Teoria geral do lulopetismo: treze teses preliminares
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)
Mini-proposições improvisadas, sem desenvolvimento detalhado, por enquanto.
1) O lulopetismo não tem teoria, nem geral, nem parcial. Nada!
2) O lulopetismo é pura prática, da pior espécie. Repito: da pior...
3) O lulopetismo nasce da conjunção de um ego gigantesco, de uma personalidade megalomaníaca – com profundas deformações psicológicas, e uma raiva profunda vis-à-vis os “de acima” –, e do desejo de vingança de guerrilheiros reciclados, vis-à-vis aqueles que os derrotaram nos experimentos armados dos anos 1960-70. Some-se a isso, uma competição oportunista entre esses dois elementos por poder e dinheiro. Sobretudo dinheiro, mas para obtê-lo era preciso assegurar poder político.
4) O lulopetismo cresce na exploração das mazelas brasileiras, adubado por uma hábil propaganda mentirosa. O lulopetismo é uma imensa máquina de propaganda, financiada compulsoriamente por toda a sociedade brasileira.
5) O lulopetismo sempre procurou explorar o sentimento de inveja do “andar de baixo” contra os “privilegiados”, incitando o despeito, o ressentimento e o rancor das classes populares contra a “burguesia”.
6) O lulopetismo perseguiu, incessantemente, poder e dinheiro, por todos os meios, os permitidos, e pelos não permitidos também. Sobretudo estes últimos...
7) O lulopetismo estabeleceu um método, ou vários, combinando declarações grandiosas em prol da justiça social e da ética na política, enquanto se encarregava, de um lado, de construir projetos de ascensão social de seus próprios líderes e apparatchiks, e, de outro lado, de conquistar o apoio dos piores bandidos da política brasileira para colocá-los a serviço dos objetivos exclusivos desses chefes, que não era nem justiça social, nem ética na política. Mas o lulopetismo conseguiu enganar muita gente dessa forma.
8) O lulopetismo ascendeu com a mentira e a corrupção, e se manteve durante bastante tempo no crime e na chantagem, dilapidando recursos públicos, desviando ativos das agências estatais, assaltando ou extorquindo empresários, conspirando com capitalistas promíscuos operando com compras governamentais, roubando inclusive a população mais pobre. Ele perseverou na mesma trajetória enquanto conseguiu comprar aliados nos meios políticos e econômicos mais propensos a participar dos seus esquemas fraudulentos e criminosos. O lulopetismo elevou a corrupção em escala e “qualidade”, tirando-a do seu nível “artesanal”, normal, e colocando-a num modo superior, “industrial”, de produção da corrupção, chegando ao estágio superior de uma organização criminosa de tipo mafioso, que é a conquista de todo o Estado.
9) O lulopetismo não tem teoria, mas seus “intelequituais (do partido, ou os chamados “gramscianos de academia”) se encarregaram de construir uma doutrina para essa construção única e singular da política brasileira, que é uma mistura de justiça social propagandeada de maneira mistificadora, com mentiras entranhadas, com arroubos de grandeza nacional que são, por sua vez, uma mistura de anacronismos patrioteiros e da falsa bandeira da defesa da soberania nacional. Na verdade, esta última foi constantemente sacrificada no altar da fidelidade canina que os chefes e cardeais do lulopetismo devotaram a seus chefes de fato, os comunistas castristas.
10) O lulopetismo não tem um pensamento econômico coerente, apenas prescrições ultrapassadas de políticas econômicas, retiradas de um cozido insosso fabricado a partir do keynesianismo vulgar que alguns dos seus quadros extraíram de orelha de alguns textos universitários produzidos por alguns gurus equivocados dessa seita. Eles aplicaram essa mistura incoerente da maneira mais desastrosa possível, produzindo então, e não apenas nos últimos anos, o grandioso espetáculo da recessão e do desemprego, com inflação e aumento da dívida pública, que pode ser chamado apropriadamente de Grande Destruição.
11) O lulopetismo não tem doutrina social, apenas prescrições assistencialistas mal concebidas e mal aplicadas – do tipo Fome Zero, Bolsa Família, etc. – que todas falharam em corrigir as graves distorções do Brasil. Ao contrário, elas mantiveram os grupos assistidos na mesma condição de origem, apenas que com algum subsídio ao consumo, mas o objetivo inicial, permanente, era esse mesmo, não resolver a questão social, mas constituir um curral eleitoral que mantivesse o lulopetismo no poder de forma indefinida.
12) O lulopetismo não tem nenhuma doutrina política – fora das mistificações produzidas por alguns servos do partido e por gramscianos de academia – mas pretende ser um caminho fora da política tradicional dos partidos e do congresso. Pela sua forte base sindical – que evoluiu do sindicalismo alternativo para uma convergência no mainstream do sindicalismo oficial, ou seja, empreendimentos de caráter quase mafioso – ele pode ser considerado um peronismo de botequim, ou seja, sem qualquer teorização justicialista, apenas baseado no carisma do grande chefe mafioso.
13) O lulopetismo foi a maior fraude política, e ideológica, que se abateu sobre o Brasil, desde muito antes de 2003, quando ele finalmente tomou de assalto o poder federal. Ele foi (parcialmente?) expelido desse poder, mas ainda permanece ocupando vastos espaços de poder parcial em dezenas, centenas, milhares de instâncias públicas, dada a gigantesca invasão de todos os interstícios e escaninhos do Estado, em todos os níveis, pelos apparatchiks, aliados inconscientes ou serviçais objetivos do vasto empreendimento lulopetista. Pior ainda: sua versão do cenário político, suas metas obsessivas, seus objetivos megalomaníacos, que só podem conduzir o Brasil a uma trajetória desastrosa de (não) desenvolvimento, permanecem vigorosamente presentes nos corações e mentes de muitos true believers, partidários do credo, tanto militantes ingênuos da causa social, quanto acadêmicos bem formados e supostamente bem-informados. Essas características asseguram alguma sobrevivência política e ideológica ao lulopetismo, mesmo quando o grande chefe megalomaníaco for condenado a passar algum tempo na prisão.
Paulo Roberto de Almeida
Porto Alegre, 3 de setembro de 2016.
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