Calma, calma, não foi bem assim: trata-se apenas dos resultados da votação do primeiro turno, num pequeno canto dos EUA, com apenas 644 votos válidos expressos, num processo eleitoral com o qual colaborei e que acaba de se encerrar.
Transcrevo abaixo a nota informativa que fiz a respeito desse evento, cujos resultados já foram transmitidos ao TSE para divulgação agregada nesta segunda-feira (salvo surpresa por mais alguma "surpresa" da parte de surpreendentes participantes, que vocês sabem quem são...).
Paulo Roberto de Almeida
Eleições presidenciais em
Hartford: do primeiro ao segundo turno
Como previsto no
calendário eleitoral, e autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral,
realizaram-se, no domingo 5 de outubro de 2014, as eleições gerais no Brasil: para
cargos majoritários nos executivos federal e estaduais (presidente e
governadores), uma vaga para o Senado, acrescida da representação proporcional
para todos os deputados federais, bem como a escolha de deputados para as
assembleias estaduais. No exterior, a votação se deu apenas para presidente, em
135 cidades localizadas em 89 países, com mais de mil seções eleitorais.
O eleitorado no exterior havia
alcançado, até meados de 2014, um total de 354.184 votantes potenciais, embora
seja bem menor o número dos eleitores habilitados que efetivamente comparecem
para exercer o seu direito (que é, ao mesmo tempo, uma obrigação). Trata-se, em
todo caso, de um aumento expressivo em relação aos números registrados em 2010,
quando os eleitores eram em número de 200.392 (crescimento de 77% em quatro
anos). Nos EUA são quase 120 mil eleitores, com mais de 20 mil nos dois
principais colégios eleitorais, Flórida e Nova York, dez vezes mais do que os
eleitores habilitados nos estados de Connecticut e de Rhode Island.
O Consulado Geral do
Brasil em Hartford acolheu, no primeiro turno, uma parte pequena dos seus
eleitores inscritos, apenas 678 num total de 2.251 habilitados a votar, ainda
assim um notável crescimento em relação a 2010, quando foi realizada a primeira
votação no Consulado, que recém iniciava suas atividades. Eram, então, apenas
451 eleitores inscritos, dos quais 252 compareceram para votar (ou seja, uma
taxa de 55,8% de comparecimento). Em 2014, o número de eleitores potenciais era
cinco vezes maior, mas compareceram para votar apenas 30,12% do total, o que
representa uma taxa de abstenção de aproximadamente 70%%.
Por candidatos, os
resultados foram os seguintes (descontando-se 13 votos em branco e 21 nulos),
sobre 644 votos válidos: em primeiro lugar, o candidato do PSDB, Aécio Neves,
com 332 votos (51,55%), seguido por Marina Silva, do PSB, com 196 votos
(30,43%) e, bem mais atrás, Dilma Rousseff, do PT, que tenta a reeleição: 89
votos (23,83% do total). Todos os outros candidatos não ultrapassaram,
conjuntamente, 4,20% do total de votos (27). Esses os resultados transmitidos
ao TSE, em Brasília.
A votação no Consulado em
Hartford transcorreu em ambiente distendido, de cortesia e bom humor, para o
que foram relevantes a dedicação exemplar e os esforços de seus funcionários, dos
mesários convocados, bem como dos voluntários que se ofereceram generosamente
para ajudar. O bom desenrolar do processo de votação também confirma uma das
grandes virtudes da democracia brasileira, qual seja, o bom funcionamento do
processo eleitoral, quaisquer que sejam os problemas remanescentes em seu
sistema político-partidário. Se dependesse apenas do Consulado em Hartford, a
eleição presidencial já teria sido encerrada no primeiro turno, mas esta não
foi a decisão da maior parte dos eleitores brasileiros, que dividiram-se entre
os três principais candidatos. Dos 11 candidatos inscritos no primeiro turno,
ficam, portanto, os dois mais votados neste, Dilma Rousseff e Aécio Neves, para
disputar o segundo turno em três semanas. Os eleitores do Consulado em Hartford
estão, portanto, convocados para novo exercício de civismo no último domingo do
mês, dia 26 de outubro. Tudo indica que serão eleições extremamente disputadas,
o que aumenta ainda mais a responsabilidade dos eleitores: serão eles que vão
determinar que um ou outro projeto de poder, que um ou outro programa de
governo, sejam convertidos, ou não, em decisões executivas a serem
implementadas a partir de 1o. de janeiro de 2015.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 5 de outubro de 2014.
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