Uma reflexão sobre a disputa geopolítica atual em torno da Ucrânia
Paulo Roberto de Almeida
A atual guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia chegou a um ponto de impasse militar e diplomático, de um lado e de outro. Não haverá qualquer progresso na “conferência da paz” a ser realizada na Suíça em junho de 2024.
Um armistício é o que vem sendo proposto há certo tempo pelo grande especialista em história russa Stephen Kotkin em artigo na Foreign Affairs, entrevista ao Wall Street Journal e em matérias publicadas pelo Woodrow Wilson Center of International Affairs.
De fato, é a única solução provisória que pode ser encontrada numa situação em que nenhum dos lados consegue impor seus objetivos maximalistas.
A história futura determinará o destino final dos oponentes, o que provavelmente só será encontrado depois da morte ou do afastamento de Vladimir Putin e de movimentos progressivos do lado da UE e da frente atlântica, o que vale também para a hipótese de um enfraquecimento progressivo da Rússia e sua quase condição de um Estado vassalo da China, numa notável inversão da história do último século e meio.
Não se trata exatamente de uma “solução”, mas de um arranjo temporário, que pode durar anos ou décadas para alguma evolução futura, como já foi o caso, e ainda o é, da península coreana.
No caso da tutela russa sobre a Europa central e oriental, um “desenvolvimento” ocorreu na segunda derrocada do império russo no século XX, o primeiro em 1917, o segundo em 1991. A terceira derrocada poderá ocorrer depois de 2030.
A massa euro-asiática continua sendo o pivô mais pesado da história mundial depois da Antiguidade, quando essa história girava sobretudo em torno do Oriente Médio e do Mediterrâneo.
A massa euro-asiática continua sendo o pivô mais pesado da história mundial depois da Antiguidade, quando essa história girava sobretudo em torno do Oriente Médio e do Mediterrâneo.
Essas três áreas foram os cenários humanos e geopolíticos de todas as grandes guerras dos últimos 25 séculos, atravessando os impérios persa, alexandrino, romano, otomano, russo e soviético; nossa “sorte”, do Brasil e da AL, está em sermos relativamente “excêntricos”, assim como os atuais impérios americano e chinês, mas ambos disputando primazia por meio de proxy wars.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 12/05/2024
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