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terça-feira, 26 de abril de 2022

Política internacional e teorias conspiratórias: considerações pessoais - Paulo Roberto de Almeida (Psicoeducação)

 Política internacional e teorias conspiratórias: considerações pessoais 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Notas para entrevista oral no quadro de emissão no YouTube, “Psicoeducação”, animado porVitor Matos de Souza, no YouTube, em 27/04/2022, 20hs (link: https://www.youtube.com/channel/UCtGmAFkxO7RzofDE4ROSGYw) .

  

1) Falar um pouco sobre a tese dos três blocos, globalista, islâmico, e russo-chinês numa perspectiva de modo a sinalizar o que é real e o que delírio nessas teses.

PRA: Não existem três blocos estritamente configurados sob essas três designações, o que de toda forma seria altamente aleatório apresentar tais configurações como “teses”, sob tais “agrupamentos” definidos dessa forma. O que existe, sim, mas com arquiteturas muito diferentes, são instâncias de coordenação, consulta e cooperação entre países ou grupos de países, sob diferentes instrumentos regionais ou globais (eventualmente mundiais, mas não necessariamente universais), que congregam Estados – os do arco ocidental das democracias de mercado, por exemplo – ou comunidades civilizatórias ou religiosas – como é o caso da Organização da Conferência Islâmica, congregando 57 países de línguas e culturas diversas, mas de maioria islâmica em suas populações –, ou, bem mais recentemente, a declaração de “aliança sem limites” entre a Rússia e a China, mas neste caso congregando duas nações bastante diferentes entre si, apenas unidas por motivos circunstanciais, que é a oposição virtual ao G7, ou ao bloco supostamente hegemônico das potências ocidentais.

Existe um lado real, mas vagamente identificado com três “blocos” tal como acima mencionado, mas obedecendo a diferentes critérios de “agregação”, bem mais evolutiva e natural, no caso das democracias de mercado vulgarmente chamadas de potências ocidentais e essa entidade mais vagamente unida em torno de uma mesma religião (mas com diversas vertentes dentro do conjunto) que é a Conferência Islâmica, constituída em grande medida em reação à dominação ocidental, mais exatamente europeia, sobre antigos territórios, povos e Estados colocados no grande arco civilizatório da comunidade islâmica, mas com fracos laços políticos e econômicos entre eles. Por fim, é um fato que se formou uma “aliança” entre a Rússia e a China, depois de séculos de evolução diferenciada, de uma fugaz identidade comum sob o comunismo da III Internacional, mas logo distanciados por grandes diferenças de visão quanto ao mesmo comunismo e tornados até hostis por disputas territoriais e visões distintas quanto à ordem mundial. A “aliança sem limites” proclamada por Putin e Xi Jinping em fevereiro de 2022 deve encontrar seus limites políticos, econômicos e geopolíticos, à medida em que os dois grandes irmãos do socialismo tiveram marcados processo de desenvolvimento econômico e político nas últimas décadas, o que deve se acentuar nos anos à frente, sobretudo com as consequências duradouras da guerra de agressão de Rússia contra a Ucrânia. A Rússia será o irmão menor dessa aliança, a despeito de possuir um poder de fogo razoável em termos bélicos.

 

2) Qual foi o efeito de devastação do governo Bolsonaro para a diplomacia brasileira e se ele conseguiu ser pior que o governo Lula.

PRA: O qualificativo de pior não é o mais adequado para colocar numa linha de comparação as diplomacias lulopetista e a bolsonarista, tão diferentes quanto água e vinho. A despeito de desvios partidários e ideológicos em alguns aspectos da política externa, a diplomacia do lulopetismo representou uma continuidade de desenvolvimentos anteriores, notadamente no terreno regional, no campo multilateral e na questão do tratamento dos temas inscritos nas agendas sociais, culturais e ambientais mundiais. Já o bolsonarismo diplomático representou uma ruptura com tudo o que havia antes, começando pela recusa absolutamente ridícula do globalismo, um fantasma que se traduziu numa recusa do multilateralismo, o eixo central das relações internacionais contemporâneas.

O show de horrores teve início ainda antes da inauguração do governo e mesmo antes do pleito eleitoral de outubro de 2019, quando o deputado venceu as eleições com discurso enganador, até mentiroso, prometendo luta contra a corrupção, política econômica liberal, fim do que tinha sido caracterizado como “velha política” – ou seja, cargos e subsídios em troca de apoio congressual – e postura eminentemente técnica na formulação e implementação das políticas públicas. O prenúncio da ruptura com os valores e princípios da diplomacia profissional, com as linhas tradicionais da política externa brasileira já tinha sido feito na entrega do programa de governo do candidato ao TSE, em agosto de 2018: nele constavam apenas cinco parágrafos da pior qualidade substantiva sobre quais seriam as grandes metas e diretrizes da nova política externa, supostamente não ideológica, mas totalmente tomadas por orientações essencialmente ideológicas, já prometendo um alinhamento com governos de direita e uma adesão unilateral à política dos Estados Unidos, e mais especificamente ao então presidente Trump. 

O que se assistiu nos primeiros dois anos e meio do governo Bolsonaro na frente externa foi muito pior do que o esperado, com o abandono de relações longamente cultivadas na região e fora dela, assim como a inversão totalmente ideológica de posturas anteriormente assumidas, sobretudo no plano multilateral, objeto de uma ridícula, na verdade, atroz, rejeição do multilateralismo, assimilado, por um raciocínio tão irracional quanto estúpido, ao fantasmagórico inimigo do “globalismo”, que seria uma coalizão de banqueiros de esquerda, de burocratas não eleitos da ONU e de esquerdistas tradicionais, todos eles devotados a retirar soberania dos Estados nacionais, para substituí-la por uma governança mundial de caráter antinacional e de cunho comunista. Os diplomatas foram chamados a partilhar desse manancial de bobagens oferecidas em discursos, entrevistas e artigos, da parte do primeiro chanceler acidental e de alguns ideólogos do olavismo, uma das seitas influentes no novo esquema de poder. 

A diplomacia brasileira deixou para trás uma avaliação de grande prestígio, de que gozava anteriormente, pelo seu profissionalismo exemplar na defesa dos grandes temas e questões do multilateralismo contemporâneo, para se refugiar num antiglobalismo não só estéril, como sumamente ridículo. O Brasil ficou isolado internacional. Descrevi e analisei toda essa deriva alucinante em diversos livros que acompanharam a fase mais aguda do bolsolavismo delirante: Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019), O Itamaraty num labirinto de sombras, seguido de Uma certa ideia do Itamaraty (2020), completados por O Itamaraty Sequestrado e Apogeu e demolição da política externa(2021), este último já abrangendo as quatro últimas décadas da diplomacia brasileira. 

 

3) Qual o caminho para o desenvolvimento brasileiro agora que o liberalismo foi associado ao bolsonarismo e que o próximo governo tende a ter uma ideologia cepalina e dirigista em relação a economia?

PRA: Há um equívoco de percepção em certos setores ao se acreditar que o liberalismo está associado ao bolsonarismo. Talvez esta tenha sido uma impressão induzida por uma falsa propaganda de uma pretensa vocação liberal do novo governo durante a campanha eleitoral e nas primeiras semanas de governo, quando se anunciavam privatizações de grandes empresas estatais, abertura econômica e liberalização comercial, quando nada disso se fez, sobretudo por oposição do próprio presidente, um estatista nacionalista dos mais medíocres, e também pelo tradicional protecionismo das elites econômicas tradicionais, tanto industriais quanto agrícolas. Diversos assessores importantes da área econômica foram se distanciando do governo, justamente pelo abandono de todas as promessas enganosas de campanha, assim como pela total contradição entre as promessas de luta contra a corrupção e as práticas efetivas de apoio aos setores políticos mais corruptos do sistema político brasileiro, em especial a partir de meados de 2020, quando o governo se rende definitivamente ao chamado Centrão, o núcleo duro do fisiologismo corrupto da política brasileiro. Se alguns liberais ainda acham que o governo Bolsonaro ainda possui qualquer vocação liberal podem ser pessoas mal-informadas, iludidas, equivocadas ou de má-fé. 

Não se sabe ainda que tipo de governo teremos em 2023, assim que não cabe antecipar qualquer tipo de política pública mais ou menos identificada com as linhas básicas do antigo cepalianismo de cunho dirigista. Cabe esperar para ver o que será o próximo governo.

 

4) Como você vê a questão do globalismo? É possível que a integração econômica mundial coexista com uma integração política? Até que ponto as autoridades nacionais podem continuar relevantes nesse cenário?

PRA: O mundo caminhou, desde a era moderna, da formação e consolidação dos Estados nacionais – cujos princípios básicos de funcionamento foram sendo definidos e moldados em algumas grandes etapas das relações internacionais, em Vestfália (1648), em Viena (1815), em Paris (1919 e em San Francisco (1945) – até o advento de um sistema internacional baseado na preeminência do multilateralismo de cunho político. Ao mesmo tempo, no campo econômico, coexistiam grandes impérios e empreendimentos coloniais que sustentaram a dominação europeia sobre os assuntos do mundo durante os últimos cinco séculos. Paralelamente, esses processos de primazia da Europa ocidental – a partir do século XIX complementado pela ascensão dos Estados Unidos – sobre os assuntos do mundo foram sendo complementados por uma nova onda de globalização (a primeira tinha ocorrido nos Descobrimentos, mas logo compartimentada pelos impérios coloniais excludentes), que se acelerou tremendamente na primeira (1750-1830) e na segunda Revolução Industrial (1870-1914), integrando mercados, estabelecendo as grandes linhas de uma economia mundial que ainda permanecem no século XX, a despeito da Grande Guerra (1914-1918) e do advento do socialismo (com uma duração de aproximadamente 70 anos, mas um alcance apenas parcial sobre os grandes vetores da economia mundial). 

O globalismo econômico, de fato mais consolidado, sobretudo quando a ordem desenhada em Bretton Woods alcançou as antigas economias socialistas, conseguiu integrar praticamente todos os continentes e regiões a uma grande divisão mundial do trabalho, passando a definir grandes cadeias de valor e o comércio internacional a partir dos interesses das grandes empresas multinacionais, mas também de ofertantes competitivos em economias menores ao redor do planeta. Não ocorreu, entretanto, nenhum processo de globalismo político – ao contrário do que afirmam as teorias conspiratórias sobre o poder mundial de uma superburocracia global, não eleita –, uma vez que a ONU e suas múltiplas agências continuam dependendo do que decidem os Estados nacionais, sobretudo as grandes potências, jamais de acordo sobre as grandes linhas de um alegado governo global. Alertas e alarmes nesse sentido são simplesmente desprovidos de qualquer fundamentação empírica e são unicamente disseminadas a partir de pequenos grupos e movimentos que entretêm um tipo de crença sem qualquer consistência no plano do funcionamento efetivo da agenda mundial. Os grandes itens da agenda mundial – na área econômica, social, ambiental e no tratamento dos chamados problemas comuns – continuam a ser determinadas pelos Estados mais poderosos e por coalizões flexíveis de grupos de países que convergem em vários desses temas, o que não existe, entretanto, no campo da segurança internacional e no da capacitação militar, que resta exclusivamente baseado em concepções realistas de poder e prestígio internacionais. Basta apenas recordar que o dispositivo da Carta da ONU prevendo uma Comissão Militar dotada de poderes para movimentar forças próprias da ONU, segundo decisões de seu Conselho de Segurança, jamais foi implementado como previsto no texto de San Francisco. Em outros termos, os temores de um governo global, onipotente ao ponto de ameaçar a soberania e a autonomia dos Estados nacionais são altamente exagerados e totalmente infundados.

 

5) Na Europa, é comum que os populistas culpem Bruxelas por tudo. Hoje a direita é contrária a existência da Otan, ONU, Unicef e qualquer entidade global de gestão. Quais seriam as consequências da falência dessas entidades para o mundo.

PRA: As entidades de cunho universalista criadas ao final da Segunda Guerra Mundial são certamente imperfeitas e muitas vezes inoperantes para os fins delineados na própria Carta da ONU e nos estatutos constitutivos de suas diferentes agências: paz e segurança internacional, cooperação para o desenvolvimento de países e regiões mais pobres, ausência de ameaças ao bem-estar de diversos povos, seja por fatores internos (os mais frequentes), seja por pressões externas (como ocorre atualmente na guerra de agressão da Rússia contra a vizinha Ucrânia, que já fez parte dos impérios russo e soviético), ou por desafios ambientais e crimes transnacionais. O mundo ainda é muito desigual, e certamente um maior grau de abertura econômica, de liberalização comercial, de integração das políticas públicas nacionais num sentido convergente com objetivos de prosperidade e bem-estar global, seria muito bem-vindo, na medida em que avança, a despeito de percalços, a globalização econômica. No entanto, ambições nacionais, miopia de dirigentes políticos, corrupção em governos de todos os tipos (democráticos ou não) dificultam a consecução desses objetivos meritórios, que demandariam um amplo acordo político interestatal e uma visão compartilhada quanto à necessidade dessa convergência de políticas, tentativamente implementadas ao longo das últimas décadas em diferentes projetos desenhados e discutidos na ONU, desde sua origem. Depois das metas do milênio – e anteriormente de diversas décadas do desenvolvimento dos países mais pobres – e agora, com os objetivos do desenvolvimento sustentável, governos nacionais e tecnocracia onusiana fazem tentativas de disseminar educação, segurança, promoção do bem-estar para as populações mais frágeis e vários outros indicadores de prosperidade compartilhada, mas o próprio princípio da soberania nacional absoluta, escrupulosamente consolidado e em princípio respeitado na Carta da ONU torna difícil concretizar e disseminar tais objetivos nobres e meritórios. 

O mundo ainda vive sob o domínio dos Estados nacionais, com talvez alguns grandes impérios informais, com um poder incontrastável de determinar as agendas globais, seja pela força de suas economias, seja pela intimidação de seus aparelhos militares. Entre esses impérios informais é possível distinguir o americano (notadamente a partir de 1917 e, em especial, desde 1945), o chinês (praticamente desaparecido durante alguns séculos, mas de volta ao grande jogo geopolítico desde o início desde milênio), o russo (anteriormente estabelecido na vastidão dos territórios sob a dominação czarista dos Romanov, depois novamente refeito sob os setenta anos de jugo soviético, agora tentando renascer numa vertente neoczarista sobre os mesmos antigos territórios da Europa e da Ásia centrais), e possivelmente o europeu, organizado coletivamente sob a forma da União Europeia, depois da derrocada dos antigos impérios coloniais dos países da Europa ocidental. A esses grandes impérios informais – pois que desprovidos de centralização política e de uma governança única, reconhecida como tal –, podem ser alinhadas potências médias, como diversos países do G20, como Índia, Japão, Canadá, Brasil, Indonésia, África do Sul e vários outros. 

Não é certo que todas essas economias, Estados nacionais e agrupamentos regionais possam ser definidos em termos de alinhamento político a uma determinada corrente ou ideologia, mas é possível, sim, identificar democracias de mercado – na América do Norte, na Europa ocidental e representantes esparsos em diversos outros continentes – e alguns grandes e pequenos Estados dominados por regimes autocráticos ou iliberais, como se convencionou chamar aqueles não exatamente caracterizados pela alternância política entre partidos nacionais dispondo de plena liberdade de organização, expressão e atuação. As democracias vêm, inclusive, recuado temporariamente ou parcialmente, sob os golpes de diferentes lideranças populistas que resvalam frequentemente para o autoritarismo. A evolução para regimes plenamente democráticos em todos os continentes, na maioria das regiões do mundo, é um processo lento, nem sempre irreversível, e sempre dependente de crises econômicas, pressões migratórias provenientes de culturas diferentes e sujeitas a constantes ameaças por parte de candidatos a ditadores, abertos ou disfarçados.

O mundo não dispõe de nenhuma garantia de que os direitos humanos e as liberdades democráticas – tais como expressas, por exemplo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, em protocolos democráticos aprovados em escala regional, e em dispositivos da própria Carta da ONU – possam efetivamente se impor com a força do Direito, uma vez que se trata de meras declarações de intenção, sem a compulsoriedade de tratados dotados de meios efetivos de implementação. Daí que o direito da Força ainda continua a ser exercido em diferentes quadrantes do globo, sem que ele possa ser coibido por alguma força supranacional que é simplesmente inexistente. O mundo contemporâneo não é mais tão hobbesiano como ele foi até meados do século XX, mas ele ainda é, e assim será por algum tempo mais, insuficientemente kantiano ou lockeano. A educação cidadã ainda precisa progredir bem mais, em praticamente todos os países do mundo – e os retrocessos podem ocorrer inclusive em países avançados, como nos revela a força de autocratas autoritários nos Estados Unidos e na própria Europa ocidental –, para que os ideais de liberdades, de democracia, de bem-estar, de segurança e de justiça possam ser disseminados de maneira mais resoluta e mais efetiva. 

Exercícios e tentativas de Idealpolitik podem até ser desprezados pelos partidários do realismo cru dos nacionalistas irredutíveis, aqueles que acreditam unicamente na expressão totalmente soberana dos interesses exclusivamente nacionais, mas eles constituem um objetivo sempre meritório no plano das aspirações humanas e sociais. Prefiro acreditar que esse mundo venha a existir algum dia, pois ele corresponde à racionalidade civilizatória, que vem se expandindo cada vez mais, a despeito dos soluços autoritários e destrutivos que se manifestam ocasionalmente. O mundo atual é melhor do que aquele que tivemos em qualquer época passada, e o mundo do futuro será certamente melhor do que o atual.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4136: 26 abril 2022, 7 p.

Emissão “Psicoeducação”, a convite de Vitor Matos de Souza, por via do YouTube, em 27/04/2022, 20hs (link: https://www.youtube.com/channel/UCtGmAFkxO7RzofDE4ROSGYw).

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A “toca de coelho” das teorias conspiratórias - Marcos Rolim (Extraclasse)

 Marcos Rolim se pergunta, estarrecido: como foi possível, a tanta gente, nos EUA e no Brasil, chegar a esse estado de alienação completa, de total desvinculação da realidade? Trump, lá, Bolsovirus aqui, foram os grandes arautos das teorias conspiratórias, e com isso congregaram os doidos que antes estavam dispersos pela sociedade…

Paulo Roberto de Almeida 

OPINIÃO

A toca do coelho 

Alimentados por narrativas cada vez mais descompromissadas com a realidade, há centenas de milhares de bolsonaristas radicais para quem o mundo é uma grande armadilha
Por Marcos Rolim / Extraclasse, 12 de agosto de 2021 
 
 
 
 

“QAnon é o nome de uma teoria da conspiração da extrema-direita dos EUA,
que mobiliza milhões de pessoas em todo o mundo”

Foto: Elvert Barnes/ Visualhunt.com

Alice entrou na toca atrás dele, sem ao menos pensar em como é que sairia dali depois. A toca do coelho, no começo, alongava-se como um túnel, mas, de repente, abria-se como um poço, tão de repente que Alice não teve um segundo sequer para pensar em parar, antes de se ver caindo no que parecia ser um buraco muito fundo

O maior massacre em escolas nos Estados Unidos ocorreu em 2018 na Marjory Stonemam Douglas High School, na cidade de Parkland, na Flórida. O atirador, um ex-aluno de 19 anos que havia sido expulso da escola, usou um fuzil Smith & Weston M&P15, arma com a qual disparou durante seis minutos matando 17 pessoas e ferindo com gravidade outras 15. Nas redes sociais, o jovem manifestava sua adoração por armas, se relacionava com grupos neonazistas e supremacistas brancos e defendia o assassinato de mexicanos, negros e homossexuais.

O massacre produziu a campanha Never Again MSD por uma política de controle de armas de fogo nos EUA, organizada pelos sobreviventes. A campanha chegou ao seu ápice com uma grande marcha (March for our lives), que reuniu entre 1,2 milhão a 2 milhões de pessoas, um dos maiores protestos da história do país.

Um dos meninos sobreviventes da tragédia revelou, recentemente, que uma das piores coisas que ocorreu com ele foi, depois de tudo pelo que passou, ouvir de seu pai a “avaliação” de que a história do massacre não passava de uma farsa. “O fato de meu pai achar que o inferno absoluto pelo qual passamos, onde nove das vítimas estavam em nossa classe, foi um embuste piorou muito a situação. (…) Eu sequer contei isso aos demais, porque essa é uma dor que não quero que eles sintam”, explicou.  “Acho que meu pai ficou louco. Ele sempre foi muito conservador, mas agora QAnon consumiu sua vida a ponto de despedaçar nossa família”, disse. QAnon é o nome de uma teoria da conspiração da extrema-direita dos EUA, que mobiliza milhões de pessoas em todo o mundo.

A questão é: o que pode fazer com que alguém se desvincule de forma tão radical da realidade a ponto de acusar o próprio filho, sobrevivente de um massacre, de participar de um embuste?

Muitos dos integrantes da turba que invadiu o Capitólio em janeiro deste ano para tentar impedir a proclamação dos resultados das eleições presidenciais nos EUA usavam camisetas com a marca “Q”, sinalizando sua confiança em uma das narrativas mais alucinadas já criadas. Segundo QAnon, há uma cabala secreta formada por adoradores de satanás, pedófilos e canibais, que governam o mundo. Eles matariam bebês para injetar seu sangue e rejuvenescer. Donald Trump estaria empenhado em acabar com essa turma, razão pela qual enfrentou tanta oposição do “sistema” ou daquilo que QAnon chama de Deep State  (Estado profundo). A cabala seria liderada pelos comunistas, pela ONU e pelos democratas americanos, claro. Segundo QAnon, os massacres em escolas americanas seriam fake news inventadas pela cabala com o objetivo de acabar com o direito à posse e ao porte de armas de fogo. Quem tiver interesse nessa loucura pode conferir uma série documental na HBO, chamada “Q: Into The Storm”.

As pessoas que mergulharam na narrativa QAnon se perderam. Muitas, talvez, para sempre. Para todos os efeitos, é como se elas tivessem entrado na toca do coelho criada por Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas. Com a diferença de que Alice nunca abdicou de pensar e que, por isso, procurou o caminho de volta ao mundo, cansada das irracionalidades do “País das Maravilhas”.

No Brasil, estamos presenciando um fenômeno semelhante. Alimentados por narrativas cada vez mais descompromissadas com a realidade, há centenas de milhares de bolsonaristas radicais para quem o mundo é uma grande armadilha, em que poderosos interesses econômicos, alinhados com a “imprensa comunista”, com os políticos e o STF, impedem que o presidente governe. Para eles, a pandemia é um exagero, o coronavírus é uma estratégia da China para dominar o mundo, o aquecimento global é uma invenção da esquerda, as eleições em urna eletrônica – as mesmas que registram as eleições de Bolsonaro e de seus filhos há décadas – são fraudulentas; a ditadura militar não existiu, nem houve tortura, estupro de presas políticas, desaparecimento de cadáveres nos “anos de chumbo”. Para esses radicais, vacinas são um perigo e armas de fogo salvam vidas; a Amazônia não está em risco, racismo é “mimimi” e bandido bom é bandido do Centrão.

A partir desse lugar mágico em que confortam suas certezas, o núcleo mais duro do bolsonarismo se radicaliza crescentemente, inspirado por discursos fascistas disseminados pelas redes sociais, por aplicativos e nos “chans” (fóruns anônimos) na deep web, que estimulam a disseminação do ódio.

Uma das questões a resolver é: como desradicalizar pessoas? Temos algumas experiências internacionais, como o programa Exit Deutschland, liderado por Ingo Hasselbach, na Alemanha, inspirado em um programa sueco semelhante de desnazificação, além de metodologias que auxiliam pessoas envolvidas com violência política a deixarem suas organizações, como aquela proposta pela pesquisadora portuguesa Raquel da Silva, da Universidade de Birmingham (UK). O tema merece o estudo e, pela quantidade de pessoas que caíram “na toca do coelho”, teremos muito trabalho no Brasil.

PS – Agradeço à Sofia Rolim, minha filha, que me chamou atenção para a importância desse tema e me indicou a entrevista com o sobrevivente de Parkland.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

De volta ao tema extremamente chato das teorias conspiratórias sobre o tal de globalismo - Paulo Roberto de Almeida

 De volta ao tema extremamente chato das teorias conspiratórias sobre o tal de globalismo, que certos alucinados estão seguros de sua realidade (possuem até nomes e endereços)

Paulo Roberto de Almeida

Idiotas conspiratórios não se conformam que a gente desmonte suas crendices estapafúrdias: assim foi com o Rasputin da Virgínia, que não se conteve que eu tenha desmentido suas bobagens numa live, e também foi assim com o chanceler antiglobalista; mandou me exonerar depois que eu me referi às olavices debiloides. Não suportou que eu tivesse falado assim de seu guru, patrono e guia espiritual.

Os dois me odeiam. 

Ufa! Ainda bem! 

Os descerebrados que os seguem vivem excitados comigo: usam os mesmos expletivos do guru esquizofrênico achando que me intimidam!

Eu me divirto com todos eles: sempre constatando como podem existir os adeptos da servidão voluntária.

Que ignorantes possam defender a tal teoria conspiratória do globalismo é compreensível, até aceitável. Afinal de contas, idiotas do criacionismo, da terra plana existem em todas as sociedades.

Agora, que um diplomata seja, não só antimultilateralista, mas sobretudo antiglobalista, aí já é mais grave: é uma deformação conceitual que se aproxima da debilidade mental.

Como sempre, assino embaixo do que afirmo.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11/01/2021

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O caso do chanceler acidental deixa de ser ideológico para ser psiquiátrico - Alvaro Faria (Jovem Pan)

Fantasma do ‘grande recomeço’ atormenta o ministro Ernesto Araújo

Ministro das Relações Exteriores citou a teoria da conspiração do ‘great reset’ para falar sobre sua participação numa conferência da ONU sobre o coronavírus

Alvaro Alves de Faria

Jovem Pan | 8/12/2020, 11h25

Um fantasma tem atormentado o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo. Segue o ministro em todo lugar. E não adianta se esconder. O fantasma está sempre presente. Ao olhar-se no espelho, o ministro vê o fantasma misturado à sua imagem. Alguém tem de dar um jeito nisso. O fantasma apresentou-se ao ministro com o nome em inglês Great Reset, a teoria da conspiração, o grande recomeço ou ‘zeragem’. Neste final de semana, o ministro Ernesto Araújo evocou a teoria da conspiração em sites de extrema-direita, para explicar sua participação numa conferência da ONU sobre o coronavírus. Convém lembrar a quanto andamos com nossas cabeças doentes. Desgraça pouca é bobagem. Loucura também. Alguém tem de tirar da cabeça do ministro que o vírus não é uma conspiração. Não é possível que o mundo inteiro esteja errado e só ele e alguns outros heróis do grande manicômio falem sobre o assunto. O ministro brasileiro citou “o grande recomeço”, teoria que afirma que a pandemia é resultado de um complô das elites mundiais e que o objetivo seria o controle econômico e social das populações. O assunto começou a ser discutido quando o Príncipe Charles e Klaus Schwab, presidente do Fórum Econômico Mundial, anunciaram que tinham planos de convidar os líderes mundiais para discutir as alterações climáticas e a reconstrução das economias destruídas pela pandemia. A reunião foi chamada de “Grande Recomeço”. E aí começaram os rumores. E nasceu o fantasma do ministro brasileiro.

Nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores escreveu assim: “A pandemia não pode ser pretexto para o controle social totalitário violando, inclusive, os princípios das Nações Unidas. As liberdades fundamentais não podem ser vítimas da Covid. Liberdade não é ideologia. Nada de Great Reset”. A expressão foi utilizada muitas vezes no Forum Econômico Mundial como A Nova Ordem que será iniciada em 2021. Klaus Schwab adiantou que a questão será discutida no segundo semestre de 2021 em Davos, na Suíça. Klaus deixou muita gente com o cabelo em pé quando afirmou que todos os países do mundo, dos Estados Unidos à China, devem participar e todos os setores, bem como a tecnologia do petróleo e do gás, devem ser transformados. Em suma, de acordo com Klaus Schwab, é preciso fazer o “Grande Reinício” do capitalismo. Disse, também, que pandemia representa uma rara janela para refletir, reimaginar e ‘resetar’ o mundo. O ministro das Relações Exteriores do Brasil levou isso a sério. O governo também. Não tiram isso da cabeça. Daí em diante, o fantasma começou a aparecer em todo lugar. O ministro das Relações Exteriores passou a ter visões inimagináveis com o fantasma sempre à espreita.

Então estão todos avisados. A ação conspiratória começará no ano que vem. O ministro Ernesto Araújo usou a rede social para falar sobre o assunto, mas não citou a expressão nenhuma vez. Talvez por temor. O fantasma assusta. Também não o fez na Conferência da ONU, que contou com a presença de mais de 90 países e primeiros-ministros do mundo. Para o ministro, aqueles que odeiam a liberdade usam de todos os meios ilícitos para cercear a própria liberdade e se beneficiar nas grandes crises. Ernesto Araújo adianta que “não podemos cair nessa armadilha”. Diz que teremos de fazer de tudo para que a democracia não seja a grande vítima da Covid-19. Os rumores atormentam muita gente, dizendo que um grupo de elite manipularia a economia e a sociedade mundiais, atuando para exterminar as liberdades individuais e instaurar um regime totalitário em todo o mundo.

O presidente Jair Bolsonaro preferiu não participar da conferência em Nova York. Não se sabe exatamente o que Bolsonaro pensa sobre esse fantasma que atormenta o ministro das Relações Exteriores o tempo todo. O ministro tem a certeza de que, por exemplo, essa história de coronavírus chinês é tudo mentira. Trata-se apenas de uma armadilha. Certamente, nem os mais de 1,5 milhão de mortos no mundo pelo vírus existem, muito menos os mais de 175 mil brasileiros mortos pelo vírus. Não existe nada disso. Tudo se resume, digamos, num golpe mundial contra a liberdade e a democracia. E a Covid-19 teria se originado num projeto secreto das elites corruptas, lideradas por uma organização mundial para tomar conta de tudo. O fantasma está deixando o ministro Ernesto Araújo paranoico. Não falem em Great Reset perto dele. Sua reação será inesperada, poderá ser uma explosão de angústia ou ele vai começar a chorar as pitangas. Diante disso tudo, o melhor é mudar totalmente a maneira de viver e de pensar. A começar pelo mundo. O planeta Terra não é redondo, como dizem os estudiosos do universo. Estão todos enganados. O mundo é plano. E ponto final.

https://jovempan.com.br/opiniao-jovem-pan/comentaristas/alvaro-alves-de-faria/fantasma-do-grande-recomeco-tem-atormentado-o-ministro-ernesto-araujo.html 

sábado, 5 de dezembro de 2020

O chanceler acidental e as teorias conspiratórias (Deutsche Welle)

 Acredito, realmente, que o chanceler acidental acredita, realmente, na realidade real de uma conspiração de elites não muito bem identificadas — mas uma delas está ligada a Klaus Schwab, do Foro Econômico Mundial — que acreditam realmente na necessidade de um Grande Recomeço (Great Reset), que nada mais seria do que uma maneira dessas elites totalitárias, a pretexto de salvaguardar vidas, subtrairem nossas liberdades, ademais da soberania nacional, uma vez que elas são globalistas e querem impor uma dominação mundial. 

Acredito, realmente, que o chanceler acidental acredita realmente em tudo isso, do contrário não ousaria expor o Brasil ao ridículo de invocar teorias conspiratórias numa reunião multilateral — “oh my God, quando escaparemos disso?” —, como realmente aconteceu, e se encontra descrito nesta matéria da Deutsche Welle, que expressa realmente a realidade. 

Agora que o grande salvador do Ocidente está saindo, quem mais poderá nos salvar dessa ameaça das elites totalitárias?

Paulo Roberto de Almeida

Link para a matéria da Deutsche Welle:

https://m.dw.com/pt-br/ministro-ara%C3%BAjo-evoca-teoria-de-conspira%C3%A7%C3%A3o-sobre-covid/a-55832656?maca=bra-GK_RSS_Chatbot_Brasil-31509-xml-media 

Ministro Araújo evoca teoria de conspiração sobre covid

Deutsche Welle, 5/12/2020
Após discursar em conferência da ONU sobre a pandemia, ministro brasileiro das Relações Exteriores tuíta sobre um "Great Reset", suposto projeto secreto de elites para impor controle econômico e social às massas.

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, mencionou nesta sexta-feira (04/12), num tuíte, a teoria de conspiração do "Great Reset" (grande recomeço ou zeragem), sobre a origem da covid-19, após participar de uma conferência da Organização das Nações Unidas. 

"A pandemia não pode ser pretexto p/ controle social totalitário violando inclusive os princípios das Nações Unidas. As liberdades fundamentais não podem ser vítima da Covid. Liberdade não é ideologia. Nada de Great Reset", escreveu na rede social Twitter, acrescentando o link para um vídeo da "minha fala em sessão ONU s/ Covid".


A pandemia não pode ser pretexto p/ controle social totalitário violando inclusive os princípios das Nações Unidas. As liberdades fundamentais não podem ser vítima da Covid. Liberdade não é ideologia. Nada de Great Reset. Minha fala em sessão ONU s/ Covid: youtu.be/nikOlQVm6vc

Na véspera, Araújo participara de uma conferência extraordinária das Nações Unidas sobre a pandemia do vírus Sars-Cov-2. O encontro, visando alcançar um compromisso global face à pandemia, contou com a participação de mais de 90 chefes de Estado e governo.

Mito do "grande recomeço"

Popular em plataformas de extrema-direita, a "grande zeragem" é uma teoria da conspiração segundo a qual a pandemia da covid-19 teria se originado num projeto secreto de elites corruptas, com o fim de impor seu controle econômico e social às massas.

Em maio, a teoria tomou impulso após o fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, anunciar a intenção de reunir líderes mundiais, num encontro denominado "Great Reset", para discutir as mudanças climáticas e a reconstrução sustentável de economias prejudicadas pela pandemia. Isso deu margem a rumores sobre elites que manipulariam a economia e a sociedade mundiais.

Apesar de não citar diretamente o termo em seu discurso na ONU, o chanceler do Brasil falou de "uma armadilha" para suprimir liberdades durante a atual pandemia. Há mais de 66 milhões de casos confirmados de covid-19, em todo o mundo, resultando em 1,5 milhão de óbitos, segundo dados mais recentes da Universidade Johns Hopkins.

"Aqueles que não gostam da liberdade sempre tentam se beneficiar dos momentos de crise para pregar o cerceamento da liberdade. Não caiamos nessa armadilha. O controle social totalitário não é o remédio para nenhuma crise. Não façamos da democracia e da liberdade mais uma vítima da covid-19", afirmou na ONU, sem especificar a quem se referia, o diplomata, indicado por Bolsonaro e também admirador de Donald Trump.

Conspiração à moda brasileira

"A covid-19 não pode servir como pretexto para avançar agendas que extrapolam a estrutura constitucional das Nações Unidas", insistiu Ernesto Araújo, comentando a situação da pandemia no Brasi. Com mais de 6,5 milhões de casos e quase 176 mil vítimas, o país apresenta a segunda maior mortalidade de covid-19, depois dos Estados Unidos.

Entre os que advogam o "Great Reset" conta o QAnon, um movimento surgido nos Estados Unidos em 2017, combinando várias teorias da conspiração, e que já ganhou uma versão brasileira a qual se tem espalhado rapidamente entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

O movimento nasceu em fóruns na internet da extrema direita americana, onde um anônimo (QAnon) passou a alegar que possuía informações secretas de agências de segurança sobre um grupo liderado por uma elite corrupta de pedófilos satanistas, os quais sequestrariam e sacrificariam crianças.

No Brasil, o QAnon adaptou-se à narrativa conspiratória local. Alegando defender valores cristãos e conservadores, seus disseminadores usam as redes sociais para espalhar falsidades contra críticos ao governo bolsonarista.

AV/lusa,ots


segunda-feira, 20 de julho de 2020

Manual das teorias conspiratórias: leituras dos tempos que correm

Confesso que eu me interesso por tudo, ou quase tudo. Prefiro, claro, coisas sérias, não besteirol. Mas tem um tipo de besteirol que, em função da esquizofrenia do governo atual, faz parte do nosso dia a dia. Infelizmente, temos, até por obrigação intelectual, de interromper estudos mais consistentes para se ocupar das loucuras do governo atual, PRINCIPALMENTE na política externa.
Esse é o besteirol antiglobalista que inundou a política externa e contaminou a diplomacia, não a profissional, do Itamaraty tradicional, mas a do bando de loucos que atualmente pretende imprimir sua louca direção às relações exteriores do Brasil. 
Esses caras nos desviam de coisas mais importantes, para enfrentar a degradação operacional, as mistificações subintelequituais, as fraudes teóricas, as mentiras doutrinais, enfim, a indigência mental desses caras que pretendem guiar a política externa.
A Funag se tornou o poço sem fundo do rebotalho olavista e bolsonarista e promove, toda semana, exposições com os indivíduos mais medíocres que jamais tenham falado para diplomatas, que possuem certamente um nível intelectual muito superior às bobagens que eles tentam imprimir ao corpo profissional do Itamaraty.
Nesta terça-feira, 21/07/2020, tem mais um desses debiloides olavistas que vem tentar explicar porque os diplomatas de hoje precisam se preocupar com o globalismo e com o comunismo. Eu fico registrando o besteirol, para escrever livros.
E também vou me informar com gente séria, como os autores deste manual recém publicado.
Ou quem quiser coisa ainda mais séria, vejam este RoundTable Book discussion sobre o pensamento de Raymond Aron que acabo de postar na postagem imediatamente antecedente a este: Raymond Aron and Liberal Thought in the Twentieth Century - H-Diplo Roundtable XXI-54
Paulo Roberto de Almeida



Research outputBook/Report › Book

Abstract

Taking a global and interdisciplinary approach, the Routledge Handbook of Conspiracy Theories provides a comprehensive overview of conspiracy theories as an important social, cultural and political phenomenon in contemporary life.

This handbook provides the most complete analysis of the phenomenon to date. It analyses conspiracy theories from a variety of perspectives, using both qualitative and quantitative methods. It maps out the key debates, and includes chapters on the historical origins of conspiracy theories, as well as their political significance in a broad range of countries and regions. Other chapters consider the psychology and the sociology of conspiracy beliefs, in addition to their changing cultural forms, functions and modes of transmission. This handbook examines where conspiracy theories come from, who believes in them and what their consequences are.

This book presents an important resource for students and scholars from a range of disciplines interested in the societal and political impact of conspiracy theories, including Area Studies, Anthropology, History, Media and Cultural Studies, Political Science, Psychology and Sociology.

Bibliographical metadata

Original languageEnglish
Place of PublicationLondon
PublisherRoutledge
Number of pages680
Edition1st
ISBN (Electronic)9780429452734
ISBN (Print)9780815361749
Publication statusPublished - Feb 2020

Publication series

NameConspiracy theories
PublisherRoutledge

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