Dovena, dijo este lunes que Argentina está decidida a firmar el Tratado de Libre Comercio (TLC) entre la Unión Europea y el Mercosur pero defendió que eso se haga en conjunto con todos los socios del bloque.
Los gobiernos de Brasil y Uruguay acordaron la semana pasada que avanzarían en la presentación de una propuesta de negociación sin Argentina, que se ha mostrado reacia a suscribir el acuerdo lo que ha demorado la discusión entre los bloques.
Así quedó de manifiesto en la reunión bilateral mantenida en Brasilia entre el presidente Tabaré Vázquez y su par brasileña, Dilma Rousseff.
“Argentina no ha decidido no firmarlo, al contrario. Argentina quiere firmarlo junto a los otros países”, dijo ayer Dovena a la prensa durante el acto por la celebración del 205° aniversario de la Revolución de Mayo.
“No hay que pensar que porque Argentina no está de acuerdo en algunas de las cuestiones, Argentina no quiere firmar nada. Esto es una simplificación que no tiene sentido que la hagan”, agregó Dovena.
En ese sentido, fijó su atención en la negociación arancelaria y los reclamos que hace Argentina respecto a la liberalización del comercio en los sectores primarios.
“Son las cuestiones que tiene que ver con los aranceles sobre todo con los aranceles que los mismos países como Francia, Argentina, como Brasil como Uruguay están exportando lo mismo, y por lo tanto compiten. Cuando compiten se arman un bollo con los aranceles”, agregó.
“Eso es lo que no vamos a hacer, firmar un convenio donde seamos absolutamente permeables a la industria europea y no podamos hacer absolutamente nada de valor agregado hacia afuera”, acotó.
Consultado sobre los plazos que demandará una discusión de este tipo, sostuvo que “eso solo lo saben los que están en medio de la negociación”.
La negociación de un acuerdo comercial entre el Mercosur y la Unión Europea lleva ya dos décadas.
Por su parte, el canciller Rodolfo Nin Novoa dijo a radio Monte Carlo que se puede avanzar a velocidades distintas a la interna del bloque.
Consultado sobre los dichos de Dovena, Nin Novoa dijo que “siempre ha habido sensibilidades en algunas cosas”.
“Se puede firmar, a mi me parece, con distintas velocidades si Argentina plantea moratorias de un par de años para la entrada en vigencia del tratado”.
La posición europea
Por su parte, desde la Unión Europea ya mandaron señales de que les interesa un pacto con el bloque en su conjunto y no algo parcial.
“Queremos escuchar lo que el Mercosur nos tenga que decir. El objetivo es lograr un acuerdo entre la Unión Europea y todo el Mercosur. Si no fuera así estamos dispuestos a escuchar otras opciones”, dijo a El Observador el embajador de la UE en Uruguay, Juan Fernández Trigo.
“Pensamos que le corresponde a los miembros del Mercosur definir, pero eso no quiere decir que no estemos felices por esta decisión de acelerar las negociaciones”, agregó el diplomático.
Fernández Trigo se excusó de comentar el plan para negociar a diferentes velocidades, porque entiende que la primera opción es la negociación entre los bloques enteros.

domingo, 31 de maio de 2015

Hugo Chavez: a fraude que levou a Venezuela ao colapso - livro em espanhol

Recebi, de um amigo, este livro em espanhol, que coloco à disposição de todos os interessados neste link: 
https://www.academia.edu/12700036/Bumeran_Chavez_fraudes_en_Venezuela_2015_

Trata-se de jornalismo investigativo, com fatos reais, testemunhos fiáveis, sobre os numerosos crimes cometidos pelo comandante Hugo Chávez, ao submeter a Venezuela a mais uma ditadura abjeta, ao negociar com as FARC a troca de cocaina por armas russas e muitos equipamentos.

Bumerán Chávez: Los fraudes que llevaron al colapso de Venezuela
Primera edición, abril de 2015
© Emili J. Blasco
Diseño de cubierta y contraportada:
Daniela Santamarina
Maquetación y producción:
Ángel Luis Fernández Conde
Retrato de contraportada:
David Salas
ISBN-13: 978-1511522830
ISBN-10: 1511522836
Washington D.C., Madrid
Con la colaboración de: Center for Investigative Journalism in the Americas (CIJA), Inter-American Trends

Once capítulos de un engaño
Bajar al búnker
Introducción
1. EL FAUSTO DEL CARIBE
2. UN DOLOR DE RODILLA
3. «ES VERDAD, AÑADIMOS VOTOS FALSOS»
4. EL MONEDERO DE LA REVOLUCIÓN
5. ENRIQUECERSE CON EL SOCIALISMO
6. EL DROGADUCTO BOLIVARIANO
7. NICOLÁS EN LA GUARIDA DE HEZBOLÁ
8. CHÁVEZ-IRÁN, AMOR A PRIMERA VISTA
9. ESQUIZOFRENIA CON EL IMPERIO
10. DEL PAÍS DEL ¿POR QUÉ NO TE CALLAS?
11. COMBO McCHÁVEZ, DIETA TRÓPICAL

Bajar al búnker
"Si de aquí sale alguna información, fuiste tú; aquí no hay nadie más". Mientras decía estas palabras, Hugo Chávez miró a los ojos a su ayudante personal. Leamsy Salazar le sostuvo la mirada. «Por supuesto, mi comandante», respondió sin que se le quebrara la voz. Chávez cerró el asunto con un «espero que así sea». Sabía que el joven había visto y oído demasiado, pero estaba seguro de que entendería la advertencia. Llamado al lado del presidente venezolano al poco de salir de la Academia Naval, para entonces Salazar comenzaba a tener evidencias de que la revolución chavista era un gran fraude; todavía tuvieron que pasar varios años –oiría y vería aún más cosas– para convencerse. Al final, cogido en medio de divisiones internas, decidió contar lo que sabía, y lo hizo desde donde más daño podía causar.
Era la Semana Santa de 2007 (quizás de un año antes; Salazar no lo puede precisar) cuando el joven oficial fue testigo de cómo Chávez en persona negociaba con los cabecillas de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) la compra de cargamentos de droga y la entrega a los guerrilleros de armas y otro material militar del Ejército venezolano con los que combatir al legítimo Gobierno de Bogotá.
(...)

Ler o livro neste link:
https://www.academia.edu/12700036/Bumeran_Chavez_fraudes_en_Venezuela_2015_

sábado, 30 de maio de 2015

Politica brasileira: ministrinho do Supremao (ou ministreco do supreminho) quer impor suas teses sobre financiamento

Reinaldo Azevedo, 29/05/2015
às 20:23

FINANCIAMENTO DE CAMPANHA – Desconstruindo uma besteira monumental dita pelo esquerdista de toga — e sem voto — Roberto Barroso. Ou: Ao perdedor, as batatas!

Eu não tinha lido — e tomo ciência delas só agora, com certo atraso — duas falas de ministros do Supremo sobre a constitucionalização da doação de empresas privadas a campanhas eleitorais.
A de Dias Toffoli é, vá lá, amena, embora eu, muito provavelmente, discorde dele: “O que eu penso ser bastante importante é que se estabeleça limite de gastos. Hoje, são os próprios candidatos que se autolimitam. Ou seja, o céu é o limite. É necessário que se coloque um valor nominal fixo por empresa para doação, além desse proporcional sobre o faturamento”.
Por que o “muito provavelmente”? Se ele estiver falando em criar um limite na legislação eleitoral específica, ok. Se for um limite na Constituição, é claro que é inaceitável. Toffoli, no juízo de mérito, considerou tais doações inconstitucionais, dada a Carta que temos hoje. A maioria dos ministros o fez. Procurei que artigo da dita-cuja justifica tal juízo e nada achei.
Mas a fala que realmente me leva à indignação, e por dois motivos, é a do ministro Luís Roberto Barroso. O primeiro deles está no fato de que a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que está no Supremo tem as suas digitais. É coisa de seu grupo na Uerj. Para ler detalhes a respeito, clique aqui. Esse ministro, aliás, deveria ter se declarado impedido de votar sobre o tema. Não só votou como faz proselitismo aberto contra a emenda aprovada pela Câmara em primeira votação.
Leiam o que diz: “Uma regulamentação que não imponha limites mínimos de decência política e de moralidade administrativa será inconstitucional. A decisão desses limites deve constar em lei. Mas, não havendo lei, se houver uma imoralidade administrativa ou uma possibilidade totalmente antirrepublicana, eu acho que o Supremo pode e deve declarar inconstitucionalidade”.
Em primeiro lugar, ele está fazendo uma antecipação de voto. Em segundo, pronuncia-se fora dos autos. Em terceiro, deixa claro que será imoral e antirrepublicano tudo aquilo que ele próprio acha imoral e antirrepublicano. Em quarto, comporta-se como se fosse deputado ou senador. Em quinto, confunde a sua tese com o interesse do país.
Mas não só isso. Não deve ter sido um bom aluno de matemática. Não deve ter sido um bom aluno de lógica. Deve ser do tipo que está na chamada “área de humanas” porque não conseguia lidar direito com as disciplinas de exatas… Leiam esta barbaridade:
“Permitir que a mesma empresa financie todos os candidatos quer dizer que ou ela está sendo achacada ou ela está comprando favores futuros”.
É de clamar aos céus, não? Que prova haveria de que alguém que só doa ao candidato do poder de turno não está sendo achacado ou pensando em favores futuros? Talvez seja uma das maiores tolices jamais ditas por um ministro do Supremo. Mais: ela embute a possibilidade de que pode não esperar favor quem aposta no grupo que já está no poder, mas o espera daquele que aposta no que não está. A penúria lógica de Barroso seria de dar pena se não fosse exasperante. Afinal, ele é ministro do Supremo. Só há 11 pessoas no Brasil com tal distinção.
Ele vai além. Vocês sabem o que é um gato escondido com o rabo de fora? Pois é… A gente não vê o bichano, mas sabe ser um gato, não é? Querem ver a tese dos petistas na fala do ministro? Eu mostro. Segundo ele, é preciso restringir a possibilidade de contratação de empresas que fizeram doações pela nova administração porque isso seria “permitir que o favor privado, que foi a doação, seja pago com dinheiro público, o que é evidentemente imoral”.
É outra fala de uma estupidez alvar. Havendo tal proibição, vamos ver as consequências:
1: A empresa X, sabendo que o favorito é o candidato A, pode investir no candidato B para demonstrar a sua falta de ambição, né, ministro?;
2: se o candidato B vence, mas a empresa apostou no A, ela pode ou não ser contratada, grande mestre e sábio?;
3: se a proibição das doações levaria à multiplicação do caixa dois, a sugestão do ministro também levaria, ora bolas! Por que uma empreiteira financiaria uma campanha para depois ser impedida de trabalhar para o governo? Melhor fazê-lo por fora. Mais: doutor Barroso quer que um candidato sem chances tenha mais dinheiro do que o favorito. Doutor Roberto cultura um novo lema: “Ao perdedor, as batatas!”;
4: mais: empresas que colaboram, então, para o financiamento da democracia seriam punidas; aquelas que não estão nem aí seriam beneficiadas — mas essa é só a hipótese de esse segundo grupo não estar operando no caixa dois;
5: no fundo, Luís Roberto Barroso acha que é o capital que corrompe os homens probos, e não os homens corruptos que corrompem um sistema probo;
6: ideias têm filiação, e a sua também: essa mentalidade decorre de uma das grandes tiranias do século passado: fascismo ou comunismo;
7: fascistas e comunistas se dedicaram a fazer reengenharia social para que a tal sociedade parasse de corromper homens supostamente bons. Deu no que deu.
Por que Luís Roberto Barroso não se contenta em ser ministro do Supremo ou, então, não renuncia ao cargo que ocupa e disputa eleições? Se o povo lhe der a graça do voto, ele propõe o que quiser. Usar a toga para ameaçar uma proposta aprovada pelos deputados com o fantasma da inconstitucionalidade é inaceitável. É, como ele diz, “evidentemente imoral”.
O doutor está vendo a sua tese, que foi lavada pela OAB, ser derrotada no Congresso e pretende usar o tapetão, do qual faz parte, em defesa do próprio pensamento. Barroso está fundando a “Advocacia Administrativa Intelectual”.
Que coisa feia!
Por Reinaldo Azevedo

Magna Carta and the Rule of Law around the World - Cato Institute, June 4 (video)

Magna Carta and the Rule of Law around the World
Conference, at Cato Institute (Washington D.C.)
Thursday, June 4, 2015 9:00AM

Featuring Richard Helmholz, Distinguished Service Professor of Law, University of Chicago Law School; Roger Pilon, Vice President for Legal Affairs, Cato Institute; Tom Palmer, Executive Vice President for International Programs, Atlas Network; Richard Pipes, Professor of History Emeritus, Harvard University; Swaminathan Aiyar, Research Fellow, Center for Global Liberty and Prosperity, Cato Institute; Juan Carlos Botero, Executive Director, World Justice Project. Moderated by Ilya Shapiro, Senior Fellow in Constitutional Studies, Cato Institute; and Ian Vasquez, Director, Center for Global Liberty and Prosperity, Cato Institute.

June marks the 800th anniversary of the Magna Carta, the “Great Charter of Liberties” that King John of England agreed to and that aimed to limit the Crown’s power. The Magna Carta exerted a significant influence on the development of the common law in England and subsequently in the United States. Richard Helmholz will explain the emergence of the Magna Carta, describe its substance, and discuss its impact on the rule of law in England. Roger Pilon will speak about the charter’s importance to the United States. And Tom Palmer will discuss similar charters in other parts of medieval Europe. Other speakers will address the unsteady spread of the rule of law around the world: Richard Pipes will describe the case of Russia, Swami Aiyar will discuss India’s experience, and Juan Carlos Botero will give a global overview of progress and challenges based on the Rule of Law Index.

Watch online Jun 4: http://cato.us1.list-manage1.com/track/click?u=98c97f42691d5de57bc944822&id=1f1fb544f5&e=83901460cb

9:00–10:30 a.m.
Panel 1: Magna Carta and the Western Tradition

Moderator: Ilya Shapiro
Senior Fellow in Constitutional Studies, Cato Institute

Richard Helmholz
Distinguished Service Professor of Law, University of Chicago Law School

Roger Pilon
Vice President for Legal Affairs, Cato Institute

Tom Palmer
Executive Vice President for International Programs, Atlas Network
 10:30–10:45 a.m.:

Break
10:45 a.m.–12:15 p.m.

Panel 2: The Unsteady Spread of the Rule of Law

Moderator: Ian Vasquez
Director, Center for Global Liberty and Prosperity, Cato Institute

Richard Pipes
Professor of History Emeritus, Harvard University

Swaminathan Aiyar
Research Fellow, Center for Global Liberty and Prosperity, Cato Institute

Juan Carlos Botero
Executive Director, World Justice Project

If you can’t make it to the Cato Institute, watch this event live online at www.cato.org/live and follow @CatoEvents on Twitter to get future event updates, live streams, and videos from the Cato Institute.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Politica Externa de Macondo, II: versao publicada em La Jornada

Retomando a postagem anterior, esta é a versão editada da entrevista macondiana.
A comparar com o original (mas acho que o jornalista fez um grande esforço de editing...).
Paulo Roberto de Almeida

Dilma Rousseff: México, vital para la unidad latinoamericana
Entrevista / Presidenta da República
Darío Pignotti
Especial para La Jornada
La Jornada (México), 24 de mayo de 2015

La presidenta comienza este lunes una visita de Estado
Es tiempo de recuperar vínculos, después del distanciamiento por el apoyo de Vicente Fox al ALCA, dice
Explica a La Jornada el deshielo con Obama, la relación EU-Cuba y el arresto y prisión de su juventud

Brasilia. Pocos días después de haber recibido al premier chino, con quien acordó construir un ferrocarril interoceánico, crucial para el eje Brasilia-Pekín, visto con recelo por Washington, la presidenta brasileña, Dilma Rousseff, se apresta a iniciar este lunes su primera visita de Estado a México, donde la aguardan numerosos encuentros oficiales, después de los cuales espera hacerse un hueco para ver los murales de Diego Rivera, y averiguar si hay alguna muestra de Remedios Varo.
Rousseff conoce de artes plásticas desde que asumió la Presidencia; en 2011 organizó muestras de la pintora modernista brasileña Tarsilia de Amaral y del renacentista italiano Michelangelo Caravaggio.
Durante la entrevista con La Jornada habló destalladamente de dos obras del también modernista brasileño Emiliano Di Cavalcanti, que ornamentan la residencial oficial, el Palacio de Alvorada.
Además de la pintura, la defensa de la soberanía petrolera es otro tema que apasiona a esta mujer sin medias tintas, que está estrenando su segundo mandato para el cual fue elegida en octubre del año pasado.
Se trata del cuarto gobierno consecutivo del Partido de los Trabajadores, los dos primeros (entre 2003 y 2011) a cargo del legendario Luiz Inacio Lula da Silva.
Dilma y Lula –aquí a los presidentes se les llama por el nombre de pila– se reunieron el viernes por la tarde en Brasilia, seguramente para abordar la coyuntura política agitada a raíz de las intrigas desestabilizadoras urdidas por el Partido de la Socialdemocracia Brasileña y el conglomerado de medios Globo, que se afianzó como grupo dominante gracias a los favores prestados a la dictadura militar (1964-1985), que encarceló y torturó a la hoy presidenta.
Ocurre que las elites políticas y mediáticas buscan restaurar el ciclo neoliberal y para ello necesitan acabar con los programas sociales, el nacionalismo petrolero (pivote de la crisis actual) y la diplomacia independiente de Washington, tanto como volcada hacia América Latina.

LJ: ¿El viaje a México consolida la opción por Latinoamérica?
PR: Una de las cosas que me impactaron mucho de México, en 1982 cuando hice mi primer viaje, fue ver una reproducción de la ciudad indígena anterior a la Conquista, en la que había un sistema de abastecimiento de agua que en aquel momento no había en Europa.
“Cuando realicé aquel viaje Brasil vivía de espaldas a América Latina y sólo miraba hacia Estados Unidos y Europa, y eso se traducía en la política externa; no digo que no debemos relacionarnos con estadunidenses y europeos, pero sostengo que nuestra política externa ha cambiado (en los pasados 12 años) respecto del modelo anterior.
“Tenemos un compromiso con América Latina, con la que existe identidad cultural.
“Por cierto, también miramos a África porque ese continente tiene mucha importancia en la formación del hombre y la mujer brasileños, y de la nación brasileña (millones de africanos llegaron como esclavos durante el imperio portugués).
“Ahora creo que es el momento histórico de estrechar las relaciones entre América del Sur y México, una de las naciones más ricas en lo cultural y lo económico; una gran nación latinoamericana ubicada en el hemisferio norte.
Es una relación que interesa a Brasil porque tenemos conciencia de la importancia que tiene México para la unidad latinoamericana. Unidad que debe darse respetando las diferencias entre los países.
No al ALCA
A partir de la Cumbre de las Américas de 2005, en Mar del Plata, se hizo más claro el distanciamiento entre México y parte de Sudamérica debido al apoyo de Vicente Fox al Área de Libre Comercio de las Américas (ALCA), proyecto rechazado de plano por la troika que formaron Hugo Chávez, Néstor Kirchner y Lula.

LJ: ¿Su viaje es el rencuentro entre Brasil y México?
PR: Creo que mi viaje abre un nuevo capítulo en nuestras relaciones. Cuando recibí al presidente Enrique Peña Nieto, él vino poco después de ser electo, coincidimos en que para Brasil era fundamental aproximarse a México y para ellos era fundamental aproximarse a Brasil. Y que era fundamental para toda nuestra región que esto ocurra.
“Estoy convencida que los dos países se beneficiarán en lo económico y comercial, y creo que el acuerdo automotriz en vigor ha sido un paso importante. Ese acuerdo muestra cuál es el camino a seguir, y que es posible firmar otros.
“Tengo la convicción de que esta conveniencia es mutua, y creo que el presidente Peña Nieto opina lo mismo.
“Hay personas que consideran que las economías de Brasil y México compiten entre sí; creo que esa es una visión equivocada, nuestras economías son complementarias.
“Nuestros países representan los dos mayores mercados de América Latina, y es importante que México pueda hacer más inversiones en Brasil y viceversa.
“Somos el segundo destino de inversiones directas mexicanas, sólo nos supera Estados Unidos; esto quiere decir que hay una rueda que está girando y que favorece la integración.
“Me alegró saber que la empresa brasileña Braskem formará una sociedad con la mexicana Idesa para crear un polo petroquímico.
“Considero que nuestros países están en condiciones de hacer acuerdos a partir de la complementariedad de la cadena productiva, producir una parte acá y otra allá.
Esto puede ocurir en la industria naval, en la cadena de gas y petróleo, donde México tiene Pemex, y Brasil tiene a Petrobras, empresas que tienen modelos regulatorios similares.

LJ: Podemos hablar entonces de un vínculo sólido, ¿surge el eje mariachi-bossa nova?
PR: Puede llamarlo mariachi-bossa nova. No, mejor vamos a llamarlo eje tequila y caipirinha (riendo).

LJ: ¿Es posible un acuerdo Pemex-Petrobras?
PR: Siempre considero que es posible, y ya hubo un acuerdo en 2005, en vigor, que es el Convenio General de Colaboración Científica, Técnica y de Entrenamiento.
“Petrobras es una empresa con acciones cotizadas en las bolsas de valores (Nueva York y San Paulo) y Pemex está adoptando un marco regulatorio similar.
Podemos actuar en el plano de las inversiones, en la cadena de proveedores donde nosotros podemos participar porque en Brasil tenemos astilleros.

LJ: ¿Pemex podría explotar petróleo de Brasil?
PR: Claro que puede, igual que cualquier otra empresa extranjera.

LJ: ¿Brasil está interesado en ello?
PR: Lógico, no tenga duda de que es así. Creo que esto también será conveniente para Petrobras porque cuenta con tecnología de exploración en aguas ultraprofundas.

LJ: Pero Pemex no participó en las subastas de grandes pozos en la zona de pre-sal (aguas profundas).
PR: No participó porque decidió no hacerlo en ese momento. Pero nosotros veríamos con inmensa simpatía que vengan ahora. Pemex es una de las mayores empresas nacionales de petróleo del mundo. Es una empresa muy bien conceptuada, respaldada por el pueblo mexicano.
“Le cuento una historia: en Brasil hubo un escritor y cronista de futbol, Nelson Rodrigues, que cuando se refería a la selección decía que era la patria verdeamarilla con botines de futbol.
En forma análoga, Petrobras es una empresa querida por el pueblo brasileño, para mí es tan importante para Brasil como la selección de futbol, y creo que en México ocurre algo parecido con Pemex, desde que el gran presidente Lázaro Cárdenas nacionalizó los hidrocarburos en los años 30.
Deshielo con Obama
En septiembre de 2013, al saber que la Agencia de Seguridad Nacional (NSA, por sus siglas en inglés) había robado informaciones de su gobierno y de Petrobras, Dilma plantó cara ante Barack Obama: le exigió explicaciones sobre las operaciones de la agencia y rechazó una invitación para realizar una visita de Estado a Washington. El hielo entre Brasilia y Washington sólo se rompería en abril de este año, durante la Cumbre de las Américas de Panamá, cuando los mandatarios dejaron atrás sus divergencias y acordaron volver a encontrarse dentro de un mes en la Casa Blanca.

LJ: ¿Usted quedó conforme con las explicaciones de Obama sobre las maniobras de la NSA?
PR: La NSA investigó de forma ilegal sobre Petrobras y el gobierno brasileño, con el pretexto de que lo hacía debido a la amenaza terrorista después de los ataques del 11 septiembre de 2001.
“Luego se supo que también ocurrió algo parecido con el gobierno de Alemania, gobierno junto al cual hicimos una presentación en la Organización de Naciones Unidas (ONU).
“Frente a esas circunstancias el presidente Obama adoptó varias resoluciones, entre ellas la que determinó que no corresponde espiar a países amigos.
Ellos, Estados Unidos, nos dijeron que a partir de entonces nunca más ocurrió aquello (espionaje ilegal contra Brasil).

LJ: Entonces, ¿ese asunto está concluido?
PR: Para nosotros está concluido.Creo que el gobierno de Obama tomó las medidas pertinentes dentro de sus atribuciones. Esa es nuestra convicción.

LJ: ¿Es constructivo el acercamiento entre Washington-La Habana iniciado en Panamá hace un mes?
PR: Para mí fue una de las grandes iniciativas tomadas en los años recientes, primero porque cierra la guerra fría en nuestro continente. Queremos que esto se profundice y lleve al fin completo del embargo contra Cuba, algo que no depende del Poder Ejecutivo estadunidense, sino del Congreso.
Brasil financió el mayor puerto de aguas profundas de Cuba, el de Mariel (inaugurado por Dilma y Raúl Castro en 2014). La oposición brasileña era completamente cáustica a ese financiamiento del Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (BNDES).

LJ: Por tanto, ¿la política del BNDES fue correcta pese a las críticas de la derecha?
PR: Esa política no fue del BNDES, fue del gobierno brasileño; el BNDES es un banco controlado ciento por ciento por el gobierno. Nosotros consideramos que el proceso de relaciones democráticas en Cuba pasa por apostar en la apertura, en la inversión y en la apertura de la relación comercial entre Estados Unidos y Cuba.
“El embargo no lleva a nada; después de más de medio siglo no llevó a nada.
“Creo que Estados Unidos dio un paso extremadamente feliz, estratégico para América Latina.
“Y digo más. Creo que el presidente Obama dio ese paso con mucho coraje y que esto no vuelve hacia atrás; la rueda de la historia no retrocede, creo que ahora va a haber inversiones en Cuba.
“Cuba es un país especial para nosotros los latinoamericanos, y sé que para los mexicanos más aún.
Ahora bien, todo esto que pasó entre Estados Unidos y Cuba no fue sólo por mérito de ellos; en este sentido me gustaría hablar un poco del papa Francisco, ¿puedo hacerlo?
Por supuesto.
Quiero decir que el papa Francisco tuvo un papel fundamental, porque además de ser jefe de la Iglesia católica, apostólica y romana, él fue alguien con el discernimiento necesario para percibir que si había algo importante para los pueblos de este hemisferio, para el de Cuba en especial, era esa retomada de las relaciones.
Sin cambiar de lado
Son cerca de las 18.30 horas del viernes. La entrevista iba a ser de 40 minutos y han transcurrido más de 70 y no hay señales de que concluya. Dilma habla de sus tres años presa por haber enfrentado con las armas a la dictadura y de su balance de aquella opción política.
“Conversé mucho de esto con el presidente Mujica; no nos arrepentimos de nada, claro que es necesario entender cuáles eran las circunstancias políticas en aquellos años (fines de la década del 60 y principios de los 70). Condiciones que nos llevaron a actuar como actuamos (lucha armada); se trata de una situación que ya no existe ahora. Eso es lo primero.
“Lo segundo es que uno cambia, pero uno no cambia de lado.
“Años después uno ve que se cometieron equívocos; hay cosas que son fruto de la juventud, pero ahora no voy a ponerme en contra de lo que fui durante en mi juventud.
“Y nunca olvidé lo que me ocurrió, mi vida está incuestionablemente marcada por aquello.
“Una vez fui a testificar en el Congreso y alguien (un senador derechista) me dijo que yo había mentido durante las sesiones de tortura.
“Y es bueno que lo haya hecho, porque si uno dice la verdad durante la sesión de tortura uno entrega compañeros, a sus amigos.
“Yo no critico al que habló bajo la tortura. En las sesiones a uno le decían: ‘si hablas yo paro de torturarte’, y esto desata una lucha interna, uno tiene que aguantar y no hablar. Cada uno encuentra fuerzas dentro sí, para eso hay que tener convicciones. No digo que el que aguantó es un héroe, nadie es héroe.
“Durante los días que pasé bajo tortura yo me engañaba a mí misma para resistir; me decía a mí misma: ‘ahora ellos van a volver’, para estar preparada. Y al final ellos (los represores) volvían, me colgaban en el pau de arara, me daban un shock (de picana eléctrica).
¿Cuál es la estrategia para resistir? Primero no hay que pensar, hay que hacer casi un ejercicio de meditación sacándose todo de su cabeza y así uno no se corroe por el miedo. El miedo está dentro de nosotros. El dolor humilla, degrada. Resistir es difícil.

LJ: Si usted resistió aquello, ¿ahora podrá soportar tranquilamente las presiones de la derecha contra su gobierno?
PR: Son mucho más fáciles de soportar. No quiero decir que sean facilísimas, o que no sean irrelevantes. Lo difícil fue resistir aquello, y cuando uno resiste no se torna héroe, se torna gente.

LJ: O se torna presidenta.
PR: Sería mejor llegar a la Presidencia de la República sin tener que pasar por la tortura (riendo).