segunda-feira, 16 de maio de 2022

Brasil: o fechamento da capacidade de pensar? - Paulo Roberto de Almeida

Brasil: o fechamento da capacidade de pensar?

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 

 

Um exemplo de quando a subserviência, próxima da debilidade mental, atinge o grau mais elevado da cadeia decisória num dos corpos das FFAA: 

“O presidente tem feito críticas, mas não é só o presidente que faz críticas, muita gente faz críticas às urnas há muito tempo. O presidente da República é o meu chefe, é o meu comandante, ele tem o direito de dizer o que quiser”. (Almir Garnier Santos, comandante da Marinha)

 

O tal comandante demitiu com toques de humilhação um membro da Força que era ministro das Minas e Energia. Ele tem essa mania de humilhar oficiais superiores, aparentemente uma espécie de vingança psicológica a que recorre, como “mau soldado” que foi, e por isso expurgado da corporação.

De maneira geral, o Brasil tem assistido nas últimas décadas a um tipo de crescimento surpreendente, não da produtividade ou do PIB, mas da mediocridade nos escalões superiores da sociedade. 

Registrei isso ao observar entrevistas e expressões orais de “autoridades” e “representantes do povo”, e constatar que o fato de exibirem um discurso pobre, geralmente ignorante, pode revelar, na verdade, uma notável incapacidade de pensar racionalmente.

Triste constatar que o Brasil como um todo regrediu terrivelmente em suas supostas elites dirigentes, que são, presumivelmente, as porta-vozes das elites dominantes, isto é, econômicas. 

Não estranha, assim, que o país esteja em uma espécie de estagnação, com baixo crescimento há décadas, pois que tais elites se têm revelado incapazes de formular um diagnóstico adequado da situação, identificar os obstáculos à retomada do crescimento sustentado e de propor as reformas necessárias à correção dos bloqueios existentes. 

Tudo indica que nos acomodamos a uma situação de mediocridade permanente.

O atual processo eleitoral esquizofrênico é altamente revelador dessa paralisia mental.

Caminhamos catatônicos para um escrutínio eleitoral em que mais uma vez não ocorre nenhum debate sério sobre os problemas da nação, apenas considerações rasteiras sobre mudanças quase imperceptíveis nas pesquisas eleitorais em torno de nomes, como se isso representasse qualquer preocupação com relação às agruras da maior parte da população do país. 

Somos uma nação de lemingues?

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4155: 16 maio 2022, 2 p.


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