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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Um exercício de "despikettyzacao" do mundo: minha contribuicao - Paulo Roberto de Almeida

Recebo, do grupo de estudos liberais com quem me correspondo no cerrado central, a seguinte mensagem:

On Oct 7, 2014, at 16:18, Pedro Magalhães Batista <notification+zj4ot_90fj46@facebookmail.com> wrote:
Pedro Magalhães Batista posted in Grupo de Estudos Lobos da Capital   

4:18pm Oct 7
Lobos, nesta sexta-feira, o professor Thomas Piketty estará na minha universidade para falar um pouco sobre o seu livro "O Capital no Século XXI".
Gostaria de saber se há algo que vocês têm interesse de perguntar para ele? Estou separando alguns questionamento para levar ao seminário e acho que posso incluir mais algumas perguntas
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Em resposta, mandei as seguintes perguntas e questões ao homem que pretende tornar o mundo mais igual, e mais pobre:

A primeira grande pergunta é este: por que ele agrupou todas as demais formas de ativos, tangíveis e intangíveis, que não são remuneração do trabalho, sob a bandeira do "capital", o que é uma categoria muito ampla, vaga e genérica para acolher as diferentes formas de riqueza que foram sendo criadas, acumuladas, aumentadas ao longo do tempo?
    Pessoalmente, considero esse tipo de prática inapropriada e muito pouco consistente, uma vez que não existe uma única categoria, o capital, capaz de abarcar, integrar, corporificar, todas as formas de riqueza possíveis. Acho isso metodologicamente questionável e somente aceitável para aqueles, marxistas, marxianos e marcianos, que consideram ser possível transformar esse monstro metafísico que se chama "capital", esse superlativo conceitual - que cai muito bem entre os acadêmicos, mas que não tem maior significado econômico, pelo menos do ponto de vista microeconômico - em uma única entidade, como se fosse a Santíssima Trindade.
    O segundo grande problema que eu vejo com a anályse "pikettyana" é que ele considera esse monstro metafísico do capital algo como um ente planando sobre a superfície das sociedades, como se ele fosse imanente a certas classes abastadas, independentemente de mudanças geracionais, partição, repartição, adjunção de riquezas de fontes diversas e de diversas naturezas, ou seja, ele considera que o capital gruda como cola nos estratos mais altos e que ele sempre estará ali, do contrário não daria para falar em concentração, ou seja, aumento do Gini.
    O terceiro grande problema, mas aqui não tem nada a ver com a análise econômica, e sim totalmente com um projeto político, é que ele acha que é preciso um imposto para taxar as grandes fortunas, com vistas à redistribuição do "excedente" -- o que só poderia ser feito pelo Estado obviamente -- para diminuir o Gini, e portanto tornar a sociedade mais igualitária. Ele acha que a sociedade ficaria melhor com isso, o que eu acho uma grande bobagem socialista, uma mesquinharia à la Robin Hood, que não resolve nenhum problema de produtividade social, e tampouco tornará melhor a situação dos mais pobres (que são infinitamente em maior número do que o 1% de megabilionários). A riqueza se esvairia rapidamente, sem criar novas riquezas para a sociedade.
    Essa vontade de querer reduzir a riqueza dos superricos, em lugar de reduzir modestamente a pobreza dos superpobres é um projeto que só pode diminuir a dinâmica de crescimento e criar um gigantesco movimento de evasão fiscal que tornará ainda mais problemática a cooperação internacional nesse terrenos.
    Esses engenheiros sociais -- sempre com a riqueza dos outros -- acabam produzindo mais problemas novos do que resolvendo os problemas velhos.
    Para mim não existe NENHUM problema em que o mundo tenha meia dúzia de super-mega-hiper-trilionários, isso é muito bom, pois incita centenas de outros a também tentarem chegar lá. O problema é o grande número de pobres.
    Deveria um cérebro como o dele estar empenhado em fazer os pobres criar riquezas, não em redistribuir a riqueza dos ricos.
    Estas são as mensagens que eu teria para ele.
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Paulo Roberto de Almeida

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