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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Estaria aumentando o numero de idiotas no mundo? - Paulo Roberto de Almeida

Creio ter detectado, ultimamente, um aumento anormal no número de idiotices sendo propagadas por canais como este. Por isto, lembrei-me de um trabalho que elaborei muitos anos atrás, quando eu tinha detectado o mesmo fenômeno, mas basicamente restrito a grupos religiosos determinados, como os criacionistas, por exemplo.
Acho que a situação só fez se agravar desde então, o que me levou a localizar e a republicar um trabalho que permaneceu relativamente obscuro desde então.
Sugiro que relevem a ênfase religiosa, e projetem o fenômeno para a área política, atualmente, pois ele é capaz de atingir mesmo as maiores potências do planeta...
Paulo Roberto de Almeida 

Estaria a imbecilidade humana aumentando? (uma pergunta que espero não constrangedora...)
Miami-São Paulo (em voo), 23 abril 2007, 5 p. 
Considerações sobre o aumento da idiotice no mundo, com base no fundamentalismo religioso e nas explicações simplistas sobre a vida e o mundo. 
Publicado sob o título de “Está aumentando o número de idiotas no mundo?”, revista Espaço Acadêmico (ano 6, n. 72, maio de 2007; ISSN: 1519-6186). 
Relação de Originais n. 1746; Relação de Publicados n. 766.

 
Estaria a imbecilidade humana aumentando?

(uma pergunta que espero não constrangedora...)

Paulo Roberto de Almeida
Em vôo Miami-São Paulo, 23 abril 2007.

Com o perdão daqueles mais sensíveis à crueza da questão-título, respondo diretamente à pergunta. E a resposta é, ao mesmo tempo: sim e não! Explico um pouco melhor aqui abaixo.
Sim, infelizmente pode-se constatar empiricamente – mas isto poderia ser confirmado por alguma investigação “científica” – que está aumentando, para cifras nunca antes registradas nos meios de comunicação, o número de imbecis, idiotas ou simples energúmenos, cujas opiniões, elocubrações ou meras manifestações de “pensamento” conseguem ser captadas por esses meios de comunicação, encontrando assim um eco mais amplo nos veículos impressos e audiovisuais.
Por outro lado, nunca foi tão volumosa a produção científica ou a simples escolarização de massas antes excluídas do acesso à educação (de qualquer nível e qualidade). Com isso, a cultura científica se dissemina em meios antes entregues às mais variadas influências “culturais”, desde o curandeirismo shamânico até o fundamentalismo religioso pretendidamente “cientista”. Assim, a humanidade “progride”, ainda que isto possa ser descrito como sendo uma “fatalidade natural” do acúmulo do conhecimento científico e que esse saber esteja em muito poucas mãos (e cérebros).
Com esses dois processos se desenvolvendo simultaneamente, a resposta à pergunta central é, portanto, dupla e contraditória: nunca foi tão grande o número de pessoas partilhando de um mesmo conjunto de explicações simplistas – e basicamente erradas, quando não idiotas – sobre as complexidades do mundo e da vida, ao mesmo tempo em que aumenta gradativamente o número daquelas capazes de galgar as escarpas ásperas da ciência e de adotar explicações racionais, a fortiori racionalistas, para esses mesmos problemas. Um coisa não exclui a outra, portanto.

Como sabem todos aqueles que lidam com sistemas educativos, quando se amplia o acesso às instituições formais de ensino a uma clientela a mais extensa possível, parte da qual era antes excluída desses meios, é inevitável a queda de qualidade da educação formal, uma vez que se está lidando com os mais despreparados e carentes de toda e qualquer informação. Pessoas que antes eram “educadas” nas superstições e crendices “normais” dos meios populares, na baixa cultura dos estratos inferiores da sociedade, passam, de um momento a outro, a dispor de maior acesso aos canais da sociabilidade e aos meios de comunicação de massa, como revistas, jornais e internet. Alguns até conseguem sucesso nos meios profissionais e se tornam pessoas de renda elevada, detendo capacidade de influir na tomada de decisão de empresas e de governos, e de influenciar, portanto, uma maior número de indivíduos à sua volta. Se essas pessoas conseguiram adquirar, através da escola e dos livros, uma cultura superior, logicamente estruturada e cientificamente embasada, tanto melhor: elas poderão disseminar uma cultura superior àquela que tinham em seus meios de origem e contribuir assim para a elevação espiritual da humanidade. Se, ao contrário, elas passaram impunes pela educação formal e conservaram – até aumentaram, por hipótese pessimista – as mesmas superstições de origem, os mesmos preconceitos primários, as mesmas explicações ingênuas que compõem o lote comum da humanidade desde tempos imemoriais, então só podemos prever o pior: o aumento das opiniões não-fundamentadas, e das respostas equivocadas às questões mais complexas da vida e da sociedade. Pode-se até prever a consolidação da ignorância num verdadeiro “sindicato dos energúmenos”, cujos filiados crescem a olhos vistos.
Isto se aplica, por exemplo aos obcecados pela astrologia e pelas explicações “mágicas” sobre o “sucesso” na vida (no amor, nas finanças, na longevidade) e, sobretudo, em relação ao crescimento do fundamentalismo religioso e de variantes do criacionismo, que só posso explicar como representando a imbecilização congenital de pessoas até medianamente bem dotadas de acesso à educação formal e a meios decentes de vida. De fato, estou cada vez mais surpreendido com o crescimento dessas interpretações literais sobre a origem do universo, da vida na Terra e da criação do homens e dos demais seres vivos, “explicações” que afetam basicamente a história e a biologia (com todas as suas variantes na geologia, na antropologia ou na arqueologia).
Sem querer ofender ninguém em particular – mas possivelmente ofendendo, mas não me desculpando por isso –, só posso atribuir ao triunfo da ignorância o fato de que mais e mais pessoas resolvem aderir a essas versões ingênuas, simplistas e profundamente equivocadas sobre a origem da vida e seu desenvolvimento na face da Terra. Essas mesmas pessoas, obviamente, recusam a teoria da evolução e suas conseqüências práticas, sendo portanto totalmente ineptas para qualquer tipo de carreira científica, pelo menos nas áreas de biologia, de geologia e de outras ciências naturais (para não falar da torturada e tortuosa história da humanidade).
Sem pretender chamar ninguém em particular de idiota – mas possivelmente chamando, e não me desculpando por isso –, surpreende-me, sim, que tantas pessoas resolvam aderir a uma visão do mundo terrivelmente comprometedora de suas chances futuras de progresso numa cultura superior e em carreiras científicas que poderiam contribuir para o seu próprio bem-estar individual e para uma qualidade de vida melhor para toda a humanidade (eventualmente para si próprias, se elas por acaso se encontrassem em uma situação de emergência que requeresse o mínimo de conhecimento especializado, geralmente de tipo científico).
É evidente que, em todas as épocas históricas e em todas as sociedades, a cultura científica sempre foi algo extremamente restrito e profundamente elitista, tocando em poucos membros da comunidade. Com a ampliação e a extensão das instituições escolares, essa cultura se estende progressivamente a um maior número de pessoas, mas seu estabelecimento e desenvolvimento dependem, em última instância, do próprio esforço individual e do empenho pessoal na absorção e compreensão de complexos problemas técnicos que passam então a se disseminar em escala ampliada. Essa cultura científica sempre estará em competição com a cultura ingênua, com as explicações simplistas e desrrazoadas ou até com a ignorância mais completa – que, aliás, não se peja de aparecer –, travestida em “conhecimento popular”, ou em senso comum.
A razão disso é simples: independentemente do seu meio social de nascimento, do nível de renda e do background familiar, as pessoas nascem igualmente dotadas, ou seja, com algumas habilidades inatas e uma mesma ignorância cultural fundamental. A cultura e a educação serão nelas “instaladas” à medida de sua exposição a fontes superiores de cultura e de educação, ou então elas conservarão as mesmas “ferramentas” de saber dos seus meios de origem ou daqueles meios a que foram expostos no curso da vida. É muito duro adquirir uma cultura científica e uma explicação “superior” sobre a vida, uma vez que isto requer estudo constante, leituras aplicadas, raciocínio não-elementar e alguma “transpiração” na busca de instrumentos explicativos de realidades complexas, em todo caso não-óbvias.
Em outros termos, conformando-se às tendências inatas à preguiça e à acomodação, na ausência de perigos ou de estímulos externos à criatividade e à inovação, a maior parte da humanidade adapta-se ao puro senso comum e às explicações elementares, que são obviamente rudimentares, quando não preconceituosas ou francamente equivocadas. Apenas uma pequena parte da humanidade é levada – ou é obrigada – a responder a desafios externos ou à sua própria curiosidade intelectual (que também é inata, mas requer algo mais do que simples ações reativas a estímulos ambientais). Resulta disso a divisão tradicional entre a cultura científica e a cultura popular, já examinada na obra de epistemologistas e de historiadores da ciência, não cabendo aqui qualquer relativismo cultural ou manifestação de “correção política” quanto às virtudes pretensamente igualitárias ou dotadas de alguma “genialidade natural” da segunda em relação à primeira.
Este me parece ser o “molde sociológico” através do qual seria possível analisar a “emergência” e a “disseminação” de explicações equivocadas, francamente deletérias e (por que não dizer?) totalmente idiotas sobre o mundo real, que resultam dessas crenças “criacionistas” ou anti-evolucionistas que, a exemplo dos EUA, também tendem a se propagar no Brasil a um ritmo impressionante. Para onde quer que se olhe, a constatação parece ser a mesma: mais e mais pessoas, incapazes de se alçar a uma cultura superior – que chamamos de científica –, se deleitam, quando não se comprazem com explicações religiosas simplistas ou com meras superstições. O que é pior: dotadas de acesso aos meios de comunicação – hoje em dia, qualquer um tem acesso à internet, e muito cachorro de madame possui webpage –, essas pessoas passam a expor sem maiores restrições sua profunda ignorância, seus preconceitos tradicionais, seus equívocos de senso comum transmitidos desde o berço a um número incontável – e propriamente incontrolável – de outras pessoas.
Como a exploração da credulidade alheia tornou-se, igualmente, uma prática comum em nossos tempos mercantilistas, sobretudo em algumas vertentes da “indústria religiosa” – que baseia sua ação na “teologia da prosperidade”, antes de mais nada, a prosperidade individual dos próprios “ministros” da nova religião –, é evidente que a imbecilidade humana, como explicitado no título deste ensaio, tenha tendência a aumentar. Torna-se inevitável o triunfo de alguns imbecis – nem por isso menos aptos a extrair renda de pessoas ignorantes e ingênuas – que não sofrem nenhum constrangimento em estender o mais possível sua ignorância enciclopédica em todas as longitudes e latitudes abertas ao seu pouco engenho e baixa arte. Trata-se de um aumento relativo e também absoluto, ou seja: mais e mais pessoas, dotadas de “cultura ingênua”, são mobilizadas pelos espertalhões de plantão, nem todos imbecis ou idiotas; longe disso, pois alguns fazem disso uma profissão altamente lucrativa.
Por outro lado, é normal que grande parte da humanidade, agora provista de meios de subsistência relativamente satisfatórios, sobreviva e prospere fisicamente (obviamente graças aos progressos da ciência, que alguns tão alegremente ignoram). Agora são indivíduos arrancados de um estado de letargia intelctual para uma situação de exercício ativo de banalidades de senso comum, quando não de imbecilidades coletivas facilmente disseminadas pelo acesso irrestrito aos meios modernos de comunicação. É o triunfo das nulidades, como queria um sábio brasileiro, é a vitória da ignorância de modo amplo, uma vez que os meios técnicos não distinguem entre a boa e a má “cultura”, entre a verdade e a falsidade, entre a racionalidade e o ilogismo mais absoluto.
Na outra ponta, nunca foi tão grande o conhecimento acumulado pela espécie humana sobre sua própria existência e o meio que a cerca. Como a ciência e o conhecimento são cumulativos e, em princípio, não “extinguíveis” – salvo catástrofes humanas e naturais muito amplas –, a única previsão possível nesse terreno é a expansão e aperfeiçoamento do saber científico, em benefício do conjunto da humanidade, mesmo os mais imbecis. Ou seja, mesmo aqueles fundamentalmente estúpidos a ponto de recusar uma explicação científica para a origem de seus males eventuais, podem ter suas vidas salvas pelos progressos da medicina e assim, num exercício de “darwinismo involuntário”, continuar a disseminar impunemente a sua ignorância e seus preconceitos à sua volta ou a uma geração de idiotas mais à frente. Um exemplo: aqueles que recusam a transfusão de sangue podem ser salvos por injunção legal ou pela mudança temporária de religião – alguns não são idiotas a esse ponto –, a tempo de permitir a operação médica e sobrevivência. (Alguns darwinistas radicais talvez não estejam de acordo com essa sobrevivência dos ineptos, mas a perspectiva humanitária comanda que façamos todo o possível para salvar nossos semelhantes.)

Em resumo: a ciência e a racionalidade progridem a olhos vistos, e elas tornam a vida de todos melhor e mais longa. Elas sempre serão restritas a um número relativamente pequeno de seres humanos, em todo caso até que a educação de qualidade e o espírito de pesquisa se tornem mais amplamente disponíveis nas sociedades. A ignorância e o preconceito recuam no conjunto, mas eles continuarão a ser muito comuns, na medida em que também constituem características tradicionais – eu não diria inatas por respeito ao gênero humano – das sociedades.
Concluindo: a imbecilidade humana tem, sim, aumentado, pela força dos números, mas ela comanda cada vez menos os destinos da raça humana, graças aos progressos da ciência. Ou estarei errado?

John Milton: um regicida no seculo que decapitou pelo menos um, no seu pais - Robert McCrum (book review)


 The 100 best nonfiction books: No 95 – Areopagitica by John Milton (1644)
Today Milton is remembered as a great poet. But this fiery attack on censorship and call for a free press reveals a brilliant English radical




  John Milton: ‘A fiery pamphleteer in an age of religious and political argument.’ Photograph: Alamy Stock


The Guardian, Monday 27 November 2017 05.45 GMT 


Throughout England and Europe, the 17th century was notable for its violence, instability and profound social upheavals. On the continent, a whole generation became traumatised by the thirty years’ war. In England, the civil war divided the country and executed a king. There are some moments when, as is happening again now, the forces of history seem to be on the march. In England, several writers (notably Browne, Burton, Hobbes and Marvell) who lived through these dangerous times produced work that is clearly influenced by the experience of chaos, conflict and revolution.

John Milton is perhaps most notable of these. Born the son of a scrivener in Cheapside, London, in 1608, and educated at Cambridge, he devoted many years in mid-life to the politics of the Commonwealth, was arrested during the Restoration, but was released, had blindness in old age, and died in 1674.

Milton today is remembered as the author of Lycidas, Paradise Lost, and Paradise Regained – a supremely great English poet. To his contemporaries, however, he was pre-eminently a rhetorical writer – a fiery pamphleteer in an age of religious and political argument, whose tireless defence of divorce, progressive education, regicide and the Commonwealth marked him out as a natural, and brilliant, English radical.

For Milton himself, his gifts were complementary. He said he could write with his left hand (prose) or his right hand (poetry). To understand him better, and to locate him in the England of the civil war and subsequent Restoration, his readers need to reconcile these two parts of his genius, the polemical master as much as the subtle lyricist. Milton’s Areopagitica is the mature text that displays both parts of his creative imagination at full pitch, and adds another dimension to our appreciation of his poetry – in the words of one critic “a monument to the ideal of free speech”. As Milton himself writes: “A good book is the precious life-blood of a master spirit, embalmed and treasured up on purpose to a life beyond life.”

Subtitled “A speech of Mr John Milton for the liberty of the unlicensed printing, to the Parliament of England”, the title of Areopagitica pays deliberate homage to the Areopagiticus of the famous Greek orator Isocrates. Like all his contemporaries, notably Sir Thomas Browne (No 93 in this series), Milton believed that referencing the classics was one way of guaranteeing the permanence of his prose.

The exercise of freedom for Milton was a moral and dynamic right: free citizens must always strive to earn their freedom

Milton was writing in response to parliament’s licensing order of 14 June 1643, a repressive measure that had shockingly re-established the press restrictions of the hated Stuart dynasty. His attack on censorship and call for a free press asserted the ideals of liberty and free speech in a tour de force of English prose that’s at once fierce and poetic: “As good almost kill a man as kill a good book: who kills a man kills a reasonable creature, God’s image; but he who destroys a good book, kills reason itself, kills the image of God, as it were in the eye.”

For Milton, as for all great libertarians, true freedom is indivisible, a point that he argues with polemical brilliance.

Areopagitica opens with a survey of press licensing, satirically linking the practice to the Spanish Inquisition. Why, he asks, should the common reader not be free to judge for themselves between a good and bad book? Is it not the condition of virtue to recognise evil and resist it? In a celebrated passage, he writes that he has no time for “a fugitive and cloistered virtue”. The exercise of freedom for Milton was a moral and dynamic right: free citizens must always strive to earn their freedom. For Milton, it was this “struggle” that bestowed value on the individual’s place in society, a theme that links the ethical position of all his writing, poetry as much as prose. Any regulation of reading, he continues, broadening the argument against the licensing of the press, should logically include all recreations.

“If we think to regulate printing, thereby to rectify manners, we must regulate all recreations and pastimes, all that is delightful to man… And who shall silence all the airs and madrigals, that whisper softness in chambers?”

This passage is an apt reminder that the cultural changes wrought by the Puritan revolution did not eliminate a lingering attachment to a courtly style that would survive (just) into the 18th century. Milton’s work is expressive of a society in transition.

Description: https://i.guim.co.uk/img/media/5162f658230db733bb76d7a569a7f057786a127d/0_201_5138_3082/master/5138.jpg?w=460&q=55&auto=format&usm=12&fit=max&s=a1dd6c02fb5eb82db9984cf8e876734f

For Milton, as for any progressive intelligence, the concept of truth was always complicated and various, a concept that must be assembled through argument and analysis – the free exercise of thought and opinion. He cites the example of Galileo, whom he had met in his villa outside Florence, “grown old, a prisoner to the Inquisition”, as an example of free thought wrongfully restricted. (Both Milton and Hobbes – No 94 in this series – had benefited from the experience of meeting Galileo.)

Areopagitica builds over some 40 pages (in my Penguin edition) to a rousing appeal to “the Lords and Commons” to consider “what Nation it is we are”. Milton’s answer is both patriotic and inspiring: “A nation not slow and dull, but of a quick, ingenious and piercing spirit… methinks I see in my mind a noble and puissant nation rousing herself after sleep, and shaking her invincible locks.”

His optimism, however, is freighted with anxiety at the prospect of a breakdown between rival political and religious interests. He concludes that there can be no limits to tolerance. Freedom must be unlimited, and without restriction – inalienable and indivisible: “Give me the liberty to know, to utter, and to argue freely, according to conscience, above all liberties.”

A Signature Sentence

“I cannot praise a fugitive and cloistered virtue, unexercised and unbreathed, that never sallies out and sees her adversary, but slinks out of the race, where that immortal garland is to be run for, not without dust and heat.”

Three To Compare

John Locke: Letters on Toleration (1689-92)

John Stuart Mill: On Liberty (1859)

George Orwell: Politics and the English Language (1946)

Areopagitica and Other Writings by John Milton is published by Penguin Classics (£12.99). To order a copy for £10.39 go to guardianbookshop.com or call 0330 333 6846. Free UK p&p over £10, online orders only. Phone orders min p&p of £1.99




Moniz Bandeira: um historiador de esquerda (1935-2017) - Paulo Roberto de Almeida

Minha nota necrológica sobre o historiador de esquerda, que passou os últimos anos de sua vida lutando por seus títulos de nobreza e defendendo o partido de esquerda que desprezava os nobres e se encarregou também de dilapidar os pobres em favor dos muito ricos, que extorquia ou que colaboravam com ele, na missão de enriquecer os esquerdistas convertidos em capitalistas promíscuos.
Minha visão de Moniz Bandeira não é leniente, e independentemente do valor (ambíguo) de sua obra, sua personalidade era execrável, mas reconheço que ele combinava com a universidade, gramsciana em espírito, anticapitalista de fato, antiamericana por princípio.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de dezembro de 2017
PS.: A nota só está sendo publicada agora por não ter sido considerada aceitável em outros suportes.


Moniz Bandeira: um historiador de esquerda (1935-2017)

Paulo Roberto de Almeida

Luiz Alberto Moniz Bandeira, provavelmente um dos maiores historiadores de esquerda do Brasil, nasceu na Bahia em 1935, pouco depois da Intentona Comunista, e morreu no dia 10 de novembro de 2017, aos 80 anos do golpe de Estado Novo, quando Getúlio Vargas inaugurou a ditadura fascista que durou oito anos, especialmente dura com os comunistas de todos os matizes. Acusado de trotskista, foi preso duas vezes sob outra ditadura, a do regime militar que dominou o Brasil durante mais de duas décadas, entre 1964 e 1985. Tornou-se marxista aos 13 anos de idade, ao ler os clássicos de Marx e Lênin, passando a militar nas correntes socialistas, ao mesmo tempo em que trabalhava como jornalista nos principais jornais do Rio de Janeiro, a partir de meados dos anos 1950. Ao lado de uma prolífica obra de historiador, militou durante toda a sua vida pelas causas socialistas, com uma ênfase especial no anti-imperialismo, que ele exercia especificamente na vertente do antiamericanismo. Ironicamente, passou os últimos anos de sua vida colecionando títulos de nobreza, sendo-lhe reconhecido em 1995, em Portugal, o título de Barão de São Marcos, com direito ao uso de um brasão de armas e outros privilégios de fidalguia: tornou-se um marxista aristocrático.
Seus primeiros livros, sintomaticamente, foram dedicados à revolução russa e seus efeitos no Brasil,  assim como ao líder da revolução bolchevique, Lênin. Poucos dias depois que a revolução bolchevique de novembro de 1917 completou seu primeiro centenário, mas já desaparecido o sistema soviético desde 1991, ele morreu, não sem antes ver publicada a 4a. edição de sua biografia de Lênin, o último livro a sair em vida. Formado em Direito, obteve, já maduro, o título de Doutor em Ciência Política pela USP, tendo sua tese sobre os conflitos políticos na Bacia do Prata sido publicada posteriormente sob o título de O Expansionismo Brasileiro e a formação dos Estados  na Bacia do Prata: da colonização à  Guerra da Tríplice Aliança. Na tese, dissertou sobre as relações políticas e o equilíbrio de poderes no Cone Sul desde a ocupação ibérica até quase o final do Império no Brasil, mais exatamente até o término da guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Mas ele já tinha publicado, logo depois de sair de dois anos de prisão, sob o regime militar, em 1970, o livro que o tornou imediatamente famoso e até apreciado pelos militares que o prenderam: Presença dos Estados Unidos no Brasil, o primeiro de uma série na qual, com ampla base em pesquisa histórica, mas interpretações fortemente antiamericanas, ele fustiga o imperialismo americano durante praticamente toda a história independente da grande nação da América do Norte. A continuidade daquele livro foi lançada alguns anos depois: Brasil-Estados Unidos: a rivalidade emergente (1950-1988), seguido, vários anos mais tarde, por um terceiro dessa série: As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos, de Collor a Lula, 1999-2014. Entre um e outro, seguiram-se várias obras de pesquisa histórica ou de cunho polemista, fortemente críticas ao papel dos Estados Unidos na geopolítica mundial, com um foco detalhado sobre os países da América Latina (em especial Cuba e o Cone Sul).
Em virtude de seu casamento com Margot, em meados dos anos 1990, deixou o Brasil pela Alemanha, tendo publicado alguns livros sobre esse país, tanto nas relações com o Brasil, quanto na derrocada do socialismo em sua metade oriental. Um de seus livros mais saudados tratou do governo João Goulart, no qual ele saudou a ascensão das lutas sociais no Brasil e as tentativas de reformas progressistas abortadas. Foi professor na Universidade de Brasília entre o final dos anos 1980 e o início da década seguinte, quando aprofundou suas pesquisas – basicamente nos arquivos do Itamaraty – sobre as relações diplomáticas entre os principais países do Cone Sul e o grande impacto do imperialismo americano no cenário político e econômico da região.
A despeito de ter pesquisado em arquivos históricos, sua interpretação dos processos políticos aos quais se dedicou ao longo de uma vida bastante prolífica no plano intelectual foi inevitavelmente contaminada por um marxismo acadêmico basicamente fiel aos conceitos centrais da doutrina do materialismo histórico, bem como por um conhecimento claramente insuficiente da história econômica mundial. Reproduziu, em várias de suas obras, a visão leninista e luxemburgueana da expansão capitalista e do imperialismo ocidental, com direito ao uso de todos os clichês que se podem encontrar nos estudos impregnados de marxismo clássico. Esse simplismo analítico o tornou bastante apreciado pelo público universitário e pelos gramscianos de academia, mas os pesquisadores mais sérios mantêm diversas restrições metodológicas a uma produção marcada por claras simpatias militantes. Sua obra subsistirá, dada a dominância esquerdista no ambiente universitário, mas convêm recomendar aos leitores que ajustem suas lentes para separar a informação de base histórica de sua interpretação enviesada pelo maniqueísmo anticapitalista e por um antiamericanismo renitente.

Brasília, 24 de novembro de 2017

YouTube Paulo Roberto de Almeida: videos no canal pessoal

Atualizando a informação, pois tenho reparado que mais pessoas se apresentam como frequentadores, ou visualizadores, dos vídeos em meu canal pessoal:


Links para vídeos no canal YouTube de Paulo Roberto de Almeida:


1) 2º Fórum Democracia & Liberdade - FAAP- SP (11/05/2011)
https://youtu.be/41dYxPBprsw
Link para o Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/41dYxPBprsw.


2) Liberdade na Estrada, Porto Alegre - UFRGS (17/10/2012)
2433. “Brasil: o futuro do país está no passado (de outros países...): proposta para uma Fronda Empresarial”, Brasília, 13 outubro 2012, 24 p. Texto-base para palestras no ciclo Liberdade na Estrada: “Brasil, país do futuro: até quando?” (Porto Alegre, FCE/UFRGS, dia 17/10/2012, 19:00hs), no “Papo Amigo” da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Porto Alegre, 18/10/2012, 12:00hs) e no Instituto de Formação de Líderes de Minas Gerais (Belo Horizonte, 24/10/2012, 19:30hs). Divulgado no site pessoal e no Academia.edu (links: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2433FuturoBrasilFrondaEmpres.pdf e https://www.academia.edu/5962599/2433_Brasil_o_futuro_do_pa%C3%ADs_est%C3%A1_no_passado_de_outros_pa%C3%ADses..._proposta_para_uma_Fronda_Empresarial_2102_). Postado novamente no blog Diplomatizzando em 8/07/2015 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/07/brasil-o-futuro-do-pais-esta-no-passado.html).
Link para o Canal Pessoal do YouTube: https://youtu.be/RL6ZcpWyAWY.

3) Política externa brasileira no Canal Futura - Partes 1 e 2 (17/09/2013)
Links para o programa:
primeira parte (PRA): http://www.youtube.com/watch?v=2-GSlPzt8BY;
Relação de Originais n. 2513.
            Link 1 para o Canal PRA no YouTube: https://youtu.be/EpRH6Sxp7DE.
Link 2 para o Canal PRA no YouTube: https://youtu.be/H6VfNtw5Rrw.

           
4) O Brasil em tempos não convencionais - UnB (26/04/2014)
            2601. “A economia e a política do Brasil em tempos não convencionais (nunca antes mesmo...)”, Em voo, de Bradley a Atlanta, e a Brasília, 17-18 Abril 2014, 16 p. Texto guia para palestra na UnB (24/04/2014, 19hs; Auditório de Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia), a convite do Grupo de Estudos Liberais. Postado no blog Diplomatizzando em oito postagens sucessivas e depois com esquema e linkagem para arquivo em pdf (ver nestes links: http://cl.ly/2z2B473f0l1W e http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2014/04/a-economia-e-politica-do-brasil-em_25.html). Filmado, com palestra e debates e inserido no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=ciay-PkUenQ); com texto auxiliar em apoio à palestra (http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2116PalestraDebateAcadem.pdf). Divulgado no Academia.edu (https://www.academia.edu/attachments/33662703/download_file).
            Link para o Canal Pessoal no YouTube: https://youtu.be/qGk3iFsYGnk
           
5) Iluminuras, minha vida com os livros – TV Justiça (11/03/2016)
       2936. “Iluminuras: minha vida com os livros”, Brasília, 7 março 2016, 9 p. Respostas a questões do jornalista Paulo Leite, para preparar o programa literário da TV Justiça. Entrevista gravada na biblioteca de obras raras da Federação Espírita Brasileira, em 11/03/2016. Link para o programa: https://www.youtube.com/watch?v=qh4ULayECgQ. Reproduzido no blog Diplomatizzando (12/04/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/04/programa-iluminuras-na-tv-justica-df.html). Relação de Publicados n. 1218.
            Link para o Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/VdEedHtjGFE


6) Relações Internacionais em Pauta – IPRI (30/04/2016)
       2967. “O Estudo das Relações Internacionais do Brasil”, Brasília, 29/04/2016, 10 p. Notas para uma entrevista gravada com Alessandro Candeas, do IPRI, para divulgar tendências recentes da pesquisa e estudo nessa área. Disponibilizada no blog Diplomatizzando (30/04/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/04/o-estudo-das-relacoes-internacionais-do.html); disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1143656715697777). Entrevista divulgada em 10/06/2016, link: https://www.youtube.com/watch?v=As78ES-kFSk). Informado via Twetter em 17/06/2016 (link: https://goo.gl/Gcn6dh). Canal pessoal no YouTube (7/08/2017: https://youtu.be/RRCu9ltPCqk).  Relação de Publicados n. 1227.


7) Populismo na América Latina - UnB (16/09/2016)
            Link para o Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/D8bcjeH9R14.


8) Economia, política e diplomacia - Brasil Paralelo (14/10/2016)
       Link para o Canal pessoal no YouTube: https://www.youtube.com/edit?video_id=fWZXaIz8MUc


9) RBPI: itinerário de uma revista essencial – IRel-UnB (20/03/2017)
       3104. “RBPI: itinerário de uma revista essencial”, Brasília, 22 abril 2017, 3 p. Texto de comemoração dos 60 anos da RBPI, para divulgação em Mundorama (25/04/2017; link: <http://www.mundorama.net/?p=23514>). Precedido por entrevista concedida em vídeo gravado ao professor Antonio Carlos Lessa, no IRel-UnB em 20 de março de 2017; in: LESSA, A. C. “A RBPI e o pensamento brasileiro de Relações Internacionais: entrevista com Paulo Roberto de Almeida [online]”, SciELO em Perspectiva: Humanas, 2017 [viewed 29 April 2017]. (Available from YouTube; links de vídeo: http://humanas.blog.scielo.org/blog/2017/04/25/a-rbpi-e-o-pensamento-brasileiro-de-relacoes-internacionais-entrevista-com-paulo-roberto-de-almeida/; http://www.mundorama.net/?p=23555; https://www.youtube.com/watch?v=JibvvjOnAgw). Relação de Publicados n. 1254 e 1261.
            Link para o Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/6OqCtob5QFU.


10) Sessão especial Roberto Campos – Senado Federal (17/04/2017)
       3102. “Sessão especial no Senado em homenagem a Roberto Campos”, Brasília, 10 abril 2017, 3 p. Texto lido na sessão especial do dia 17/04/2017. Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (16/04/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/roberto-campos-sessao-especial-no.html), e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1493626460700799). Vídeo da sessão disponível no YouTube (26/04/2017; link: https://youtu.be/4z8Dz4Ul0nI; link de minha intervenção: (YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=XobuvjMuy7k&t=189s).). Notas no Jornal do Senado (ano XXIII, n. 4680, 18/04/2017, p. 1, 6-7). Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/roberto-campos-materia-no-jornal-do.html). Relação de Publicados n. 1255.
            Link para o Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/fYQpwTupxCA


11) O legado de Roberto Campos – Livraria Travessa, RJ (17/04/2017)
            Entrevista concendida a jornalista do Instituto Millenium no dia do lançamento do livro “O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intellectual de Roberto Campos” (Curitiba: Appris, 2017), na Livraria Travessa, na noite do dia 17/04/2017.ppris
            Link para o Canal pessoal no YouTube: https://youtu.be/U7zSr2TirC0.


12) Um anarco-liberal: entrevista à Sociedade Frederic Bastiat – Goiania (24/03/2017)