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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

O “custo Bolsomaro” atinge o Brasil em cheio: China e europeus começam a impor restrições às exportações brasileiras

 Não foi por falta de aviso…


Após a China, agora Estados Unidos querem impedir carne bovina do Brasil

Pecuaristas norte-americanos alegam que brasileiros demoram muito para informar problemas sanitários

17.nov.2021 às 22h31

Após os chineses, agora são os norte-americanos que querem impedir a entrada de carne bovina brasileira em seu território.

Motivos para barrar a carne do Brasil eles têm, e fortes. Em setembro, os Estados Unidos importaram 49% a mais carne bovina do Brasil do que em igual período do ano passado.

A participação da proteína brasileira nas importações totais norte-americanas subiu para 9,7% até setembro, bem acima dos 5,6% de igual período do ano passado.

Enquanto Argentina, Uruguai, Austrália e México diminuíram a participação nas importações norte-americanas, o Brasil aumentou.

O motivo alegado pela NCBA, a poderosa federação dos produtores norte-americanos, para impedir a entrada de carne brasileira, no entanto, é a falta de compromisso do Brasil em comunicar rapidamente problemas sanitários à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).

Eles citam os dois casos atípicos de vaca louca que ocorreram em Minas Gerais e em Mato Grosso.

Algumas associações querem impedir a importação do produto "in natura". Outras querem um bloqueio de todas as carnes.

Esta semana está sendo um período de avaliações desse setor pelo mundo. Foram divulgados relatórios do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) e do Rabobank, e o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) promoveu discussões com participação do Ministério da Agricultura, da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

As avaliações são de que 2022 poderá ser um período mais normal do que foi este ano, deteriorado pela pandemia, trava chinesa nas importações e redução na oferta de animais para abate.

O cenário para os produtores, porém, será de custos mais elevados no próximo ano e de necessidade de melhor gestão. Para os consumidores, as notícias também não são boas. Os preços podem estabilizar, mas não voltam aos patamares de há dois anos, quando eram menores.

Para Ronaldo Carneiro Teixeira, coordenador-geral de planejamento e avaliação zoossanitária do Ministério da Agricultura, o rebanho será maior, mas terá um crescimento lento. Tecnologia no manejo, genética melhor, cuidados na alimentação e melhorias nas pastagens vão provocar esse crescimento.

Angela Lordão, gerente de pecuária do IBGE, acrescenta que a oferta ainda será reduzida nos próximos meses, mas que a retenção de matrizes feita pelos pecuaristas deverá melhorar a oferta. O próximo ano será um período de mais bezerros, devido a essa retenção de fêmeas.

Para Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da CNA, o mercado interno de carne bovina ainda perde competitividade no próximo ano, em relação às demais carnes, devido aos preços elevados. A necessidade de importações da China, porém, deverá garantir mercado para o produto do Brasil.

Sergio de Zen, diretor da Conab, afirma que a redução dos preços internacionais, principalmente devido à interrupção de compras pela China no Brasil nestes meses, deu fôlego a outros países para entrar nesse mercado.

Embora os custos vão aumentar, ele acredita que todos os setores agropecuários terão margens no próximo ano, embora mais acomodadas.

Lima Filho, da CNA, afirma que a grande safra de grãos esperada é parte da solução para a pecuária, mas outros insumos como fertilizantes, suplementos alimentares e energia vão pesar nos gastos dos produtores.

Além disso, câmbio, clima e demanda mundial são fatores a serem considerados nesse mercado, afirma o representante da CNA.

Na avaliação de De Zen, o consumidor brasileiro está consumindo menos carne bovina, mas com mais qualidade. Essa qualidade, segundo ele, vem de dentro da porteira, e não dos frigoríficos.

Na área internacional, relatório do Rabobank não espera grandes mudanças no setor. Os Estados Unidos vão ter produção menor, mas demanda maior nas exportações, enquanto o Brasil continua aguardando a decisão da China em relação à suspensão das importações, devido aos dois casos atípicos de vaca louca.

Na avaliação dos técnicos do banco, as exportações sobem no Brasil, e a demanda interna ajuda a sustentar a produção.

Já o Usda prevê exportação e produção mais apertadas nos Estados Unidos em 2022. Neste ano, 12,4% da produção dos EUA foram destinadas ao mercado externo. Em 2022, serão 12,1%.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2021/11/apos-a-china-agora-estados-unidos-querem-impedir-carne-bovina-do-brasil.shtml


Em meio a veto chinês, governo brasileiro vai exportar carne bovina à Rússia

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que governo russo abrirá uma cota de 300 mil toneladas de carne com tarifa zero de importação durante seis meses

Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business
17/11/2021 às 18:08 | Atualizado 17/11/2021 às 18:18

O embargo da China à carne do Brasil já dura mais de dois meses. Mas a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou nesta quarta-feira (17) que a Rússia vai firmar parceria com o Brasil para exportação de carne com tarifa zero de importação por seis meses.

“O governo russo anunciou que abrirá uma cota de 300 mil toneladas de carne (200 mil toneladas de carne bovina e 100 mil toneladas de carne suína) com tarifa zero de importação por seis meses, mercado que pode ser utilizado pelo Brasil”, publicou em seu perfil no Twitter.

No início deste mês, um levantamento da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) mostrou que o volume de exportações de carne bovina brasileira caiu 43% no mês de outubro quando comparado ao mesmo período de 2020.

O veto chinês à carne brasileira reflete diretamente nesses números. A China é o principal comprador de carne bovina nacional e corresponde a 60% dos embarques feitos nos portos brasileiros.

O presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista à rádio Cultura FM, no dia 10 de novembro, que o bloqueio da China não é consequência do seu relacionamento com o país asiático ou com o presidente Xi Jinping.

A Rússia também havia imposto restrições à carne bovina brasileira depois que dois casos atípicos da doença da “vaca louca” foram detectados em frigoríficos localizados no Brasil.

Um novo acordo com o país do Leste Europeu pode voltar a dar segurança aos países que importavam a carne brasileira, algo que o governo brasileiro vem tentando fazer, mostrando que o país não tem registros de casos de contágio “da doença da vaca” louca entre os animais.

https://www.cnnbrasil.com.br/business/em-meio-a-veto-chines-governo-brasileiro-vai-exportar-carne-bovina-a-russia/


Plano da UE inclui desmate legal e eleva pressão sobre Brasil

País é maior fornecedor de soja, carne bovina e café

Por Assis Moreira — De Genebra
18/11/2021 05h00  Atualizado há 3 horas

A proposta de novas regras da União Europeia (UE) que proibirão a importação de várias commodities provenientes de terras desmatadas, anunciada ontem, colocou pressão adicional sobre exportações agrícolas brasileiras nesse que é um de seus principais clientes.

Os produtos que serão submetidos a “desmatamento zero” para entrar na Europa inclui três em que o Brasil é o maior fornecedor para a UE (soja, carne bovina, café), além de cacau, madeira e óleo de palma e alguns produtos derivados como couro, chocolate e móveis

“A proposta visa não apenas o desmatamento ilegal, mas todo o desmatamento impulsionado pela expansão agrícola’’, alertou o Comissário europeu de Meio Ambiente, Virginijus Sinkevicius. Para Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, a regulamentação antidesmatamento “responde ao chamado dos cidadãos para minimizar a contribuição européia ao desmatamento e promover o consumo sustentável”. Os seis produtos representam 19% das commodities importadas pela UE.

O bloco europeu define “livre de desmatamento” como a condição dos bens produzidos em terras que não foram sujeitas a desmatamento ou degradação florestal após 31 de dezembro de 2020. Ou seja, nenhuma dessas commodities será autorizada a ser comercializada nos 27 países do bloco se tiver sido produzida em terra onde houve desmatamento legal ou ilegal depois de 1º de janeiro de 2021.

“Significa que exportadores [brasileiros] deverão comprovar que não houve um desmatamento na área produtiva depois do dia 31 de dezembro de 2020, mesmo sendo permitido pelo Código Florestal”, diz Emily Rees, diretora da consultoria Trade Strategies em Bruxelas.

O custo de compliance será elevado mesmo para os produtores que se enquadram nas novas regras, já que será necessário comprovar que não houve desmatamento, por meio de imagens satélite e outras declarações, observa Emily.

A proposta da Comissão Europeia, o braço executivo da UE, seguirá agora pelo processo de decisão no Conselho Europeu, que reúne os líderes dos 27 países-membros, e no Parlamento.

A expectativa é que as novas regras sejam implementadas por volta de 2025. Mas as medidas serão ativadas retroativamente, a partir de 31 de dezembro de 2020.

As razões para não fazer distinção entre desmatamento legal e ilegal são múltiplas, na visão europeia. Primeiro, diz que as evidências disponíveis confirmam que uma parte do desmate é conversão legal do uso da terra de acordo com as leis do país de produção.

Em segundo lugar, o foco apenas na legalidade faria com que o regulamento se baseasse apenas no rigor das regras de terceiros países. A UE considera que isso a tornaria dependente de decisões tomadas em terceiros países e de suas potenciais reviravoltas políticas - um analista lembra a mudança na política ambiental no Brasil com Jair Bolsonaro, por exemplo.

Além disso, Bruxelas acha que se basear em leis de outros países poderia encorajar uma corrida em nações altamente dependentes de exportações agrícolas, tentados a baixar sua proteção ambiental com o objetivo de facilitar o acesso de seus produtos ao mercado da UE.

Em terceiro lugar, estabelecer uma definição de desmatamento poderia facilitar a implementação das regras e aumentar sua eficácia. Ainda mais que obrigações de “due diligence” que dependem apenas das leis do país de origem da commodity são às vezes  difíceis de implementar.

Um sistema de benchmarking será introduzido para cada produto posteriormente, nota Emily Rees. O benchmarking classificará o risco país de cada produto conforme seu grau de risco. Para produtos provenientes de países de alto risco, haverá um controle reforçado na fronteira da UE.

Companhias importadoras, supermercados e outros operadores europeus precisarão coletar informações na “due diligence” que incluem a quantidade do produto importado, o país de produção e coordenadas da geo-localização da terra onde a commodity foi produzida, entre outros detalhes. As autoridades competentes nos 27 países-membros assegurarão que somente produtos vindos de “desmatamento zero” entrem no mercado comunitário.

Multas para os que não respeitarem o sistema serão aplicadas por cada país europeu separadamente. Mas o plano é de que as companhias que não fornecerem informações corretas às autoridades nacionais poderão sofrer multas valendo até 4% de seu faturamento anual.

No Parlamento Europeu, não será surpresa se os deputados procurarem endurecer e expandir a lista de commodities cobertas pelas novas regras.

Ontem, a EU anunciou que vai endurecer também regras antirresíduos para impedir que seus países-membros exportem lixo para países mais pobres, a menos que tenham dado seu consentimento explícito e garantias de que esses podem processar o material.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/11/18/plano-da-ue-inclui-desmate-legal-e-eleva-pressao-sobre-brasil.ghtml

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