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sábado, 16 de agosto de 2014

As grandes falcatruas economicas (petistas, claro) - Rodrigo Constantino



15/08/2014
 às 14:23 \ EconomiaHistóriaPolítica

A esquerda não sabe o que é inflação? Ou: Comparação esdrúxula entre PT e PSDB ganha a internet

Circula pela internet uma comparação entre o Brasil de hoje e aquele de 2002, herdado pelo governo do PT, que chama a atenção por uma das duas coisas, se não ambas: a ignorância econômica e/ou a incrível canalhice. Deixo ao leitor o direito inalienável de escolha. O escritor (ou crítico de cinema) Pablo Villaça, contumaz esquerdista e defensor do governo Dilma, reproduziu em sua página os dados e obteve mais de 12 mil curtidas. Qual o busílis?
Vários dados divulgados, para começo de conversa, são em reais nominais! Isso mesmo: essa turma está comparando uma coisa em moeda nominal em 2013 com outra de 2002, ignorando a inflação de mais de dez anos, em um país como o Brasil, durante um governo petista, que justamente relaxou no controle da inflação. É comparar banana com laranja. Eis a inflação no período, deliberadamente ignorada pela turma:
índice IPCA acumulado. Fonte: Bloomberg
índice IPCA acumulado. Fonte: Bloomberg
A inflação oficial nesse período foi de quase 90%. Ou seja, se o valor de alguma coisa, como o salário mínimo, dobrou de 2002 para 2013 em termos nominais, ele permaneceu praticamente inalterado em termos reais! Ter de explicar isso a alguém é realmente desanimador. O rapaz deve saber alguma coisa da língua portuguesa, mas pelo visto precisa de muita ajuda em matemática e finanças…
Mas não é “só” isso! Ele pega os dados de 2002 e finge não saber que muita coisa ruim ali contida se deve justamente ao “risco Lula”. As reservas cambiais, que o homem cita na lista de conquistas, evaporaram justamente porque houve forte fuga de capitais de investidores receosos com um eventual governo petista. Lula teve de escrever a famosa “Carta ao Povo Brasileiro” para acalmar os ânimos. Esqueceu?
Tem mais ainda: mencionar crescimento de qualquer rubrica na última década deixando de fora o fator China é realmente um espanto! Se o sujeito não achar que o PT é também o responsável pelo acelerado crescimento chinês, que tanto beneficiou o Brasil, o mínimo que a honestidade intelectual demanda é deixar claro que boa parte do avanço numérico se deu por fatores completamente alheios ao governo petista.
Para deixar isso evidente, bastaria comparar o nosso crescimento com o de outros países emergentes. O resultado seria um tanto diferente, e mostraria que o Brasil sob o PT, na verdade, é o lanterninha do grupo. Perdemos a grande oportunidade de crescer uns 5% ou mais ao ano, isso sim! O PT nos tirou essa chance com sua incompetência, seu intervencionismo, sua irresponsabilidade.
Villaça gostaria de comparar nesse período o Brasil do PT com o Peru, que fez várias reformas liberais, por exemplo? Não? Foi o que imaginei. E olha que nem disse algum país asiático qualquer, mais capitalista e com mais liberdade de mercado. Vejam o resultado:
Crescimento acumulado do PIB desde 2003 (base 100). Fonte: Bloomberg
Crescimento acumulado do PIB desde 2003 (base 100). Fonte: Bloomberg
O Peru cresceu mais de 70% no período, contra pouco mais de 40% do Brasil. Vamos comparar nosso desempenho com nossos pares globais? Que tal?
A cara de pau dessa gente, ao ignorar o relativo quando interessa, é tão grande que chega ao ponto de o IDH ser mencionado em termos absolutos, ou seja, qual a nossa nota geral, e não nosso lugar no ranking! Não é um espanto? O IDH brasileiro em 2002 estava em 73º lugar, duas posições acima da registrada no estudo anterior. O IDH em 2013 estava no 79º lugar, ou seja, perdemos seis posições, a despeito de toda a ajuda da China!
desaceleraçao
Em resumo, a estatística pode ser a arte de torturar números até que confessem qualquer coisa. Mas a esquerda defensora da era lulopetista ao menos poderia trabalhar melhor nos truques para iludir os incautos, não é mesmo? Feito assim, de forma tão grosseira, nem os mais dependentes de esmolas estatais vão acreditar que as coisas melhoraram tanto, mesmo com muita vontade de fazê-lo para justificar suas escolhas no fundo interesseiras e egoístas.
Rodrigo Constantino