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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

China: parceiro estrategico?; retaliacao estrategica...


DCI
O toma-lá-dá-cá da China
Da Redação, 19/09/2011

O Brasil deve esperar retaliação da China ante as restrições às importações de carros chineses em breve. Basta ver a desenvoltura com que o premiê chinês, Wen Jiabao, fez exigências diretas na semana passada em troca de nova ajuda a Estados Unidos e União Europeia para superar a crise. Ele quer o fim de restrições a investimentos chineses nos Estados Unidos e o reconhecimento da China como economia de mercado pela União Europeia. São essas as maiores, mas não as únicas, exigências da China para ajudar a "salvar" a Europa e os EUA da crise, que teve seu epicentro com a quebra de mais de 400 bancos norte americanos desde 2008. E que agora assola a Europa na corrida pela proteção de seus bancos, já afetados desde a crise de 2008, ante a ameaça de quebra de bancos com as carteiras cheias de títulos da dívida de Grécia, Espanha, Portugal e Itália.

Wen Jiabao não se constrangeu, nem um pouco, em ditar as condições para continuar comprando títulos da dívida dos países europeus, como fez na semana passada coma Itália. Ele, do alto da sua experiência de economia de mercado, disse que as nações ricas devem adotar políticas monetárias e fiscais "responsáveis" e garantir a segurança e a estabilidade dos investimentos, pouco antes de observar que a economia chinesa está em "boa forma".

Pelos termos de seu acesso à Organização Mundial do Comércio (OMC), a China só teria status de economia de mercado em 2016. Esse reconhecimento dificultaria a imposição de medidas antidumping contra a China, já que os preços de exportação teriam de ser comparados aos que são praticados internamente no País. Hoje são usados preços de terceiros mercados, normalmente superiores aos chineses.

A reação de alto e bom tom das importadoras e montadoras de carros chineses no Brasil, especialmente a JAC Motors, na última sexta-feira, ante as restrições do IPI aos carros de baixo teor de conteúdo nacional pode implicar retaliações a produtos brasileiros na China, como, por exemplo, o fim do acordo dos chineses coma Embraer na fábrica de Harbin. E a questão é que o Brasil fez uma escolha entre montadoras multinacionais para aplicar o IPI e na eventual retaliação poderá arriscar empresas de capital nacional, como as cooperativas ao agronegócio.

5 comentários:

Anônimo disse...

Que venha a retaliação chinesa! Estou morrendo de medo! Vamos deixar de vender soja e minério de ferro. Onde mesmo é que eles vão comprar isso?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro Anônimo,
Este blog geralmente publica posts inteligentes e comentários idem.
Seu comentário não preenche exatamente esse critério e acho que você escreveu sem pensar.
Se o Brasil não existisse, ou desaparecesse repentinamente, digamos num "acidente" igual ao de Atlântida, você acha, realmente que a China ficaria sem soja ou minério de ferro.
Acho que você não pensou direito. Não é o Brasil que está vendendo para a China, é a China que está comprando do Brasil. Se o Brasil não existisse, a China iria se abastecer em diversos outros lugares, sem problemas, a não ser algum ajuste circunstancial, se por acaso o "desaparecimento" fosse repentino.
O Brasil não é EM NADA indispensável no mercado mundial de commodities. Existem dezenas de países que poderiam fazer o que ele faz...
Os chineses não vão retaliar, mas se desejassem fazê-lo, encontrariam minério e soja em outros lugares.
Paulo R. Almeida

Mário Machado disse...

Ufanismo, "figado" e "macheza" raramente resultam em boas análises da realidade.

Tiago M. de Mendonça disse...

Tudo bem que a redução temporária do IPI vai trazer uma solução também temporária para os trabalhadores das montadoras multinacionais instaladas por aqui. Mas quem serão os verdadeiros beneficiados?

Anônimo disse...

"Much ado about nothing!"

Os chineses continuarão comprando nossas commodities (v.g. minério de ferro e o complexo soja, etc.); nós continuaremos a vendê-las (... reféns da concentração de nossa pauta de exportação e das intempéries dos preços no mercado internacional; à espera de mais uma marola...).

"laizze faire, laissez aller, laissez passer...".

Vale!