Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida
Site pessoal: www.pralmeida.net.sábado, 13 de setembro de 2014
Across the Empire (16): de Vancouver a Missoula, Montana, dois paises, tres estados, quase 1000km
No total, foram 610 milhas, ou mais exatamente 976 km, até Missoula, depois de atravessar uma província e dois estados, sendo que entre o segundo e o terceiro, Idaho e Montana, foram dois passos de montanha. Quase 12hs de viagem no total, com um adiantamento de horário, devido à mudança do fuso horário, da zona do Pacífio para a hora de montanha.
Missoula fica a 170 milhas de nosso objetivo para amanhã (ou melhor para hoje, sábado), Great Falls, no coração de Montana, onde vamos visitar o centro de memória histórica dedicado a Lewis e Clark, os dois descobridores das quedas do Missouri, em missão atribuída a eles pelo presidente Thomas Jefferson, em 1804, na tentativa de descobrir uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico pelo noroeste. Não descobriram a passagem, mas descobriram muitas outras coisas da natureza e dos habitantes locais, os indígenas da região, hoje todos capitalistas donos de cassinos e exploradores de alguns parques naturais.
Não fiz nenhuma foto, mas Carmen Lícia fez algumas dezenas da viagem, paisagens naturais e humanas.
Como sempre acontece nas etapas de estrada, preferimos ficar num Quality Inn & Suites (desta vez neste endereço: 4545 N. Reserve St., Missoula, MT, US, 59808).
Nada mais tendo a declarar (senão o cansaço da estrada), peço deferimento para ir ler o Wall Street Journal da sexta-feira na cama.
Atenciosamente,
Paulo Roberto de Almeida
Missoula, MT, 13 de setembro de 2014
Addendum: Para não dizer que não postei nenhuma ilustração, coloco uma foto minha que Carmen Licia tirou, num centro de exposições do Oregon Trail, que também se estendeu até esta região.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Across the Empire (15): Adieu Vancouver (mas prometemos voltar)
(mas prometemos voltar)
Hoje (ou melhor, ontem) foi um dia de passeios aos extremos (não do
Canadá, mas nas cercanias). De manhã saímos do West End de Vancouver, exatamente
da English Bay Beach, atravessamos a ponte em direção ao norte, e fomos pela
Marine Drive até North Vancouver, e daí a West Vancouver, num ancoradouro
chamado Horseshoe Bay, onde almoçamos.
Tomei um
expresso, e comprei um Lobster Paté (paté de homard, como explicam os
politicamente corretos canadenses da Sea Change Seafoods), que degustei
inteiramente sozinho (Carmen Lícia não quis, a despeito de meus oferecimentos),
noite adentro, com torradas e a meia garrafa de Valpolicella que tinha sobrado
de ontem (ainda estou acordado apesar disso).quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver
Mas a lojinha do museu era muito boa, e como sempre eu fui direto na seção de livros. Lá encontrei a nova (talvez definitiva) biografia (crítica) de Walter Benjamin por Howard Eiland e Michael W. Jennings, da qual já tinha ouvido falar por notas ou mini-resenhas nos jornais, mas sem prestar muita atenção pois ainda não saiu uma daquelas grandes, na NYRBooks ou outros pasquins literários. A biografia é, em si, impressionante, tanto pelo volume (mais de 700 páginas), como pelas fontes utilizadas, as mais variadas possíveis, primárias, secundárias, depoimentos, correspondência, etc.. Encontrei na bibliografia o título que primeiro me introduziu à obra de Benjamin, a correspondência de Gershom Sholem com ele, que li numa edição francesa, no começo dos anos 1980: Histoire d’une Amitié. Mesmo sendo um judeu engajado, e religioso, Scholem foi um dos melhores amigos, senão o melhor, de Benjamin, um judeu ateu, ou agnóstico, e totalmente imerso na alta cultura germânica, mas grande admirador da modernidade, que vinha em grande medida da França (pelo lado literário) e da Grã-Bretanha (pelo lado prático). Em sua época, primeira metade do século 20 (na verdade só até 1940, pois ele morreu na fronteira da França com a Espanha, em Port Bou, tentando escapar dos nazistas), a Alemanha já tinha ascendido à condição de primeira potência europeia, tanto no domínio das técnicas, como no das artes, onde os vanguardistas se destacavam justamente na modernidade artística e arquitetural (mas também na música, nos musicais, no teatro, enfim, em tudo).
Benjamin teve de sair da Alemanha no
momento da ascensão de Hitler ao poder, em 1933, e foi para a sua cidade
preferida, Paris, ao passo que Gershom Scholem já tinha ido para a Palestina
britânica, como bom sionista que era. No Brasil se conhece pouco da obra de
Benjamin, basicamente o “panfleto” sobre a obra de arte na época de sua
reprodutibilidade técnica (estou citando de cabeça, e posso me enganar no
título), e seria recomendável que essa biografia fosse traduzida e publicada,
pois ela apresenta o essencial, numa perspectiva crítica, como diz o subtítulo.
Não comprei o livro, não tanto pelo seu volume, ou pelo seu preço (bastante
modesto para um livro dessas dimensões e ilustrado, mas talvez porque seja de
uma editora universitária), mas pelo fato de que ainda não terminei um outro
grosso volume, a biografia de Albert Hirschman (outro alemão que fugiu do
nazismo no mesmo momento da ascensão de Hitler) por Jeremy Adelman, que é
também espetacular.
Pela tarde, fomos ao Canadá Place,
um imenso embarcadouro projetado sobre um canal do mar, com imensos painéis da
história canadense. Carmen Lícia me fotografou em frente de um, sobre as
guerras sustentadas pelos súditos de Sua Majestade no dominion da América do
Norte, contra os vizinhos irriquietos do sul, sempre imperialistas, como diriam
alguns mais ao sul. Ao largo da costa, heliporto e embarcadouro de hidroaviões
de passeio por Vancouver, Vitória e imediações. Os navios vão passando ao
largo, carregados de conteiners. Isso ao norte do West End, que é a ponta mais
ocidental na qual estamos (sem contar a grande ilha Vancouver, mais a oeste),
mas plenamente urbana, aliás em pleno centro da cidade.








