sábado, 4 de junho de 2011

Maravilhas da preferencia pela industria nacional... (David Ricardo adoraria este caso...)

Apenas constatando a evidência: você paga, eu pago, todos nós pagamos, e alguns ficam ricos, mesmo sem fabricar muita coisa...
Eu só não sei, e confesso que gostaria de saber, por que o governo se esforça tanto para desmentir David Ricardo.
Ele pode até conseguir, durante certo tempo. Mas que sai caro, disso não tenho nenhuma dúvida.
O governo precisaria fazer um curso de Economics 101...
Paulo Roberto de Almeida

Em dificuldades, estaleiro modelo do governo Lula terá aporte bilionário
O Globo, 2 de junho de 2011

Estaleiro Atlântico Sul, de Pernambuco, ainda não conseguiu entregar nenhum dos 22 petroleiros encomendados pela Transpetro

Os sócios do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, preparam capitalização bilionária para o empreendimento, vencedor da licitação para a construção de 22 petroleiros encomendados pelo Transpetro. As empresas Camargo Corrêa (40%) e Queiroz Galvão (40%), com o aporte, tentarão sanar grave problema de fluxo de caixa do EAS, sem receita para os pesados investimentos.
Ainda há dúvidas se os outros sócios, a coreana Samsung Heavy Industries (10%) e a brasileira PJMR Empreendimentos (10%), acompanharão o aporte ou diluirão as participações no processo de aumento de capital. O estaleiro assinará o contrato de construção das primeira sondas de perfuração da Petrobrás fabricadas no Brasil.

O primeiro petroleiro encomendado pela Transpetro, entregue em maio de 2010, ainda está no estaleiro, por conta de problemas de fabricação. Uma segunda unidade já deveria estar em construção, mas atrasou. Por enquanto, o EAS tem recebido as parcelas do financiamento obtido no BNDES, com verba do Fundo de Marinha Mercante e pagamento direto à Transpetro, subsidiária da Petrobrás.

O BNDES informou ter aprovado três financiamentos para o estaleiro, que somam R$ 1,3 bilhão. Segundo a Agência Estado apurou, em levantamento extraoficial, já foram aprovados no banco de fomento financiamentos de, pelo menos, R$ 5,7 bilhões desde 2007, quando começaram as obras do estaleiro. Do total, R$ 2,6 bilhões foram aprovados para a Transpetro repassar à construção dos navios (procedimento comum em empréstimos para construção de equipamentos de grande porte). Não há informações sobre quanto já foi efetivamente liberado.

As construtoras negam que a capitalização esteja em curso, mas executivos ligados a elas admitem preocupação com o negócio. Fontes que acompanham o processo argumentam que o aporte é a única solução para resolver o fluxo de caixa de uma empresa em "pleno investimento", com carteira grande de encomendas de longa maturação.

Empresa paralela. A preocupação chega ao ponto de as duas empresas estarem constituindo uma empresa paralela, a Drill Corporation, que ficaria responsável pela construção das sondas. A estratégia tem por objetivo não repassar o risco financeiro do EAS para o novo contrato, que deve ser assinado ainda neste semestre com a empresa Sete Brasil, formada por fundos de pensão, bancos e Petrobrás.

O EAS, idealizado entre 2003 e 2004, foi por bom tempo chamado de "estaleiro virtual" ou "de papel", pois o projeto incluía a construção simultânea das instalações e de navios e plataformas. Ao vencer a primeira licitação da Transpetro para construir dez navios e na sequência, a plataforma P-55, o EAS foi tratado como "jóia da coroa". Ao ser criado, em 2005, tornou-se o maior estaleiro da América Latina e prometeu criar quase 20 mil empregos, então metade da mão de obra da indústria naval brasileira.

Ante os rumores sobre as dificuldades financeiras, a administração do EAS foi sucinta. Em nota de uma linha limitou-se a informar que desconhece "qualquer operação de aporte dos seus acionistas".

No último dia 12, o Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante aprovou a ampliação da área do estaleiro. A empresa embasou a solicitação na necessidade de ter mais espaço para construir os sete navios-sonda que atuarão no pré-sal, ao custo de US$ 4,6 bilhões. O EAS negocia no BNDES mais recursos para aumentar as instalações.

Ouvido pela Agência Estado, integrante do conselho disse que há preocupação quanto ao EAS. "Nas condições atuais (técnicas e de capacitação de mão de obra), o estaleiro não faz as duas coisas (sondas e petroleiros) ao mesmo tempo", afirmou.

Um dos principais problemas do estaleiro é a qualidade da formação de mão de obra local, o que atrasou as obras e causou problemas estruturais que impediram a entrega do primeiro navio, o João Cândido, em agosto, três meses após ser lançado ao mar pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ineficácia do estaleiro provocou até a demissão de parte dos executivos responsáveis pelo petroleiro: o presidente Ângelo Bellelis; o diretor industrial, Reiqui Abe, e seu adjunto, Domingos Edral; e o diretor de Planejamento, Wanderley Marques.

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