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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
IBGE: aumento da pobreza no Brasil
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Esclarecendo a "reducao" das desigualdades do IBGE - Jose Matias-Pereira
José Matias-Pereira
Estadão Noite – Segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Os indicadores divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostram um Brasil menos desigual em 2014. Esses dados, no entanto, foram recebidos com ceticismo pelos economistas e especialistas do mercado. Essa postura contraditória me leva a formular a seguinte pergunta: O Brasil revelado pela pesquisa ainda existe?
Para responder essa questão se faz necessário, preliminarmente, analisar os indicadores mais significativos da pesquisa, com vista a melhor explicar o que eles representam em termos de avanços socioeconômicos do país. A população brasileira foi estimada pela Pnad em 203,2 milhões, sendo que desse total, 85,3 milhões estavam no Sudeste. As pessoas com mais de 60 anos eram 13,7%, outros 25% tinham de 40 a 59 anos e 23,3%, de 25 a 39 anos. Isso confirma a tendência de aumento proporcional da população de faixas etárias mais elevadas e redução entre jovens. O desemprego, por sua vez, cresceu em 2014, mas o país manteve tendência de redução da desigualdade. A taxa média de desemprego subiu de 8,5%, no ano anterior, para 8,8%. O índice de Gini do rendimento do trabalho, que mede a concentração de renda (quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade), caiu de 0,495, em 2013, para 0,490, em 2014. O índice varia, de 0,442 (região Sul) a 0,501 (Nordeste). O Sudeste registrou aumento, de 0,475 para 0,478, naquele ano.
O número de desempregados foi estimado em 7,2 milhões, crescimento de 9,3% em relação ao ano anterior. A maior alta, de 15,8%, foi na região Sudeste, onde o total foi calculado em 3,3 milhões. O desemprego cresceu pelo maior número de pessoas no mercado, já que o número de vagas também aumentou, embora em ritmo insuficiente para absorver a mão de obra. Dos 98,6 milhões de ocupados (crescimento de 2,9% no ano), 45,3% estavam no setor de serviços e 39,5% eram empregados com carteira assinada. O total de contribuintes para a Previdência aumentou para 61,7% do total. Dez anos antes, eram 47,4%. A Pnad também detectou crescimento do trabalho infantil (o que ocorre pela primeira desde 2005), que mostrou que a população ocupada de 5 a 17 anos de idade aumentou 4,5%, para 3,3 milhões, no período de 2013 e 2014.
O rendimento da parcela dos 10% mais pobres da população foi de R$ 256 na média mensal em 2014, aumento de 4,1% na comparação com o ano anterior. Este foi o maior avanço entre todas as faixas de renda. No outro extremo da pirâmide, a renda dos 10% mais ricos foi de R$ 7.154, 0,4% menor do que no ano anterior. No extrato 1% mais rico, a queda foi maior, de 3,4%, para R$ 20.364. Todas faixas intermediárias também tiveram aumento da renda no ano passado, especialmente as que estão próximas do valor do salário mínimo (de R$ 724 em 2014), o que significa que estava havendo redução da desigualdade no país.
Os dados da pesquisa se referem a setembro de 2014, comparados com o mesmo mês de 2013, ou seja, um pouco antes do primeiro turno das eleições presidenciais, quando ainda se mantinha, de forma artificial, por motivações eleitoreiras, o equivocado ciclo econômico de incentivo ao consumo das famílias e de gastos do governo. Nesse contexto, funcionava um mercado que absorvia pessoas com menos qualificação, e a inflação ainda se encontrava estacionada em 6,5%. A queda de 3% no PIB deste ano, e que deverá se repetir em 2016, indica que a desigualdade deve se manter estagnada em 2015 e vai se aprofundar em 2016, efeito do menor aumento do salário mínimo, avanço da inflação, da informalidade e do desemprego. Os resultados positivos mostrados pela Pnad de 2014, se dissiparam como fumaça, em decorrência da incompetência, populismo, demagogia e corrupção dos governos petistas Lula e Dilma, engolidos pela recessão, aumento do desemprego, queda na renda, taxas de juros altas, aumento da inflação. O cenário existente no Brasil atual mostra que o país retratado na Pnad não mais existe. Pode-se concluir, assim, que a próxima Pnad, que vai comparar os dados de 2014 e 2015, vai revelar um Brasil vivenciando uma profunda crise social.
José Matias-Pereira. Economista e advogado. Doutor em ciência política (área de governo e administração pública) pela Universidade Complutense de Madri, Espanha, e Pós-doutor em administração pela Universidade de São Paulo. Professor de administração pública e pesquisador associado do programa de pós-graduação em contabilidade da Universidade de Brasília. Autor, entre outras obras, do Curso de economia política (2015), publicado pela Atlas.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Uai! O Brasil nao tinha saido do mapa da fome? Tem gente passando fome outra vez?
Brasil pobreza
Unos 7,2 millones de brasileños pasaron hambre el año pasado pese a avances
Río de Janeiro, 18 de diciembre de 2014
- Mientras que en 2009 había 17,9 millones de residencias en que sus habitantes enfrentaron alguna forma de restricción alimenticia, ese número cayó a 14,7 millones en 2013.
- Según el IBGE, el 77,4 % de las 65,3 millones de residencias brasileñas estaba en situación de seguridad alimenticia el año pasado. Es decir que 149,4 millones de brasileños (72,2 % de la población) consiguieron alimentarse adecuadamente en 2013.
El número de brasileños que sufre alguna situación grave de privación de alimentos cayó un 35,7 % en los últimos cuatro años, desde los 11,2 millones en 2009 hasta los 7,2 millones en 2013, de acuerdo con el informe publicado por el gubernamental Instituto Brasileño de Geografía y Estadísticas (IBGE).
De la misma forma, el número de brasileños en situación de inseguridad alimentaria, es decir que enfrenta alguna restricción alimenticia o al menos una preocupación con la posibilidad de no tener recursos para alimentarse, cayó desde los 66,2 millones en 2009 hasta los 52 millones en 2013.
El informe sobre Seguridad Alimentaria, que el Instituto elaboró con base en una amplia encuesta por muestras de domicilios realizada en 2013, mostró que el porcentaje de residencias en situación de inseguridad alimenticia en Brasil se redujo desde el 34,8 % en 2004, pasando por el 30,2 % en 2009, hasta el 22,6 % en 2013.
Mientras que en 2009 había 17,9 millones de residencias en que sus habitantes enfrentaron alguna forma de restricción alimenticia, ese número cayó a 14,7 millones en 2013.
En cuanto a la situación de inseguridad alimenticia grave, es decir de familias pasando hambre o con serias restricciones para alimentarse, el porcentaje de residencias en esa condición bajó desde el 5,0 % en 2009 hasta el 3,2 % en 2013, su menor nivel histórico.
Esa reducción fue posible gracias a las políticas de distribución de subsidios a los más pobres puestas en marcha por los Gobiernos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) y de su sucesora y actual presidenta, Dilma Rousseff (2011-2014), que garantizaron números récords y ejemplo en el mundo de disminución de la pobreza.
Según el IBGE, el 77,4 % de las 65,3 millones de residencias brasileñas estaba en situación de seguridad alimenticia el año pasado. Es decir que 149,4 millones de brasileños (72,2 % de la población) consiguieron alimentarse adecuadamente en 2013.
En comparación con 2009, el número de brasileños en seguridad alimenticia aumentó en 21,7 millones y el número de residencias en 9,1 millones.
El estudio mostró también que el mayor porcentaje de residencias en situación de inseguridad alimenticia estaba en las áreas rurales (35,3 %), mientras que en las urbanas ese porcentaje era del 20,5 %.
De la misma forma, la inseguridad alimenticia afectó más a la región nordeste del país, la más pobre y en donde el 38,1 % de las residencias estaba en esa situación, y a la norte (36,1 %).
Las cifras doblan las de regiones más desarrolladas, como la sudeste (14,5 %), sur (14,9 %) y centro-oeste (18,2 %).
De igual forma, el estudio indicó que la mayoría de las familias con dificultades para acceder a alimentos los compra fiados.
De los domicilios en inseguridad alimenticia, un 43 % pagó después de consumir el alimento para no pasar hambre, un 27,8 % solicitó alimentos prestados a sus familiares, vecinos o amigos, un 7,2 % dejó de comprar productos superfluos y un 5 % pidió dinero prestado.
El 3,5 % de los responsables por los domicilios en inseguridad alimenticia excluyó las carnes de su dieta para que no faltase el resto de alimentos, resaltó el informe.
domingo, 20 de abril de 2014
Emprego: tres mitos do governo derrubados pelo IBGE
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Governo companheiro: depois da Petrobras, o Ipea; depois do Ipea, o Ibge; depois do Ibge...
Paulo Roberto de Almeida
O IBGE sob domínio petista
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Direção do IBGE tenta impedir exoneração coletiva
Fonte: Agência Estado
sábado, 23 de março de 2013
O Brasil e o seu "pleno emprego" (de políticos) - Leandro Roque (Von Mises Brasil)
Que os números oficiais do IBGE, e mesmo do DIEESE fossem subestimados, disso eu já sabia. Mas como nunca havia "torturado" os números para que eles confessassem a realidade, eu não tinha ideia de quão mais alta era a verdadeira taxa de desemprego, de subemprego, de emprego precário e outras qualificações que o Brasil não poderia deixar de ter, dado o quadro de miseráveis que vemos de maneira sistemática em todas as partes (e o número anormalmente elevado de candidatos a qualquer porcaria no serviço público).
Grato ao Leandro Roque por esclarecer tão importante questão.
O Brasil, é evidente, não poderia estar exibindo esses números estupendos de emprego geral. Agora já sabemos a dimensão da verdade, e ela não é a que o governo anuncia.
Paulo Roberto de Almeida
A real taxa de desemprego no Brasil
Desde que comecei a prestar mais atenção no assunto — e, principalmente, desde que me inteirei melhor da metodologia —, perdi completamente o interesse pelo indicador. Ele não indica nada. A metodologia do IBGE é totalmente ridícula. Um malabarista de semáforo é considerado empregado. Um sujeito que vende bala no semáforo também está empregadíssimo. Um sujeito que lavou o carro do vizinho na semana passada em troca de um favor é considerado empregado (ele entra na rubrica de 'trabalhador não remunerado'). Se um sujeito estava procurando emprego há 6 meses, não encontrou nada e desistiu temporariamente da procura, ele não está empregado mas também não é considerado desempregado. Ele é um "desalentado". Como não entra na conta dos desempregados, ele não eleva o índice de desemprego.
Além disso, o índice também coloca na rubrica 'empregado' todas aquelas pessoas que exercem trabalhos considerados precários, como o sujeito que trabalha poucas horas por semana e gostaria de trabalhar mais, mas não consegue (muito provavelmente por causa das regulamentações trabalhistas), e o sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo. Ou seja, você substitui seu vizinho na barraca de pipoca dele por três dias. Em troca, ele lha dá R$250. Você foi considerado pelo IBGE como estando empregado — tendo efetivamente trabalhado 3 dias no mês.
Com todos esses truques, não é de se estranhar que o Brasil esteja com "pleno emprego", mesmo com sua arcaica legislação trabalhista, sua escandinava carga tributária e seus espoliadores encargos sociais e trabalhistas.
Mas isso, sejamos francos, não é uma exclusividade brasileira, não. O governo americano, por exemplo, também divulga 2 índices, cada um com uma metodologia diferente. Obviamente, ele se pauta apenas por aquele que fornece o mais róseo resultado. Uma fonte privada complementa fornecendo o terceiro índice, bem mais rigoroso. Veja abaixo:
Indo para os finalmentes
Felizmente, o IBGE disponibiliza em seu site todos os dados coletados desde março de 2002, possibilitando que uma pessoa mais interessada em fatos e menos em ideologias possa analisar um pouco melhor a realidade do país. A tabela divulgada para o mês de outubro está aqui. Veja lá todas as categorias que mencionei acima: Pessoas Desalentadas, Pessoas Subocupadas por Insuficiência de Horas Trabalhadas, Pessoas Ocupadas com Rendimento/Hora menor que o Salário Mínimo/Hora, Pessoas Marginalmente Ligadas à PEA (População Economicamente Ativa).
Em termos práticos, na atual metodologia, se um gerente de banco é demitido e passa a fazer malabarismo no semáforo, a taxa de desemprego não se altera. Se um desempregado lava o carro do vizinho em troca de um favor, a taxa de desemprego cai.
O leitor interessado pode baixar aqui uma enorme planilha de Excel com os valores de todas essas variáveis coletadas desde março de 2002. Eu fiz isso e calculei uma taxa de desemprego mais realista.
Coletei os seguintes dados:
1) pessoas desocupadas;
2) trabalhadores não remunerados;
3) pessoas com rendimento/hora menor que o salário mínimo/hora (aquele sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo);
4) pessoas marginalmente ligadas à PEA (pessoas que não estavam trabalhando na semana da pesquisa mas que trabalharam em algum momento dos 358 dias anteriores à pesquisa e que estavam dispostas a trabalhar); e
5) pessoas desalentadas.
De canja para o governo, deixei de fora as pessoas subocupadas, pois uma pessoa que trabalha regularmente um determinado número de horas por semana não está tecnicamente desempregada.
Somei estes cinco itens e dividi pelo total da população economicamente ativa.
Logo, a real taxa de desemprego brasileiro é essa abaixo:
Portanto, a real taxa de desemprego no Brasil em outubro foi de 21,4%. Nada surpreendente quando levamos em conta nossa legislação trabalhista e tributária. Encargos sociais e trabalhistas onerosos em conjunto com uma paquidérmica carga tributária sobre as empresas não poderiam permitir outro resultado senão esse. Um quinto da população sem emprego fixo após três anos de economia "pujante", segundo o animador de circo que habita o Ministério da Fazenda.
Observe o efeito da expansão artificial do crédito criada pelo Banco Central em conjunto com o sistema bancário de reservas fracionárias a partir de meados de 2009. Sem que nenhuma alteração na estrutura da economia brasileira houvesse sido feita, a taxa de desemprego caiu para o historicamente baixo nível de 20%. Por isso ela é insustentável: ela é totalmente guiada pela expansão do crédito, um mecanismo de curto prazo.
A economia, como foi previsto neste site ainda no segundo semestre do ano passado, já está parada. O desemprego, como em todos os outros países, tende a ser a última variável a ser afetada.
postado por Leandro Roque | 30/11/2012
domingo, 10 de fevereiro de 2013
O dragao da maldade e os guerreiros atrapalhados...
Na figuração econômica, sobretudo brasileira, o dragão ficou simbolizando a inflação. Num passado não muito distante (digamos, 18 anos, mais ou menos), o vice-presidente guindado à presidência por um desses golpes do acaso (corrupção), que hoje pareceriam contos da Carochinha, achou que era São Jorge, mas mesmo atrapalhado, permitiu que os bravos guerreiros comandados pelo então ministro da Fazenda FHC (mas o mérito cabe todo à sua equipe de economistas, não a ele, sequer ao presidente, que não permitiu um ajuste real nas contas públicas), dessem um golpe certeiro na inflação. Ele foi dado, e durante o restante dos anos 1990 ela permaneceu em patamares civilizados, chegando mesmo, antes da crise de 1998, a meros 2% (se estou bem lembrado), patamar jamais alcançado antes ou depois. Se ela subiu em 2002 -- e por isso deu vazão à acusação desonesta de "herança maldita" por um provocador de inflação -- foi justamente porque o partido de oposição, vulgo dos trabalhadores, sempre sacrificou os trabalhadores, no seu pacto perverso com a CUT dos patrões, a FIESP, todos engajados em produzir inflação, ao anunciar planos mirabolantes de "mudar tudo isso que está aí". Ainda bem que não o fizeram, e a inflação, depois de recrudescer na campanha eleitoral, voltou a patamares civilizados com um presidente de BC que acreditava no tripé macroeconômico definido em 1999. Isso é história.
Mas, o governo dos companheiros perdeu a mão quando a atual presidente ascendeu à Casa Civil, bloqueando um ajuste mais forte, um superávit primário mais robusto, e dando início ao período de gastança que abalaria um dos pés do tripé, o equilíbrio fiscal. O segundo tripé, as metas da inflação, começou a ser desacreditado quando o atual ministro da Fazenda, ainda no governo anterior, se opôs ao rebaixamento da meta, num momento em que era possível fazê-lo, pois a de 2005 tinha ficado até abaixo da meta. Mas desde 2005 que não apenas a meta é mantida em 4,5% (mais de três vezes a média mundial) mas também o espaço de variação é muito grande, de 2%, exagerados. Finalmente, o terceiro pé, câmbio, vem sendo desacreditado desde muito tempo pelo ministro trapalhão (escolha qualquer um deles) que diz que o câmbio flutua, desde que seja pertinho de 2 reais por dólar.
Em qualquer país sério, executor monetário que prometesse cumprir metas e não cumprisse, seria chamado ao parlamento, e eventualmente demitido. O presidente do BC prometeu, em 2011, que entregaria a inflação dentro da meta em 2012. Não apenas não o fez, como diz que não sabe quando o fará.
Por isso a população está legitimamente preocupada, como indicam os dois artigos a seguir.
Eu já estou ao abrigo da inflação brasileira (não tanto, pois ainda pago contas no Brasil, para familiares), mas me preocupa que a estabilização monetária, tão duramente conquistada em 1994, e o tripé macroeconômico, tão dramaticamente introduzido em 1999 seja tão canhestramente sabotados, aparentemente de forma consciente, por gente que não sabe o que está destruindo.
Paulo Roberto de Almeida
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Nocauteada pelo Plano Real, a inflação avisou de novo que está querendo acordar
Na quinta-feira, Dilma Rousseff mandou a inflação passear para encontrar-se a sós com o senador amazonense Alfredo Nascimento. Demitido do Ministério dos Transportes depois de pilhado pela imprensa em cenas de corrupção explícita, Nascimento apareceu no Planalto caprichando na pose de presidente do PR. Na sexta-feira foi a vez de Carlos Lupi, apeado do Ministério do Trabalho também por ter aterrissado ruidosamente no noticiário político-policial. No papel de comandante do PDT, Lupi enfim reviu a chefe que lhe inspirou espalhafatosas declarações de amor.
“A presidenta quis trocar ideias com nossos aliados”, fantasiou Gilberto Carvalho. Quem passou a vida trocando favores não tem ideias para trocar. Nas duas audiências, só se tratou do contrato de aluguel que deverá garantir o apoio do PR e do PDT à candidatura de Dilma a um segundo mandato. A trinca não perdeu tempo com assuntos desagradáveis ─ as razões do despejo da dupla, por exemplo. Ninguém infiltrou na pauta temas incômodos ─ a inflação de janeiro, por exemplo. Dilma, Nascimento e Lupi examinaram exclusivamente questões ligadas à eleição de 2014. O passado e o presente ficaram fora da pauta que só tratou do futuro.
No lugar da presidente ocupada com dois casos de polícia, irrompeu no picadeiro o inevitável Guido Mantega. O que tinha a dizer sobre o índice divulgado pelo IBGE? “A projeção é de que janeiro foi o pico”, reincidiu a usina de vigarices. Depois de atravessar 2012 enxergando um pibão até ser atropelado pelo pibinho, depois de recorrer a trapaças de envergonhar qualquer 171 para esconder crateras nas contas públicas, Mantega recomeçou a sequência de previsões cretinas. A tapeação não pode parar.
“Eu não tenho projeção até dezembro, mas nos próximos meses a inflação vai para baixo”, mentiu outra vez. Até o aprendiz de ilusionista disfarçado de ministro da Fazenda sabe que a taxa de janeiro seria mais alarmante se o o preço da gasolina subisse no começo do ano, como queria Graça Foster, presidente da Petrobras. O próximo índice já refletirá os efeitos desse aumento.
Ainda no primeiro semestre, queiram ou não os prefeitos companheiros, paulistanos e cariocas estarão pagando mais caro para embarcar em ônibus, trens urbanos e metrôs. O crescimento da demanda (estimulado pelo governo) e a redução da oferta (decorrente da retração da atividade industrial) ameaçam reprisar a parceria historicamente perversa. E a curva ascendente dos preços dos alimentos começa a causar estragos sobretudo nos bolsos da classe média (velha ou nova).
Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com os sinais emitidos pelo monstro adormecido há mais de 18 anos. Os encarregados de impedir que desperte não perdem o sono por tão pouco. Dilma e Mantega estão brincando com o perigo. Podem acabar engolidos pelo bicho que acordaram.
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Inflação preocupante
A hipótese de um aumento de juros já foi considerada nos mercados, depois de o presidente do BC, Alexandre Tombini, descrever o quadro atual como desconfortável, mas ainda é tratada como improvável. Os dirigentes do BC reafirmaram no fim de janeiro, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa de uma acomodação dos preços ao longo de 2013. Reiteraram também a disposição de manter a atual política por um "período suficientemente prolongado".
Esse é um jogo de alto risco. A experiência já desmentiu no ano passado algumas das previsões mais importantes do Copom. A inflação, segundo o pessoal do BC, vinha sendo impulsionada principalmente pelos preços internacionais dos produtos agrícolas. A crise global derrubaria esses preços. Oscilaram, de fato, mas voltaram a subir. O governo cumpriria a meta fiscal e isso também ajudaria a conter as pressões inflacionárias. Também essa projeção foi errada. No fim do ano, o Ministério da Fazenda recorreu a uma porção de truques para maquiar o resultado das contas públicas. Além de tudo, outros fatores, além dos preços internacionais das commodities, alimentaram fortemente a inflação. Os fatos, portando, desmentiram tanto o diagnóstico quanto os prognósticos oficiais.
Os fatos continuam desmentindo a avaliação oficial dos técnicos e dirigentes do BC. A alta dos preços das matérias-primas é apenas um dos componentes do quadro. Os números mostram um cenário mais complexo e um problema bem mais grave. Em dezembro, aumentos de preços foram registrados em 70% dos itens componentes do IPCA. Bastaria isso para desmentir a tese de uma inflação associada a uma classe única de fatores. Em janeiro esse indicador de difusão chegou a 75%, denunciando um alastramento ainda mais amplo.
É fácil entender esse quadro quando se levam em conta o alto nível de emprego, a expansão da massa de rendimentos, o rápido aumento do crédito e a expansão do gasto público, apesar das dificuldades orçamentárias em fase de estagnação econômica. Curiosamente, o próprio Copom, em sua última ata, menciona "a maior dispersão" dos aumentos de preços ao consumidor, a "estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho", as perspectivas de uma demanda interna ainda robusta e, afinal, a "posição expansionista das contas públicas".
Alguns desses fatores haviam sido apontados em documentos anteriores do Copom. No entanto, as decisões sobre a política monetária foram tomadas, ao longo do ano, como se esses problemas devessem esgotar-se nos meses seguintes, sem deixar marcas no sistema de preços. Esse otimismo, até agora contrariado pelos fatos, parece manter-se. O governo continua confiando em medidas tópicas, destinadas a conter este ou aquele preço (da eletricidade, por exemplo), como remédios contra a inflação. Que um governo com inclinações populistas faça isso é até compreensível. Chocante, mesmo, é a passividade do BC.