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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A pobreza das nacoes: o Brasil como pais estagnado - Ben Ross Schneider (Exame)

Eu até concordaria com o professor do MIT, se não fosse por um pequeno detalhe: acho que não podemos esperar mais NADA do Estado brasileiro atualmente, pois ele se tornou um obstrutor absoluto de qualquer perspectiva de desenvolvimento do país.
Só reduzindo radicalmente o Estado, e destruindo o poder dos marajás e dos mandarins do Estado, se poderá retomar um processo de crescimento sustentado.
Posso estar errado, mas considero o Estado brasileiro o inimigo de qualquer processo de desenvolvimento do país.
Paulo Roberto de Almeida

A pobreza das nações
Eduardo Salgado
Revista Exame, 12 de fevereiro de 2017

Para o cientista político do MIT, países como o Brasil só chegarão ao Primeiro Mundo quando seus vários grupos de pressão concordarem em encarar reformas dolorosas

PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA no Massachusetts Institute of Technology, a respeitada universidade americana mais conhecida pela sigla MIT, Ben Ross Schneider é um estudioso da realidade brasileira. Depois das aulas que teve com o jornalista Elio Gaspari quando fazia um mestrado na Universidade Colúmbia no final dos anos 70, passou a ter um olhar atento para o país. Especialista em política comparativa, Schneider tem se dedicado, mais recentemente, a examinar por que vários países em desenvolvimento, como o Brasil, não conseguem fazer a transição para o Primeiro Mundo, ficando presos ao que os economistas chamam de armadilha da renda média. "Ao contrário do que muita gente pensa, o problema não é econômico. E político", disse Schneider a EXAME em bom português.

O que é a armadilha da renda média?
Organismos internacionais, como o Banco Mundial, dividem os países com base no produto interno bruto per capita. Os que têm um PIB per capita inferior a 1025 dólares são classificados como de renda baixa. Os que têm entre 1026 até cerca de 12 500 dólares são os de renda média. Acima desse valor estão os de renda alta. A maior parte dos países hoje considerados ricos saiu da renda média para a alta em aproximadamente 30 anos. A "armadilha da renda média" é a expressão usada para descrever a situação daqueles países que saíram da renda baixa para a média, mas, passadas mais de três décadas, não conseguiram chegar ao Primeiro Mundo. São incapazes de manter um elevado ritmo de crescimento da produtividade e continuar enriquecendo. O Brasil é um bom exemplo.

Qual é o caminho para escapar dessa armadilha?
A receita é conhecida. Os países que continuaram progredindo e ficaram ricos foram aqueles que registraram avanços nas áreas de educação, inovação, infraestrutura, justiça e estabilidade política e macroeconômica. Antes de falarmos dos obstáculos para adotar essa agenda de mudanças, vale registrar que ficou mais difícil sair dessa armadilha. Hoje. o Brasil investe cerca de 1,2% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, um percentual semelhante ao que países europeus investiam quando fizeram a transição da renda média para a alta ao longo do século 20. Em resumo, o sarrafo subiu. Dito de outra forma, a nota de corte ficou mais alta porque os países ricos continuaram progredindo. Voltando ao tema da receita para escapar da armadilha, muita gente se pergunta por que tantos países, como o Brasil, não conseguem chegar ao patamar do Primeiro Mundo se sabem o que deve ser feito. Nossas pesquisas indicam que os obstáculos não são econômicos. São totalmente de natureza política.

O senhor quer dizer que o sistema político é o problema?
Não falo de partidos, mas, sim, da incapacidade de países como o Brasil de formar coalizões dentro da sociedade cm favor de determinadas mudanças. Essas coalizões de diferentes grupos sociais são importantes em vários sentidos. As transformações necessárias para um país elevar o investimento em pesquisa e desenvolvimento demoram muito mais do que um mandato presidencial. E preciso formar ótimos engenheiros e incentivar a criação de centros de pesquisa e uma atuação mais ativa das empresas. Sem uma pressão forte da sociedade, isso não começa ou, se começar, não tem continuidade. E preciso ter um pacto social com um plano de longo prazo que independa da ascensão ao poder desse ou daquele partido político.

Por que é tão difícil formar essas coalizões sociais?
Há, de modo geral, três fatores que impedem a união das pessoas em países presos na armadilha da renda média. A desigualdade social, a existência de empresas em diferentes estágios e com interesses difusos - as multinacionais, as grandes, médias e pequenas nacionais - e um mercado de trabalho formal e informal. Cada um desses vários grupos possui prioridades diferentes. Esses embates são evidentes no Brasil.

No Brasil, parece existir já há algum tempo um consenso em relação à necessidade de melhorar a qualidade da educação. Por que, mesmo assim, os progressos são tão lentos nessa área?
Tendo em vista o montante que o Brasil gasta em educação, era de esperar que a qualidade do ensino fosse melhor. O problema no Brasil é de eficiência. Por que os governos não conseguem aumentar a eficiência no ritmo necessário? Porque não existe um verdadeiro consenso dentro da sociedade brasileira sobre a necessidade de realmente melhorar a educação. Se você perguntar a empresários e eleitores em geral se a educação é importante, é claro que eles dirão que sim. Mas, se for ver a pressão que exercem sobre os políticos para que melhorem a qualidade do ensino, provavelmente verá que é marginal. Nada comparável ao que aconteceu nos Tigres Asiáticos, como a Coreia do Sul. Em partes da Ásia, os empresários disseram aos políticos que, sem trabalhadores mais educados, não teriam como fazer a economia crescer. Sem uma grande pressão, os políticos não têm incentivos para tomar decisões difíceis.

Quais seriam essas decisões difíceis?
Não quero ser leviano aqui. Há várias reformas necessárias para aumentar a eficiência da educação num país como o Brasil. Mas uma delas certamente é criar um sistema de remuneração dos professores que leve em conta o desempenho e que demita aqueles sem as condições mínimas de dar aula. O problema é que os sindicatos sempre se opõem a essa política. Por definição, eles são contra a demissão de seus associados. E. se os professores ganharem salários diferentes, ficará mais difícil para o sindicato chamar uma greve para um aumento universal de 10%. Os políticos não costumam ter a disposição de enfrentar os sindicatos quando não são pressionados.

O que explica essa suposta falta de pressão dos empresários brasileiros em prol de reformas na educação?
O Brasil passou por um processo de desindustrialização considerável nos últimos tempos, mas nem assim a necessidade de o país ter uma mão de obra mais qualificada virou consenso. Existe uma tendência em dizer que o país tem outras opções. Fala-se das riquezas naturais. Também não se vê nada concreto na área de inovação.

Por que o Brasil caminha a passos lentos em termos de inovação?
A explicação passa um pouco pelo que os economistas chamam de "maldição das commodities". O Brasil é forte em mineração, por exemplo, e há mineradoras locais que investem em inovação. Mas o teto para inovar nesse setor é baixo. É bem diferente da Coreia do Sul, forte em produtos eletrônicos. Se a Samsung não investir pesadamente em novas tecnologias de smartphones, poderá comprometer seu crescimento futuro. Muitas vezes quando falamos em inovação em países presos na armadilha da renda média, as pessoas imaginam que é preciso criar um novo Facebook ou Google. Não necessariamente. Investir em inovação deveria ser o dia a dia de muitas empresas de todos os setores. Trata-se de repensar os métodos empregados, atualizar as tecnologias adotadas comprando pa- cotes prontos de empresas locais ou do exterior... Até nesse sentido o Brasil tem tido um desempenho ruim.

Qual deveria ser o papel do Estado nessa área?
O governo poderia ter uma política fiscal para incentivar grandes empresas que exploram recursos naturais a criar novos empreendimentos em áreas mais intensivas em tecnologia. Na Finlândia, por exemplo, a Nokia era uma produtora de celulose. Algumas políticas públicas acabaram facilitando a transição da companhia para a área de telecomunicações. Sei que. depois de anos de sucesso no mercado de celulares, a Nokia teve tropeços na transição para a era dos smartphones, mas é inegável que a empresa foi fundamental para que hoje a Finlândia seja um centro importante na produção de softwares.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Pequena reflexao sobre a independencia e a situacao atual do Brasil - Paulo Roberto de Almeida


Pequena reflexão sobre a independência e a situação atual do Brasil

Paulo Roberto de Almeida
 [Reflexões livres, balanço do país e listagem das tarefas]


[Quadro de Pedro Américo retratando o “grito do Ipiranga, em 7/09/1822]

Que sentido existe em se comemorar, ou ao menos rememorar, a independência da pátria? Vejo pelo menos dois.
Por um lado, proclamar, mais uma vez, que naquela data, a nação, finalmente, passou a ser autônoma em relação a qualquer poder externa, a se governar sozinha, a atuar soberanamente no concerto das nações independentes, e coisas do gênero. Parece que muitos ainda exibem com certo orgulho essa condição de soberania estatal.
Por outro lado, olhar para trás e constatar o quanto foi realizado desde o primeiro momento de vida independente, a nação que foi construída, os progressos que foram alcançados, o bem estar adquirido, os avanços conquistados, e coisas do gênero. Muitos também exibem com orgulho as realizações feitas em quase 200 anos de vida independente.
Confesso que, de minha parte, infenso que sou a qualquer demonstração de ufanismo patrioteiro, indiferente como sou a qualquer tipo de glorificação em torno do passado, ou até do presente, não me deixo comover por essas datas de celebração patriótica, sempre centradas nas vitórias alcançadas e nos supostos avanços feitos. Como sou um antipatriota por excelência – uma vez que muitas guerras são justamente estimuladas por esse nacionalismo piegas, que já causou muito sofrimento a vários povos – prefiro aproveitar essas datas para fazer o que estou fazendo agora: fazer uma pequena reflexão não sobre o que já foi feito, mas exatamente sobre o que ainda precisa ser feito, pois não deixo de reconhecer – olhando o mundo como ele é – que fizemos pouco, ou que poderíamos ter feito bem mais, o que deixamos de fazer foi por total incapacidade das nossas elites (na qual eu também estou incluído), pois outros países fizeram mais e melhor do que nós.
Existe uma frase, talvez de autoconsolação, que ainda não determinei se é de Talleyrand, de Chateaubriand, ou de qualquer outro personagem, pois foi apropriada por diversos como sendo uma espécie de compensação no momento de uma avaliação qualquer: “Quand je me regarde, je me désole; quand je me compare, je me console”. Pode ser que a frase sirva para alguma coisa, em relação ao país, mas isso não me deixa minimamente satisfeito, seja comigo mesmo, seja com a situação geral da nação.
O Brasil certamente é hoje um país melhor do que era, cem ou duzentos anos atrás, tal como refletido em diversos indicadores sociais: esperança de vida, educação, saneamento, renda, organização política, ascensão social de camadas mais pobres, oportunidades para os que vêm de baixo, justamente, enfim, uma série de performances que podem contentar os patriotas e os otimistas. A mim isso não me convence muito, pois, como já dito, outros povos e nações fizeram mais e melhor no mesmo espaço de tempo. Poderíamos estar mais à frente, e bem menos atrás, como estamos, de fato.
Onde foi que falhamos, onde foi que erramos, o que deixamos de fazer, o que poderíamos ter feito diferente? Por que nossa trajetória foi essa, e ela não me enche absolutamente de orgulho, e não outra? Em lugar de comemorar as “maravilhas” realizadas, em lugar de me consolar com as supostas “vitórias” alcançadas, eu prefiro olhar para as deficiências, me concentrar nas tarefas à frente, e determinar qual é, nos termos da Revolução francesa, o nosso “cahier de doléances” para, a partir desse tipo de diagnóstico, elaborar uma lista de prescrições e de encargos para nos aproximarmos, enfim, daquilo que queremos ser: não a nação mais avançada do mundo, mas um país no qual ninguém precise morrer na fila do atendimento hospitalar, ninguém deixe de ter uma oportunidade de melhorar de vida por falta de um estudo de qualidade, ninguém necessite roubar por necessidade absoluta (embora eu esteja convencido de que roubos, infelizmente, não são feitos por necessitados, e sim por... bandidos).
O Brasil é um país no qual, a despeito de tudo o que existe, ou de tudo o que se fez de bom e de bem (mas mesmo na situação colonial não devia ser diferente), muita gente ainda sofre das mazelas acima apontadas, e quanto ao roubo eu prefiro me referir às vítimas, não aos bandidos, que o são por opção, não por necessidade. Os piores roubos, justamente, são aqueles cometidos por gente da elite, gente posicionada nos escalões do poder, e que usam dessa condição para roubar a todos e ao país, como ocorreu, não é segredo, com a organização criminosa que assaltou o Brasil e o povo entre 2003 e 2016. Sempre tivemos elites na maior parte das vezes irresponsáveis –, sempre tivemos um povo sofrido, sempre tivemos inovadores sufocados, sempre tivemos grandes bandidos.
Nossa educação melhorou? Talvez, mas não tenho certeza disso. Os jesuítas começaram a montar uma boa rede de escolas quando foram brutalmente interrompidos por um “déspota esclarecido”, que prometeu colocar outra coisa no lugar, e até começou a cobrar um novo imposto especial para financiar a criação e manutenção de escolas públicas – ah, essa mania de carimbar recursos do orçamento... --- e depois tudo ficou por isso mesmo. Chegamos à taxa de escolarização – enrollment rate – de que gozavam os países mais avançados 150 (cento e cinquenta) anos depois que eles conseguiram colocar a maior parte das crianças no ensino obrigatório de primeiro grau. Tudo bem, alguém poderia dizer, demorou mas chegamos lá. Ilusão digo eu, pois a tal taxa de matricula cai vergonhosamente no final do primário, para se reduzir dramaticamente já no secundário, e atingir níveis ínfimos no terceiro ciclo, supostamente superior. Isso do ponto de vista meramente quantitativo; acho que não preciso dizer nada do ponto de vista qualitativo, não é mesmo? E mesmo quando os pioneiros da educação pública, os grandes reformadores da era Vargas, poderiam, enfim, se orgulhar da consolidação de um ensino público relativamente completo, teve início um processo deletério de destruição “mental” da educação, ao se disseminar pelas faculdades de pedagogia os “ensinamentos” daquele que eu classifico como o maior idiota do Brasil, o maoísta Paulo Freire, pateticamente convertido em “patrono da educação brasileira” pelo regime criminoso dos companheiros.
Considero que o grande problema brasileiro, o grande fracasso da nacionalidade, a maior tragédia do país, é o atraso indescritível na educação pública (e até mesmo na privada, que não fica muito à frente dos padrões gerais, embora existam, como parece natural em todas as partes, ilhas de excelência nos diversos níveis e locais de ensino). O quadro é muito pior do que eu poderia descrever aqui, e terrivelmente difícil de ser equacionado e “solucionado” no futuro previsível. Os companheiros também destruíram a economia brasileira, e de uma maneira muito mais profunda do que aparece nos indicadores conjunturais de desempenho, mas essa área pode ser, digamos assim, reconstruída num prazo relativamente curto – 3 a 5 anos para reparar os mais graves desgastes, tapar os grandes buracos – e depois restaurada em bases mais sadias num prazo médio de dez ou doze anos, mas sabendo que teremos crescimento medíocre pela frente durante um tempo indefinido, uma vez que grandes problemas da produtividade nacional, também medíocre, requerem reformas estruturais que não estamos pertos de começar a resolver no horizonte de curto ou médio prazo. Os companheiros também desmantelaram diversas instituições públicas, a começar pelo parlamento e os tribunais ditos superiores, mas isso também pode ser remediado de alguma forma.
A destruição na área do ensino foi, porém, muito profunda, embora eles tenham apenas agravado um quadro de declínio que já vinha numa rota de decadência – em função, justamente, do “freirismo” dominante desde os anos 1960 – e ao qual eles agregaram o componente das divisões regionais (o Nordeste “explorado” pelo Sul-Sudeste), sociais (“nós”, o povo, e “eles”, as elites) e raciais (os afrodescendentes, de um lado, todo o resto do Brasil, de outro). Os estragos foram incomensuráveis e essa área demorará muito tempo para ser reconstruída, se e quando as políticas corretas começarem, algum dia, a serem implementadas, o que é altamente duvidoso, em vista do quadro mental que prevalece na maior parte das instituições de ensino, em todas elas, praticamente do jardim da infância ao pós-doc. Os desafios nesse área crucial da nacionalidade, e é a que me suscita mais pessimismo quanto às chances de renovação ou transformação.
Esta é a “mini”, ou midi-reflexão que me veio à mente neste dia supostamente de comemoração da independência brasileira. Não, não estou satisfeito com o que foi feito, e sobretudo não estou satisfeito com o que está sendo feito hoje, agora. Acho que, a despeito de começarmos a “consertar” tudo de errado, de equívocos (vários deles cometidos deliberadamente, justamente para roubar) que contemplamos desde o início do milênio, em especial na área econômica, os desafios no plano educacional são tão gigantescos que apenas um grande estadista, com uma visão clara da importância do ensino público para o futuro do país, poderia dar início à regeneração. Oxalá!

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 7 de setembro de 2016

terça-feira, 23 de julho de 2013

Educacao: pessima, mas nao por falta de dinheiro - Instituto Millenium

O problema da educação não é falta de dinheiro

Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes

por Mailson Ferreira da Nóbrega

fonte | A A A
A qualidade do capital humano é essencial para o desenvolvimento. A baixa qualidade da educação explica a perda da liderança econômica da Inglaterra para os Estados Unidos por volta de 1870 e para a Alemanha no fim do século XIX. Para Rondo Cameron e Larry Neal, no livro “A Concise Economic History of the World”, a Inglaterra foi o último país rico a universalizar a educação fundamental. A Revolução Industrial ocorreu, secundo eles, “na era do artesão inventor. Depois, a ciência formou a base do processo produtivo”. Em vez dos recursos da natureza – algodão, lã, linho, minério de ferro -, a indústria passou a depender cada vez mais de novos materiais, nascidos da pesquisa científica. Nessa área, americanos e alemães, com melhor educação, venceram os ingleses. A Suécia, que era atrasada no início do século XIX, se industrializou rapidamente graças à educação. Em 1850, apenas 10% dos suecos eram analfabetos, enquanto um terço dos ingleses não sabia ler nem escrever.
No Brasil, até os anos 1960, acreditava-se que a educação seria mero efeito do desenvolvimento. Em 1950 os respectivos gastos públicos eram de apenas 1,4% do PIB. A partir dos anos 1970, a visão se inverteu. Convencemo-nos de que a prosperidade depende da educação. Os gastos subiram e hoje atingem 5,8% do PIB. A educação fundamental foi universalizada na década de 90 (um século e meio depois dos Estados Unidos e quase meio século depois da Coreia do Sul). Agora, demandamos melhora da qualidade, mas a ideia está contaminada pelo hábito de esperar que a despesa pública resolva qualquer problema. Daí o equivocado projeto de lei que aumenta os gastos em educação para 10% do PIB. Na mesma linha, Dilma e o Congresso querem aplicar na educação grande parte das receitas do petróleo.
Proporcionalmente, nossos gastos em educação equivalem à média dos países ricos. Passamos os Estados Unidos (5,5% do PIB). Investimos mais do que o Japão, a China e a Coreia do Sul, três salientes casos de êxito na matéria (todos abaixo de 5% do PIB). Na verdade, a má qualidade da nossa educação tem mais a ver com gestão do que com falta de recursos. O professor José Arthur Giannotti assim se referiu aos jovens que foram às ruas pedir mais dinheiro para o setor: “Pleiteiam mais verbas sem se dar conta da podridão do sistema. Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes. A começar pela reeducação dos educadores, que, na maioria das vezes, ignoram o que estão a ensinar” (“O Estado de S. Paulo”, 19/6/2013).
Outro educador, Naercio Menezes Filho, citou o interessante caso de Sobral (“Valor”, 21/6/2013). Entre 2005 e 2011 o município cearense avançou quatro vezes mais rápido no ensino fundamental do que São Paulo, sem aumento significativo de despesa. “O gasto por aluno que Sobral usa para alcançar esse padrão de ensino nas séries iniciais é de apenas R$ 3 130,00, enquanto a rede municipal de São Paulo gasta ao redor de R$ 6 000 por aluno, ou seja, duas vezes mais.” Destinar receitas do petróleo para a educação é um duplo equívoco: (1) o problema não é de insuficiência de recursos, mas de sua aplicação, como vimos; (2) não é correto financiar políticas públicas permanentes com recursos finitos e voláteis. No longo prazo, as reservas de petróleo se esgotarão, enquanto os preços (e as receitas) se sujeitam às oscilações do mercado mundial de commodities.
A proposta desconhece outra lição da experiência: a receita de recursos naturais não renováveis deve pertencer às gerações futuras. O exemplo a seguir é o da Noruega, onde as receitas do petróleo são carreadas para um fundo que em 2012 acumulava 131% do PIB. O fundo serve para lidar com os efeitos de quedas dos preços do petróleo e principalmente com os custos previdenciários que advirão do envelhecimento da população.
A educação brasileira precisa de uma revolução gerencial e de prioridades, inclusive para gastar melhor os recursos disponíveis. Ampliar os respectivos gastos e destinar-lhe as receitas do petróleo agrada a certas plateias, mas o resultado poderá ser apenas o aumento dos desperdícios. Será péssimo para as próximas gerações.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Demagogia educacional e mediocridade universitaria: duas marcas registradas do...

... vocês sabem de quem. Diretamente do MECdinossauro, mas ele é o puro resultado da republiqueta dos companheiros, que promoveram um dos maiories idiotas do Brasil, Paulo Freire, a "patrono da educação brasileira". O resto foi feito por ideologia, máfias sindicais de professores e funcionários, militantismo pé de chinelo de ignorantes travestidos em universitários gramscianos, enfim, toda uma malta de promotores ativos da mediocridade universitária e da deterioração da qualidade do ensino, em todos os níveis, do kindergarten ao pós-doc...
O desastre é incommensurável, e o Brasil vai pagar um preço altíssimo por isso. A tendência é que tudo continue a piorar pelo futuro previsível. Se, e a partir de quando (o que é altamente improvável), houver uma correção de rumos, algo que julgo difícil de acontecer, ainda demoraria 10 ou 15 anos para começar a melhorar um pouqinho. Como isso não vai ocorrer em minha vida útil, só posso prenunciar a continuidade do desastre pelo fim dos tempos.
Não se conserta um pau torto facilmente. O mais sensato seria arrancá-lo e plantar outra árvore no lugar, mas parece que isso não vai ocorrer, conhecendo como funcionam as faculdades de pedagogia no Brasil, um viveiro de saúvas freireanas. Não tem jeito, ao que parece.
Se, em matéria de economia sou moderadamente pessimista (ou seja, acredito que o Brasil vai continuar exibindo taxas medíocres de crescimento, se arrastando penosamente em direção à modernidade), em matéria de educação sou absolutamente pessimista, acreditanto que o Brasil vai continuar aceleradamente seu itinerário para trás, destruindo tudo o que de positivo vinha sendo penosamente construído nas décadas anteriores.
Os militantes gramscianos da educação são como os bárbaros de Atila: onde passam semeiam a destruição.
Paulo Roberto de Almeida

Mesmo com cotas, universidades estaduais e federais têm queda de alunos de escolas públicas nos vestibulares. Sabem por quê? Porque o governo escolheu o caminho errado sob o aplauso dos demagogos e o silêncio dos covardes
Reinaldo Azevedo, 25/03/2013

Vejam que coisa! O cotismo não levou mais alunos das escolas estaduais e municipais para os vestibulares das universidades públicas. Não é espantoso? NÃO! É ATÉ BASTANTE ÓBVIO. Vamos a algumas considerações prévias para chegar ao “x” da questão.

Dei destaque ontem aqui a uma reportagem do Globo sobre a situação miserável da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e observei que se tratava de um sintoma apenas. A doença é bem mais grave. Nestes dez anos de governo do PT, a educação é a área em que se produziram mais farsas e mistificações. A pantomima na correção das redações do Enem ilustra de forma debochada e trágica a farsa. Dado o andar da carruagem, vai demorar até que se encontre o caminho — na hipótese de que seja encontrado… Qual é a questão central? Trocou-se a qualidade pela demagogia inclusiva. Os críticos da política oficial certamente não se surpreendem com as reiteradas evidências de baixa qualidade do ensino universitário no país. O que surpreende a todos, inclusive os críticos, é que as medidas ditas redentoras e igualitárias não conseguem ser… inclusivas! Você verão.

Quais são as críticas principais da maioria dos que se opõem às políticas de cotas, pouco importando a sua natureza? Em primeiro lugar, o cotismo nega o fundamento da igualdade consagrado na Carta Magna. Quando o Supremo Tribunal Federal considerou constitucional a medida, abriu as portas para o imponderável. Com apelos malparados a Rui Barbosa, afirmou-se que é preciso, em certas circunstâncias, tratar desigualmente os desiguais. Que seja! Mas isso só é aceitável no caso de se conferirem benefícios suplementares ao “desigual”.

Solapar direitos universais de uma parte dos brasileiros — e as cotas fazem isso à medida que impedem que todos concorram segundo as mesmas regras — para proteger outra parte é um absurdo em si. Se a história de cada um de seus respectivos familiares torna os homens diferentes e se se chega à conclusão de que essas diferenças são social e politicamente determinadas, então que se alterem essas condições. O que não é razoável é que o indivíduo “A” tenha solapado um direito em favor do indivíduo “B” para fazer reparação histórica. Ora, desde o direito romano, a dívida do pai não passa para o filho… Imaginem se faz sentido indivíduos pagarem “dívidas sociais” relacionadas à cor da pele ou à origem de classe. Isso é uma boçalidade e uma violência institucional. Se querem tratar desigualmente os desiguais, reitero, que se deem a esses desiguais benefícios suplementares. Mas esse é só o aspecto que diz respeito à lei. Há outro mais sério.

Os críticos das cotas, raciais ou sociais, sustentam o óbvio, o elementar: é preciso qualificar os ensino fundamental e médio públicos. O cotismo, infelizmente, concorre para fazer o contrário: à medida que as vagas estão “garantidas”, é evidente que diminui a pressão sobre a escola pública e seus agentes. “Ah, mas melhorar a escola púbica vai levar muito tempo…” Bem, quanto mais tarde começar, pior. De resto, o fato de uma ação correta não ter um efeito imediato não confere licença para se fazer a coisa errada.

Cotas irrelevantes
Leiam o que informa Erika Fraga, na Folha desta segunda (em vermelho):
Entre dez universidades que enviaram dados à Folha, USP e Unicamp (São Paulo), UERJ (Rio de Janeiro) e UFMG (Minas Gerais) registraram queda no percentual de vestibulandos formados na rede pública de ensino. Em outras três universidades, a fatia se alterou pouco.  Os alunos das públicas ainda são minoria na maior parte dos vestibulares das instituições públicas, embora representem 85% dos que concluem o ensino médio no país, percentual que aumentou na última década. As universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão entre as que tiveram aumento de alunos das escolas públicas em seus vestibulares.
Ainda assim, Júlio Felipe Szeremeta, presidente da comissão de vestibular da UFSC, diz que “não houve o boom esperado”. Em 2012, o percentual de vestibulandos de escolas públicas atingiu 37,5% na UFSC. “Imaginávamos que o percentual de vestibulandos de escola pública já teria chegado a 50%.” Já na Universidade Federal da Bahia (UFBA) houve queda no número de inscritos no vestibular saídos de escolas públicas após a adoção do regime de cotas em 2005. A tendência só foi revertida a partir de 2010, depois de um aumento no número de cursos noturnos de 1 para 33.

(…)

Voltei
Notem que não só não houve aumento como pode ainda haver queda, como no caso da UFBA — só se conseguiu reverter a tendência com cursos noturnos. Isso tudo faz sentido? Faz um brutal sentido! O próprio aluno oriundo do ensino médio público sabe que, na maioria das vezes, está despreparado para enfrentar alguns desafios. Sabe a escola em que estudou; conhece todos os seus defeitos.

Houve crescimento do número de universitários do país? Houve, sim, embora tenham ficado muito abaixo da meta. Em 2001, havia 3 milhões de estudantes matriculados nas universidades do país (públicas e privadas); no fim de 2010, eram 6,37 milhões, segundo o Censo Universitário do MEC. Mas calma!!! Nada menos de 14,7% desse total (quase um milhão) está matriculado na modalidade “ensino a distância” Com raras exceções, esse troço virou, no Brasil, um caça-níqueis ainda mais vantajoso do que instituições de ensino meia-bomba que vendem suas vagas para o ProUni. Não passa de picaretagem!  A meta do Plano Nacional de Educação, estabelecida em 2000, era chegar a 2010 com 33% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. Segundo o Censo, o governo do Apedeuta ficou bem longe disso: apenas 17,4%. E está nesse patamar até hoje.

Como se explica?
O crescimento está abaixo da meta, mas cresceu. Para onde foram os alunos? Para as instituições privadas, boa parte deles financiada pelo ProUni. É claro que existem instituições qualificadas. Infelizmente, não é a regra, e parcela considerável dos estudantes que buscam essas instituições quer um curso à altura do ensino fundamental e médio que teve — sendo ainda mais claro: prefere uma universidade privada e ruim (o ProUni pagará a conta) a uma pública e com mais qualidade (escrever “boa” talvez seja exagero). Voltamos, então, o “x” da questão. Desde sempre, o grande desafio é qualificar o ensino fundamental e médio públicos.

E que se observe: é mentira que não haja alunos de escolas públicas nas instituições universitárias também públicas. Há, sim! A questão é saber onde estão. Não tenho os números aqui, mas estou certo de que são mais presentes em cursos como pedagogia, história, geografia, letras, sociologia e filosofia, para citar alguns… E raros em engenharia, medicina e odontologia. De toda sorte, os números estão a indicar que as cotas não causaram uma elevação da demanda nas universidades públicas nem naquelas carreiras que não requerem tempo integral. São as instituições privadas, por conta do ProUni, que abrigam a massa de estudantes pobres.

Reserva de vagas
Por força de lei, as universidades federais terão de reservar 50% de suas vagas a alunos das escolas públicas em todos os cursos, obedecendo depois a critérios de cor de pele. É o “jeitinho PT” de fazer as coisas. Como se considera, no fim das contas, que o problema do ensino fundamental e médio públicos é mesmo insanável, busca-se “fazer justiça” na ponta, lá na universidade — que é feita para os mais aptos em qualquer país do mundo, nos EUA, na China ou em Cuba…

Quando estiver em pleno funcionamento, haverá o risco de sobrar vagas daquela metade reservada aos alunos da escola pública. Hoje, como mostra o levantamento, eles já poderiam ser mais presentes nas universidades federais e estaduais, mas, tudo indica, têm preferido as instituições privadas por intermédio do ProUni porque, com alguma frequência, esses cursos se transformaram numa espécie de cartório. Um cartório que custa caro!

É evidente que aqueles que criticam as cotas e pedem a elevação da qualidade do ensino público estão certos. É claro que não é fácil. Para tanto, precisávamos ter governos comprometidos com a educação, não com a demagogia eleitoreira. Sim, demoraria um pouquinho, eu sei. Mas esse é “pouquinho” é nada quando confrontado com a danação eterna a que está hoje condenada a educação. 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Educacao: insistindo nos erros, gastando dinheiro a toa...

Na verdade, nem o ministro (e o governo), nem o colunista tocam no essencial: a formacao qualificada de professores, que e' o que importa sobre todos esses projetos de "aceleracao" do ensino via improvisacao de gadgets (tablets, videos,betc), ou de "lentidao" na alfabetizacao digital dos professores.
Infelizmente, vamos continuar patinando nas falsas solucoes, e nao se pode esperar nada de inteligente do MEC ou de seu suposto ministro de titulo comprado.
Paulo Roberto de Almeida

Colunista da Época aconselha Mercadante a adotar estratégia "menos devastadora" para capacitar professores
Redação Comunique-se, Qui, 17 de Janeiro de 2013

“Ministro, acorde!”, é o que o colunista e editor da seção ‘Mente Aberta’ da revista Época, Luís Antônio Giron, gostaria de falar ao Ministro da Educação. O texto "Professores analfabetos digitais?", publicado nessa quarta-feira, 16, critica o posicionamento de Aloizio Mercadante e o aconselha a adotar uma estratégia “menos devastadora” de capacitação de docentes.

Para o colunista da Época, o encantamento pela tecnologia pode levar à “completa imbecilização”. Giron sugere que Mercadante apresente projetos que realmente sejam promissores para melhorar a qualidade do ensino brasileiro. “Vou aconselhar o ministro (que pretensão, mas não posso evitar) a adotar uma estratégia menos devastadora para capacitar os professores e seus alunos. Não que isso pareça preocupar o ministro. Ele, pelo jeito, só quer brilhar com um discurso que pensa ser ‘inovador’”, disse.

O Ministro, segundo o jornalista, defende que os professores são “analfabetos digitais”. Giron, entretanto, fundamenta seus argumentos dizendo que o Brasil deveria seguir o exemplo de países onde o ensino é estruturado. “Não acredito em milagres. Os grandes projetos estruturais de educação nas nações mais desenvolvidas – como Estados Unidos, Inglaterra, Suécia e França – se constroem a partir de bases sólidas de pesquisa e desenvolvimento das várias disciplinas”, explicou.

O colunista diz que trata-se do "fado" de Mercadante, que está na iminência de “cometer o maior equívoco de sua carreira: tomar os professores por ignorantes e jogar os alunos no poço dos leões da tecnologia da informação, confundindo-a com a solução final da educação”.

Acordo com Salman Khan
O Ministério da Educação e a presidente Dilma Rousseff receberam o norte-americano Salman Khan, criador da “Khan Academy”, nos últimos dias. A intenção era promover um debate sobre educação digital. Mercadante disse que vai lançar um edital para a aquisição de livros didáticos digitais. A mídia, por sua vez, repercute desde o ano passado o projeto de distribuição de tablets para professores da rede pública de ensino. Giron considera que se o governo firmar contrato com Khan, o norte-americano ficará mais rico que o escritor Ziraldo e alfineta: “cujos cartuns infantojuvenis são adotados do Oiapoque ao Chuí como se fossem obras didáticas”.

Mercadante está "fadado" a “cometer o maior equívoco de sua carreira"
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Addendum PRA em 18/-1/2013, 19h11:
Acrescento um link para um simpático depoimento de alguém que se fez por seu próprio esforço, graças a uma boa professora, bons livros e uma imensa vontade de aprender. Ao que eu saiba, essas são as melhores tecnologias para o aprendizado real; essas tecnologias do governo são subterfúgios para quem não quer enfentar o problema real:
http://gilrikardo-blog.blogspot.com.br/2013/01/minha-escola.html

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Decadencia educacional: nao, nao e' no Brasil...

Desta vez é na Italia, provavelmente o país europeu mais parecido com o Brasil (ou vice-versa), na corrupção política, na ineficiência estatal, na criminalidade institucional, em grupos mafiosos, no corporativismo sindical, na dificuldade de fazer reformas de fato, na ausência completa de estadistas, enfim, num conjunto de características, que ambos partilham, inclusive a má qualidade da educação e um mercado de trabalho mediocremente qualificado. O Brasil vai um pouco além: agora deu para seguir a Argentina no protecionismo e no dirigismo e intervencionismo estatais.
Pronto, depois de Belíndia, viramos uma Argentália...
Paulo Roberto de Almeida

Frenzy Over Teaching Test Is Symptom of Italy’s Myriad Woes
By ELISABETTA POVOLEDO
The New York Times, December 24, 2012

ROME — Luisa Ribolzi, an expert on education in Italy, likened a teaching job at a public school when the economy is bad to “a ship to jump on for everyone who is swimming in the sea.”
Now imagine seeing that ship after a 13-year absence.

When Italy held examinations to fill teaching positions in its public schools last week for the first time since 1999, it set off something of a nationwide frenzy among the country’s despairing, underemployed and unemployed educators. More than 321,000 people applied to take the tests, pursuing just 11,500 job openings.

The ratio said as much about the dim job prospects in Italy, where the unemployment rate is over 11 percent generally and nearly 14 percent for people ages 24 to 35, as it did about the rigidities and territorial mind-set of a public education system that has been dented for years by hiring freezes and budget cuts.

The exam is supposed to be held every three years, but the Education Ministry put it off repeatedly to save money, some critics say. In that time it filled vacancies with temporary hires, making aspiring teachers and unions furious.

Ministry officials say that this year’s exam is intended to right past wrongs and to introduce a new generation of teachers to a work force whose average age is now 50, one of the highest in Europe, after freezing out young applicants for so long. But it was a sign of how widely the country’s economic pain has spread that the average age of candidates taking the test this year was over 38.

Critics of the current system, with its distinction between permanent teachers and temporary hires working precariously for lower wages on contracts of a year or less, say it has become unworkable.

“It essentially kills young people, who are kept on a leash year after year,” said Marco Paolo Nigi, secretary general of the national teachers’ union, Snals-Confsal. “It’s shameful. And it’s a system we’re trying to change.”

The teaching exam last week, though it opened the way for prequalified job seekers to become teachers, became an occasion for new scrutiny of an education and hiring system that many, like Mr. Nigi, say is in need of revamping.

The test itself, the first to be administered on computers, is meant to measure logic, reading comprehension, and math and linguistic abilities. Questions included “What is a touch screen?” and choosing between “would” and “could” on the portion covering English language skills.

Some critics said the exam was a poor hiring tool because it could not measure attributes like a passion for learning and a love of children that are essential in a good teacher.

“There are better ways to determine merit,” said Romina De Cesaris, 37, a teacher of history and philosophy in Pescara, on the Adriatic coast, who has been working for 10 years on temporary contracts. “This mega-quiz is offensive for those of us who have teaching backgrounds. You can pass a quiz and still not have the didactic competence to teach students.”

While Italy’s teacher-to-student ratio is among the highest in Europe, it does not necessarily translate into better education, according to Andreas Schleicher, who advises the head of the 34-country Organization for Economic Cooperation and Development on education matters.

“In terms of student performance, Italy is below the O.E.C.D. norm,” he said. “You have a large number of teachers, but they are poorly paid and have relatively low levels of training. Other systems prioritize the quality of teachers over the size of the classes.”

More than 260,000 candidates sat down to take the test last Monday and Tuesday, trying to answer 50 questions in 50 minutes. Thirty-five correct answers were required to pass and move on to the next phase in the lengthy hiring process; only about 34 percent of those taking the test passed.

Typical among those trying their hand was Valentina, 34, who would give only her first name out of concern for her privacy. She has been practicing law in Rome for the past eight years, but she has not managed to get a full-time job at a law firm. So she dusted off a high school certificate that allowed her to teach primary school to qualify to take the state test and perhaps change careers.

“Maybe this will work,” she said doubtfully as she waited at the gate of a high school in a middle-class neighborhood of Rome.

After the test last week, the next steps are written and oral exams early next year. If she gets through those, Valentina would enter the line for one of 118 nursery school teaching posts open in and around Rome, which pay about 1,200 euros (about $1,580) a month. “How sad,” she said of her overall employment prospects.

Competitions are increasingly rare as Italy’s public service shrinks though cutbacks, so the examination last week drew notable media attention.

“Because there is no regularity in the recruitment of teachers, a selection that in other countries takes place in the normal order of things in Italy assumes a ritual character,” said Ms. Ribolzi, who is vice president of the National Agency for the Evaluation of Universities and Research Institutes.

Complicating matters in the schools have been repeated budget cuts and several abortive attempts to improve teaching standards.

The Italian job market is so poor, and so infrequently open to competition, that there is “an avalanche of applications for every competition that arises, regardless of whether it is in the private or public sector,” said Arnaldo Agostini, editor in chief of Lavoro Facile, a magazine that lists job openings.

Many critics of the Education Ministry protested its holding the test for new applicants while thousands of qualified teachers were already languishing on lists of eligible candidates.

Massimo Gargiulo, a spokesman for the Schools of Rome Committee, one of several groups working on behalf of teachers on temporary contracts, said, “The education system in Italy has had no overall planning.”

Mr. Gargiulo said that there were already about 200,000 fully qualified teachers waiting to be hired, even before the exam last week. (The Education Ministry was unable to provide official statistics.)

“Right now, I have 50 people ahead of me to teach Greek in Rome, but the test will put tens of thousands of other contenders in the ranking,” Mr. Gargiulo said. “It’s not a competition, it’s a lottery.”