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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Mini reflexão de leve sabor barringtoniano - Paulo Roberto de Almeida

 Mini reflexão de leve sabor barringtoniano

Paulo Roberto de Almeida 

Aprofundando uma reflexão interrogativa sobre nossa trajetória como nação. Sociedades não costumam fazer assembleias gerais para decidir sobre o seu próximo destino: só ao cabo de revoluções ou guerras civis. Ainda não é o nosso caso. Pelo menos espero.

O Brasil, definitivamente, não vive um ciclo toynbeeano de ascensão e declínio civilizatório. Nossa trilha é um pouco mais “abaixo”, não em termos de avanços materiais ou progressos tecnológicos, mas no terreno dos valores e princípios morais de uma sociedade que deveria ser regrada.

Certas sociedades, enfrentando profundas crises, como a República de Weimar ou a Venezuela dos anos 1990, acabam se entregando a um bando de sacripantas criminosos que terminam por levá-la ao paroxismo da autodestruição. 

Estaria o Brasil se aproximando dessa “atração fatal”?

Não pensem que certas “deformações” de um ciclo normalmente e tendencialmente ascensional estejam restritas a países que passaram por profundas crises sociais e econômicas como a Alemanha de Weimar ou a Venezuela pré-Chávez. Elas podem afetar, igualmente, nações aparentemente bem-sucedidas, mas bastante diversas em sua composição “civil”, com estamentos privilegiados mas decadentes, e diferentes estratos de “desclassificados”, mas dotados de franquias eleitorais, como ocorre atualmente com a maior parte dos Estados-nacionais do sistema onusiano.

Nessas fricções do processo histórico e no itinerário da evolução de nações assim confrontadas a desafios adaptativos podem surgir espaços, abrir “janelas”, para que oportunistas dotados de “boa” retórica consigam empolgar as massas com suas propostas disruptivas. Pode ser o começo do declínio, mais ou menos dramático segundo as forças sociais mobilizadas ao redor do personagem: um Mussolini, um Hitler, um Chávez, um Trump, um Bozo.

Não está claro o que pode advir desse tipo de “atração fatal”. O que está claro é que tal tipo de fenômeno deveria, pelo menos, afastar essas teorias deterministas da História. A história de cada nação em particular é um livro aberto ao imponderável, ao contingente, ao inesperado, ao acidental e até ao dramático. 

Espero apenas que o Brasil não esteja no vórtice de alguma “atração fatal”.

Paulo Roberto de Almeida

São Paulo, 6/01/2022

PS.: O Barrington Moore a que eu me refiro não é tanto o sociólogo histórico das Origens Sociais da Ditadura e da Democracia e mais o autor do pequeno panfleto sobre as “misérias humanas”.

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