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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Diplomata reintegrado, com 70 anos (e a aposentadoria?)

Nada contra que se faça justiça contra erros, abusos e arbítrios cometidos no passado, mas a Constituição determina que a aposentadoria é compulsória aos 70 anos...
Paulo Roberto de Almeida

Diplomata é reintegrado ao Itamaraty
Evandro Éboli
O Globo, 08/02/2011

Anistiado, Jom Tob Azulay, que foi perseguido na ditadura, vai para Nova Déli

BRASÍLIA. Depois de 34 anos, o diplomata Jom Tob Azulay foi reintegrado aos quadros do Itamaraty, no cargo de conselheiro do quadro especial. Azulay deixou o Ministério das Relações Exteriores em 1976, depois de sofrer seguidas perseguições do regime militar. Em agosto de 2010, a Comissão de Anistia aprovou sua condição de anistiado político e seu retorno ao Itamaraty. Em janeiro, ele finalmente voltou e, no fim deste mês, seguirá para seu novo posto diplomático, em Nova Déli, na Índia.

Azulay, de 70 anos, foi cônsul do Brasil em Los Angeles, no início dos anos 1970, e um divulgador, nos Estados Unidos, do documentário "Brazil: a report on torture" ("Brasil, o relato de uma tortura"), com depoimentos de ex-presos políticos brasileiros, na época exilados no Chile.

Ele ingressou no Instituto Rio Branco em 1965 e sofreu perseguição no trabalho, o que o obrigou a solicitar remoção para o Consulado-Geral em Los Angeles, onde permaneceu até 1974. Afastou-se do trabalho no Itamaraty em 1976, quando já estava de volta ao Brasil.

O documentário, realizado pelo cineasta americano Haskel Wexler, trata de parte do grupo de ativistas da luta armada que foi trocado pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, em 1971. Os militantes, para denunciar a tortura, encenaram no filme práticas como pau de arara, choque elétrico, espancamento e afogamento. Azulay, que também é cineasta, conseguiu uma cópia e fazia exibições para brasileiros que viviam ou passavam pelos EUA. Uma dessas sessões se deu na casa do músico Oscar Castro Neves, na presença de Tom Jobim e Elis Regina, que estavam na cidade para gravar um álbum.

Azulay disse que, naquele período, foi criado um aparato repressivo no Itamaraty:

- Os militares tinham um olhar diferente para o Itamaraty, por se tratar da relação com o exterior. Era muito importante a preservação de certa imagem do regime. Quando me tornei cônsul, nos Estados Unidos, fiz sessões quase públicas contra o governo. Estava em rota de colisão irreversível.

O diplomata diz lamentar que o documentário seja desconhecido no Brasil. Até hoje, foi realizada apenas uma exibição, num evento na Comissão de Anistia, ano passado.

- Inacreditável que até hoje esse filme seja desconhecido no Brasil. Só há uma explicação: a sociedade reprime e joga véu de esquecimento sobre a tortura - disse Azulay.

2 comentários:

Adriano Vinício disse...

Será que ele foi reintegrado para ser aposentado logo em seguida? 34 anos é muito tempo longe de uma profissão... acho que muitas normas nesse país são ignoradas em nome de um certo "simbolismo", que procurar demonstrar o reconhecimento de culpa do Estado naquele período. O problema é quando esse simbolismo sai caro, com o pagamento de indenizações exorbitantes. Pelo menos, o diplomata preferiu trabalhar, mesmo que esteja em idade de aposentar...

Professor /Renato santos disse...

Carlos Renato/Professor de História:
Começo com uma pergunta,O Brasil ama os brasileiros?
-Se tal peegunta fosse respondida com um sonoro sim,concordaria com o Adriano Vinícius quando diz que muitas "normas"(uso aspas para normas se de fato valessem para todos e,não apenas para as camadas populares) são ignoradas neste país em nome de um certo simbolismo,mas simbólico é o que permeia o campo do imaginário,que não é o caso dos que sofreram na pele esta ditadura apoiada pelos Estados Unidos da América,"na boa",é o mínimo que se pode fazer em nome da decência...