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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O futuro da economia brasileira - George Vidor

O futuro econômico do Brasil pode até ser relativamente otimista, como projetado neste livro de Fabio Giambiagi e Claudio Porto, mas tenho a leve impressão -- não pretendendo ser sempre pessimista como meu espírito cético recomenda - que, do ponto de vista educacional estaremos pior, bem piores do que atualmente; a menos, claro, que comecemos a consertar o que está errado desde já, e tem muita coisa errada na educação e a sociedade sequer tomou consciência do que está errado.
Acredito que as novas saúvas do Brasil, as pedagogas freireanas, continuarão a infernizar a educação brasileira pelo futuro previsível.
Sorry folks...
Paulo Roberto de Almeida

Aposta no futuro
George Vidor 
O Globo, 26/09/2011

Como estará a economia brasileira no bicentenário da independência (2022)? Os economistas Fabio Giambiagi e Claudio Porto, autores de um livro sobre esse tema, projetam um quadro em que a taxa de juros real terá recuado pela metade, caindo para 3%, a inflação deverá girar em torno de 3%, a proporção de pobres diminuirá para 5% da população, e a dívida líquida do setor público...
...não passará de 10% do Produto Interno Bruto, diante dos atuais 40% do PIB. Isso porque, no lugar de um déficit de 3%, o setor público se transformaria em superavitário, beneficiando-se da redução das despesas com juros e da manutenção de um saldo (primário) nas demais contas.
É claro que essas previsões não são um exercício de clarividência, mas uma tentativa de enxergar o futuro a partir da premissa de que o país enfrentará seus obstáculos, em vez de ficar bancando o avestruz.
Esse exercício de futurologia motivou uma empresa voltada para consultoria em inovação, a MJV, a criar um jogo de cartas — que será lançado em evento da revista "The Economist" , programado para a primeira semana de novembro, em São Paulo — no qual os "jogadores" optam por um entre quatro diferentes cenários.
A “gamerização” é um instrumento cada vez mais útil na captação de ideias, sugestões, propostas e soluções, em especial no que se refere à inovação. De uma maneira geral ainda é comum vincular inovação a avanços tecnológicos, particularmente na indústria. Mas ela pode ir bem mais além. Engenheiros e tecnólogos hoje recorrem inclusive às artes para sair do específico e encontrar uma forma abrangente de pensar a inovação. Assim surgiram os designers da inovação.
Inspirada nessa inovação no jeito de pensar a própria inovação, a MJV incorporou à sua equipe mestres e doutores em antropologia e música, por exemplo, buscando respostas não apenas sobre como fazer, mas sobre o quê fazer. Seus principais clientes são bancos e companhias de seguros.
Porto e Giambiagi acompanharam o “desenho” do jogo de cartas, cujo primeiro resultado prático será colhido no evento da revista inglesa. A propósito, no livro de ambos, a expectativa é que a taxa de investimento da economia brasileira evolua dos atuais 19% para 24% do PIB em 2011. E que taxa de poupança doméstica fique um pouco abaixo disso (22% a 23% do PIB), o que seria capaz de sustentar uma meta de crescimento médio anual de 4,5% para o país no período.
Como pesquisador do Cepdoc da Fundação Getulio Vargas, o professor Eduardo Raposo teve oportunidade de entrevistar quase todos os ex-presidentes do Banco Central (BC). Esse acervo lhe inspirou a escrever um livro sobre o tema, do ponto de vista político, que é a sua especialidade. Também professor da PUC-RJ, Raposo foi um dos fundadores do programa de pós-graduação em ciências sociais da universidade católica. A ideia do professor é mostrar como as políticas econômicas, desde a criação da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que antecedeu o Banco Central, refletem a dicotomia entre a tentativa de modernização e um modelo ibérico de organização das instituições, cuja estrutura é sempre de cima para baixo, quase impositiva, herança dos tempos em que isso se mostrou necessário para expulsão dos mouros da península. Por isso, o professor Raposo intitulou seu livro de “Banco Central do Brasil: o Leviatã ibérico”. Vai dar o que falar (ainda mais nesse momento em que muita gente questiona se o BC terá mesmo autonomia operacional durante o governo Dilma).
Na semana que vem, aporta na Baía de Guanabara a primeira plataforma de produção de petróleo e gás do grupo Eike Batista, a OSX-1, que foi construída em Cingapura. Depois de passar pelos trâmites aduaneiros, a OSX-1 seguirá para a Bacia de Campos, a 70 quilômetros de Arraial do Cabo, onde se conectará ao primeiro poço da formação Waimea. A previsão é que a produção este ano alcance o volume de 20 mil barris equivalentes de óleo (incluindo gás natural nesse cálculo) por dia.
Não fosse uma questão com consequências relevantes para o conjunto da economia, o comportamento do câmbio na semana passada poderia ser motivo de piada. Ninguém, verdadeiramente, estava enxergando motivos concretos que justificassem tamanha oscilação nas cotações do dólar. Mas o ambiente internacional favoreceu operações especulativas por aqui. Do mesmo modo que meses atrás a valorização do real foi excessiva, amparada em movimentos de capitais de curtíssimo prazo, também agora o que se viu foram operações muito rápidas por parte de quem já vinha apostando em uma queda gradual da moeda brasileira.
No entanto, abstraindo o susto da alta galopante nas cotações do dólar, se o câmbio se mantiver em um patamar de R$1,80, será um alívio para as autoridades econômicas e para grande parte da indústria de transformação que vem enfrentando dificuldades pra exportar ou para competir com produtos procedentes da Ásia. O lado negativo, possivelmente, será um pouco mais de inflação, e aí voltará aquela conversa mole sobre a precipitação do Banco Central em baixar a taxa básica de juros. É pena que o aquecimento da demanda, entre meados de 2010 e início de 2011, tenha posto em terceiro plano qualquer estudo ou debate em torno do componente inercial no processo inflacionário brasileiro. Esse fator ficará mais evidente à medida que a demanda interna evoluir mais devagar nos próximos meses, e os índices de preços não recuarem em igual intensidade. Neutralizar tal componente inercial residual (em comparação ao que havia antes do lançamento do real ) é um desafio para o qual não se encontrou uma solução satisfatória. Há quem considere isso tão importante que chega a chamar de Plano Real 2 a busca de tal saída.

Um comentário:

Kaio de A. Santos disse...

Dificilmente a mídia de grande circulação aborda a economia dessa maneira, mesmo porque grande parte da nossa população é ignorante. Sou leigo em economia, tanto que eu curso engenharia aeroespacial, e apesar da minha idade (18 anos), gosto sempre de ler sobre atualidade, economia, entre outros e dou preferência pela mídia alternativa. Acho uma pena eu não poder discutir tal assunto com pessoas da minha idade e do meu convívio, pois a falta de vontade de saber o que acontece no mundo a sua volta é muito pequena. Isto porque a nossa educação básica tem como objetivo isso: "Faça mais e pergunte menos".

Saudações!