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quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Militância financiada na defesa do capitão? - Ricardo Galhardo (O Estado de S.Paulo)
Militância pró-Bolsonaro quer criar cadastro nas redes para evitar racha
Ação é resposta à convocação feita na véspera pelo escritor Olavo de Carvalho, que publicou um vídeo no qual pede a criação de uma militância bolsonarista
A iniciativa partiu deAllan Santos, responsável pelo siteTerça Livre, que na manhã desta segunda-feira, 16, divulgou um formulário pelo qual os militantes devem fornecer dados como e-mail, nome completo, código de área e número do telefone celular. A hashtag#EstouComBolsonaroficou entre os assuntos mais comentados do Twitter, o que levou usuários das redes a apontarem uma ação coordenada em defesa do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos.
A ação é uma resposta à convocação feita na véspera pelo escritorOlavo de Carvalho, guru do presidente, que publicou um vídeo no qual pede a criação de umamilitância pró-bolsonaro.
“A coisa mais urgente no Brasil é uma militância bolsonarista organizada. Notem bem, não disse militância conservadora nem militância liberal. A política não é uma luta de ideias, é uma luta de pessoas e grupos”, disse Olavo. “Tem que parar com essas concepções ideológicas gerais que não levam a parte alguma. Você saber que é conservador não quer dizer que saiba o que fazer no momento decisivo. O que você tem que saber é exatamente de que ação se trata, o que temos que fazer”, completou o guru do presidente.
Leandro Ruschel, seguidor de Olavo e um dos principais influenciadores bolsonaristas no Twitter, sugeriu que a disputa política deve ser feita diariamente, por militantes organizados e “financiados”, e não a cada dois anos.
“Nos EUA, há uma militância conservadora super organizada e financiada defendendo Donald Trump diariamente, enquanto do outro lado, há uma militância ainda mais organizada e financiada, o atacando. Ou vocês acham que política é votar a cada dois anos e deu?”, escreveu ele.
A reação ocorre no momento em que setores e personalidades importantes que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro mas agora se afastam do governo por enxergar nas ações do presidente e de seu filho mais velho, osenadorFlávio Bolsonaro (PSL-RJ),tentativas de interferir em órgãos de combate à corrupção como aPolícia Federal,Ministério Público FederaleReceita Federal.
No final de semana essa percepção se espalhou para setores da base de Bolsonaro no Congresso, inclusive noPSL, partido do presidente. Em entrevista aoEstado, a senadoraSelma Arruda (PSL-MT)disse que vaisair do partido até quarta-feira para se filiar ao Podemos. Ela disse ter sido pressionada por Flávio a retirar sua assinatura do pedido de instalação da CPI da Lava Toga, cujo objetivo é investigar o Judiciário.
Os lavajatistas apontam a existência de um acordo entre os Bolsonaros e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, um dos principais alvos dos defensores da CPI.
Hoje a temperatura aumentou com a declaração do líder do PSL no Senado, Major Olímpio (PSL-SP), à Coluna do Estadão, na qual ele disse que Flávio é quem deveria sair do partido em vez de Selma.
A deputada estadualJanaína Paschoal(PSL-SP) saiu em defesa da CPI e também virou alvo de ataques nas redes. Hoje de manhã, ela publicou no Twitter que “Olavo de Carvalho acabou ontem” e acusou o guru de tentar criar “o imbecil coletivo bolsonarista”, em referência ao livro “O Imbecil Coletivo”, publicado por Olavo em 1996.
“O filósofo que se consagrou por denunciar o Imbecil Coletivo do PT, quase criou um Imbecil Coletivo em torno de si mesmo e agora, pasmem, prega um Imbecil Coletivo Bolsonarista. Não vou criticar, quero apenas externar o meu profundo pesar”, escreveu Janaína.
A reação do escritor também veio pelas redes. “Do meu livro 'O Imbecil Coletivo', a Janaína Paschoal não entendeu nem o título”, tuitou Carvalho.
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