Os companheiros devem andar preocupados: já não bastasse o baixo crescimento, já não bastasse a alta inflação, já não bastasse a deterioração das contas públicas, que ameaça virar crise fiscal, vem essa agora: aumento do déficit comercial, o que pode precipitar uma crise de transações correntes antes do tempo.
Sorte deles que o neoliberalismo do ancien régime tucanês adotou a tal de flutuação cambial, em lugar das desvalorizações constantes, que os companheiros achavam o ideal (certamente para deixar mais pobres os simples companheiros trabalhadores, e contentar os burgueses da proteção, que são os que lhes pagam as prebendas e extorsões livremente consentidas). Sorte deles, pois dá para acomodar quedas na cotação sem ameaça grave, pois havendo desvalorização (como houve no começo do regime), as contas tendem a se ajustar.
Mas eles ainda vão passar à História por três feitos gloriosos na economia nacional: inflação sem crescimento (o que contraria os preceitos do keynesianismo de botequim que eles praticam), e perda de competitividade com desvalorização cambial, por excesso de gastos públicos e tributação impiedosa.
Eles são mesmo campeões da incompetência econômica esses companheiros...
Paulo Roberto de Almeida
Comércio Exterior
Déficit comercial é o maior da história: US$ 5,4 bi até maio
Apesar do superávit de 760 milhões de dólares em maio, de janeiro até agora o país registrou déficit de 5,392 bilhões de dólares
Veja.com, 3/06/2013
Contêineres armazenados nos terminais da Santos Brasil, no Porto De Santos (Ivan Pacheco)
A balança comercial brasileira registrou superávit de 760 milhões de dólares em maio, valor 74,3% ante igual mês do ano passado, quando atingiu 2,962 bilhões de dólares. Esse é o menor valor para o mês desde 2002. Em abril, o país registrou um
déficit de 994 milhões de dólares, o pior resultado para o mês. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Apesar do resultado positivo de maio, o país acumula um déficit de 5,392 bilhões de dólares de janeiro a maio deste ano, o pior déficit para os cinco primeiros meses do ano desde o início da série histórica do Banco Central, em 1959.
Até o momento, o maior déficit comercial registrado no acumulado dos primeiros cinco meses do ano havia sido de 3,339 bilhões de dólares, em 1995. Em igual período de 2012, por exemplo, o Brasil registrou um superávit comercial de 6,261 bilhões de dólares. “O saldo acelerará e alcançará os 6 bilhões de dólares de superávit ao fim de 2013”, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe Itaú Unibanco, em seu relatório sobre o assunto.
De acordo com Raul Velloso, economista especializado em finanças públicas, é comum que ocorram déficits tanto na conta corrente como na balança comercial para países com um baixo nível de poupança. “Países com situação econômica melhor que a do Brasil têm déficit, e isso não os preocupa”, afirma Velloso. No entanto, a fragilidade com que o governo tem tratado a economia nos últimos meses prejudica a divulgação dos dados oficiais – ainda mais quando são negativos. “O governo tem feito muitas intervenções pontuais por meio de uma política econômica errática. O problema é que a gestão da política econômica está sendo mal feita", explica Velloso.
Mês - Em maio, as exportações alcançaram 21,824 bilhões de dólares, com média diária de 1,039 bilhão de dólares, crescimento de 10,8% em relação a abril de 2013. As importações totalizaram 21,064 bilhões de dólares e média diária de 1,003 bilhão de dólares, números recordes para meses de maio. Já no acumulado do ano, as exportações somam 93,291 bilhões de dólares, com média diária de 905 milhões de dólares e queda de 2,8% em relação ao mesmo período de 2012. Em contrapartida, as importações são recordes para o período. Somam 98,683 bilhões dólares e média diária de 958,1 milhões de dólares, alta de 9,8% na comparação com janeiro a maio do ano passado.
Combustíveis — No resultado anual, um dos fatores que mais pesou no déficit foi o aumento das importações de combustíveis e lubrificantes, que teve alta de 25,5% na comparação com igual período de 2012. As importações da Petrobras pesam nesse resultado. A estatal está
aumentando suas importações de petróleo porque suas refinarias estão processando um volume maior da commodity do que a empresa consegue produzir.
“As exportações de petróleo devem se acelerar com o fim da manutenção de várias plataformas e consequente alta na produção; o passivo de combustíveis importados em 2012 e registrados este ano finalmente chegou ao fim”, afirma Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco
Nos cinco primeiros meses deste ano, ante igual período do ano passado, as importações em matérias-primas e intermediários tiveram alta de 8,9%; os bens de capital, de 6,5%; e houve ainda aumento de 1,7% de bens de consumo.
(com agência Reuters e Estadão Conteúdo)
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Países da América Latina reduzem compras do Brasil
De 2008 para 2011, País perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas a países vizinhos, que deram preferência a China, EUA, UE e México
03 de junho de 2013 | 20h 49
Cleide Silva, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Além de importar muito, o Brasil perde exportações para seus tradicionais compradores da América Latina, que nos últimos cinco anos fizeram acordos com diversos blocos econômicos, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia (UE).
De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde o início da crise internacional, em 2008, até 2011, o País perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas para a Argentina, México, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e Bolívia. As compras foram direcionadas para China, Estados Unidos, União Europeia e México.
Os acordos que o Chile tem envolvem 62 países, incluindo os 27 da UE. Os da Colômbia envolvem 60 países, os do Peru 52, os do México 50 e os do Brasil, apenas 22, a maioria de pouca expressão comercial, como Israel, Egito, Palestina e a União Aduaneira do Sul da África (Sacu). Os três últimos ainda nem entraram em vigor.
Soraya Rosar, gerente executiva da Unidade de Negociações Internacionais da CNI, afirma que, tradicionalmente, a postura do empresariado brasileiro era mais defensiva, de resguardo ao mercado doméstico para a indústria local. Isso mudou com a perda da competitividade local e com a onda de acordos deflagrados pelos demais países, que colocam o Brasil no isolamento.
"A CNI entende que a perda de competitividade da indústria brasileira e a queda nas exportações de semi e manufaturados sinalizam que o Brasil precisa dar mais atenção às negociações internacionais", diz Soraya. "O País corre o risco de perder mais espaço em seus mercados exportadores se não entrar no jogo mundial e buscar novas parcerias no comércio internacional."
Soraya reconhece, contudo, que acordos comerciais, em si, não resolvem o problema se o País não melhorar sua competitividade.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, também favorável aos acordos internacionais, ressalta que a falta de competitividade e a baixa produtividade da indústria brasileira em geral vão exigir um período de transição para adequação dos setores.
A entidade tem o desafio de exportar 1 milhão de veículos até 2017. Há sete anos, o setor exportou 900 mil veículos, mas, desde então, os números despencaram. Em 2012, foram 442 mil unidades e, neste ano, não devem passar de 420 mil. Segundo Moan, a Anfavea já entregou ao governo suas propostas para a negociação do acordo do Mercosul com a UE e pede que o setor seja tratado como "sensível".
Sem consenso. Apesar do apoio de grandes entidades, a defesa dos acordos comerciais não é consenso em toda a indústria. Uma parte teme a abertura comercial desenfreada, como ocorreu no passado.
"A tarefa é difícil, vai exigir determinação e visão de longo prazo, mas não podemos mais perder tempo, pois nosso atraso é federal", diz Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Ele lembra que as cadeias globais de setores como eletrônico, farmacêutico e tecnologia da informação "nem passaram perto do Brasil".
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ressalta que o momento é bastante complicado para as negociações. "O mundo passa por um momento de crise e todos os países querem aumentar suas exportações e diminuir as importações, ou seja, a conta não fecha."
Para o Brasil, que ficou afastado dos grandes acordos, a situação é ainda mais difícil. Segundo Castro, em 2007 o Brasil tinha 20.889 empresas exportadoras. Hoje, são 18.630, ou 2.259 a menos.
Já o número de empresas importadoras aumentou de 28.911 para 42.458, ou 13.547 a mais. Só de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, 59 empresas deixaram a lista de exportadoras e 776 entraram na lista de importadoras, informa a AEB.
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