Acredito que as novas saúvas do Brasil, as pedagogas freireanas, continuarão a infernizar a educação brasileira pelo futuro previsível.
Sorry folks...
Paulo Roberto de Almeida
Aposta no futuro | |
George Vidor | |
O Globo, 26/09/2011
Como
estará a economia brasileira no bicentenário da independência (2022)?
Os economistas Fabio Giambiagi e Claudio Porto, autores de um livro
sobre esse tema, projetam um quadro em que a taxa de juros real terá
recuado pela metade, caindo para 3%, a inflação deverá girar em torno de
3%, a proporção de pobres diminuirá para 5% da população, e a dívida
líquida do setor público...
...não passará de 10%
do Produto Interno Bruto, diante dos atuais 40% do PIB. Isso porque, no
lugar de um déficit de 3%, o setor público se transformaria em
superavitário, beneficiando-se da redução das despesas com juros e da
manutenção de um saldo (primário) nas demais contas.
É
claro que essas previsões não são um exercício de clarividência, mas
uma tentativa de enxergar o futuro a partir da premissa de que o país
enfrentará seus obstáculos, em vez de ficar bancando o avestruz.
Esse
exercício de futurologia motivou uma empresa voltada para consultoria
em inovação, a MJV, a criar um jogo de cartas — que será lançado em
evento da revista "The Economist" , programado para a primeira semana de
novembro, em São Paulo — no qual os "jogadores" optam por um entre
quatro diferentes cenários.
A “gamerização” é um
instrumento cada vez mais útil na captação de ideias, sugestões,
propostas e soluções, em especial no que se refere à inovação. De uma
maneira geral ainda é comum vincular inovação a avanços tecnológicos,
particularmente na indústria. Mas ela pode ir bem mais além. Engenheiros
e tecnólogos hoje recorrem inclusive às artes para sair do específico e
encontrar uma forma abrangente de pensar a inovação. Assim surgiram os
designers da inovação.
Inspirada nessa inovação no
jeito de pensar a própria inovação, a MJV incorporou à sua equipe
mestres e doutores em antropologia e música, por exemplo, buscando
respostas não apenas sobre como fazer, mas sobre o quê fazer. Seus
principais clientes são bancos e companhias de seguros.
Porto
e Giambiagi acompanharam o “desenho” do jogo de cartas, cujo primeiro
resultado prático será colhido no evento da revista inglesa. A
propósito, no livro de ambos, a expectativa é que a taxa de investimento
da economia brasileira evolua dos atuais 19% para 24% do PIB em 2011. E
que taxa de poupança doméstica fique um pouco abaixo disso (22% a 23%
do PIB), o que seria capaz de sustentar uma meta de crescimento médio
anual de 4,5% para o país no período.
Como
pesquisador do Cepdoc da Fundação Getulio Vargas, o professor Eduardo
Raposo teve oportunidade de entrevistar quase todos os ex-presidentes do
Banco Central (BC). Esse acervo lhe inspirou a escrever um livro sobre o
tema, do ponto de vista político, que é a sua especialidade. Também
professor da PUC-RJ, Raposo foi um dos fundadores do programa de
pós-graduação em ciências sociais da universidade católica. A ideia do
professor é mostrar como as políticas econômicas, desde a criação da
Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que antecedeu o Banco
Central, refletem a dicotomia entre a tentativa de modernização e um
modelo ibérico de organização das instituições, cuja estrutura é sempre
de cima para baixo, quase impositiva, herança dos tempos em que isso se
mostrou necessário para expulsão dos mouros da península. Por isso, o
professor Raposo intitulou seu livro de “Banco Central do Brasil: o
Leviatã ibérico”. Vai dar o que falar (ainda mais nesse momento em que
muita gente questiona se o BC terá mesmo autonomia operacional durante o
governo Dilma).
Na semana que vem, aporta na Baía
de Guanabara a primeira plataforma de produção de petróleo e gás do
grupo Eike Batista, a OSX-1, que foi construída em Cingapura. Depois de
passar pelos trâmites aduaneiros, a OSX-1 seguirá para a Bacia de
Campos, a 70 quilômetros de Arraial do Cabo, onde se conectará ao
primeiro poço da formação Waimea. A previsão é que a produção este ano
alcance o volume de 20 mil barris equivalentes de óleo (incluindo gás
natural nesse cálculo) por dia.
Não fosse uma
questão com consequências relevantes para o conjunto da economia, o
comportamento do câmbio na semana passada poderia ser motivo de piada.
Ninguém, verdadeiramente, estava enxergando motivos concretos que
justificassem tamanha oscilação nas cotações do dólar. Mas o ambiente
internacional favoreceu operações especulativas por aqui. Do mesmo modo
que meses atrás a valorização do real foi excessiva, amparada em
movimentos de capitais de curtíssimo prazo, também agora o que se viu
foram operações muito rápidas por parte de quem já vinha apostando em
uma queda gradual da moeda brasileira.
No entanto,
abstraindo o susto da alta galopante nas cotações do dólar, se o câmbio
se mantiver em um patamar de R$1,80, será um alívio para as autoridades
econômicas e para grande parte da indústria de transformação que vem
enfrentando dificuldades pra exportar ou para competir com produtos
procedentes da Ásia. O lado negativo, possivelmente, será um pouco mais
de inflação, e aí voltará aquela conversa mole sobre a precipitação do
Banco Central em baixar a taxa básica de juros. É pena que o aquecimento
da demanda, entre meados de 2010 e início de 2011, tenha posto em
terceiro plano qualquer estudo ou debate em torno do componente inercial
no processo inflacionário brasileiro. Esse fator ficará mais evidente à
medida que a demanda interna evoluir mais devagar nos próximos meses, e
os índices de preços não recuarem em igual intensidade. Neutralizar tal
componente inercial residual (em comparação ao que havia antes do
lançamento do real ) é um desafio para o qual não se encontrou uma
solução satisfatória. Há quem considere isso tão importante que chega a
chamar de Plano Real 2 a busca de tal saída.
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