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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 13 de setembro de 2014

Across the Empire (16): de Vancouver a Missoula, Montana, dois paises, tres estados, quase 1000km

Hoje, isto é, ontem, sexta-feira 12,  foi um dia só de estradas, quase sem novidades, salvo as da viagem mesmo. Saímos tarde de Vancouver, em torno das 11hs, e ainda ficamos quarenta minutos na fila da Alfândega americana, para os controles de entrada no Império. Só nos nos libertamos em torno de 12:30hs e daí foi só estradas, com direito a mais um engarrafamento, na conversão da I-5 para a I-90, perto de Seattle.
No total, foram 610 milhas, ou mais exatamente 976 km, até Missoula, depois de atravessar uma província e dois estados, sendo que entre o segundo e o terceiro, Idaho e Montana, foram dois passos de montanha. Quase 12hs de viagem no total, com um adiantamento de horário, devido à mudança do fuso horário, da zona do Pacífio para a hora de montanha.
Missoula fica a 170 milhas de nosso objetivo para amanhã (ou melhor para hoje, sábado), Great Falls, no coração de Montana, onde vamos visitar o centro de memória histórica dedicado a Lewis e Clark, os dois descobridores das quedas do Missouri, em missão atribuída a eles pelo presidente Thomas Jefferson, em 1804, na tentativa de descobrir uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico pelo noroeste. Não descobriram a passagem, mas descobriram muitas outras coisas da natureza e dos habitantes locais, os indígenas da região, hoje todos capitalistas donos de cassinos e exploradores de alguns parques naturais.
Não fiz nenhuma foto, mas Carmen Lícia fez algumas dezenas da viagem, paisagens naturais e humanas.
Como sempre acontece nas etapas de estrada, preferimos ficar num Quality Inn & Suites (desta vez neste endereço: 4545 N. Reserve St., Missoula, MT, US, 59808).
Nada mais tendo a declarar (senão o cansaço da estrada), peço deferimento para ir ler o Wall Street Journal da sexta-feira na cama.
Atenciosamente,
Paulo Roberto de Almeida
Missoula, MT, 13 de setembro de 2014
 Addendum: Para não dizer que não postei nenhuma ilustração, coloco uma foto minha que Carmen Licia tirou, num centro de exposições do Oregon Trail, que também se estendeu até esta região.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Across the Empire (15): Adieu Vancouver (mas prometemos voltar)


Across the Empire (15): Adieu Vancouver 
(mas prometemos voltar)

Paulo Roberto de Almeida

            Hoje (ou melhor, ontem) foi um dia de passeios aos extremos (não do Canadá, mas nas cercanias). De manhã saímos do West End de Vancouver, exatamente da English Bay Beach, atravessamos a ponte em direção ao norte, e fomos pela Marine Drive até North Vancouver, e daí a West Vancouver, num ancoradouro chamado Horseshoe Bay, onde almoçamos. 
Carmen Lícia me fez uma foto e eu uma dela, mas valeu mesmo pelo lugar aprazível de veraneio dos canadenses (inclusive quebecois, e vários americanos) e pelo patê de lagosta que comprei nessa lojinha em frente à qual Carmen Lícia está fotografada. 
Tomei um expresso, e comprei um Lobster Paté (paté de homard, como explicam os politicamente corretos canadenses da Sea Change Seafoods), que degustei inteiramente sozinho (Carmen Lícia não quis, a despeito de meus oferecimentos), noite adentro, com torradas e a meia garrafa de Valpolicella que tinha sobrado de ontem (ainda estou acordado apesar disso).
De tarde, invertemos o itinerário, e fomos até o ponto extremo mais a oeste que nos foi dado chegar nesta viagem, onde está a Universidade de British Columbia, um lugar aprazível, entre os bosques. Diferente das universidades americanas, onde o álcool e tabaco são banidos, lá pudemos tomar vinho e cerveja, acompanhando um prato de queijos (um que não soubemos identificar, mas que parecia um dos vidros do Dale Chihuly).

 Antes tínhamos passado no Stanley Park (aliás, o nome da cerveja tipo belga, amber, que escolhi tomar), onde fomos visitar os totens indígenas feitos especialmente para sua inauguração, algumas décadas atrás. Não sou muito de fetichismos (em todo caso não no sentido marxiano), mas conheço a minha antropologia, e logo me lembrei dos escritos de Marcel Mauss sobre o potlacht dos índios canadenses, um oferecimento ritual que os marxistas adoram, pois vai no sentido anticapitalista da coisa, se é que vocês me entendem. Enfim, não vou explicar agora (pois o vinho está fazendo efeito: quem não sabe, procure ler Marcel Mauss).
Antes de voltar ao hotel, ainda passamos em vários outros lugares, como um pequeno promontório onde havia um museu (já fechado), um planetário, e umas tendas sendo preparadas para o Festival Shakespeare da cidade (não estaremos mais aqui para degustar o bardo, que eu acho genial, mesmo se nunca o li no original, apenas resumos e transcrições curtas, mas eu sempre o considerei o Maquiavel da dramaturgia). 


Vancouver foi o ponto alto desta viagem (so far), e certamente uma das melhores cidades do mundo para se viver, mas é verdade que só estivemos aqui no final do verão (mas dizem que tem um microclima especial, o que a torna menos inclemente do que as outras cidades canadenses, com menos 40, na média). A cidade é excelente, em todos os aspectos, para todos os gostos, mas não vi muitas livrarias, e nem frequentei bibliotecas, que para mim são dois critérios absolutos de civilização (junto com duchas decentes, não esquecendo). O hotel em que ficamos, English Bay Hotel, é modesto para os padrões a que estamos habituados, mas foi excelente sob todos os aspectos: na verdade, devia ser um antigo edifício de apartamentos (e estamos em um, de quatro peças, como disse), que foi transformado em hotel pelos chineses (ou seja lá quem for, mas é administrado por chineses). Tudo quase perfeito, com ampla cozinha e dois quartos, bem numa esquina de comércio, e garagem segura. Com a praia do lado.

Eu que não sou de praia, nem de natureza, apreciei, ainda assim, a natureza do Canadá: bem comportada, bem recortada, entretida, pintada de verde e sem mosquitos. Carmen Lícia aparece nesta foto do Rose Garden da British Columbia University, onde fomos em busca do Museu de Antropologia. 
Na verdade, ficamos no Wine Bar, Sage, da Universidade, tomando vinho, cerveja, e comendo um pequeno prato de queijos.
Despedimo-nos do Canadá já com certa nostalgia: eles são simpáticos os canadenses, e sobretudos de tamanho normal: agora voltamos aos XX large size do outro lado da fronteira, e o jeito americano de ser. Enfim, ninguém é perfeito, mas o Canadá se aproxima muito do modelo de país que eu pretenderia para o Brasil, sob vários aspectos (menos o frio, claro). Acho que vamos demorar mais uns 150 anos para nos aproximarmos do modelo canadense, mas se eu posso fazer um conselho eleitoral aos nossos candidatos, eu diria: estudem o modelo canadense, e tentem fazer igual. Não custa nada, ou melhor, só deve custar vergonha na cara e mais 150 anos de civilização.
O meu blog funcionou, o tempo todo, com o .cn ao final, mas amanhã deve voltar ao imperialismo americano, onde não existe um único .us que eu tenha encontrado (deve existir, mas eles não usam; para quê: para eles existe só os USA, ou America, como eles dizem, e o resto do mundo é the rest of the world, ou seja, não existe; e precisa?). Os estadounidenses, como diriam os companheiros, são simpaticamente arrogantes, não porque desprezem o mundo, mas porque não precisam dele, embora vivam de mensalão chinês e adorem um foie gras...
Já os canadenses são modestos, e essencialmente bons, para si mesmos e para o mundo. Acho que o mundo seria melhor se o império universal fosse mais canadense e menos americano, mas acho que não daria certo. A Suíça, por exemplo, é muito agradável para se viajar, para se visitar, mas seria ainda mais agradável se tivesse menos suíços alemânicos e mais italianos (mas acho que também não daria certo; ela não seria a Suíça, pois teria menos eficiência helvética e mais organização italiana, que às vezes é pior que a brasileira, sem exageros).
            Adieu Vancouver; prometemos voltar, Carmen Lícia e eu, de alguma forma.

Paulo Roberto de Almeida
Vancouver, 12/09/2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver


Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver

Paulo Roberto de Almeida

            A palavra do título é um tremendo galicismo, mas ela se aplica à ocasião: Walter Benjamin, um autor que reencontrei na loja do museu de arte de Vancouver, que visitamos pela manhã, era um adepto das flanêries em Paris. O museu em si não é nenhuma maravilha de nenhuma arte: tem coisas modernas e contemporâneas, horríveis e não visitáveis (no terceiro andar), e coisas razoáveis e amplamente visitáveis, no segundo andar: arte regional canadense, inclusive uma “escola flamenga” em pleno Canadá. O artista mais importante é Emily Carr, presente com muitos quadros tanto de sua fase parisiense, quanto do retorno ao Canadá, cem anos atrás.
           
Mas a lojinha do museu era muito boa, e como sempre eu fui direto na seção de livros. Lá encontrei a nova (talvez definitiva) biografia (crítica) de Walter Benjamin por Howard Eiland e Michael W. Jennings, da qual já tinha ouvido falar por notas ou mini-resenhas nos jornais, mas sem prestar muita atenção pois ainda não saiu uma daquelas grandes, na NYRBooks ou outros pasquins literários. A biografia é, em si, impressionante, tanto pelo volume (mais de 700 páginas), como pelas fontes utilizadas, as mais variadas possíveis, primárias, secundárias, depoimentos, correspondência, etc.. Encontrei na bibliografia o título que primeiro me introduziu à obra de Benjamin, a correspondência de Gershom Sholem com ele, que li numa edição francesa, no começo dos anos 1980: Histoire d’une Amitié. Mesmo sendo um judeu engajado, e religioso, Scholem foi um dos melhores amigos, senão o melhor, de Benjamin, um judeu ateu, ou agnóstico, e totalmente imerso na alta cultura germânica, mas grande admirador da modernidade, que vinha em grande medida da França (pelo lado literário) e da Grã-Bretanha (pelo lado prático). Em sua época, primeira metade do século 20 (na verdade só até 1940, pois ele morreu na fronteira da França com a Espanha, em Port Bou, tentando escapar dos nazistas), a Alemanha já tinha ascendido à condição de primeira potência europeia, tanto no domínio das técnicas, como no das artes, onde os vanguardistas se destacavam justamente na modernidade artística e arquitetural (mas também na música, nos musicais, no teatro, enfim, em tudo).
            Benjamin teve de sair da Alemanha no momento da ascensão de Hitler ao poder, em 1933, e foi para a sua cidade preferida, Paris, ao passo que Gershom Scholem já tinha ido para a Palestina britânica, como bom sionista que era. No Brasil se conhece pouco da obra de Benjamin, basicamente o “panfleto” sobre a obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica (estou citando de cabeça, e posso me enganar no título), e seria recomendável que essa biografia fosse traduzida e publicada, pois ela apresenta o essencial, numa perspectiva crítica, como diz o subtítulo. Não comprei o livro, não tanto pelo seu volume, ou pelo seu preço (bastante modesto para um livro dessas dimensões e ilustrado, mas talvez porque seja de uma editora universitária), mas pelo fato de que ainda não terminei um outro grosso volume, a biografia de Albert Hirschman (outro alemão que fugiu do nazismo no mesmo momento da ascensão de Hitler) por Jeremy Adelman, que é também espetacular.
            Pela tarde, fomos ao Canadá Place, um imenso embarcadouro projetado sobre um canal do mar, com imensos painéis da história canadense. Carmen Lícia me fotografou em frente de um, sobre as guerras sustentadas pelos súditos de Sua Majestade no dominion da América do Norte, contra os vizinhos irriquietos do sul, sempre imperialistas, como diriam alguns mais ao sul. Ao largo da costa, heliporto e embarcadouro de hidroaviões de passeio por Vancouver, Vitória e imediações. Os navios vão passando ao largo, carregados de conteiners. Isso ao norte do West End, que é a ponta mais ocidental na qual estamos (sem contar a grande ilha Vancouver, mais a oeste), mas plenamente urbana, aliás em pleno centro da cidade.

            Depois fomos do outro lado, mar aberto, justamente na English Bay beach, onde fica nosso hotel. Passeio a pé, portanto, com direito a esculturas gigantes, gaivotas que parecem desprezar a presença humana, e uma foca do Pacífico nadando tranquilamente a 20 metros da praia. Desta vez não entrei no mar, pois estava muito frio, e de toda forma não teria entrado mesmo; ficamos ali contemplando o por-do-sol, e Carmen Lícia fez mais algumas de suas fotos profissionais.
            Amanhã, ou melhor, hoje, 11 de setembro (dia fatídico para dois países do continente), temos mais visitas: museu de antropologia, talvez o mercado da ilha de Granville, e o que sobrar... Vancouver é provavelmente uma das melhores cidades do Canadá, junto com Montreal, sem desprezar Toronto (onde também vamos voltar desta vez) e Ottawa, que é bonitinha, com seu parlamento estilo inglês, e seu museu cultural excepcional e espetacular.
            Mas é hora de ler mais notícias e dormir quando o sono cerrar os olhos.

Paulo Roberto de Almeida
Vancouver, 11 de setembro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Across the Empire, 2014 (13): em Vancouver, fazendo o balanço da primeira metade da viagem


Across the Empire, 2014 (13): em Vancouver
Fazendo o balanço da primeira metade da viagem

Paulo Roberto de Almeida
Postado no blog Diplomatizzando 

            Acabamos de jantar salmão com ervas e azeite trufado, arroz integral com ervilhas, amêndoas fatiadas e torradas, comprados no Whole Foods de Vancouver SW, tudo acompanhado por um Valpolicella 2013, que compramos numa loja de vinhos ao lado do hotel, West End Liquor Store, tudo isso numa “modesta pensão” de chineses (ou pelo menos administrados por eles), que se chama English Bay Hotel, pela simples razão de que fica a 200 passos da English Bay (que seria uma praia se os habitantes locais tivessem a sorte de ter praias como as nossas). O salmão temperado e o arroz com ervilhas ficaram por conta de Carmen Lícia; eu só tive de abrir o vinho (e carregar as compras, claro). Mas estamos num apartamento de hotel de 4 peças, numa esquina simpática de um pedacinho de Vancouver (e quem quiser localize no Google maps: Denman Street, n. 1150), com o carro na garagem, e amplo espaço para espalharmos coisas e ideias.
            Como diria um radialista belga, cujo nome esqueci, mas cujo mote de programa eu nunca esqueci – desde os primeiros tempos em que me refugiei voluntariamente na Bélgica, fugindo de uma ditadura no Brasil e saindo de um socialismo real, na então Tchecoslováquia – “la culture c’est comme de la confiture: moins on a, plus on l’étend” (a cultura é como um resto de geleia: quanto menos se tem, mais a espalhamos).
            Pois viemos estendendo e aumentando nossa cultura desde Hartford, quase nas margens do Atlântico norte, até Vancouver, no Pacífico norte, um trajeto de 4.091 milhas até entrar no hotel, ou cerca de 6.545 km. Isso faz cerca de 340 milhas por dia, ou 545 kms em cada um dos doze dias que levamos para chegar até o outro lado dos EUA e agora no Canadá extremo-ocidental. Aliás, no meio do caminho entre Seattle e Vancouver, o carro sinalizou exatamente 33.333 milhas, ou 53,3 mil km no total. Em 18 meses de posse desse carro, fizemos o equivalente a 3 mil km por mês, ou 100 por dia. Como eu moro a duas quadras do trabalho, praticamente não existem percursos urbanos e o essencial foi feito mesmo nas estradas americanas.
Justamente, em toda a presente viagem, não tivemos nenhum problema de estrada, nenhum buraco, não fosse por um pedregulho arremessado por um caminhão de passagem, que deixou um impacto no para-brisa, e vai me obrigar a trocá-lo, uma vez de volta a Hartford. Quando digo nenhum problema, é nenhum problema mesmo, pois que viajamos tranquilamente, em toda segurança, com alguns pontos de lentidão por trabalhos de manutenção (mas muito bem sinalizados), e paradas sempre satisfatórias, tanto para comer, quanto para dormir (geralmente em Quality Inn, ou Holiday Inn). Banheiros limpos em todas as paradas, com raríssimas exceções, comida boa e barata (entre fast food e saladas), e sobretudo quase nenhum pedágio (salvo nos estados mais capitalistas da costa leste). Gasolina a preços razoáveis, mas os americanos gostariam que ela baixasse ainda mais, com o desenvolvimento de novas fontes de energia no próprio país. Tempo ótimo na quase totalidade do tempo: sol, mas bastante ameno.
            Vejamos agora os custos obrigatórios dessa viagem e uma comparação com o que seria gasto no Brasil. Não considero hotel ou comida, pois são gastos arbitrários, ou seja, dependem de escolhas: pode-se viajar em hotéis cinco estrelas, comendo em restaurantes sofisticados toda vez, ou pode-se fazer, como estamos fazendo mais por imposição do perfil americano de viagens do que por opção, ficar em hotéis três estrelas e fazer lanche durante os percursos, o que reduz bastante os valores efetivamente gastos.
            Pois bem: pelos meus registros, abasteci o carro com 130 galões de gasolina regular, a um custo médio de 3,64 dólares o galão, o que perfaz US$ 475,74 (ou, cerca de R$ 1.084,00, a um câmbio de 2,28). Se fossemos traduzir isso para o Brasil, a um preço de 3,15 reais por litro de gasolina, eu teria gasto R$ 1.500,00, ou praticamente 50% a mais. Imagino que estando os preços defasados, por decisão política do governo, poderia ser mais, mas mesmo nesse montante, estamos falando de um custo 50% maior para viajar no Brasil do que nos EUA (sem mencionar os problemas nas estradas, pedágios mais agressivos em certos lugares, bem como o exagero dos preços nos chamados serviços non tradables, que são justamente hotéis e restaurantes).
            Falando agora da viagem, o que poderia sintetizar: como sempre acontece, acabamos fazendo mais do que o planejado, e em menor espaço de tempo: pelo meu planejamento inicial estaríamos ainda, nesta terça-feira 9 de setembro, viajando de Portland a Tacoma, e isso fizemos no domingo, tendo depois feito Seattle em um dia, em lugar dos dois programados. Em conclusão, estamos adiantados três dias, pois só estaríamos chegando a Vancouver na sexta-feira, dia 12 de setembro. Vamos ficar os três dias programados nesta cidade, pois tem muita coisa para ver, e vamos também descansar um pouco, e cuidar dos trabalhos. Eu preciso revisar um capítulo inteiro de um livro em inglês, até o dia 15 próximo, para mandar ao meu amigo Ted Goertzel, que quer publicar um livro coletivo sobre o Brasil e pediu uma colaboração minha. Tenho também outros trabalhos na cabeça, em parte vinculados ao processo político-eleitoral em curso no Brasil.
            Agora é hora de começar a pensar na volta: daqui não há mais marcha para oeste, a não ser que fôssemos para o Alaska, de barco ou pelas estradas da Columbia Britânica, o que não é o caso. Agora não vou ter mais o sol pela frente nos finais de tarde, apenas numa pequena parte da manhã (e isso se sairmos cedo do hotel, o que quase nunca é o caso, pois sempre ficamos trabalhando até tarde, pois também viajamos até quase 22hs em grandes etapas). Preciso retirar meu Guia Michelin Canadá do carro, pois ele tem muitas páginas dedicadas a Vancouver.
       
     Chegando aqui, depois de deixar as malas no hotel, fomos percorrer a cidade, de carro, além de atravessar duas ou três pontes, fomos a Chinatown, jardim do Dr. Sun Yat-sen e o centro cultural chinês, onde visitamos uma exposição sobre os chineses que emigraram para cá, como simples operários manuais de construção de ferrovias, sendo que alguns lutaram nas fileiras canadenses nas duas guerras mundiais do século 20.  Tirei uma foto de um rato do zodíaco chinês, meu símbolo de rato de biblioteca. Voltando para o hotel, uma parada no supermercado, para as compras descritas no primeiro parágrafo. Ainda é cedo, ou seja, 23:15hs, o que me habilita ainda a ler toda a correspondência, responder o que for necessário, postar uma ou outra matéria de interesse no blog (esta postagem imediatamente), e depois ler o que me resta de informação sobre Vancouver, nos dois guias que temos conosco.
            Amanhã começam verdadeiramente as visitas, que antecipamos bastante agradáveis, tanto pela ordem britânica, simpatia canadense, limpeza suíça e povo muito alegre e colorido (com todo aquele pessoal pintado, grafitado, perfurado que anda por aí...). Abaixo, mais uma vez, os links das postagens anteriores...

Paulo Roberto de Almeida
Portland, 9 de setembro de 2014

0) Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30 dias: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html

1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day-boring-roads.html

2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html

3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html

4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html

5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).


7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-7-leituras-no-velho-oeste.html

8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-8-tinha-um-yellowstone-no.html

9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-9-de-twin-falls-portland.html

10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-10-em-portland-buscando.html

11) Across the Empire (11): de Portland, OR, a Tacoma, WA: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-11-de-portland-or-tacoma.html

12) Across the Empire (12): de novo com Chihuly, desta vez em Seattle: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-12-de-novo-com-chihuly.html

13) Across the Empire (13): em Vancouver, fazendo o balanço da metade do caminho: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-13-em-vancouver.html