Vamos ter de aguentar esse barulho por alguns anos mais, até novos dados científicos, de um lado, e a evolução natural das sociedades de mercado -- algo em que esses novos malthusianos não acreditam -- de outro consigam desfazer o alarido apocalíptico dos novos profetas do fim do mundo...
Enfim, já temos tantas seitas, uma a mais não faz muita diferença.
As seitas da teologia da prosperidade arrancam dinheiro dos incautos prometendo algum tipo de conforto espiritual. As seitas malthusianas arrancam os recursos públicos ameaçando desconforto físico.
Não sei quais são as mais nocivas...
Paulo Roberto de Almeida
Convergência de processos críticos fecha horizonte do planeta, alerta professor Ladislau Dowbor
Texto atualizado em 28 de Setembro de 2011 - 18h02
Vera Gasparetto, de Florianópolis/SC
O professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e consultor de Agências das Nações Unidas, Ladislau Dowbor, apresenta um conjunto de dados que, em termos estatísticos, fecham o horizonte do planeta. “Após 250 anos de revolução industrial os estudos superaram a disciplinaridade, hoje juntamos tudo para entender o tamanho do desafio planetário que enfrentamos e concluímos que há uma convergência de processos críticos”, analisa Dowbor, destacando a explosão do aquecimento global como o mais eminente, com a produção de dióxido de carbono, gás e o efeito estufa.
“A produção de dióxido de carbono está se acelerando e a partir de 450 o aquecimento global entra num ponto de não-retorno”. Citou o relatório Sturm, que afirma que os efeitos são crescentes, catastróficos, e que hoje seria necessário 0,6% do PIB mundial para começar a enfrentar essa situação.
Para ele, a indústria de opinião pública é a grande responsável, junto com o crescimento demográfico, pelo aumento do consumo infinito do planeta. São 7 bilhões de habitantes, 80 milhões de pessoas a mais por ano no mundo, o que equivale a 220 mil pratos a mais por dia no planeta. “Hoje um bilhão de pessoas passam fome, destas, 80 milhões são crianças e entre elas 11 milhões por ano são deixadas morrer. Esse é o nível de desajuste que o mundo enfrenta”.
Para ele, o modelo de desenvolvimento mundial, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), é um conta errada. “O PIB mundial explode, mas como medir o estouro da bomba de petróleo no Golfo do México? O PIB não mede resultados, mas a intensidade do uso dos recursos. Para nós é uma conta que pesa, porque diminuir o desemprego não é suficiente, mas sim pensar o que produzimos com isso”.
“O governo Lula reduziu o desmatamento da Amazônia, mas os interesses internacionais (empresas como Cargill, Bunge, Monsanto e Yara) no Brasil estão pressionando para mudar o Código Florestal”. Na sua opinião, todo o sistema de vida é interconectado, como florestas, mares, dióxido de carbono. Citou também a venda de terras brasileiras a investidores estrangeiros: “compram a terra, a qualidade do solo, energia e água e no futuro a pressão será sobre esses bens de sobrevivência sobre o planeta”, alerta Dowbor.
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