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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Quinze Anos de Politica Externa: Ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017 - Paulo Roberto de Almeida

Um volume que compila escritos dos últimos 15 anos que ofereço como "presente de Natal" aos interessados em temas de política externa e de diplomacia brasileira:


Quinze Anos de Política Externa
Ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017
Paulo Roberto de Almeida 


 Ficha catalográfica: 

ALMEIDA, Paulo Roberto.
Quinze anos de política externa: ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017; Brasília: Edição do Autor, 2017.
366 p. 
                   1. Política externa brasileira. 2. Relações internacionais.
3. Economia. 4. História. 5. Diplomacia.  6. Economia.
7. Globalização 8. Brasil. 8. América Latina. 10. Título

 Epígrafe: 


A melhor diplomacia não se sustenta sem uma boa governança doméstica.
Seria a diplomacia brasileira um ponto fora da curva? 
Paulo Roberto de Almeida


 
Índice


Apresentação: Das vantagens de ser um diplomata acidental11

1. As relações internacionais nas eleições presidenciais de 1994 a 2002 (2002) , 15
2. A política internacional do Partido dos Trabalhadores (2003) , 51
3. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula (2004) , 77
4. Políticas de integração regional no governo Lula (2005) , 97
5. A diplomacia do governo Lula: balanço e perspectivas (2006) ,129
6. A diplomacia do governo Lula em seu primeiro mandato, 2003-2006 (2007) , 145
7. Bases conceituais de uma política externa nacional (2008) , 161
8. Sucessos e fracassos da diplomacia brasileira: uma visão histórica (2009) , 183
9. Pensamento e ação da diplomacia de Lula: uma visão crítica (2010) , 187
10. A questão da liderança regional do Brasil (2011)205
11. Processos decisórios no âmbito da política externa (2012)233
12. As relações Sul-Sul: um novo determinismo geográfico? (2012-2013)251
13. A política externa companheira e a diplomacia partidária (2014)267
14. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria (2015) , 277
15. O renascimento da política externa (2016) , 295
16. A política externa e a diplomacia brasileira no século XXI (2017) , 309

Apêndices
17. Relações internacionais do Brasil: perspectiva histórica (2001) , 325
18. Diplomatas que pensam: qual é a nossa função? (2017) , 339
19. Relação cronológica seletiva de ensaios diplomáticos, 2002-2017345
20. Livros de Paulo Roberto de Almeida , 361
21. Nota sobre o autor  365

Neste link: 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Trabalhos publicados recentes de Paulo Roberto de Almeida: disponíveis (quase todos)

Apenas uma listagem das publicações mais recentes, linkados os livremente disponíveis: 


1279. “Globalismo e globalização: os bastidores do mundo”, série Brasil Paralelo, com Olavo de Carvalho. Transmitido online via YouTube em 11/11/2017 (link: https://www.youtube.com/watch?feature=youtu.be&utm_campaign=inscritos_-_o_primeiro_debate_do_webinario_ja_esta_no_youtube&utm_medium=email&utm_source=RD%2BStation&v=6Q_Amtnq34g). Relação de Originais n. 3202.

1278. “A construção do direito internacional do Brasil a partir dos pareceres dos consultores jurídicos do Itamaraty: do Império à República”, Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional (número especial, 2017); postado na plataforma Academia.edu (26/08/2016, link: https://www.academia.edu/s/224fb86980/3023-a-construcao-do-direito-internacional-do-brasil-a-partir-dos-pareceres-dos-consultores-juridicos-do-itamaraty-do-imperio-a-republica-2016). Publicado nos Cadernos de Política Exterior (Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, Funag-MRE; ano II, n. 4, segundo semestre 2016, p. 241-298; ISSN: 2359-5280; link: http://funag.gov.br/loja/download/1186-cadernos-de-politica-exterior-ano-2-volume-4.pdf). Relação de Originais n. 3023.

1277. Oliveira Lima: um historiador das Américas, Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7). Anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html). Relação de Originais n. 3177.

1276. “Uma visão crítica da política externa brasileira: a da SAE-SG/PR”, Mundorama: Revista de Divulgação Científica em Relações Internacionais (2/12/2017; ISSN: 2175-2052; acessado em 03/12/2017; link: http://www.mundorama.net/?p=24308); postado nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/28ae2de83d/uma-visao-critica-da-politica-externa-brasileira-a-da-sae-sgpr?source=link) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/317636574_Uma_visao_critica_da_politica_externa_brasileira_a_da_SAE-SGPR; DOI: 10.13140/RG.2.2.29591.78249). Divulgado no blog Diplomatizzando (4/12/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/politica-externa-brasileira-visao.html). Relação de Originais n. 3126.

1275. “A economia política das relações econômicas internacionais do Brasil: paradigmas e realidades, de Bretton Woods à atualidade”, Anais do II Encontro de Economia Política Internacional do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, II ENEPI; organizadores: Bernardo Salgado Rodrigues; Laura Emilse Brizuela; Mario Afonso Lima (Rio de Janeiro: UFRJ, 2017; p. 1348-1369; ISSN: 2594-6641; disponível: https://drive.google.com/file/d/1EX3XDKFNYnMxhzm5W8xBj_8waB6fiqRE/view; acesso em 29/11/2017). Serviu de base a apresentação no Ipea, em 2/06/2017; disponível em Academia.edu (https://www.academia.edu/s/cbb5ae9c50/the-political-economy-of-international-economic-relations-of-brazil-1944-2016). Relação de Originais n. 3109.

1274. “Prata da Casa, junho de 2017 a novembro de 2017” [Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Jaime Pinsky (org.), O Brasil no contexto, 1987-2017 (São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2); (2) Gustavo Westmann (org.): Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira (São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1); (3) Rogério de Souza Farias: Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4); (4) Sergio de Queiroz Duarte: Desarmamento e temas correlatos (Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção Em Poucas Palavras). (5) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): A importância da Espanha para o Brasil: história e perspectivas (Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1); (6) Martin Normann Kämpf: Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896) (Brasília: Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1)], Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 96, julho de 2017 a novembro de 2017, p. 39-41; ISSN: 0104-8503). Relação de Originais n. 3137.

1273. “Depois da diplomacia companheira: o que vem pela frente?”, Gazeta do Povo (28/11/2017, link: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/depois-da-diplomacia-companheira-o-que-vem-pela-frente-di5ffopc0ywu56cc29s8s5hsr). Divulgado no blog Diplomatizzando (28/11/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/11/depois-da-diplomacia-companheira-o-que.html). Relação de Originais n. 3197.

1272. “5 coisas que aprendi dando aula numa universidade pública brasileira”, Spotniks (27/11/2017; link: https://spotniks.com/5-coisas-que-aprendi-dando-aula-numa-universidade-publica-brasileira/). Postado no blog Diplomatizzando (27/11/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/11/5-coisas-que-aprendi-dando-aula-numa.html). Relação de Originais n. 3173.

1271. Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro, Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (organizadores); Brasília: Funag, 2017; disponível na Biblioteca Digital da Funag: volume 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=913; volume 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914. Relação de Originais n. 3180.

1270. “O Brasil segundo a diplomacia”, [Resenha de A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016 (Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017)], O Estado de S. Paulo (domingo, 8 de outubro de 2017, p. E2, Caderno Aliás, Política, sob o título “História da diplomacia no Brasil tem novo livro definitivo”, em 7/10/2017, link: http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,historia-da-diplomacia-no-brasil-tem-novo-livro-definitivo,70002030739). Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/cesse-tudo-o-que-musa-antiga-canta.html); novamente, depois de publicada, no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/10/resenha-do-livro-do-ricupero-publicada.html). Relação de Originais n. 3168.

1269. “O estadista político”, in: Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 2o. volume; ISBN: 978-85-7631-697-8, pp. 745-759; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914. Relação de Originais n. 3162.

1268. “O estadista econômico”, in: Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 2o. volume; ISBN: 978-85-7631-697-8, pp. 569-599; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914. Relação de Originais n. 3161.

1267. O chanceler no conflito global (1939-1945)”, Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 1o. volume; ISBN: 978-85-7631-696-1, pp. 197-233; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=913. Relação de Originais n. 3160.

1266. Prata da Casa, fevereiro de 2017 a maio de 2017”, Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 95, fevereiro de 2017 a maio de 2017, p. 36-37; ISSN: 0104-8503; link: https://adb.org.br/wp-content/uploads/2017/08/Revista-da-ADB-alta.pdf). Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Paulo Roberto de Almeida (org.), O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0); (2) José Vicente Pimentel (ed.), Brazilian Diplomatic Thought: policymakers and agents of Foreign Policy (1750-1964) (Brasília: Funag, 2016, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-547-6); (3) Ives Gandra da Silva Martins; Paulo Rabello de Castro (Orgs.). Lanterna na proa: Roberto Campos Ano 100 (São Luís: Resistência Cultural, 2017, 340 p.; ISBN: 978-85-66418-13-2); (4) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): Visões da obra de Hélio Jaguaribe (Brasília: Funag, 2015, 135 p.; ISBN: 978-85-7631-539-1). (Publicado antecipadamente no blog Diplomatizzando (29/04/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/04/prata-da-casa-antecipando-as.html); disseminado no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1509304782466300). Republicado a partir da publicação efetiva das resenhas na revista (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/10/prata-da-casa-fevereiro-de-2017-maio-de.html). Relação de Originais n. 3107.

1265. Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império. 3ra. edição, revista; apresentação embaixador Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6 (obra completa; 964 p.); Volume I, 516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8 (link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=907) e Volume II, 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5 (link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=908). Relação de Originais n. 1351. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/formacao-da-diplomacia-economica-no_9.html) e disseminado no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1648798118516965).

1264. “Entrevista Paulo Roberto de Almeida no Brasil Paralelo”, 29 maio 2017, no canal pessoal do YouTube (link: https://youtu.be/fWZXaIz8MUc). Relação de Originais n. 3047.

Tem mais, basta procurar...
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 15 de dezembro de 2017.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Oliveira Lima: um historiador das Americas:lancamento de livro no Recife, 13/12/2017

Um convite da Companhia Editora de Pernambuco, CEPE, que editou meu livro e do André Heráclio do Rego, sobre o grande escrito, jornalista, historiador e diplomata, entre outras qualidades, Oliveira Lima:



domingo, 3 de dezembro de 2017

Oliveira Lima, um historiador das Americas - Paulo Roberto de Almeida e Andre Heraclio do Rego (CEPE)

Meu próximo livro, feito conjuntamente com meu colega André Heráclio do Rêgo, sociólogo e historiador. de raízes pernambucanas, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7).


Índice
  
Apresentação: O maior historiador diplomático brasileiro
       Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo

1. O Barão do Rio Branco e Oliveira Lima: vidas paralelas itinerários divergentes
       Paulo Roberto de Almeida


2. Oliveira Lima, intérprete das Américas
       André Heráclio do Rêgo

3. O império americano em ascensão, visto por Oliveira Lima
       Paulo Roberto de Almeida   

Apêndice: O Brasil e os Estados Unidos antes e depois de Joaquim Nabuco
       Paulo Roberto de Almeida   

Notas aos capítulos
Sobre os autores 


Apresentação
O maior historiador diplomático brasileiro

Paulo Roberto de Almeida
André Heráclio do Rêgo


A primeira delas, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, era, ademais do negociador e do chanceler que marcou época, historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Brasileira de Letras. O segundo, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, além de haver sido o paladino do pan-americanismo e nosso primeiro embaixador em Washington, já na idade madura, após uma juventude em que deixou sua marca na História do Brasil, ao dedicar-se à causa abolicionista, era também historiador e memorialista, considerado por Gilberto Freyre como um dos maiores estilistas da língua portuguesa.
Essas duas primeiras personalidades foram consagradas ainda em vida. Nabuco, desde a campanha abolicionista; Rio Branco, desde as questões de limites. Multidões acorreram aos respectivos enterros, o de Joaquim Nabuco no Recife, em 1910, o de Rio Branco no Rio de Janeiro, ao início de 1912, ocasião na qual inclusive o carnaval teve que ser adiado.
A terceira personalidade não teve consagração em vida, e ainda hoje não alcançou completamente nem a póstuma. Trata-se de Manuel de Oliveira Lima. Pernambucano como Nabuco, Oliveira Lima era bem mais jovem do que os outros dois. Além da diferença generacional, também não compartilhava com eles a formação nos cursos jurídicos de Olinda e de São Paulo. Ao contrário, graduou-se em Lisboa, no curso superior de Letras, tendo uma formação ‘profissional’ nas áreas de História e Literatura. Terá sido, pois, na sua época, o único grande historiador brasileiro que não foi autodidata. Também ao contrário de Nabuco e Rio Branco, foi republicano na juventude e na idade madura flertou com a monarquia.
Entrou no Itamaraty no princípio da última década do século XIX, numa época em que a situação política de Rio Branco e Nabuco não era das melhores. Paralelamente à carreira diplomática, logo se iniciou na escrita da História, tendo publicado ainda nesta década dois livros, que possibilitaram sua entrada na Academia Brasileira de Letras entre os 40 primeiros integrantes, ou seja, como membro fundador, glória que, se não pode ser comparada à de Nabuco, que além de fundador foi o idealizador da instituição, ao lado de Machado de Assis, foi bem superior à de Rio Branco, que teve de esperar a abertura de uma vaga para entrar no grêmio.
Oliveira Lima poderia ter sido um êmulo do barão do Rio Branco, nosso grande chanceler e modelo da diplomacia até hoje, se tivesse mais ‘diplomático’. Sua caracterização como ‘diplomata dissidente’ é adequada; em alguns casos terá sido também um “rebelde com causa”, que foi a de sua luta pelo desenvolvimento social, político e econômico e do Brasil, para ele espelhando, mas apenas parcialmente, os magníficos progressos da nação americana, em cuja capital ele trabalhou como jovem diplomata, mas já totalmente consciente das grandes diferenças que separavam o mundo anglo-saxão do errático universo ibero-americano que ele soube analisar tão bem numa fase já madura de sua vida.
Não sendo muito diplomático e não aceitando ficar à sombra do poderoso barão, voltou-se cada vez mais para os estudos históricos, contando para tanto com a ajuda do próprio chefe desafeto, que lhe propiciava longos períodos de inatividade diplomática. Graças a esses longos períodos em disponibilidade e às longas licenças que tirava – o que certamente não agradava à chefia superior, que paradoxalmente o punia com longos períodos em disponibilidade, teve tempo para pesquisar e escrever, erguendo uma obra historiográfica mais sistemática e consistente que as de Rio Branco e Nabuco. Nela, foi muitas vezes pioneiro e precursor: da história da vida privada, por exemplo, ao indicar a utilização de romances como fonte historiográfica; da utilização das obras de viajantes estrangeiros sobre o Brasil. Sua obra antecipou, de certa forma, os escritos de Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro e José Honório Rodrigues, entre outros. Se passarmos para o campo da patriotada, poderíamos dizer até que ele foi precursor de Norbert Elias e de Lucien Febvre, respectivamente nos conceitos de processo civilizatório e de instrumentos mentais, e até mesmo de Georges Duby, no que se refere à caracterização tripartite da sociedade. Além disso, Oliveira Lima foi pioneiro em estudos comparatistas, e era o historiador brasileiro que mais sabia da história de Portugal, dispondo para tanto de uma capacidade de síntese sem igual.
Ele, como Nabuco e Rio Branco, foi único e incontornável, mas a História lhe foi ingrata, algumas vezes por culpa sua, por ser corajosamente sincero, ao ponto de ser incômodo. Após um começo brilhante, sua vida profissional e intelectual passou a se caracterizar por um ressaibo amargo de incompletude e de frustração, no que se poderia considerar uma trajetória interrompida. Ao contrário de Rio Branco e de Nabuco, ao seu enterro não compareceram multidões, apenas a esposa, que compartilhava com ele o ‘exílio’ em Washington, e mais uns poucos.
Aos 150 anos de seu nascimento, no Recife, em dezembro de 1867, vale examinar alguns dos seus muitos escritos com o objetivo de constatar que ele foi, efetivamente um dos grandes, senão o maior dos historiadores diplomáticos brasileiros, pesquisador incansável dos arquivos, leitor das crônicas dos contemporâneos, colecionador de manuscritos, de livros e de obras de arte, leitor da literatura de cada época, dos jornais do momento e dos grandes historiadores do passado. Sua obra completa excede as possibilidades de um único estudioso e, talvez por isso, temos de nos contentar com uma Obra Seleta, e com vários outros trabalhos, reeditados de forma dispersa e errática, ao sabor do interesse de editores, de admiradores e de alguns poucos acadêmicos devotados ao estudo de uma imensa série de livros, resenhas, notas e artigos de revista e de jornais, que pode facilmente encher mais de uma estante de livros.
Sua biblioteca, depositada na Universidade Católica de Washington, oferece um testemunho de seu voraz interesse por toda a história das civilizações ocidentais desde os descobrimentos, com um grande foco no hemisfério americano, daí o título desta coletânea por dois estudiosos e admiradores de sua obra, que é especialmente relevante no plano pessoal, não apenas pela mesma condição profissional, a de diplomatas de carreira, mas igualmente pelo que ela oferece como interpretação significativa, e ainda válida, a despeito da passagem de um século, sobre o desenvolvimento comparado dos povos das Américas. Oliveira Lima não foi apenas historiador, mas também sociólogo, cientista político, fino psicólogo dos personagens estudados – como D. João VI, por exemplo – e também uma espécie de antropólogo cultural, como tal inspirador de uma outra rica obra construída pelo conterrâneo Gilberto Freyre, que com ele conviveu em sua fase iniciante e já na fase madura e derradeira do grande historiador pernambucano.
Os trabalhos aqui coletados não podem representar a justa homenagem que lhe é devida no 150o aniversário de seu nascimento, mas eles representam, ainda assim, um testemunho de apreço, nos planos sociológico e historiográfico, pelo valor intelectual da produção ímpar do historiador e diplomata Oliveira Lima. Não temos nenhuma dúvida de que nos próximos 150 anos essa obra continuará a ser lida e a servir de inspiração a novos historiadores e sociólogos das civilizações do hemisfério americano.

Brasília, novembro de 2017



domingo, 26 de novembro de 2017

Oliveira Lima: um diplomata pouco... diplomatico - proximo livro - Paulo Roberto de Almeida, Andre Heraclio do Rego

Nosso próximo livro, sobre um colega diplomata de cem anos atrás, pouco diplomático, mas um grande historiador, e pensador, das coisas do Brasil e internacionais:

Manuel de Oliveira Lima
Um historiador das Américas



No Brasil fala-se ou muito bem ou muito mal dos Estados Unidos. Apontam-nos os seus admiradores como o único modelo a seguir... Os seus detratores culpam-nos de todos os crimes, desde a ambição devoradora de terras e de nacionalidades, até a corrupção política e social mais desbragada. […] apenas olhei para os Estados Unidos com olhos de brasileiro, ... buscando o que de aproveitável para nós poderia a meu ver resultar do exame e da confrontação.
Nos Estados Unidos, impressões políticas e sociais (1899)

Ao passo que no vosso país [Estados Unidos], sob tantos aspectos o mais progressivo do globo, [...] permanece premente tal questão [a da segregação], acendendo violências, [...] nós a temos liquidado do modo mais satisfatório, pela fusão.
América Latina e América Inglesa (1913-14)

Desde que, segundo os etnólogos, as raças puras são um erro à luz da história [...] devemos admitir que a solução ibero-americana, isto é, a da fusão das raças, é mais promissora, mais benéfica e especialmente mais humana do que a separação ou a segregação praticada pelos Estados Unidos.
Aspectos da história e da cultura do Brasil (1923)

  
Manuel de Oliveira Lima
25 de dezembro de 1867, Recife, Pernambuco
24 de março de 1928, Washington, D.C., EUA


Sumário: 

Apresentação: O maior historiador diplomático brasileiro
       Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo
1. O Barão do Rio Branco e Oliveira Lima: vidas paralelas itinerários divergentes
       Paulo Roberto de Almeida
2. Oliveira Lima, intérprete das Américas
       André Heráclio do Rêgo
3. O império americano em ascensão, visto por Oliveira Lima
       Paulo Roberto de Almeida
Apêndice: O Brasil e os Estados Unidos antes e depois de Joaquim Nabuco
       Paulo Roberto de Almeida

O Itamaraty, ao final do século XIX e início do XX, reunia três grandes nomes diplomáticos e culturais. O primeiro, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, era, ademais de negociador e chanceler, historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Brasileira de Letras. O segundo, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, também historiador e memorialista, paladino do pan-americanismo e primeiro embaixador em Washington, deixou sua marca na história do Brasil, ao batalhar duramente pela causa abolicionista.
O terceiro, Manuel de Oliveira Lima, não teve consagração em vida, e ainda hoje não alcançou completamente nem a póstuma. Pernambucano como Nabuco, era bem mais jovem que os outros dois. Além da diferença de idades, não compartilhava com eles a formação nos cursos jurídicos de Olinda e de São Paulo. Ao contrário de Nabuco e de Rio Branco, foi republicano na juventude e monarquista na idade madura. Poderia ter sido um êmulo do barão do Rio Branco, o grande chanceler e modelo da diplomacia, se tivesse sido... mais ‘diplomático’.
Foi um ‘diplomata dissidente’, talvez até um ‘rebelde com causa’, que foi a da luta pelo desenvolvimento social, político e econômico e do Brasil, para ele espelhando, ao menos parcialmente, os magníficos progressos dos Estados Unidos, em cuja capital trabalhou como jovem diplomata, mas já totalmente consciente das grandes diferenças que separavam o mundo anglo-saxão do errático universo ibero-americano, que ele soube analisar tão bem numa fase já madura de sua vida.
Este livro, ademais de traçar paralelos entre os itinerários de Rio Branco e de Oliveira Lima, destaca, justamente, sua obra de historiador das Américas, mas também como intérprete da ascensão do grande império econômico e comercial, que ele analisou no momento crucial em que os EUA, já curados das feridas da guerra civil, flexionavam os músculos em suas primeiras aventuras no Caribe e na América Central, e já se preparavam para adentrar no cenário geopolítico mundial. Um texto final analisa um ensaio de Joaquim Nabuco sobre o papel dos Estados Unidos na ‘civilização’ do início do século XX e segue a trajetória de desenvolvimento do Brasil ao longo do século.

Paulo Roberto de Almeida é diplomata de carreira, doutor em ciências sociais e atual Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI-Funag), do Itamaraty. 
André Heráclio do Rego, também diplomata de carreira, é doutor em história social e autor de diversos artigos e livros nessa área, entre os quais Família e coronelismo no Brasil – uma história de poder.