Reflexão no meio da madrugada: o desmantelamento do Brasil
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: registro de reflexões; finalidade: organização da resistência]
O Brasil chegou a um ponto crítico de sua desagregação
institucional – estimulada, produzida, incrementada pela própria Presidência da
República, ainda que involuntariamente, uma vez que o personagem principal é
incapaz de conceber e implementar qualquer plano lógico ou racional – que se
aproxima daquilo que se chama tipping,
ou turning point. Ou seja, avançar
para uma nova etapa, que só pode ser a da degradação completa do país, mais até
do que ele já foi diminuído, politicamente, diplomaticamente, pelos dizeres e
ações do personagem indizível.
Nem os
partidos, ou congressistas, nem as FFAA ou os militares individualmente, ou
determinadas corporações influentes na estrutura de poder – servidores públicos
de alto coturno, corpos organizados da burocracia pública, OAB e seus outros
equivalentes da vida civil – poderão inverter uma marcha inevitável para a
desestruturação completa da vida política, e do funcionamento das instituições
normais que poderiam representar, aos olhos dos estrangeiros, um país dotado de
um governo responsável e aceitável para interações no plano diplomático. No
momento atual, o Brasil virou um pária na comunidade internacional (e
piorando...).
A próxima
fronteira da degradação institucional se situa no STF, ironicamente o único
corpo não eleito encarregado de dirimir conflitos em última instância, e que se
tem revelado uma instância mais do que duvidosa de estabilidade política.
Desta vez,
nem as FFAA, nem algum comandante militar poderá resolver a questão com um
tweet, nem o Congresso parece capaz de superar o próximo turning point.
As forças
corporativas, e as da sociedade civil, se são de verdade forças, o que duvido,
parece não terem ainda percebido que o Brasil se aproxima de um ponto de não
retorno em sua degradação institucional, não definitiva, claro, pois o país não
vai acabar: apenas vai afundar na modorra e na deterioração lenta, até pelo
menos 2022, se não terminar antes, num sentido ou noutro.
Espero,
pessoalmente, contribuir com um esforço de reflexão e de diagnóstico do tempo
presente, como forma de preparar prescrições para um novo tempo que virá, mais
cedo ou mais tarde. O tempo é de resistência e de sobrevivência, até que novas
forças se organizem para a recuperação necessária.
Estarei
presente, atento e produtivo, na medida e no limite das minhas possibilidades,
que se situam inteiramente no terreno intelectual.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3/09/2019
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