Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
A pobreza das nacoes: o Brasil como pais estagnado - Ben Ross Schneider (Exame)
Só reduzindo radicalmente o Estado, e destruindo o poder dos marajás e dos mandarins do Estado, se poderá retomar um processo de crescimento sustentado.
Posso estar errado, mas considero o Estado brasileiro o inimigo de qualquer processo de desenvolvimento do país.
Paulo Roberto de Almeida
A pobreza das nações
Eduardo Salgado
Revista Exame, 12 de fevereiro de 2017
Para o cientista político do MIT, países como o Brasil só chegarão ao Primeiro Mundo quando seus vários grupos de pressão concordarem em encarar reformas dolorosas
PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA no Massachusetts Institute of Technology, a respeitada universidade americana mais conhecida pela sigla MIT, Ben Ross Schneider é um estudioso da realidade brasileira. Depois das aulas que teve com o jornalista Elio Gaspari quando fazia um mestrado na Universidade Colúmbia no final dos anos 70, passou a ter um olhar atento para o país. Especialista em política comparativa, Schneider tem se dedicado, mais recentemente, a examinar por que vários países em desenvolvimento, como o Brasil, não conseguem fazer a transição para o Primeiro Mundo, ficando presos ao que os economistas chamam de armadilha da renda média. "Ao contrário do que muita gente pensa, o problema não é econômico. E político", disse Schneider a EXAME em bom português.
O que é a armadilha da renda média?
Organismos internacionais, como o Banco Mundial, dividem os países com base no produto interno bruto per capita. Os que têm um PIB per capita inferior a 1025 dólares são classificados como de renda baixa. Os que têm entre 1026 até cerca de 12 500 dólares são os de renda média. Acima desse valor estão os de renda alta. A maior parte dos países hoje considerados ricos saiu da renda média para a alta em aproximadamente 30 anos. A "armadilha da renda média" é a expressão usada para descrever a situação daqueles países que saíram da renda baixa para a média, mas, passadas mais de três décadas, não conseguiram chegar ao Primeiro Mundo. São incapazes de manter um elevado ritmo de crescimento da produtividade e continuar enriquecendo. O Brasil é um bom exemplo.
Qual é o caminho para escapar dessa armadilha?
A receita é conhecida. Os países que continuaram progredindo e ficaram ricos foram aqueles que registraram avanços nas áreas de educação, inovação, infraestrutura, justiça e estabilidade política e macroeconômica. Antes de falarmos dos obstáculos para adotar essa agenda de mudanças, vale registrar que ficou mais difícil sair dessa armadilha. Hoje. o Brasil investe cerca de 1,2% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, um percentual semelhante ao que países europeus investiam quando fizeram a transição da renda média para a alta ao longo do século 20. Em resumo, o sarrafo subiu. Dito de outra forma, a nota de corte ficou mais alta porque os países ricos continuaram progredindo. Voltando ao tema da receita para escapar da armadilha, muita gente se pergunta por que tantos países, como o Brasil, não conseguem chegar ao patamar do Primeiro Mundo se sabem o que deve ser feito. Nossas pesquisas indicam que os obstáculos não são econômicos. São totalmente de natureza política.
O senhor quer dizer que o sistema político é o problema?
Não falo de partidos, mas, sim, da incapacidade de países como o Brasil de formar coalizões dentro da sociedade cm favor de determinadas mudanças. Essas coalizões de diferentes grupos sociais são importantes em vários sentidos. As transformações necessárias para um país elevar o investimento em pesquisa e desenvolvimento demoram muito mais do que um mandato presidencial. E preciso formar ótimos engenheiros e incentivar a criação de centros de pesquisa e uma atuação mais ativa das empresas. Sem uma pressão forte da sociedade, isso não começa ou, se começar, não tem continuidade. E preciso ter um pacto social com um plano de longo prazo que independa da ascensão ao poder desse ou daquele partido político.
Por que é tão difícil formar essas coalizões sociais?
Há, de modo geral, três fatores que impedem a união das pessoas em países presos na armadilha da renda média. A desigualdade social, a existência de empresas em diferentes estágios e com interesses difusos - as multinacionais, as grandes, médias e pequenas nacionais - e um mercado de trabalho formal e informal. Cada um desses vários grupos possui prioridades diferentes. Esses embates são evidentes no Brasil.
No Brasil, parece existir já há algum tempo um consenso em relação à necessidade de melhorar a qualidade da educação. Por que, mesmo assim, os progressos são tão lentos nessa área?
Tendo em vista o montante que o Brasil gasta em educação, era de esperar que a qualidade do ensino fosse melhor. O problema no Brasil é de eficiência. Por que os governos não conseguem aumentar a eficiência no ritmo necessário? Porque não existe um verdadeiro consenso dentro da sociedade brasileira sobre a necessidade de realmente melhorar a educação. Se você perguntar a empresários e eleitores em geral se a educação é importante, é claro que eles dirão que sim. Mas, se for ver a pressão que exercem sobre os políticos para que melhorem a qualidade do ensino, provavelmente verá que é marginal. Nada comparável ao que aconteceu nos Tigres Asiáticos, como a Coreia do Sul. Em partes da Ásia, os empresários disseram aos políticos que, sem trabalhadores mais educados, não teriam como fazer a economia crescer. Sem uma grande pressão, os políticos não têm incentivos para tomar decisões difíceis.
Quais seriam essas decisões difíceis?
Não quero ser leviano aqui. Há várias reformas necessárias para aumentar a eficiência da educação num país como o Brasil. Mas uma delas certamente é criar um sistema de remuneração dos professores que leve em conta o desempenho e que demita aqueles sem as condições mínimas de dar aula. O problema é que os sindicatos sempre se opõem a essa política. Por definição, eles são contra a demissão de seus associados. E. se os professores ganharem salários diferentes, ficará mais difícil para o sindicato chamar uma greve para um aumento universal de 10%. Os políticos não costumam ter a disposição de enfrentar os sindicatos quando não são pressionados.
O que explica essa suposta falta de pressão dos empresários brasileiros em prol de reformas na educação?
O Brasil passou por um processo de desindustrialização considerável nos últimos tempos, mas nem assim a necessidade de o país ter uma mão de obra mais qualificada virou consenso. Existe uma tendência em dizer que o país tem outras opções. Fala-se das riquezas naturais. Também não se vê nada concreto na área de inovação.
Por que o Brasil caminha a passos lentos em termos de inovação?
A explicação passa um pouco pelo que os economistas chamam de "maldição das commodities". O Brasil é forte em mineração, por exemplo, e há mineradoras locais que investem em inovação. Mas o teto para inovar nesse setor é baixo. É bem diferente da Coreia do Sul, forte em produtos eletrônicos. Se a Samsung não investir pesadamente em novas tecnologias de smartphones, poderá comprometer seu crescimento futuro. Muitas vezes quando falamos em inovação em países presos na armadilha da renda média, as pessoas imaginam que é preciso criar um novo Facebook ou Google. Não necessariamente. Investir em inovação deveria ser o dia a dia de muitas empresas de todos os setores. Trata-se de repensar os métodos empregados, atualizar as tecnologias adotadas comprando pa- cotes prontos de empresas locais ou do exterior... Até nesse sentido o Brasil tem tido um desempenho ruim.
Qual deveria ser o papel do Estado nessa área?
O governo poderia ter uma política fiscal para incentivar grandes empresas que exploram recursos naturais a criar novos empreendimentos em áreas mais intensivas em tecnologia. Na Finlândia, por exemplo, a Nokia era uma produtora de celulose. Algumas políticas públicas acabaram facilitando a transição da companhia para a área de telecomunicações. Sei que. depois de anos de sucesso no mercado de celulares, a Nokia teve tropeços na transição para a era dos smartphones, mas é inegável que a empresa foi fundamental para que hoje a Finlândia seja um centro importante na produção de softwares.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Pequena reflexao sobre a independencia e a situacao atual do Brasil - Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 23 de julho de 2013
Educacao: pessima, mas nao por falta de dinheiro - Instituto Millenium
O problema da educação não é falta de dinheiro
Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes
segunda-feira, 25 de março de 2013
Demagogia educacional e mediocridade universitaria: duas marcas registradas do...
O desastre é incommensurável, e o Brasil vai pagar um preço altíssimo por isso. A tendência é que tudo continue a piorar pelo futuro previsível. Se, e a partir de quando (o que é altamente improvável), houver uma correção de rumos, algo que julgo difícil de acontecer, ainda demoraria 10 ou 15 anos para começar a melhorar um pouqinho. Como isso não vai ocorrer em minha vida útil, só posso prenunciar a continuidade do desastre pelo fim dos tempos.
Não se conserta um pau torto facilmente. O mais sensato seria arrancá-lo e plantar outra árvore no lugar, mas parece que isso não vai ocorrer, conhecendo como funcionam as faculdades de pedagogia no Brasil, um viveiro de saúvas freireanas. Não tem jeito, ao que parece.
Se, em matéria de economia sou moderadamente pessimista (ou seja, acredito que o Brasil vai continuar exibindo taxas medíocres de crescimento, se arrastando penosamente em direção à modernidade), em matéria de educação sou absolutamente pessimista, acreditanto que o Brasil vai continuar aceleradamente seu itinerário para trás, destruindo tudo o que de positivo vinha sendo penosamente construído nas décadas anteriores.
Os militantes gramscianos da educação são como os bárbaros de Atila: onde passam semeiam a destruição.
Paulo Roberto de Almeida
Mesmo com cotas, universidades estaduais e federais têm queda de alunos de escolas públicas nos vestibulares. Sabem por quê? Porque o governo escolheu o caminho errado sob o aplauso dos demagogos e o silêncio dos covardes
Reinaldo Azevedo, 25/03/2013
Vejam que coisa! O cotismo não levou mais alunos das escolas estaduais e municipais para os vestibulares das universidades públicas. Não é espantoso? NÃO! É ATÉ BASTANTE ÓBVIO. Vamos a algumas considerações prévias para chegar ao “x” da questão.
Dei destaque ontem aqui a uma reportagem do Globo sobre a situação miserável da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e observei que se tratava de um sintoma apenas. A doença é bem mais grave. Nestes dez anos de governo do PT, a educação é a área em que se produziram mais farsas e mistificações. A pantomima na correção das redações do Enem ilustra de forma debochada e trágica a farsa. Dado o andar da carruagem, vai demorar até que se encontre o caminho — na hipótese de que seja encontrado… Qual é a questão central? Trocou-se a qualidade pela demagogia inclusiva. Os críticos da política oficial certamente não se surpreendem com as reiteradas evidências de baixa qualidade do ensino universitário no país. O que surpreende a todos, inclusive os críticos, é que as medidas ditas redentoras e igualitárias não conseguem ser… inclusivas! Você verão.
Quais são as críticas principais da maioria dos que se opõem às políticas de cotas, pouco importando a sua natureza? Em primeiro lugar, o cotismo nega o fundamento da igualdade consagrado na Carta Magna. Quando o Supremo Tribunal Federal considerou constitucional a medida, abriu as portas para o imponderável. Com apelos malparados a Rui Barbosa, afirmou-se que é preciso, em certas circunstâncias, tratar desigualmente os desiguais. Que seja! Mas isso só é aceitável no caso de se conferirem benefícios suplementares ao “desigual”.
Solapar direitos universais de uma parte dos brasileiros — e as cotas fazem isso à medida que impedem que todos concorram segundo as mesmas regras — para proteger outra parte é um absurdo em si. Se a história de cada um de seus respectivos familiares torna os homens diferentes e se se chega à conclusão de que essas diferenças são social e politicamente determinadas, então que se alterem essas condições. O que não é razoável é que o indivíduo “A” tenha solapado um direito em favor do indivíduo “B” para fazer reparação histórica. Ora, desde o direito romano, a dívida do pai não passa para o filho… Imaginem se faz sentido indivíduos pagarem “dívidas sociais” relacionadas à cor da pele ou à origem de classe. Isso é uma boçalidade e uma violência institucional. Se querem tratar desigualmente os desiguais, reitero, que se deem a esses desiguais benefícios suplementares. Mas esse é só o aspecto que diz respeito à lei. Há outro mais sério.
Os críticos das cotas, raciais ou sociais, sustentam o óbvio, o elementar: é preciso qualificar os ensino fundamental e médio públicos. O cotismo, infelizmente, concorre para fazer o contrário: à medida que as vagas estão “garantidas”, é evidente que diminui a pressão sobre a escola pública e seus agentes. “Ah, mas melhorar a escola púbica vai levar muito tempo…” Bem, quanto mais tarde começar, pior. De resto, o fato de uma ação correta não ter um efeito imediato não confere licença para se fazer a coisa errada.
Cotas irrelevantes
Leiam o que informa Erika Fraga, na Folha desta segunda (em vermelho):
Entre dez universidades que enviaram dados à Folha, USP e Unicamp (São Paulo), UERJ (Rio de Janeiro) e UFMG (Minas Gerais) registraram queda no percentual de vestibulandos formados na rede pública de ensino. Em outras três universidades, a fatia se alterou pouco. Os alunos das públicas ainda são minoria na maior parte dos vestibulares das instituições públicas, embora representem 85% dos que concluem o ensino médio no país, percentual que aumentou na última década. As universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão entre as que tiveram aumento de alunos das escolas públicas em seus vestibulares.
Ainda assim, Júlio Felipe Szeremeta, presidente da comissão de vestibular da UFSC, diz que “não houve o boom esperado”. Em 2012, o percentual de vestibulandos de escolas públicas atingiu 37,5% na UFSC. “Imaginávamos que o percentual de vestibulandos de escola pública já teria chegado a 50%.” Já na Universidade Federal da Bahia (UFBA) houve queda no número de inscritos no vestibular saídos de escolas públicas após a adoção do regime de cotas em 2005. A tendência só foi revertida a partir de 2010, depois de um aumento no número de cursos noturnos de 1 para 33.
(…)
Voltei
Notem que não só não houve aumento como pode ainda haver queda, como no caso da UFBA — só se conseguiu reverter a tendência com cursos noturnos. Isso tudo faz sentido? Faz um brutal sentido! O próprio aluno oriundo do ensino médio público sabe que, na maioria das vezes, está despreparado para enfrentar alguns desafios. Sabe a escola em que estudou; conhece todos os seus defeitos.
Houve crescimento do número de universitários do país? Houve, sim, embora tenham ficado muito abaixo da meta. Em 2001, havia 3 milhões de estudantes matriculados nas universidades do país (públicas e privadas); no fim de 2010, eram 6,37 milhões, segundo o Censo Universitário do MEC. Mas calma!!! Nada menos de 14,7% desse total (quase um milhão) está matriculado na modalidade “ensino a distância” Com raras exceções, esse troço virou, no Brasil, um caça-níqueis ainda mais vantajoso do que instituições de ensino meia-bomba que vendem suas vagas para o ProUni. Não passa de picaretagem! A meta do Plano Nacional de Educação, estabelecida em 2000, era chegar a 2010 com 33% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. Segundo o Censo, o governo do Apedeuta ficou bem longe disso: apenas 17,4%. E está nesse patamar até hoje.
Como se explica?
O crescimento está abaixo da meta, mas cresceu. Para onde foram os alunos? Para as instituições privadas, boa parte deles financiada pelo ProUni. É claro que existem instituições qualificadas. Infelizmente, não é a regra, e parcela considerável dos estudantes que buscam essas instituições quer um curso à altura do ensino fundamental e médio que teve — sendo ainda mais claro: prefere uma universidade privada e ruim (o ProUni pagará a conta) a uma pública e com mais qualidade (escrever “boa” talvez seja exagero). Voltamos, então, o “x” da questão. Desde sempre, o grande desafio é qualificar o ensino fundamental e médio públicos.
E que se observe: é mentira que não haja alunos de escolas públicas nas instituições universitárias também públicas. Há, sim! A questão é saber onde estão. Não tenho os números aqui, mas estou certo de que são mais presentes em cursos como pedagogia, história, geografia, letras, sociologia e filosofia, para citar alguns… E raros em engenharia, medicina e odontologia. De toda sorte, os números estão a indicar que as cotas não causaram uma elevação da demanda nas universidades públicas nem naquelas carreiras que não requerem tempo integral. São as instituições privadas, por conta do ProUni, que abrigam a massa de estudantes pobres.
Reserva de vagas
Por força de lei, as universidades federais terão de reservar 50% de suas vagas a alunos das escolas públicas em todos os cursos, obedecendo depois a critérios de cor de pele. É o “jeitinho PT” de fazer as coisas. Como se considera, no fim das contas, que o problema do ensino fundamental e médio públicos é mesmo insanável, busca-se “fazer justiça” na ponta, lá na universidade — que é feita para os mais aptos em qualquer país do mundo, nos EUA, na China ou em Cuba…
Quando estiver em pleno funcionamento, haverá o risco de sobrar vagas daquela metade reservada aos alunos da escola pública. Hoje, como mostra o levantamento, eles já poderiam ser mais presentes nas universidades federais e estaduais, mas, tudo indica, têm preferido as instituições privadas por intermédio do ProUni porque, com alguma frequência, esses cursos se transformaram numa espécie de cartório. Um cartório que custa caro!
É evidente que aqueles que criticam as cotas e pedem a elevação da qualidade do ensino público estão certos. É claro que não é fácil. Para tanto, precisávamos ter governos comprometidos com a educação, não com a demagogia eleitoreira. Sim, demoraria um pouquinho, eu sei. Mas esse é “pouquinho” é nada quando confrontado com a danação eterna a que está hoje condenada a educação.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Educacao: insistindo nos erros, gastando dinheiro a toa...
Infelizmente, vamos continuar patinando nas falsas solucoes, e nao se pode esperar nada de inteligente do MEC ou de seu suposto ministro de titulo comprado.
Paulo Roberto de Almeida
Colunista da Época aconselha Mercadante a adotar estratégia "menos devastadora" para capacitar professores
Redação Comunique-se, Qui, 17 de Janeiro de 2013
“Ministro, acorde!”, é o que o colunista e editor da seção ‘Mente Aberta’ da revista Época, Luís Antônio Giron, gostaria de falar ao Ministro da Educação. O texto "Professores analfabetos digitais?", publicado nessa quarta-feira, 16, critica o posicionamento de Aloizio Mercadante e o aconselha a adotar uma estratégia “menos devastadora” de capacitação de docentes.
Para o colunista da Época, o encantamento pela tecnologia pode levar à “completa imbecilização”. Giron sugere que Mercadante apresente projetos que realmente sejam promissores para melhorar a qualidade do ensino brasileiro. “Vou aconselhar o ministro (que pretensão, mas não posso evitar) a adotar uma estratégia menos devastadora para capacitar os professores e seus alunos. Não que isso pareça preocupar o ministro. Ele, pelo jeito, só quer brilhar com um discurso que pensa ser ‘inovador’”, disse.
O Ministro, segundo o jornalista, defende que os professores são “analfabetos digitais”. Giron, entretanto, fundamenta seus argumentos dizendo que o Brasil deveria seguir o exemplo de países onde o ensino é estruturado. “Não acredito em milagres. Os grandes projetos estruturais de educação nas nações mais desenvolvidas – como Estados Unidos, Inglaterra, Suécia e França – se constroem a partir de bases sólidas de pesquisa e desenvolvimento das várias disciplinas”, explicou.
O colunista diz que trata-se do "fado" de Mercadante, que está na iminência de “cometer o maior equívoco de sua carreira: tomar os professores por ignorantes e jogar os alunos no poço dos leões da tecnologia da informação, confundindo-a com a solução final da educação”.
Acordo com Salman Khan
O Ministério da Educação e a presidente Dilma Rousseff receberam o norte-americano Salman Khan, criador da “Khan Academy”, nos últimos dias. A intenção era promover um debate sobre educação digital. Mercadante disse que vai lançar um edital para a aquisição de livros didáticos digitais. A mídia, por sua vez, repercute desde o ano passado o projeto de distribuição de tablets para professores da rede pública de ensino. Giron considera que se o governo firmar contrato com Khan, o norte-americano ficará mais rico que o escritor Ziraldo e alfineta: “cujos cartuns infantojuvenis são adotados do Oiapoque ao Chuí como se fossem obras didáticas”.
Mercadante está "fadado" a “cometer o maior equívoco de sua carreira"
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Addendum PRA em 18/-1/2013, 19h11:
Acrescento um link para um simpático depoimento de alguém que se fez por seu próprio esforço, graças a uma boa professora, bons livros e uma imensa vontade de aprender. Ao que eu saiba, essas são as melhores tecnologias para o aprendizado real; essas tecnologias do governo são subterfúgios para quem não quer enfentar o problema real:
http://gilrikardo-blog.blogspot.com.br/2013/01/minha-escola.html
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Decadencia educacional: nao, nao e' no Brasil...
Pronto, depois de Belíndia, viramos uma Argentália...
Paulo Roberto de Almeida
Frenzy Over Teaching Test Is Symptom of Italy’s Myriad Woes
By ELISABETTA POVOLEDO
The New York Times, December 24, 2012
ROME — Luisa Ribolzi, an expert on education in Italy, likened a teaching job at a public school when the economy is bad to “a ship to jump on for everyone who is swimming in the sea.”
Now imagine seeing that ship after a 13-year absence.
When Italy held examinations to fill teaching positions in its public schools last week for the first time since 1999, it set off something of a nationwide frenzy among the country’s despairing, underemployed and unemployed educators. More than 321,000 people applied to take the tests, pursuing just 11,500 job openings.
The ratio said as much about the dim job prospects in Italy, where the unemployment rate is over 11 percent generally and nearly 14 percent for people ages 24 to 35, as it did about the rigidities and territorial mind-set of a public education system that has been dented for years by hiring freezes and budget cuts.
The exam is supposed to be held every three years, but the Education Ministry put it off repeatedly to save money, some critics say. In that time it filled vacancies with temporary hires, making aspiring teachers and unions furious.
Ministry officials say that this year’s exam is intended to right past wrongs and to introduce a new generation of teachers to a work force whose average age is now 50, one of the highest in Europe, after freezing out young applicants for so long. But it was a sign of how widely the country’s economic pain has spread that the average age of candidates taking the test this year was over 38.
Critics of the current system, with its distinction between permanent teachers and temporary hires working precariously for lower wages on contracts of a year or less, say it has become unworkable.
“It essentially kills young people, who are kept on a leash year after year,” said Marco Paolo Nigi, secretary general of the national teachers’ union, Snals-Confsal. “It’s shameful. And it’s a system we’re trying to change.”
The teaching exam last week, though it opened the way for prequalified job seekers to become teachers, became an occasion for new scrutiny of an education and hiring system that many, like Mr. Nigi, say is in need of revamping.
The test itself, the first to be administered on computers, is meant to measure logic, reading comprehension, and math and linguistic abilities. Questions included “What is a touch screen?” and choosing between “would” and “could” on the portion covering English language skills.
Some critics said the exam was a poor hiring tool because it could not measure attributes like a passion for learning and a love of children that are essential in a good teacher.
“There are better ways to determine merit,” said Romina De Cesaris, 37, a teacher of history and philosophy in Pescara, on the Adriatic coast, who has been working for 10 years on temporary contracts. “This mega-quiz is offensive for those of us who have teaching backgrounds. You can pass a quiz and still not have the didactic competence to teach students.”
While Italy’s teacher-to-student ratio is among the highest in Europe, it does not necessarily translate into better education, according to Andreas Schleicher, who advises the head of the 34-country Organization for Economic Cooperation and Development on education matters.
“In terms of student performance, Italy is below the O.E.C.D. norm,” he said. “You have a large number of teachers, but they are poorly paid and have relatively low levels of training. Other systems prioritize the quality of teachers over the size of the classes.”
More than 260,000 candidates sat down to take the test last Monday and Tuesday, trying to answer 50 questions in 50 minutes. Thirty-five correct answers were required to pass and move on to the next phase in the lengthy hiring process; only about 34 percent of those taking the test passed.
Typical among those trying their hand was Valentina, 34, who would give only her first name out of concern for her privacy. She has been practicing law in Rome for the past eight years, but she has not managed to get a full-time job at a law firm. So she dusted off a high school certificate that allowed her to teach primary school to qualify to take the state test and perhaps change careers.
“Maybe this will work,” she said doubtfully as she waited at the gate of a high school in a middle-class neighborhood of Rome.
After the test last week, the next steps are written and oral exams early next year. If she gets through those, Valentina would enter the line for one of 118 nursery school teaching posts open in and around Rome, which pay about 1,200 euros (about $1,580) a month. “How sad,” she said of her overall employment prospects.
Competitions are increasingly rare as Italy’s public service shrinks though cutbacks, so the examination last week drew notable media attention.
“Because there is no regularity in the recruitment of teachers, a selection that in other countries takes place in the normal order of things in Italy assumes a ritual character,” said Ms. Ribolzi, who is vice president of the National Agency for the Evaluation of Universities and Research Institutes.
Complicating matters in the schools have been repeated budget cuts and several abortive attempts to improve teaching standards.
The Italian job market is so poor, and so infrequently open to competition, that there is “an avalanche of applications for every competition that arises, regardless of whether it is in the private or public sector,” said Arnaldo Agostini, editor in chief of Lavoro Facile, a magazine that lists job openings.
Many critics of the Education Ministry protested its holding the test for new applicants while thousands of qualified teachers were already languishing on lists of eligible candidates.
Massimo Gargiulo, a spokesman for the Schools of Rome Committee, one of several groups working on behalf of teachers on temporary contracts, said, “The education system in Italy has had no overall planning.”
Mr. Gargiulo said that there were already about 200,000 fully qualified teachers waiting to be hired, even before the exam last week. (The Education Ministry was unable to provide official statistics.)
“Right now, I have 50 people ahead of me to teach Greek in Rome, but the test will put tens of thousands of other contenders in the ranking,” Mr. Gargiulo said. “It’s not a competition, it’s a lottery.”