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terça-feira, 30 de junho de 2020

Os novos bárbaros estão à solta; o Brasil afunda — Oliver Stuenkel e o ódio bolsonarista

Não sei exatamente o que aconteceu com o Brasil, se temos salvação, ou se vamos afundar com a nova invasão de bárbaros em todos os os meios de comunicação social.
Estava me preparando para ler um artigo sério de Oliver Stuenkel, que recebi no FB, quando resolvi ler antes os comentários na sequência da postagem. O que li me chocou de tal maneira que resolvi colocar tudo aqui e dizer que está na hora de abandonar essas ferramentas: elas foram todas invadidas pelos bárbaros e ignorantes que foram trazidos à luz do sol pela emergência dos outros bárbaros que se apossaram do poder, e atrairam todos os loucos, radicais alucinados e ignorantes com eles.

O artigo de Oliver Stuenkel é este aqui (transcrevo apenas seu início):

“ As Brazil is gripped by the toxic mix of an acute political crisis, economic collapse, an environmental crisis and the worst public health emergency in a century, Bolsonaro must make the most important foreign policy decision of his presidency. My new column for Americas Quarterly.”

Brazil

Huawei or Not? Brazil Faces a Key Geopolitical Choice

The government has to choose between U.S. and China for its 5G network — while battling deep political, health and economic crises.
SÃO PAULO – As Brazil is gripped by the toxic mix of an acute political crisis, economic collapse, an environmental crisis in the Amazon and the worst public health emergency in a century, few are paying attention to a topic that is set to have a profound and long-term impact on the country’s geopolitical role in the 21st century: Its decision of who will build its 5G telecommunications network, pitting China’s Huawei against its American-backed rivals, led by Sweden’s Ericsson and Finland’s Nokia.”
(...)

Os comentários são HORRÍVEIS e peço desculpas a meus leitores por transcrevê-los, mas a intenção é esta mesma: mostrar como o ambiente político para um debate público no Brasil se deteriorou ao ponto de agora incorporar nas redes sociais um BANDO DE BÁRBAROS! Todos eles, aparentemente adotaram o “método Olavo de Carvalho” de debater: xingando, ofendendo, denegrindo. Eis algumas “pérolas”:


 Comunismo lixo espero q o 5 G de empresas dos Estados unidosL”

“ Qual a utilidade de um fake vir aqui se tá todo mundo vendo q é fake ? Eita incompetência...”
“ Huawei vttnc ”
“ Vsf”
“ Aguardem que vai chegar a versão 2.0 do Vírus Chinês, só que o culpado é um brasileiro novamente. 😅🤣😆🤭”
“ Acho que você não conhece bem o Brasil ou te enganaram não há crise política mas sim uma limpeza na corrupção que assola o Brasil causada por partidos comunistas/socialistas que são um câncer no planeta.“
“ O BRASIL ODEIA COMUNISTAS E SOCIALISTAS , DEEM O FORA GENOCIDAS !!!!!!!!!!!”
“ Enfie a 5G no cu não queremos o PCC chinês aqui já temos os nossas canalhas comunistas/socialistas para nós encherem o saco🤮🇧🇷”
“ E espero que essa peste de chineses vão todos a merda com sua 5G que ninguém quer instalar um povo regido pelo PCC chinês que só traz desgraça por onde passa basta os canalhas comunistas que temos aqui agora importar outros NÃO.”
“ OS HORRORES DO HOLOMODOR
PRÁTICA COMUNISTA QUE NAO É  RELATADO NOS LIVROS DE HISTÓRIA.
https://youtu.be/7Pe5dLJ-WEk”
“ Justine Feliciano comunismo, fascismo e neoliberalismo são pragas. Não adianta sair de uma e cair em outra. Pelo menos comunismo nunca tivemos pois a propriedade privada permanece.”

Estes são alguns poucos exemplos da TREMENDA DETERIORAÇÃO do debate público no Brasil, sob o impacto dos novos bárbaros.
Esse é o Brasil dos Bolsonaros, dos bolsonetes e bolsomínions, dos olavetes e olavófilos.
Que Brasil é esse?
Certamente não é o Brasil de que necessitamos para superar a TRIPLA CRISE que vivemos: a da pandemia, a da crise econômica e a da CRISE DE GOVERNANÇA do Governo Bolsonaro, O PIOR GOVERNO DE TODA A NOSSA HISTÓRIA, uma tropa de BÁRBAROS no poder que é diretamente responsáveis por essa situação de DESCALABRO COMPLETO, sob qualquer critério de governança que se possa pensar.
Estou fazendo esta postagem para dizer que os MILITARES e as FFAA deveriam se sentir responsáveis por esse QUADRO GRAVE DE DESCALABRO no governo do Brasil.
Não deveria haver nenhuma ilusão quanto a isso: quem quer que tenha assistido ao vídeo da “reunião ministerial” de 22 de abril só pode chegar à conclusão de que o atual presidente é um LOUCO DESVAIRADO, incapaz de administrar o Brasil, sem mencionar outros aspectos ainda mais graves, que lindam a esfera criminal.
Confesso meu EXTREMO PESSIMISMO com essa situação, e grande vergonha da imagem do meu país em face do mundo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30/06/2020

domingo, 10 de maio de 2015

O Fuhrer de Garanhuns, o proprio - Percival Puggina

Transcrevendo:
O Führer de Garanhuns
Percival Puggina critica a campanha de ódio promovida por Lula e seus sequazes contra os oposicionistas. Ao que parece, aprenderam algumas técnicas com o nazismo: 

O que efetivamente mobilizou o nazismo contra os judeus não foram as destrambelhadas especulações biológicas que apenas favoreceram o trabalho sujo dos que executaram as políticas de extermínio. A causa principal foi o mito da "conspiração judaica", difundindo a ideia do poder econômico do povo judeu e a ele atribuindo a culpa pelos males nacionais. Ao longo da história, mobilizações nacionalistas sempre procuraram identificar um inimigo interno ou externo, direcionando-lhe as animosidades. No nazismo, a exemplo do comunismo, foi acionado este fermento revolucionário que excita os piores sentimentos: a falácia de que o outro, como indivíduo, raça ou classe seja, objetivamente, causador da pobreza do pobre.
 Observe, então, o que vem sendo proclamado sobre a "elite branca de olhos azuis" pelas personagens mais aguerridas do petismo (do topo lulista à base militante). Lula e os seus não cansam de repetir que essa elite não gosta de pobre, é contra sua prosperidade e se enoja com a presença de gente humilde nos aeroportos e nas universidades. Por quê? Ninguém esclarece. O importante é repeti-lo à exaustão. E o PT é perito em papaguear bobagens tantas vezes quantas sejam necessárias para assemelhar à verdade algo que não tem o menor fundamento. Além de tornar a nação respeitável ao proporcionar a dignidade de todos os cidadãos, o progresso material das classes mais humildes é desejável por todos os segmentos sociais, inclusive por aqueles contra os quais o PT pretende instigar a malquerença dos pobres. Entre os muitos benefícios humanísticos e ganhos de ordem ética, a ascensão social dos mais carentes significa, para todos, maior segurança e maior dinamismo na vida econômica e social. É bom para todo mundo. É assim que a civilização avança. No fundo, até o Lula sabe disso.
No entanto, o führer de Garanhuns e seus propagandistas goebbelianos precisam do ódio como fator de luta (segundo ensinou Che Guevara). E nada melhor do que aprender com Hitler o modo de suscitar ódio contra quem tem mais. Basta proclamar aos pobres que essas pessoas, brancas de olhos azuis, são a causa de sua pobreza, que estes iníquos não toleram conviver com eles e que, por soturnos motivos, querem preservá-los na miséria. Difundir tais teses após as experiências do nazismo deveria ser capitulado como crime. Numa hipótese mais branda, ser tratado como sociopatia.
Tão perigoso quando o que estou descrevendo é não se importar com isso e considerar que se trata apenas de uma estratégia, sem efetivas consequências sociais e políticas. Era exatamente o que pensava a maioria dos alemães até bem perto do final da guerra.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A justica a servico dos ideologos autoritarios - Bruno Garschagen

Bruno Garschagen 

Há pelo menos três formas eficientes de converter o Judiciário em um instrumento da ideologia: criar as condições culturais necessárias para que os magistrados já cheguem doutrinados aos cargos; inserir no ordenamento jurídico leis que orientem ideologicamente a atividade jurisdicional; e aparelhar a magistratura com militantes ou simpatizantes da causa investidos no papel de operadores do direito. Será tão mais bem-sucedido nesse objetivo o partido que conseguir desenvolver a dominação judiciária do projeto de poder.
Ao tratar o problema da lei e da justiça na Alemanha sob a República de Weimar e sob o regime nazista, em seu excelente Hitler e os Alemães, o filósofo Eric Voegelin aponta com precisão: “Se os homens são corruptos e incapazes de lei e justiça, ou se eles professam algum tipo de ideologia sob justiça, então, é claro, não se tem nenhuma ordem legal”.
O resultado, contudo, não é a sua extinção, mas a criação de uma ordem legal adequada àquele projeto de poder e a degeneração das concepções de lei e de justiça. O próprio procedimento de criação da legislação é invertido para adequar os modos de vida ao tipo legal. As consequências disso transcendem a dimensão exclusivamente jurídica. Ao legitimar uma ordem legal ideológica, os resultados não serão apenas o de orientar o comportamento dos operadores do direito, mas o de influenciar e moldar o comportamento social, político e econômico da sociedade.
Quanto ao segundo ponto, a Constituição é, no âmbito legal, a suprema lei federal que determina o ordenamento jurídico do país nas questões que lhe competem. Se a orientação ideológica na elaboração da Carta Magna for bem realizada, veremos, na verdade, não a proteção de direitos fundamentais, mas a expressão legislativa de um sério estado de degeneração, como apontou Voegelin.

Essa estratégia de transformação e engenharia social não ocorre apenas na esfera jurídica; começa, antes, no ensino formal nas escolas e universidades. O sinal evidente dessa mentalidade foi a substituição do ensino por educação. Não foi uma mera troca de palavras. A finalidade era mesmo transcender os limites de ensinar para o ambicioso e mais efetivo processo de educar – ou melhor, de doutrinar. Esta é uma das condições para que os juízes de hoje tenham sido indivíduos “educados” no passado. É o ponto 1 da conversão do Judiciário em instrumento da ideologia.
Aparelhar as instâncias superiores do Poder Judiciário, o terceiro ponto da estratégia, se torna mais fácil para o partido no poder quando a Constituição define como competência privativa do presidente da República nomear os ministros do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores. Considerando que as escolhas do partido atenderão a critérios ideológicos, não é de se esperar que os magistrados nomeados contrariem, em maior ou menor grau, aquele projeto de poder.
E se, eventualmente, membros ou colaboradores do partido forem julgados e condenados, essa condenação integra a própria estrutura do processo de manutenção do poder a partir da construção artificial de uma suposta faxina ética, o que inclui a desmoralização dos magistrados independentes ou da própria instituição com a finalidade de fragilizá-la e de criar o clima social adequado a uma maior concentração de poder.

Obviamente, não estou me referindo a qualquer exemplo específico. Como o leitor pode perceber, qualquer semelhança com acontecimentos reais no Brasil de hoje é pura coincidência, apesar das similitudes bastante concretas e evidentes.