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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Jornalistas argentinos: voces estao cercados, entreguem seus numeros sobre a inflacao, ou vamos atirar...

Quase isso, ou o equivalente disso.
O governo autoritário da Argentina não está contente com número, cifras, dados, algarismos, que contam uma outra história, diferente da dele, sobre a inflação.
Isso é um crime hediondo: imaginem se aqui no Brasil o governo tivesse números sobre a inflação e os economistas outros números, piores. Esses economistas seriam passíveis de prisão.
Bem, ainda não, só se eles morassem na Argentina...
Paulo Roberto de Almeida

Por Lucas Ferraz e Sylvia Colombo, Folha de S.Paulo, 23/09/2011
A Justiça argentina enviou aos principais jornais do país uma notificação solicitando dados dos jornalistas responsáveis por escrever sobre inflação e a revelação das fontes consultadas por eles.  A medida é consequência de uma ação aberta a pedido do governo Cristina Kirchner contra economistas e consultorias que elaboram índice próprio de preços -paralelo ao oficial, sobre o qual pesa suspeita de manipulação por parte da Casa Rosada. Os diários “Clarín”, “La Nación”, “Página/12″, “El Cronista Comercial” e “Ámbito Financiero” receberam nesta semana a notificação do Juizado Nacional Penal. O juiz Alejandro Catania pede aos jornais que forneçam “nomes, endereços, telefones e os contatos dos jornalistas -editores, redatores- que tenham publicado notícias sobre índices de inflação” desde 2006.
No documento, a Justiça também pergunta aos órgãos de imprensa se receberam publicidade da M&S Consultores, uma das consultorias investigadas. O pedido gerou forte rechaço da oposição e das empresas jornalísticas. “É mais uma ação do governo contra a liberdade de imprensa, para intimidar os jornalistas e tentar impor um relato único”, disse à Folha Daniel Dessein, presidente da Adepa (Associação de Entendidas Jornalísticas Argentinas). “O pedido viola ainda a preservação da fonte, um preceito de nossa Constituição.” Assim como no Brasil, o sigilo da fonte é garantia constitucional no país vizinho. Um integrante do Juizado disse que o pedido é para jornalistas serem ouvidos como testemunhas, não como réus. 

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