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terça-feira, 3 de setembro de 2019

O chanceler quer apagar a história do Brasil - Eliane Brum (El País, 16/01/2019)

Este ensaio da escritora Eliane Brum foi elaborado na primeira quinzena do primeiro mês do novo governo, e publicado no El País em 16/01, republicado em meu blog Diplomatizzando pouco tempo depois. A escritora se antecipou a diversos desenvolvimentos que estavam recém sendo revelados naquelas duas semanas iniciais, daí a razão de minha republicação na plataforma Academia.edu, com vistas a alcançar um público mais vasto.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3 de setembro de 2019

O chanceler quer apagar a história do Brasil
Como o ideólogo do governo Bolsonaro usa José de Alencar para pregar a assimilação dos indígenas e justificar a abertura de suas terras para o agronegócio

“Vamos ler menos The New York Times, e mais José de Alencar e Gonçalves Dias”, afirmou o chanceler do bolsonarismo, Ernesto Araújo, em seu discurso de posse. Por quê?
Prestar atenção ao que diz o chanceler Ernesto Araújo tem se mostrado tarefa penosa, mas fundamental para compreender como a ideologia do Governo Bolsonaro está sendo construída. O diplomata foi indicado por Olavo de Carvalho, considerado o “guru da nova direita” brasileira, desde sua casa nos Estados Unidos. Claramente, Araújo tem a pretensão de dar a base intelectual ao que o bolsonarismo chama de “nova era”. Se integrantes mais preparados do governo concordam, há dúvidas robustas para suspeitar que não. Araújo, porém, segue firme em seu propósito, publicando artigos onde consegue espaço.
O discurso de posse como novo ministro de Relações Exteriores é uma falsificação da história, com o objetivo de justificar o presente e o futuro próximo. Para fazer parecer que a estrutura parava em pé, o chanceler usou seu grego, seu latim e até mesmo seu tupi, abusou do recurso do name-dropping (ótima expressão em língua inglesa para aqueles que desfiam nomes e citações para impressionar o interlocutor), dos clássicos à cultura pop. Todos já bem mortos, para que nenhum deles pudesse contestar a citação. Nenhuma de suas escolhas é um acaso. Vale a pena se deter em cada uma delas porque, como já escrevi neste espaço, os malucos agora sapateiam no palco — e sapateiam com poder de destruição.

Ernesto Araújo é um personagem ainda obscuro para o Brasil, embora seja um diplomata de carreira do Itamaraty. Em seu discurso, ele dispôs de figuras e acontecimentos históricos, assim como artistas contemporâneos, como se eles estivessem misturados como bonecos de plástico numa prateleira, para serem usados ao gosto do freguês — e para o propósito do freguês. Arrancados de seu contexto e esvaziados de conteúdo, eles foram manipulados pelo chanceler para produzir a sua falsificação. Cada frase tem ali um objetivo.
(...)

Ler a íntegra nos links acima indicados ou neste arquivo da plataforma Academia.edu: 
https://www.academia.edu/40238417/O_chanceler_quer_apagar_a_historia_do_Brasil_-_Eliane_Brum_El_Pais_

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