O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Humanidade e suas Fronteiras- livro de Eduardo Matias (Resenha PRA)

Um leitor me escreve para dizer que não encontrou a resenha que fiz do livro abaixo. Deveria estar no site do Observatório da Imprensa, mas provavelmente já não está mais disponível.
Como se trata de livro importante, transcrevo aqui esta resenha.
Paulo Roberto de Almeida

Fronteiras da sociedade global
Resenha de Eduardo Felipe P. Matias:
A Humanidade e suas Fronteiras: do Estado soberano à sociedade global
(São Paulo: Paz e Terra, 2005, 556 p; ISBN: 85-219-0763-X).
Publicada em formato digital no site do Observatório da Imprensa (ano 11, nº 421; 20/02/2007; ISSN: 1519-7670).
Relação de Trabalhos n. 1724; Publicados n. 751.

Fronteiras da sociedade global

Eduardo Felipe P. Matias
A Humanidade e suas Fronteiras: do Estado soberano à sociedade global
(São Paulo: Paz e Terra, 2005, 556 p; ISBN: 85-219-0763-X)

Este livro é uma tese, aprovada, aliás, com distinção numa banca da USP. O livro também contém várias teses, sendo a mais importante a que figura no seu subtítulo, ou seja, que estamos saindo do paradigma do Estado soberano para o da sociedade global. Pode-se admirar o livro, sua estrutura ideal enquanto tese acadêmica, sua perfeita cobertura dos mais importantes temas e problemas do direito internacional contemporâneo, mas cabe uma ou duas ressalvas quanto ao novo paradigma proposto pelo autor.
A primeira ressalva seria de ordem propriamente conceitual. No sentido mais corriqueiro da palavra, o termo paradigma refere-se a um padrão ou modelo de algo, tangível ou intangível, mas sempre definido de modo explícito. No que se refere ao modelo proposto neste livro, não se sabe bem a qual tipo específico de nova configuração civilizacional corresponderia à “sociedade global”, uma vez que seus atributos restam indefinidos. Pode-se dizer, paradoxalmente, que ela não tem fronteiras, ou então que suas fronteiras ainda são, justamente, as dos Estados nacionais. No sentido mais filosófico, ou “kuhniano”, da expressão, trata-se de um conjunto de crenças ou “teorias”, aceitas como verdadeiras, até serem desbancadas por algum outro conjunto superior de explicações racionais que, a partir de certo momento – usualmente definido como “revolução científica” –, passam a ser consideradas como a nova verdade estabelecida. Em nenhum desses dois sentidos, porém, o novo paradigma da sociedade global proposto por Matias parece já ter sido estabelecido e reconhecido no âmbito acadêmico.
Mas, há igualmente um enorme problema de ordem prática: se eu quiser falar com a tal de sociedade global, telefono para quem? Para falar com chefes de Estado ou com o secretário-geral da ONU , sei que posso encontrar os números em diretórios, mas o telefone do novo paradigma ainda é desconhecido, na verdade inexistente. Ou seja, ela não possui institucionalidade. Ao que tudo indica, continuará a ser assim no futuro previsível, por mais que a globalização empurre as “coisas” na direção desse novo paradigma. Os Estados nacionais continuarão a dar as cartas no jogo global, ainda que as regras de conduta e o substrato mesmo dos intercâmbios internacionais deixem a esfera do bilateralismo e se projetem, cada vez mais, nos planos multilateral e global.
Independentemente, porém, destas ressalvas feitas à “tese” principal de Matias, pode-se considerar que a “sociedade global” constitui, de fato, um bom arquétipo, ou modelo, de como foram e são importantes as transformações nos sistemas econômico e político internacional, desde o final da contestação “alternativa” – socialista ou outra – ao moderno regime democrático de mercado, para a conformação da nova ordem internacional, cujos contornos ainda não estão precisamente definidos. Esta tese acadêmica apresenta um pouco da nova arquitetura naquilo que constitui a especialidade do autor: o direito internacional e os mecanismos de regulação e de cooperação existentes no mundo contemporâneo. Desse ponto de vista, ele representa uma das melhores tentativas de síntese, já conhecidas na comunidade acadêmica brasileira, para apreender o que há de especificamente novo no cenário internacional com incidência sobre o campo do direito e das organizações internacionais.
A estrutura quadripartite da tese, presumivelmente mantida no livro, é relativamente simples: uma parte introdutória trata do Estado soberano, isto é, das fronteiras tradicionais que dividem, desde Westfália, os Estados-nacionais reconhecidos como tal, e reciprocamente, desde o século XVII. A primeira parte se ocupa da globalização em geral, na qual o subtítulo explicita seu objeto: “o papel da globalização e da revolução tecnológica na alteração do modelo do Estado soberano e na ascensão do modelo da sociedade global”. A segunda parte, “globalização jurídica”, se ocupa especificamente – e talvez repetitivamente – do papel da globalização jurídica e das organizações internacionais “na alteração do modelo do Estado soberano e na ascensão do modelo da sociedade global”. A parte final chega à “sociedade global”, definida como as novas fronteiras da humanidade. Uma conclusão de apenas três páginas e a bibliografia se estendendo por mais de trinta páginas completam este imponente volume de doze capítulos bem escritos e abundantes remissões bibliográficas.
Os estudiosos da história do direito encontrarão, no primeiro capítulo, um resumo de como os teóricos da política – Maquiavel, por exemplo – e da ciência jurídica – Grotius, Bodin, entre outros – trataram da emergência e da afirmação do Estado soberano a partir do Renascimento. O segundo capítulo aprofunda a construção do modelo de Estado soberano, seus significados (poder e supremacia, por exemplo), assim como as distinções entre soberania de direito e de fato. Seguem-se as duas partes centrais, com quatro capítulos cada uma, descrevendo e discutindo as forças principais da globalização contemporânea, a revolução tecnológica e o papel das empresas transnacionais, incluindo aqui os operadores financeiros. O interessante a observar em relação ao tratamento dado pelo autor a esse fenômeno tão suscetível de receber abordagens dicotômicas é que ele integra de modo satisfatório análises de autores notoriamente contrários à globalização com trabalhos de estudiosos bem mais favoráveis a esse processo.
Na parte da globalização jurídica – segunda parte da tese –, o foco do autor é posto na regulamentação internacional e no fortalecimento das organizações internacionais de cooperação e de integração. Ele constata, por exemplo, como as entidades mais notoriamente vinculadas a esses processos, a OMC, o FMI e o Banco Mundial, ao mesmo tempo em que preservam certos atributos da tradicional soberania dos Estados, acabam por minar as bases do poder e do arbítrio alocado exclusivamente às políticas de base nacional. Paradoxalmente, isto ocorre com o próprio consentimento dos Estados. De fato, como confirma o autor, permanecer à margem ou retirar-se dessas instâncias de regulação trans- ou supranacional representaria custos enormes, que poucos Estados estariam dispostos a pagar, uma vez que os benefícios advindos da regulação internacional são patentes e visíveis, no comércio e nas transações financeiras.
A parte final contém o que o autor chama de “novo paradigma”, isto é, o estabelecimento de um “novo contrato social” e de uma “nova soberania”. Os mecanismos para a criação dessas novas realidades são a cooperação e a interdependência entre os Estados, o que acaba resultando num novo tipo de contrato. Uma nova lex mercatoria, por exemplo, se impõe, por via do método arbitral, à margem e fora do alcance do poder dos Estados. No tratamento da questão da supranacionalidade, implícita em alguns modelos de integração, o autor acaba mencionando a Comunidade Andina, onde esse atributo, previsto originalmente nos tratados constitutivos, foi totalmente teórico e na prática inexistente. De todo modo, as bases do novo pacto estão postas, e elas corroem os fundamentos da soberania westfaliana.
Os motivos que levam os Estados a diluírem a sua própria soberania nas novas formas de organização inter- ou supra-estatais não derivam tanto da harmonia que existiria entre eles, como da necessidade de superar as fontes de conflito, substituindo-o pela cooperação. O cenário hoje se aproxima de uma soberania compartilhada, ou de uma “governança sem governo”, e o próprio direito deixa de ser, nas palavras de Celso Lafer, um “direito internacional de coexistência” – baseado em normas de mútua abstenção – para tornar-se um “direito internacional de cooperação”, com a missão de promover interesses comuns. Quais seriam, então, os elementos que compõem o novo paradigma da “sociedade global”, segundo o autor deste livro?
Entre eles se situam a sociedade civil organizada, composta pelas ONGs, e os fenômenos de natureza trans- ou supranacional já analisados no livro: as empresas multinacionais e os esquemas de integração econômica e política. Esses atores integram os novos regimes criados para regular a cooperação entre os atores tradicionais, os Estados soberanos (ma non troppo, poder-se-ia dizer). Como diz o autor, o novo sistema de governança global possui aspectos internacionais, transnacionais e supranacionais. Porém, a diluição da soberania estatal trazida pela globalização econômica interessa sobremodo às empresas transnacionais, em especial as do setor financeiro.
Dois problemas permanecem para a nova “sociedade global”: ela não dispõe de um poder judiciário – já que a corte da Haia só trabalha sob convocação e aprovação dos Estados – e ela não dispõe de um poder militar, ou policial, próprio, uma vez que a ONU nunca foi dotada, pelos Estados membros – a fortiori os cinco grandes do seu Conselho de Segurança – de forças armadas atuando sob um comando unificado a seu serviço (sem mencionar o poder de veto, que é atribuição individual de cada um dos cinco permanentes). Um terceiro problema seria a dimensão do desenvolvimento, uma vez que a pobreza e a desigualdade continuam a caracterizar boa parte da humanidade. Paz, segurança, justiça e desenvolvimento parecem ser, de fato, os obstáculos atuais à plena consecução da sociedade global almejada pelo idealismo jurídico. Não é certo que esses aspectos venham a ser resolvidos no plano global, pela “comunidade internacional”, como pretendem alguns; o mais provável é que eles ainda dependam, basicamente, da atuação dos Estados soberanos para sua resolução.
O autor acredita que “somente no momento em que os indivíduos de cada nação viessem a compartilhar um amplo conjunto de valores e interesses seria possível esperar que os conflitos hoje provocados pela divisão do mundo em Estados pudessem deixar de existir” e que o direito tem um papel fundamental nesse processo de confluência de valores (p. 515). Examinando-se o estado atual do mundo e a “educação” das massas, tal perspectiva aparece como sumamente idealista. Mas, ele também reconhece que a soberania pode ser uma das últimas salvaguardas para Estados fracos ou vulneráveis. Os princípios legitimadores da nova “sociedade global” deveriam ser os da democracia e das liberdades individuais, algo ainda distante do modo de vida de milhões de indivíduos na face da terra.
Em sua conclusão, o autor frisa bem que a sociedade global não é uma sociedade sem Estados ou sem fronteiras. Ele também acredita que a riqueza global esteja se concentrando e que a humanidade se torna cada vez mais desigual, daí sua afirmação segundo a qual o “bom combate é aquele em favor da justiça social na sociedade global” (p. 523). Essas “realidades”, no entanto, vêm sendo desmentidas por estudos empíricos solidamente embasados em dados sobre a distribuição de renda na dimensão individual (como por exemplo em diversos trabalhos de Xavier Sala-i-Martin). O autor diz lutar para que as “políticas adotadas por essas instituições [que assumem parte da antiga soberania estatal] sejam não apenas justas, mas socialmente justas, para que a parte do planeta que pouco ou nada tem seja resgatada por aqueles que conseguiram alcançar grau maior de desenvolvimento -- seja por seu mérito próprio, seja por uma história desigual” (p. 523). Essa “nova utopia”, encarregada de efetuar a redução da exclusão social em escala global, estaria baseada na “idéia de fraternidade”.
Pode até ser que o autor tenha razão, mas o que a história e a experiência da cooperação internacional nos ensinam, justamente, é que depois de mais de meio século de ajuda oficial ao desenvolvimento, em especial aquele dirigido à África, o “resgate” pela assistência e pela ajuda financeira não foram e não são suficientes para retirar essas massas da miséria mais abjeta ou da simples pobreza. Apenas o crescimento econômico, em bases propriamente nacionais, tem sido capaz de fazê-lo, como ensinam os casos recentes da China e da Índia. Que a África e, em certa medida, a América Latina não tenham sido capazes de superar os aspectos mais pungentes da pobreza e da desigualdade não deve ser visto como um fracasso da globalização ou das políticas econômicas ditas “neoliberais”, como pretendem aqueles que militam na antiglobalização. O fato é que esses continentes ainda estão muito longa da “sociedade global” proclamada pelo autor. Isso por decisão própria, por insistirem nas chamadas “políticas soberanas” de desenvolvimento – ou no caso da África, por corrupção mesmo, que se traduz no fenômeno da falência dos Estados – não porque o capitalismo global tenha pretendido excluir esses continentes de suas redes e fluxos integradores.
Em outros termos, a construção da “sociedade global”, a tese principal defendida neste livro, parece ser, ainda, uma obra essencialmente dependente da vontade dos Estados nacionais, vale dizer da capacidade de ação de seus dirigentes, nem todos estadistas, para dizer o mínimo. Isto, obviamente, em nada diminui o interesse desta tese de doutorado para o avanço dos estudos de direito internacional no Brasil. Que sua tese principal seja aprofundada e debatida…

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1724: 11 fevereiro 2007.

Seguindo o itinerario do Estado americano no ultimo seculo - Ron Johnson (senador americano)

Uma visão geral de como o Estado avançou sobre as vidas de todos e cada um. Inevitável, de certa maneira.
Paulo Roberto de Almeida

Back to the Future
By RON JOHNSON
The Wall Street Journal, April 13, 2011

In his first floor speech, Senator Ron Johnson reviews more than a century of bigger government.

Thank you Mr. President. It is my honor to represent the good people of Wisconsin in the United States Senate. It is an awesome responsibility - a responsibility I take very seriously.

Today, it is my distinct privilege to address this historic body for the first time. It is a moment in time when our nation is in peril. Not only do we continue to face the very real threat of international terrorism, but we also face a threat of our own making - one that challenges the very foundation of this republic.

Our nation was founded on the basis of God-given rights and individual liberty. The genius of our Founding Fathers' vision was rooted in their recognition that more often than not, government was something to fear. Government necessarily limited individual freedom, and therefore, government itself must be limited; its potential for growth, highly constrained.

During America's first century, this vision was largely upheld. The last century, however, has been an entirely different story.

In 1902, the federal government spent 2% of the nation's gross domestic product. State and local governments spent 5%. Government was close to the governed. The size, scope, and cost of the federal government was constrained by the Constitution's enumerated powers. The individual was preeminent, and government's role was modest and pedestrian.

This body played a key role in limiting federal government expansion. Debate in the Senate was unlimited. The cloture vote did not exist. As George Washington had said, the Senate really was the saucer that cooled the tea.

All that changed in the 20th century's second decade. The Senate adopted the cloture vote, and America adopted the 16th Amendment. The federal government now had the power to tax income, and the Senate had made it easier for government to grow. And guess what, government grew.

It grew in reaction to real problems. Trusts had been formed that concentrated power and created monopolies that threatened free-markets. Capital did exert too much power over labor. Balance was needed.

And as our nation's prosperity grew, the elimination of poverty and retirement insecurity became a public responsibility. Private charity was simply deemed not up to the task.

So government acted and government grew. From 2% in 1902 to today, where the federal government spends 25% of our nation's economy, and combined, all levels of government in the U.S. now consume 39%. By comparison, the size of government in Norway is 40%; in Greece, 47%; and in France, 53%. In the end, I don't believe Americans want to be like France or Greece. We haven't reached that tipping point yet, but we are extremely close.

There is a reason America holds 5% of the world's population, and yet accounts for 24% of the world's GDP. It is because of freedom, the free market system, and the American people.

America became a land of unlimited opportunity because we were a nation of self-reliant people. Hard work was valued, personal responsibility expected, and success was celebrated, not demonized. I grew up in that America.

I am sad to say, what I have witnessed during my lifetime, is a slow but steady drift, and I would argue over the last two years, a lurch, toward a culture of entitlement and dependency. This is not an America I recognize. It is not an America that will work.

Even worse, we have granted entitlements and encouraged dependency with little thought as to how we would pay for it. We have racked up enormous debt, and now the bill is coming due.

Time is running out. Last week, the government almost shut down because we were arguing over a few billion dollars. But our debt and deficits are measured in the trillions. Our problem is a thousand times larger than the current debate.

Most of us recognize this is simply unsustainable. Most of us know what programs need to be reformed. And most of us want to fix the problem. So let's start addressing these issues now, before it is too late.

These are enormous problems, and it is easy to be pessimistic. But there is reason to be hopeful.

I've done a fair amount of traveling throughout Wisconsin over the last year, speaking to all kinds of people: Republicans, Democrats, union members and Tea Party folks. I talked about America. About how incredibly precious and exceptional it is, and how I fear we may be losing it.

What I will never forget is how many people came up to me after my speeches with tears in their eyes, or tears rolling down their cheeks. Not because I'm a great public speaker, but because people love this country. Their political affiliation makes absolutely no difference. Americans want this nation preserved, and they are counting on us to do just that. The good news is that they will support us, if we make the hard choices together.

So together, let's roll up our sleeves, and do what needs to be done.

Mr. President, I yield the floor."

Mitos e fatos sobre o declinio do poder americano - Charles Wolf Jr. (Wall Street Journal)

Números, como sempre, são apenas uma parte da realidade.
Paulo Roberto de Almeida

OPINION
The Facts About American 'Decline'
By CHARLES WOLF JR.
The Wall Street Journal, April 13, 2011

In absolute terms, the U.S. increased its GDP, population and military spending from 2000 to 2010. In relative terms, the story is not always as good, especially in GDP.
Between the inclines and declines are other data to be considered.

It's fashionable among academics and pundits to proclaim that the U.S. is in decline and no longer No. 1 in the world. The declinists say they are realists. In fact, their alarm is unrealistic.

Early declinists like Yale historian Paul Kennedy focused in the 1980s on the allegedly debilitating effects of America's "imperial overstretch." More recently, historians Niall Ferguson and Martin Jacques focus on the weakening of the economy. Among pundits, Paul Krugman and Michael Kinsley on the left and Mark Helprin on the right sound the alarm.

The debate involves issues of absolute versus relative decline and concepts like "resilience" and "passivity." Some issues are measurable, like gross domestic product (GDP), military power and demographics. Others are not measurable or less measurable.

In absolute terms, the U.S. enjoyed an incline this past decade. Between 2000 and 2010, U.S. GDP increased 21% in constant dollars, despite the shattering setbacks of the Great Recession in 2008-09 and the bursting of the dot-com bubble in 2001. In 2010, U.S. military spending ($697 billion) was 55% higher than in 2000. And in 2010, the U.S. population was 310 million, an increase of 10% since 2000.

The notion that demography is destiny may be a stretch, but demographics are important when, as in the U.S., population increase—due to higher birth and immigration rates than other developed countries—cushions the impact of an aging population.

But there were also some important declines relative to the rest of the world. In 2000, U.S. GDP was 61% of the combined GDPs of the other G-20 countries. By 2010, that number dropped to 42%. In 2000, U.S. GDP was slightly more than eight times that of China, but it fell to slightly less than three times in 2010. Japan is a contrasting case: U.S. GDP was twice as large as Japan's in 2000 but 2.6 times as large in 2010, before the tsunami and nuclear disasters of 2011.

In absolute terms, the U.S. increased its GDP, population and military spending from 2000 to 2010. In relative terms, the story is not always as good, especially in GDP.

U.S. military spending inclined substantially to more than twice that spent by all non-U.S. NATO members in 2010 from 1.7 times in 2000; to 17 times Russian spending in 2010 from six times in 2000; and to nine times Chinese spending in 2010 from seven times in 2000.

Demographically, the U.S. population in 2000 (282 million) was 4.6% of the global population; by 2010, the U.S. population (310 million) had risen to 4.9% of the global figure. The U.S. population was 59% as large as that of the 15-member European Union in 2000; that figure increased to 78% by 2010 (counting only 2000's 15 members) and 62% if we count the 12 new EU members added between 2004 and 2007.

The U.S. population grew by 10% more than that of Japan and 13% more than that of Russia between 2000 and 2010. Relative to the huge populations of China and India (1.3 billion and 1.2 billion, respectively), the U.S. population during the past decade increased slightly (0.16%) compared to China and decreased by a similar margin compared to India.

What matters more than absolute numbers is the population's composition of prime working-age people versus dependents. Compared to most developed economies and China, the U.S. demographic composition is relatively favorable.

So what do all these numbers tell us about decline or incline?

Despite the Great Recession, the three crude indicators—GDP, military spending and population growth—show that the U.S. inclined in absolute terms.

But in relative terms, the picture is more complicated. Although U.S. GDP grew substantially in real terms during the decade, relative to the G-20 countries as a group U.S. GDP declined by 19%. Relative to China, the U.S. decline was even larger.

As noted, military spending by the U.S. increased across the board relative to NATO, China and Russia. Whether this suggests the U.S. is allocating too much, or other countries too little, is not evident from numbers alone. And numbers also don't indicate whether high military outlays have a positive or negative effect on economic growth.

As for demography, there was a small U.S. increase relative to global population, a moderate increase relative to the EU, large increases relative to Japan and Russia, and slight and opposite changes relative to China and India.

And there you have it: Some numbers show inclines, some show declines and some numbers are mixed. What the numbers omit is as significant as what they convey. Omissions include the societal and systemic factors that stimulate or impede creativity, innovation, entrepreneurship and new ventures.

Numbers also ignore the effects of culture, property rights, law and political freedom in the near and long terms. Nor do the numbers foretell how China's so-called "Red Capitalism" will fare in long-term competition with the multi-hued U.S. prototype. As for comparing and forecasting the resilience of countries and regions, the numbers ignore more than they convey.

The overall picture is far more complex than the simple one portrayed by declinists. The real world is complicated, so a portrait in one dimension distorts rather than reflects reality.

Mr. Wolf holds the distinguished corporate chair in international economics at the RAND Corporation, and is a senior research fellow at Stanford University's Hoover Institution.

Ginasio Vocacional Oswaldo Aranha -- um depoimento feito, outro a prestar

Dos meus 12 aos 15 anos estudei no Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, a mais excepcional aventura educacional que tive em minha vida e que jamais existiu no Brasil.
Prestei um depoimento sobre minha experiência vivida naqueles anos de 1962 a 1965 através deste texto:

What a difference a School Makes
neste link:
http://diplomataz.blogspot.com/2010/01/31-what-difference-school-makes-meu.html

Vou proximamente prestar um outro depoimento, ao vivo, cujo roteiro será este aqui:


GT Memória & Depoimentos – GVive
Gvive – Associação de ex-alunos, ex-colaboradores e amigos do serviço de ensino vocacional

ROTEIRO PARA PROFESSORES E SUPERVISORES E TÉCNICOS

SITUAR O ENTREVISTADO NO CONTEXTO DO VOCACIONAL
O que você fazia antes do Vocacional e o que significou ingressar no Vocacional?
Perguntas exploratórias: Como foram os primeiros tempos? A adaptação? Você sentiu alguma dificuldade? Quais as lembranças positivas ou negativas que você tem desses primeiros momentos?

Você passou pelo curso de treinamento? Conte sobre essa experiência.
Perguntas exploratórias: Como você percebeu e se sentiu durante o treinamento? O que ele significou para você? Mudou alguma coisa na sua visão de educação? Você tem alguma crítica a como era desenvolvido esse treinamento?

PERCURSO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO NO VOCACIONAL
Como e qual foi seu percurso dentro do Vocacional?
Perguntas exploratórias: Como era seu trabalho? Qual o apoio técnico que você recebia? Como você, as técnicas, e o trabalho como um todo, eram avaliados? O que tudo isto mudou na sua atividade profissional? Durante seu trabalho no vocacional, você mudou para outras funções, ou para outras unidades de ensino ? Qual (ais)is? Como foi essa experiência de mudança? O que o surpreendeu no Vocacional? O que deixou a desejar? Como você compara essa vivência com a que tinha antes de ingressar no Vocacional? No que o Vocacional contribuiu para sua condição de educador?

ELAÇÕES AFETIVAS E FUNCIONAIS NA ESTRUTURA DO VOCACIONAL
Como era a relação professor/aluno? Como era o aluno do Vocacional e qual seu diferencial ao longo dos anos de estudo? E a relação professor-orientação educacional? Professor-assessoria técnica? Professor – Diretoria / Coordenação?

IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA DO VOCACIONAL
Se fosse contar para alguém, de forma sucinta, o que era o Ensino Vocacional, o que diria?
Explorar: à partir da definição, explorar os principais aspectos colocados. Como você situa essa proposta no contexto educacional da época? Como você via a possível extensão da filosofia e metodologia do Vocacional para a rede pública de ensino? Qual foi ou poderia ter sido a contribuição do Vocacional para a Educação Pública?
Que razões você vê para a extinção do Vocacional? Você vê outras razões além das diretamente políticas?

PERCURSO PÓS VOCACIONAL
Com a extinção do Vocacional, o que você foi fazer? No que foi trabalhar?
Explorar escolhas profissionais , a adaptação em outras atividades e mesmo como professor na rede pública ou privada. O que você fez depois do fim oficial do Vocacional? (Para quem permaneceu nele): Como foi essa experiência de permanecer na escola?( Para quem saiu) Como foi trabalhar em outras escolas ou com educação no comparativo com os tempos de Vocacional? ? Se continuou como professor como sentiu que era visto, percebido? Que facilidades ou dificuldades encontrou no trabalho, ao sair do vocacional? ?Sofreu alguma limitação ou restrição pelo fato de ter pertencido ao Vocacional? Em que o aprendizado no Vocacional colaborou para o seu desenvolvimento profissional fora dele?

VISÃO ATUAL
Com o distanciamento dos anos, como você vê hoje a experiência do Vocacional? Seus erros e seus acertos? Sua influência na Educação em geral? E quanto à possibilidade de um resgate da sua metodologia e uma releitura para o aluno de hoje?

MARIA NILDE
Para finalizar, qual o testemunho que você pode nos dar sobre a Maria Nilde Mascellani?

LEMBRANÇAS
Você tem fotos, souvenires, documentos ou outras lembranças do Vocacional. Poderia me dizer o que tem como forma somente de registro, no momento..

O papel da Oposicao - Fernando Henrique Cardoso (revista Interesse Nacional)

FHC me acompanha, sendo pretensioso, ou eu o acompanho, sendo mais modesto, neste número 13 (que número minha gente, mas foi pura coincidência), da revista Interesse Nacional, criada pelo embaixador Rubens Antônio Barbosa para discutir exatamente o que diz o seu título.
Não vou comentar o meu próprio artigo, objeto de dois posts abaixo, pois seria muita arrogância e pretensão, mas vou transcrever o artigo do ex-presidente, que como presidente de honra da "oposição" -- continuo colocando esse nome entre aspas, pois ela não merece o título, pelo menos por enquanto -- elabora uma argumentação positiva e propositiva sobre a dita cuja.
Meu próprio artigo é muito mais corrosivo e negativo -- a começar pelo título: "Miséria da Oposição" -- pois acredito que ela merece uma sacudida, para ver se cria vergonha e se transforma em verdadeira oposição, não essa "oposição" de araque que é hoje.
Dito isto, deixo vocês com o artigo do ex-presidente.
Comentarei num post ulterior.
Paulo Roberto de Almeida

O papel da oposição
Por Fernando Henrique Cardoso
Revista Interesse Nacional, n. 13, abril-junho 2011

Há muitos anos, na década de 1970, escrevi um artigo com o título acima no jornal Opinião, que pertencia à chamada imprensa “nanica”, mas era influente. Referia-me ao papel do MDB e das oposições não institucionais. Na época, me parecia ser necessário reforçar a frente única antiautoritária e eu conclamava as esquerdas não armadas, sobretudo as universitárias, a se unirem com um objetivo claro: apoiar a luta do MDB no Congresso e mobilizar a sociedade pela democracia.

Só dez anos depois a sociedade passou a atuar mais diretamente em favor dos objetivos pregados pela oposição, aos quais se somaram também palavras de ordem econômicas, como o fim do “arrocho” salarial.

No entretempo, vivia-se no embalo do crescimento econômico e da aceitação popular dos generais presidentes, sendo que o mais criticado pelas oposições, em função do aumento de práticas repressivas, o general Médici, foi o mais popular: 75% de aprovação.

Não obstante, não desanimávamos. Graças à persistência de algumas vozes, como a de Ulisses Guimarães, às inquietações sociais manifestadas pelas greves do final da década e ao aproveitamento pelos opositores de toda brecha que os atropelos do exercício do governo, ou as dificuldades da economia proporcionaram (como as crises do petróleo, o aumento da dívida externa e a inflação), as oposições não calavam. Em 1974, o MDB até alcançou expressiva vitória eleitoral em pleno regime autoritário.

Por que escrevo isso novamente, 35 anos depois?

Para recordar que cabe às oposições, como é óbvio e quase ridículo de escrever, se oporem ao governo. Mas para tal precisam afirmar posições, pois, se não falam em nome de alguma causa, alguma política e alguns valores, as vozes se perdem no burburinho das maledicências diárias sem chegar aos ouvidos do povo. Todas as vozes se confundem e não faltará quem diga - pois dizem mesmo sem ser certo - que todos, governo e oposição, são farinhas do mesmo saco, no fundo “políticos”. E o que se pode esperar dos políticos, pensa o povo, senão a busca de vantagens pessoais, quando não clientelismo e corrupção?

Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político e alvejar o outro lado. Na situação presente, as dificuldades são maiores. Isso graças à convergência entre dois processos não totalmente independentes: o “triunfo do capitalismo” entre nós (sob sua forma global, diga-se) e a adesão progressiva - no começo envergonhada e por fim mais deslavada - do petismo lulista à nova ordem e a suas ideologias.

Se a estes processos somarmos o efeito dissolvente que o carisma de Lula produziu nas instituições, as oposições têm de se situar politicamente em um quadro complexo.

Complexidade crescente a partir dos primeiros passos do governo Dilma que, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas, a despeito dos êxitos econômicos e da publicidade desbragada do governo anterior, mantiveram certa reserva diante de Lula. Esta reserva pode diminuir com relação ao governo atual se ele, seja por que razão for, comportar-se de maneira distinta do governo anterior.

É cedo para avaliar a consistência de mudanças no estilo de governar da presidente Dilma. Estamos no início do mandato e os sinais de novos rumos dados até agora são insuficientes para avaliar o percurso futuro.

É preciso refazer caminhos
Antes de especificar estes argumentos, esclareço que a maior complexidade para as oposições se firmarem no quadro atual - comparando com o que ocorreu no regime autoritário, e mesmo com o petismo durante meu governo, pois o PT mantinha uma retórica semianticapitalista - não diminui a importância de fincar a oposição no terreno político e dos valores, para que não se perca no oportunismo nem perca eficácia e sentido, aumentando o desânimo que leva à inação.

É preciso, portanto, refazer caminhos, a começar pelo reconhecimento da derrota: uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar com a falta de autocrítica e insistir em escusas que jogam a responsabilidade pelos fracassos no terreno “do outro”. Não estou, portanto, utilizando o que disse acima para justificar certa perplexidade das oposições, mas para situar melhor o campo no qual se devem mover.

Se as forças governistas foram capazes de mudar camaleonicamente a ponto de reivindicarem o terem construído a estabilidade financeira e a abertura da economia, formando os “campeões nacionais” - as empresas que se globalizam - isso se deu porque as oposições minimizaram a capacidade de contorcionismo do PT, que começou com a Carta aos Brasileiros de junho de 1994 e se desnudou quando Lula foi simultaneamente ao Fórum Social de Porto Alegre e a Davos.

Era o sinal de “adeus às armas”: socialismo só para enganar trouxas, nacional–desenvolvimentismo só como “etapa”. Uma tendência, contudo, não mudou, a do hegemonismo, ainda assim, aceitando aliados de cabresto.

Segmentos numerosos das oposições de hoje, mesmo no PSDB, aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência, pois sentiam bater no coração as mensagens atrasadas do esquerdismo petista ou de sua leniência com o empreguismo estatal.

Não reivindicaram com força, por isso mesmo, os feitos da modernização econômica e do fortalecimento das instituições, fato muito bem exemplificado pela displicência em defender os êxitos da privatização ou as políticas saneadoras, ou de recusar com vigor a mentira repetida de que houve compra de votos pelo governo para a aprovação da emenda da reeleição, ou de denunciar atrasos institucionais, como a perda de autonomia e importância das agências reguladoras.

Da mesma maneira, só para dar mais alguns exemplos, o Proer e o Proes, graças aos quais o sistema financeiro se tornou mais sólido, foram solenemente ignorados, quando não estigmatizados. Os efeitos positivos da quebra dos monopólios, o do petróleo mais que qualquer outro, levando a Petrobras a competir e a atuar como empresa global e não como repartição pública, não foram reivindicados como êxitos do PSDB.

O estupendo sucesso da Vale, da Embraer ou das teles e da Rede Ferroviária sucumbiu no murmúrio maledicente de “privatarias” que não existiram. A política de valorização do salário mínimo, que se iniciou no governo Itamar Franco e se firmou no do PSDB, virou glória do petismo.

As políticas compensatórias iniciadas no governo do PSDB - as bolsas - que o próprio Lula acusava de serem esmolas e quase naufragaram no natimorto Fome Zero - voltaram a brilhar na boca de Lula, pai dos pobres, diante do silêncio da oposição e deslumbramento do país e… do mundo!

Não escrevo isso como lamúria, nem com a vã pretensão de imaginar que é hora de reivindicar feitos do governo peessedebista. Inês é morta, o passado… passou. Nem seria justo dizer que não houve nas oposições quem mencionasse com coragem muito do que fizemos e criticasse o lulismo.

As vozes dos setores mais vigorosos da oposição se estiolaram, entretanto, nos muros do Congresso e este perdeu força política e capacidade de ressonância. Os partidos se transformaram em clubes congressuais, abandonando as ruas; muitos parlamentares trocaram o exercício do poder no Congresso por um prato de lentilhas: a cada nova negociação para assegurar a “governabilidade”, mais vantagens recebem os congressistas e menos força político-transformadora tem o Congresso.

Na medida em que a maioria dos partidos e dos parlamentares foi entrando no jogo de fazer emendas ao orçamento (para beneficiar suas regiões, interesses - legítimos ou não - de entidades e, por fim, sua reeleição), o Congresso foi perdendo relevância e poder.

Consequentemente, as vozes parlamentares, em especial as de oposição, que são as que mais precisam da instituição parlamentar para que seu brado seja escutado, perderam ressonância na sociedade.

Com a aceitação sem protesto do “modo lulista de governar” por meio de medidas provisórias, para que serve o Congresso senão para chancelar decisões do Executivo e receber benesses? Principalmente, quando muitos congressistas estão dispostos a fazer o papel de maioria obediente a troco da liberação pelo Executivo das verbas de suas emendas, sem esquecer que alguns oposicionistas embarcam na mesma canoa.

Ironicamente, uma importante modificação institucional, a descentralização da ação executiva federal, estabelecida na Constituição de 1988 e consubstanciada desde os governos Itamar Franco e FHC, diluiu sua efetividade técnico–administrativa em uma pletora de recursos orçamentários “carimbados”, isto é, de orientação político-clientelista definida, acarretando sujeição ao Poder Central, ou, melhor, a quem o simboliza pessoalmente e ao partido hegemônico.

Neste sentido, diminuiu o papel político dos governadores, bastião do oposicionismo em estados importantes, pois a relação entre prefeituras e governo federal saltou os governos estaduais e passou a se dar mais diretamente com a presidência da República, por meio de uma secretaria especial colada ao gabinete presidencial.

Como, por outra parte, existe - ou existiu até a pouco - certa folga fiscal e a sociedade passa por período de intensa mobilidade social movida pelo dinamismo da economia internacional e pelas políticas de expansão do mercado interno que geram emprego, o desfazimento institucional produzido pelo lulismo e a difusão de práticas clientelísticas e corruptoras foram sendo absorvidos, diante da indiferença da sociedade.

Na época do mensalão, houve um início de desvendamento do novo Sistema (com S maiúsculo, como se escrevia para descrever o modelo político criado pelos governos militares).

Então, ainda havia indignação diante das denúncias que a mídia fazia e os partidos ecoavam no Parlamento. Pouco a pouco, embora a mídia continue a fazer denúncias, a própria opinião pública, isto é, os setores da opinião nacional que recebem informações, como que se anestesiou. Os cidadãos cansaram de ouvir tanto horror perante os céus sem que nada mude. Diante deste quadro, o que podem fazer as oposições?

Definir o público a ser alcançado
Em primeiro lugar, não manter ilusões: é pouco o que os partidos podem fazer para que a voz de seus parlamentares alcance a sociedade.

É preciso que as oposições se deem conta de que existe um público distinto do que se prende ao jogo político tradicional e ao que é mais atingido pelos mecanismos governamentais de difusão televisiva e midiática em geral.

As oposições se baseiam em partidos não propriamente mobilizadores de massas. A definição de qual é o outro público a ser alcançado pelas oposições e como fazer para chegar até ele e ampliar a audiência crítica é fundamental.

Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos. Isto porque o governo “aparelhou”, cooptou com benesses e recursos as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil e dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Carmen Licia garibaldina (ou anitiana, se ouso dizer) - Semana da Italia na UnB

Minha querida esposa, companheira de leituras e estudos, Carmen Licia Palazzo, "italiana" como o nome indica, fará uma exposição sobre Anita Garibaldi, no quadro desta semana italiana na Universidade de Brasilia.
Eu a estou vendo em plena preparação, selecionando imagens fotográficas que ele mesma fez, em nossos périplos garibaldinos pela Itália, desde a Sicília até Ravenna, onde faleceu Anita Garibaldi, depois de acompanhar o "herói dos dois mundos" por guerras e combates, na América do Sul e na Itália do Risorgimento.
Abaixo a transcrição do programa completo, do qual destaco esta parte:

28 de abril (quinta-feira)
10h – Mesa: As italianas do Brasil – Anita Garibaldi e Thereza Cristina de Bourbon
Palestra: Vida, paixão e morte de Thereza Cristina de Bourbon, a italiana Imperatriz do Brasil (1822-1889), com o professor Dr Aniello Angelo Avella, da Universitá di Roma Tor Vergata Itália e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Palestra: Imagens de Anita Garibaldi no Brasil e na Itália, com a dra Carmen Lícia Palazzo, consultora do Projeto de Estudos Judaico-Helenísticos (PEJ/UnB)
Mediador – Gehad Ismail Hajar, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná

Tenho de estar, não posso faltar, do contrário terei de prestar contas a Garibaldi em pessoa, extremamente vingativo. Ou será que estou sonhando?
Paulo Roberto de Almeida

A Casa da Cultura da América Latina (CAL/DEX/UnB) realiza, de 25 a 29 de abril, a I Semanas Latinas 2011. Com o tema O Brasil Italiano: uma visão da contribuição italiana à cultura brasileira o evento reúne diversas atividades nos períodos matutino, vespertino e noturno, todas com inscrições gratuitas e abertas ao público em geral.

- Ciclo de Debates
No período da manhã, no Auditório do Memorial Darcy Ribeiro, acontecerá o Ciclo de Debates que abordará questões relacionadas ao tema. Os interessados em participar devem se inscrever no local ou no Interfoco (Campus Darcy Ribeiro, Prédio Multiuso I, sala AT57, e-mail – interfoco@unb.br). Todos os inscritos receberão certificado da UnB.

Confira a programação:
25 de abril (segunda-feira)
10h – Abertura com apresentação do Coro Italiano da UnB
10h15 – Mesa de abertura:
Reitor da UnB – José Geraldo de Sousa Júnior
Decano de Extensão – Oviromar Flores
Embaixador da Itália – Gherardo La Francesca
Diretora da CAL/UnB – Ana Queiroz
Coordenadora das Semanas Latinas – Ariane Abrunhosa

11h – Mesa: As relações Brasil e Itália
Palestra: Depois da imigração-economia e cultura italiana no Brasil, com o professor dr Amado Cervo, do Instituto de Relações Internacionais da UnB;
Palestra: A presença do Brasil na Itália, com o Conselheiro Paulo de Tarso Jardim
Mediadora: Professora Ariane Abrunhosa (CAL/UnB)

26 de abril (terça-feira)
10h – Exibição do documentário Lina Bo Bardi, direção de Aurélio Michiles
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro
11h – Mesa Redonda – Lina Bo Bardi: uma existência brasileira
Debatedores:
Aurélio Michiles – cineasta
Professor dr Cláudio Queiroz, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB)
Evandro Salles – produtor cultural
Mediador – Cláudio Valentinetti - jornalista

27 de abril (quarta-feira)
10h – Exibição do documentário In vino veritas (Ittala Nandi – 1982)
11h – Mesa Redonda: Ittala Nandi, a artista e a mulher
Debatedores:
Cláudio Valentinetti – jornalista e biográfo
Professor Paulo José Cunha, da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB)
Participação especial da atriz e diretora Ittala Nandi

28 de abril (quinta-feira)
10h – Mesa: As italianas do Brasil – Anita Garibaldi e Thereza Cristina de Bourbon
Palestra: Vida, paixão e morte de Thereza Cristina de Bourbon, a italiana Imperatriz do Brasil (1822-1889), com o professor Dr Aniello Angelo Avella, da Universitá di Roma Tor Vergata Itália e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Palestra: Imagens de Anita Garibaldi no Brasil e na Itália, com a dra Carmen Lícia Palazzo, consultora do Projeto de Estudos Judaico-Helenísticos (PEJ/UnB)
Mediador – Gehad Ismail Hajar, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná


29 de abril (sexta-feira)
10h – Mesa: Expressões artísticas: das letras às formas

Palestras: A poesia e a pintura em Annalisa Cima, com a professora Dra Aurora Bernardini, da Universidade e São Paulo (USP);
- A contribuição italiana nas obras públicas de Brasília, com a Dra Ana Queiroz (CAL/UnB);
- Arte contemporânea: Brasil-Itália, com a professora Marília Panitz , do Instituto de Artes (IDA/UnB)
Mediador – professor Roberto Max Storai Lucich, do Decanato de Extensão (DEX/UnB)

- Oficinas de Gastronomia
No período da tarde serão realizadas as Oficinas de Gastronomia, no laboratório do Departamento de Nutrição da UnB (Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Darcy Ribeiro). Serão oferecidas trinta (30) vagas e as inscrições devem ser feitas pelo e-mail cursoscal@unb.br. Informações: (61) 3321 5811.

Confira a programação:
25 de abril (segunda-feira), às 15h
Prato: Maiale al Latte
Chef: Francesco Bruno

26 de abril (terça-feira), às 15h
Prato: Pasta e Fagioli Amalfitana
Chef: Rosário Tessier

27 de abril (quarta-feira), às 15h
Prato: Tiramisù e Torta Gianduia
Chefs: Bruno Rappel e Mauro Rappel

- Oficinas Culturais
No período da noite serão realizadas as Oficinas Culturais. Os interessados em participar podem se inscrever nos locais das atividades.

Confira a programação:

Dia 25 de abril (segunda-feira), às 19h
Oficina Panorama Italiano: Oriundos, brasileiros de raízes italianas – parte I
Coordenador – Roberto Max Storai Lucich, professor do Instituto de Letras (IL/UnB)
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro

Dia 26 de abril (terça-feira), às 19h
Oficina Música Italiana
Apresentação do Coro Italiano da UnB
Regente: Adilude Passos Valadão, coordenadora do Núcleo Sonoro da UnB
Local: Instituto Central de Ciências (ICC Sul, Campus Darcy Ribeiro)

Dia 27 de abril (quarta-feira), às 19h
Oficina Panorama Italiano: Oriundos, brasileiros de raízes italianas – parte II
Coordenador – Roberto Max Storai Lucich, professor do Instituto de Lestras (IL/UnB)
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro

Dia 28 de abril (quinta-feira), às 19h
Oficina Encontro Poético: Palavras e Imagens
Lançamento do livro Estação poética, de Jandira Costa
Apresentação de curtas em animação e vídeo, de Gustavo Tomazi, diretor de Animação e Vídeo
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro

Realização: Casa da Cultura da América latina (CAL/DEX/UnB)
Apoio: Instituto e Letras (IL/UnB); Faculdade de Saúde (FS/UnB); UnBTV; Trattoria da Rosário; Confeitaria Rappel; Grupo de Estudos José Ortega y Gasset: Ciência e Arte

Brasília, 12 de abril de 2011
Núcleo de Comunicação da CAL

Um balanco dos 100 dias da presidente, mais para balanca mas nao cai... (editorial O Estado de S.Paulo)

A presidente (com "e") merece um balanço de sua gestão, embora eu ache esse ritual dos 100 dias desnecessário. Balanços devem ser feitos toda vez que uma determinada política produzir efeitos que possam ser aferidos, avaliados, sopesados, comparados com efeitos reais ou potenciais de outras política, enfim, fazer o tipo de análise crítica que todo governo merece (afinal, somos nós que estamos pagando para que ele governe).
Eu, por exemplo, considero que a marca principal deste governo, no que ele fez até agora, foi a improvisação, total e absoluta.
Um ministério enorme, que é, em sua grande maioria, composto de mediocridades desconhecidas, e que foi herdado, por outra parte, do governo anterior, não pode mesmo se distinguir por brilhantes políticas econômicas ou sociais. Pretende ser continuidade, mas não consegue, pois a herança maldita que lhe foi deixada pelo governo irresponsável anterior o está precipitando numa espiral inflacionária que, no seu populismo otimista, o governo atual não sabe debelar.
Pagaremos caro por essa herança, por um governo exacerbado de pretensões e parco de soluções.
Paulo Roberto de Almeida

Os primeiros cem dias
Editorial - O Estado de S.Paulo
12 de abril de 2011 | 0h 00

A presidente Dilma Rousseff completou 100 dias de governo com a economia em crescimento, elevado nível de consumo e ampla oferta de emprego, mas também com inflação acelerada, câmbio em perigosa valorização, gasto federal em rápido crescimento e sinais de alerta nas contas externas. Cem dias podem ser um prazo muito curto para a solução de problemas complexos, mas devem ser suficientes para um governo definir seu estilo. Este deve ser o foco de um primeiro balanço da nova administração: a orientação adotada até agora levará a um crescimento prolongado e seguro ou agravará os desajustes e levará o País a uma nova sucessão de crises? O governo tem dado - na avaliação mais otimista - uma resposta dúbia a essa questão.

As opções do governo foram discutidas com notável clareza pelos economistas Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Pedro Cavalcanti Ferreira, professor da Fundação Getúlio Vargas, em artigo no Estado de domingo. A partir de 2008, quando se agravou a crise internacional, a administração petista vem-se mostrando inclinada a ressuscitar o modelo de crescimento em vigor entre os anos 1950 e 1980. O modelo caducou e o País entrou numa fase de quase estagnação, com breves surtos de crescimento interrompidos por longos e penosos períodos de crise.

Esse padrão só foi rompido quando os governantes se dispuseram a promover, a partir de 1994, um ajuste real, sem truques, no sistema de preços, na gestão pública e nas contas externas. Erros foram cometidos durante esse esforço, mas o resultado, altamente positivo, foi uma ampla renovação da política econômica, de seus instrumentos e de seus critérios.

O trinômio metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário passou a sintetizar o novo padrão de política macroeconômica, mas, ao lado disso, consolidou-se uma nova divisão de papéis entre o setor privado e o Estado. Idealmente, esse não deveria ser um Estado omisso, mas empenhado em cumprir com austeridade e eficiência funções indispensáveis ao bom funcionamento da sociedade e ao desenvolvimento econômico e social.

Em vez de dar continuidade à construção desse Estado, a administração petista vem demonstrando, especialmente a partir do segundo governo Lula, uma inquietante nostalgia do velho desenvolvimentismo. "Nostalgia", palavra usada pelos economistas Armínio Fraga e Pedro Cavalcanti Ferreira, é um rótulo quase simpático para uma tendência muito perigosa. Eles apontam o risco: a tentativa de repetir a experiência dos anos 50 a 80 poderá levar o País a espatifar-se em mais uma década perdida. Mas o quadro se torna muito mais assustador quando se acrescentam os detalhes do dia a dia, como a pobreza estrutural, a concentração de renda e de riqueza nas mãos dos grupos escolhidos para protagonizar o crescimento, a persistência da inflação e a recorrência de penosas crises de balanço de pagamentos.

A crise de 2008 impôs a todos os governos importantes ações intervencionistas. Maiores gastos públicos, maior oferta de crédito e operações de socorro a grupos privados constituíram o grosso das políticas anticíclicas. Algumas dessas ações foram adotadas no Brasil. Mas, passada a crise, o governo brasileiro resiste a abandonar inteiramente as ações anticíclicas. A resistência não é só do governo, mas também, é claro, de grupos beneficiados pelo aumento dos gastos, pela expansão de empréstimos subsidiados e por outros benefícios distribuídos pelo poder público.

Ao mesmo tempo, os desajustes se acumulam. O saldo da conta corrente do balanço de pagamentos, hoje deficitário, diminuiu 4 pontos porcentuais do PIB enquanto a relação de preços entre produtos exportados e importados aumentou 40%. Com uma evolução de preços tão favorável, como explicar a sensível deterioração das contas externas, a não ser por um grave desajuste interno?

A escolha correta é simples. Em vez de ressuscitar um modelo falido, deve o governo cuidar de tarefas de importância evidente, como arrumar suas contas, investir em educação e qualificação profissional e criar condições para a expansão do investimento, limitado a insuficientes 18,4% do PIB. Não é preciso criar um setor público empreguista, balofo e intervencionista para cumprir essas tarefas.

Oposicao nao precisa disputar povao, diz FHC - artigo de Reinaldo Azevedo

Continuando na mesma linha do post anterior, transcrevo aqui post retirado do blog do jornalista Reinaldo Azevedo, que concorda com o ex-presidente quando diz que a oposição não precisa disputar "povão".
Discordo, radicalmente.
Ao formular sua mensagem às classes médias, como pretendem os dois citados acima, acredito que a oposição, quando existir, deveria igualmente se dirigir à classe média, mostrando que, bondades e esmolas à parte, o "povão", na verdade, é a principal vítima das políticas distributivistas das novas máfias no poder, na medida em que essas políticas perpetuam sua situação de marginalidade relativa, ao preservar esses mecanismos puramente de "assistência", com manutenção de alta tributação indireta, péssima educação, insegurança geral e outras perversidades indiretas, não detectadas pelo mesmo "povão".
Já considero esse termo "povão" ofensivo, por negar dignidade aos milhares de trabalhadores humildes, sem qualificação, e que também precisam ser educados politicamente a lutar por seus direitos, em lugar de ficar demandando "políticas públicas" enganosas em conteúdo e forma.
Discordo, portanto, embora creio que o debate é importante.
Paulo Roberto de Almeida

FHC diz que oposição não tem de disputar “povão” com o PT. E ele está certo!
Reinaldo Azevedo, 12 de abril de 2011

A Folha de hoje dá a seguinte manchete: “Oposição deve desistir de buscar ‘o povão’, diz FHC”. Muita gente vai ignorar o conteúdo do texto. Os petistas e parte da imprensa (a imprensa petista!) usarão a manchete para satanizar o tucano. E, no entanto, ele está certíssimo. Embora eu me considere um conservador, e FHC seja de centro-esquerda, concordo com ele nesse particular. E, vocês sabem, já escrevi um texto gigantesco defendendo essa tese, que foi publicado na última edição de 2010 da VEJA. Já chego lá. Leiam trechos da reportagem da Folha. Volto em seguida.

*
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende em artigo que será publicado nesta semana uma revisão profunda da estratégia adotada pelo PSDB e pelos demais partidos de oposição para voltar ao poder. Numa espécie de manifesto, ele afirma que a oposição deveria desistir de conquistar as camadas mais pobres do eleitorado e se conectar com a nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos. “Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, diz o ex-presidente.
(…)
FHC critica os governos que o sucederam e o próprio partido. “Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno “do outro’”, afirma.
(…)
FHC diz que a oposição não defendeu seu legado. “Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência”, avalia. O ex-presidente deu a seu artigo o título “O papel da oposição”, o mesmo de um texto célebre que publicou na década de 1970, quando fazia oposição à ditadura militar. Aqui

Voltei [Reinaldo Azevedo:]
No meu longo artigo do ano passado, trato justamente do papel das oposições. A íntegra está aqui. Afirmo explicitamente que é necessário defender as conquistas do PSDB, que é inútil disputar os movimentos sociais com o PT e que é preciso buscar a classe média. E digo ainda que é necessário ter a coragem para falar com o Brasil conservador. Nesse particular, eu e FHC certamente divergimos. No resto, concordamos. Leiam trechos do meu texto.

(…)
A pergunta óbvia é com que discurso articular o dissenso, sem o qual a democracia se transforma na ditadura do consentimento?

Não existem receitas prontas. Mas me parece óbvio que o primeiro passo consiste em libertar a história do cativeiro onde o PT a prendeu. Isso significa mostrar, e não esconder, os feitos e conquistas institucionais que se devem aos atuais oposicionistas e que se tornaram realidade apesar da mobilização contrária bruta e ignorante do PT. Ajuda também falar a um outro Brasil profundo, que não aquele saído dos manuais da esquerda, sempre à espera de reparações e compensações promovidas pelo pai-patrão dadivoso ou a mãe severa e generosa, à espera da “grande virada”, que nunca virá!

Temos já um Brasil de adultos contribuintes, com uma classe média que trabalha e estuda, que dá duro, que pretende subir na vida, que paga impostos escorchantes, diretos e indiretos, a um estado insaciável e ineficiente. Milhões de brasileiros serão mais autônomos, mais senhores de si e menos suscetíveis a respostas simples e erradas para problemas difíceis quando souberem que são eles a pagar a conta da vanglória dos governos. É inútil às oposições disputar a paternidade do maná estatal que ceva mega-currais eleitorais. Os órfãos da política, hoje em dia, não são os que recebem os benefícios - e nem entro no mérito, não agora, se acertados ou não -, mas os que financiam a operação. Entre esses, encontram-se milhões de trabalhadores, todos pagadores de impostos, muitos deles também pobres!

Esse Brasil profundo também tem valores - e valores se transformam em política. O que pensa esse outro país? O debate sobre a descriminação do aborto, que marcou a reta final da disputa de 2010, alarmou a direção do PT e certa imprensa “progressista“. Descobriu-se, o que não deixou menos espantados setores da oposição, que amplas parcelas da sociedade brasileira, a provável maioria, cultivam valores que, mundo afora, são chamados “conservadores”, embora essas convicções, por aqui, não encontrem eco na política institucional - quando muito, oportunistas caricatos os vocalizam, prestando um desserviço ao conservadorismo.

Terão as oposições a coragem de defender seu próprio legado, de apelar ao cidadão que financia a farra do estado e de falar ao Brasil que desafia os manuais da “sociologia progressista”? Terão as oposições a clareza de deixar para seus adversários o discurso do “redistributivismo”, enquanto elas se ocupam das virtudes do “produtivismo”? Terão as oposições a ousadia de não disputar com os seus adversários as glórias do mudancismo, preferindo falar aos que querem conservar conquistas da civilização? Lembro, a título de provocação, que o apoio maciço à ocupação do Complexo do Alemão pelas Forças Armadas demonstrou que quem tem medo de ordem é certo tipo de intelectual; povo gosta de soldado fazendo valer a lei. Ora, não pode haver equilíbrio democrático onde não há polaridade de idéias. Apontem-me uma só democracia moderna que não conte com um partido conservador forte, e eu me desminto.

Antes de saber quem vai liderar um dos pólos, é preciso fazer certas escolhas. O Congresso aprovou há pouco, por exemplo, o sistema de partilha para o pré-sal. Não se ouviu a voz da oposição, a exceção foi a senadora Kátia Abreu (TO). O PT inventou a farsa, amplamente divulgada na campanha eleitoral, de que não passava de “privatização” o sistema de concessão, que conduziu o país à quase auto-suficiência e que fez dobrar a produção de petróleo no governo FHC. Mentiu, mas venceu o embate. Podem vir por aí as reformas. Quais setores da sociedade as oposições pretendem ter como interlocutores? Continuarão órfãos de representação milhões de eleitores que não se reconhecem na ladainha pastosa do “progressismo”? As oposições têm de perder o receio de falar abertamente ao povo que trabalha e estuda. Que estuda e trabalha. Em vez de tentar dividir os louros da caridade, tem de ser porta-voz do progresso.

Construir a oposicao, uma oposicao, qualquer uma - FHC, revista Interesse Nacional

Materia sobre artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a nova atitude que deveria assumir a oposição (partindo do pressuposto de que exista uma, acrescentaria eu...).
Esse artigo de FHC está sendo publicado na mesma revista em que também tenho um artigo: "Miséria da Oposição", o que já revela o que eu penso da "oposição" atualmente, entre aspas, como ela merece.
A revista Interesse Nacional pode ser consultada neste link: http://interessenacional.com
Ou neste aqui: http://interessenacional.uol.com.br/

Meu artigo, está aqui:
A Miséria da “Oposição” no Brasil: Da Falta de um Projeto de Poder à Irrelevância Política?
Por: PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Revista Interesse Nacional, n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36.

Quem preferir ler no formato original, ou seja, publicado, em arquivo pdf, pode me pedir em separado. No meu site tem um link para enviar mensagens a este autor (assediado por milhões de junk-mails, spams, virus, ataques de loucura, etc...).
Paulo Roberto de Almeida

Oposição precisa conquistar a classe média, afirma FHC
DANIELA LIMA, DE SÃO PAULO
Folha de São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2011

Em manifesto, ex-presidente defende nova estratégia para PSDB e critica insistência na aproximação com o "povão"
Tucano diz que situação pode se complicar se Dilma Rousseff ganhar apoio de setores que ainda resistem a Lula

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende em artigo que será publicado nesta semana uma revisão profunda da estratégia adotada pelo PSDB e pelos demais partidos de oposição para voltar ao poder.
Numa espécie de manifesto, ele afirma que a oposição deveria desistir de conquistar as camadas mais pobres do eleitorado e se conectar com a nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos.
"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão", falarão sozinhos", diz o ex-presidente.
Ele observa que a classe média não participa da vida política do país como no passado, mas está presente em lugares onde os partidos praticamente não existem, como as redes sociais da internet.
"Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesses dessas camadas", diz.
O artigo aparecerá no novo número da revista "Interesse Nacional", que será publicado na quinta. E no site interessenacional.uol.com.br.
FHC diz que a presidente Dilma Rousseff (PT) poderá conquistar eleitores que mantiveram "certa distância" do ex-presidente Lula.
"Dilma, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas [...] mantiveram certa reserva diante de Lula", avalia.
FHC critica os governos que o sucederam e o próprio partido. "Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno "do outro'", afirma.
Em 2010, o ex-governador José Serra brigou por meses com o senador Aécio Neves pela liderança da chapa. Ganhou internamente, mas perdeu para Dilma.
FHC diz que a oposição não defendeu seu legado.
"Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência", avalia.
O ex-presidente deu a seu artigo o título "O papel da oposição", o mesmo de um texto célebre que publicou na década de 1970, quando fazia oposição à ditadura militar. E comparou a situação da época com a vivida hoje, com o PT ao poder.
"Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político", diz.
Ontem, em após o lançamento do livro "Ruth Cardoso Fragmentos de Uma Vida", de Ignácio de Loyola Brandão, ele disse que é cedo para avaliar os 100 primeiros dias de Dilma. Avaliou que não basta falar de austeridade fiscal contra a inflação, mas praticá-la.
Colaborou LEANDRO MARTINS, de Ribeirão Preto

Disse-disse presidencial...: sera que resolve?

Desde o início do governo tenho ouvido algumas frases extremamente interessantes quanto à vontade presidencial (desculpem se não me dobro à regra do gênero aplicada ao personagem em questão, que encontro sumamente ridícula):

Antes foram estas as manchetes:
"Presidente diz que não tolerará inflação alta".
"Presidente diz que não aprovará aumento da gasolina"

Hoje, 12/04/2011, a manchete do Estadão online é esta:

"[Presidente] diz que pretende derrubar o juro ao longo do seu governo."

Muito bem: eu me pergunto se um governo funciona à base de retórica, de declarações, de vontades, ainda que presidenciais.
Gostaria de ver, sentir, experimentar, medidas efetivas em função da inflação e dos juros, por exemplo.
Não creio, por outro lado, que seja função de presidentes, de qualquer país, em qualquer tempo e lugar, ficar brigando com preços de mercado, ou determinando a empresas, que devem funcionar com base em preços de mercado, que fixem este ou aquele preço para qualquer produto que seja. Presidentes devem ter coisas mais importantes a fazer do que ficar vigiando preços do setor produtivo.

Talvez, em relação aos índices de inflação e aos juros, coubesse, por exemplo, parar com os níveis elevados de gastos públicos, que visivelmente vem pressionando a inflação e os preços, e que se refletem nos atuais índices de inflação, extremamente elevados tendo em vista as metas de inflação e as expectativas da sociedade.
Se o governo fizesse pelo menos isso, ou seja, parar de gastar muito, em vez de ficar fazendo declarações inócuas, já seria uma grande coisa...

Paulo Roberto de Almeida

Noticias da mafia sindical... sem nenhum exagero...

Nao uma máfia no sentido tradicional do termo, pois a velha máfia dava um duro danado para ganhar dinheiro: extorquia, ameaçava, matava de vez em quando, enfim, trabalhava.
Esta nova máfia ganha dinheiro sem fazer absolutamente nada...
Paulo Roberto de Almeida

O dinheiro fácil das centrais
Editorial - O Estado de S.Paulo - 11/04/11

Sem nenhum esforço, pois o dinheiro lhes é repassado automaticamente pelo governo, as centrais sindicais receberam no ano passado R$ 102,2 milhões, que gastaram do jeito que quiseram, sem se preocupar em prestar contas ao poder público. Com o aumento do número de trabalhadores com registro em carteira e da renda real média dos brasileiros, em razão do crescimento da economia, também as receitas das centrais aumentam. No ano passado, elas foram 20,8% superiores às de 2009, quando haviam crescido 21,6% em relação ao ano anterior.

A legislação que lhes assegura o direito de apropriar-se de uma parte do salário dos brasileiros não as obriga a informar, nem mesmo aos trabalhadores que dizem representar, o que fazem com tanto dinheiro. Fazem o que bem entendem.

Como mostrou o jornal Valor na segunda-feira, algumas compram ou constroem sede para abrigar com mais comodidade e conforto seus dirigentes e sua burocracia, afirmam realizar cursos de formação sindical, organizam convenções ou congressos e, sobretudo, procuram atrair mais sindicatos, pois a distribuição do bolo do imposto sindical é proporcional ao número de entidades e de trabalhadores da base que, teoricamente, elas representam. Gastam também com passagens aéreas, hospedagens, alimentação e outras despesas de viagem.

A transferência também para as centrais de parte do valor retirado anualmente do salário de cada trabalhador com registro em carteira, sindicalizado ou não, para, em tese, sustentar a representação dos trabalhadores é apenas a mais recente de um série de graves distorções e anomalias no campo trabalhista geradas pelo imposto sindical. Criado na década de 1940, durante a ditadura varguista do Estado Novo, o imposto sindical é cobrado em março de todos os trabalhadores, na base de um dia de trabalho. Mudou de nome em 1966, para "contribuição sindical", mas manteve suas características originais e continuou a gerar distorções na estrutura sindical, à custa do trabalhador.

Ao longo dos anos, a distribuição automática da arrecadação desse imposto, que no ano passado superou R$ 1 bilhão, gerou um sindicalismo estruturado primordialmente para receber esse dinheiro, e não, como é legítimo nas sociedades organizadas, para representar os trabalhadores de sua base e defender seus interesses profissionais. A maioria dos sindicatos habilitados a receber parte do imposto sindical não tem representatividade, não atua na defesa daqueles que deveria representar e serve apenas para sustentar uma casta de dirigentes que vive à custa daqueles que deveria defender. E certamente vive em condições muito melhores do que esses.

Durante o segundo mandato de Lula, as centrais sindicais foram incluídas entre as entidades sindicais habilitadas a receber uma fatia do bolo do imposto sindical. Até então, esse bolo era distribuído entre os sindicatos (60%), as federações (15%) e as confederações (5%), cabendo ao governo os restantes 20%. O governo Lula abriu mão de metade de sua fatia, cedendo-a às centrais; as demais entidades sindicais mantiveram sua participação no bolo.

A maior das centrais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), vinculada ao PT, e também a que recebe a maior fatia do bolo sindical (no ano passado, teve direito a R$ 31,9 milhões), diz-se contra o imposto sindical, mas não abre mão do dinheiro que o imposto lhe assegura. Outras centrais defendem essa tributação sobre o salário do trabalhador alegando que, sem ela, não haveria como sustentar um sistema de representação sindical. Ou seja, sem o imposto, a estrutura sindical brasileira ruiria.

Mas seria melhor para o País, e sobretudo para os trabalhadores, se acabasse essa estrutura anômala, formada por sindicatos que na grande maioria só existem para sustentar seus dirigentes, e que se mostrou totalmente incapaz de acompanhar as transformações do mundo do trabalho, que criou novas realidades e novas demandas. Sobre ela se construiria um sindicalismo melhor, mais decente e eficaz, verdadeiramente vinculado às bases profissionais. Ou seja, sem pelegos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ainda as diferenças entre as diplomacias de Dilma e de Lula - BBC Brasil

Mudança de tom sobre Irã sinaliza política externa de Dilma
BBC Brasil, 08 de abril de 2011 | 13h 30

Para analistas, postura do novo governo indica maior preocupação com direitos humanos.

A política externa dos primeiros cem dias de mandato da presidente Dilma Rousseff teve como uma de suas principais novidades uma mudança de tom em relação aos direitos humanos no Irã, o que sinaliza uma maior preocupação do novo governo com o tema.

"O Brasil, durante o governo Lula, parecia um tanto flexível quanto aos direitos humanos por conta da prioridade de fazer alianças políticas", disse à BBC Brasil o professor de Relações Internacionais da USP Amâncio Jorge Silva Nunes de Oliveira.

"Com Dilma, os direitos humanos ganharam em prioridade, é uma correção de rota bastante clara", acrescenta. "Endurecer neste sentido é uma reorientação importante."

No dia 24 de março, o Brasil votou, em sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a favor da nomeação de um relator que investigará a situação dos direitos humanos no Irã.

Ao justificar seu voto, a representante brasileira no Conselho, Maria Nazareth Farani Azevedo, disse que a não-observância da suspensão da prática da pena de morte no Irã, assim como em outros países, era uma "preocupação particular" do Brasil.

Em novembro do ano passado, em um comitê da Assembleia Geral da ONU, o Brasil se absteve de votar em uma proposta que condenava violações de direitos humanos no país persa.

Embora diga que ainda é cedo para fazer afirmações definitivas, o professor da PUC-SP Paulo Edgar Almeida Resende também vê no voto brasileiro sobre o Irã um distanciamento em relação à política do governo Lula para com os direitos humanos.

"Este fato significa algum tipo de revisão da política do (ex-chanceler) Celso Amorim, tanto que o próprio Amorim demonstrou um pensamento diferente do voto brasileiro", diz o professor.

Em entrevista à BBC Brasil, Amorim afirmou que não é possível "bater forte e dialogar ao mesmo tempo" com países como o Irã. "Para você ter esse tipo de influência, você tem que ter um diálogo", disse o ex-chanceler, que afirma considera bom o fato de Dilma tomar rumos próprios na política externa.

EUA e China
Embora analistas afirmem que Dilma deve preservar as relações com países da América Latina, África e Oriente Médio, priorizadas no governo Lula, os primeiros cem dias de governo também foram marcados por um investimento no diálogo com Estados Unidos e China, as duas maiores potências econômicas do planeta.

Em março, o presidente americano, Barack Obama, realizou sua primeira viagem oficial ao Brasil, visitando Brasília e Rio nos dias 19 e 20 de março. Já Dilma fará uma visita à China exatamente no momento em que completa cem dias de governo, entre os dias 8 e 15 de abril.

No pronunciamento que fez ao lado de Obama, Dilma citou "contradições" e "desequilíbrios" que precisam ser superados e pediu o fim de medidas protecionistas dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo em que ressaltou a importância da cooperação entre Brasil e Estados Unidos em diversas áreas, como ciência e tecnologia, ela disse que é necessário romper as barreiras aos produtos brasileiros em território americano.

Nunes Oliveira vê na postura de Dilma uma nova maneira de lidar com os Estados Unidos, buscando um tom mais empreendedor e prático, de olho em resultados concretos. "Resta ver o que vai ocorrer, tudo depende de uma abertura comercial do outro lado."

Quanto à viagem de Dilma à China, a busca de um maior equilíbrio no comércio entre os dois países é considerada por especialistas um dos principais temas de discussão.

"É de se esperar de Dilma algum tipo de cobrança com relação à diversificação na pauta de importação com a China, para que o Brasil não fique como um exportador primário", afirma Paulo Resende.

Conselho de Segurança
Além de acordos bilaterais, a viagem de Obama ao Brasil foi marcada por sua "manifestação de apreço" à intenção do Brasil em se candidatar a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

A declaração, que constou de um comunicado conjunto emitido após seu encontro com Dilma, não incluiu um apoio explícito dos Estados Unidos ao pleito brasileiro. Em outro pronunciamento, Obama se limitou a dizer que trabalha junto do Brasil para tornar o Conselho "mais representativo".

No discurso ao lado de Obama, Dilma defendeu a vaga para o Conselho de Segurança e disse que o Brasil é um país comprometido com a paz e o diálogo, que não pretende realizar uma "ocupação burocrática" de espaços como este.

Em entrevista à BBC Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, também afirmou que espera ver os Estados Unidos engajados em uma reforma do Conselho de Segurança.

"Já não é razoável nem justificável convivermos com um Conselho de Segurança que parece refletir mais um mundo do século 20 do que um do século 21", disse Patriota.

Nunes de Oliveira avalia que a aproximação com países como o Irã complicou as chances do Brasil de obter a vaga. Para o especialista, esta possibilidade diminuiu muito no governo Lula, e agora a situação está, segundo ele, em compasso de espera.

Já a professora de Relações Internacionais da PUC-Rio Letícia Pinheiro vê o "apreço" de Obama como um sinal positivo. "Não é um apoio declarado, mas também não é uma oposição à demanda brasileira, e isso em diplomacia já vale alguma coisa."

Sul-sul
Mesmo com as reorientações que foram observadas nos primeiros cem dias de Dilma no poder, Amâncio vê a política externa brasileira seguindo a mesma "matriz" do governo Lula, buscando aproximação com países emergentes e reivindicando sua maior participação nos fóruns internacionais.

Na opinião de Letícia Pinheiro, a América Latina deverá voltar à pauta da política externa do Brasil no futuro, junto com as demais relações "sul-sul", com países africanos e do Oriente Médio.

Neste contexto, a professora da PUC-Rio avalia que a figura do assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, deve voltar a ganhar importância.

"Concordando ou não com ele, o fato é que Garcia teve uma importância central ao definir uma pauta mais política e menos burocrática na questão diplomática, especialmente na relação com os países da América Latina", diz Pinheiro.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC

BRIC ma non troppo: a falta que faz um C...

Do tijolo ao queijo, uma trouvaille que faz todo sentido:

Brics de uma letra só

PEQUIM - O conglomerado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) soa como tijolo em inglês (brick), sinônimo de solidez. Mas é só tirar o C de China que vira um queijo mole e cremoso no miolo (o brie).
Esse jogo de palavras é usado pelo especialista David Rothkopf, presidente da Garten Rothkopf, assessoria especializada em investimentos em mercados emergentes, em artigo para a "Foreign Policy". É uma maneira, meio sem graça, admito, de deixar claro que o que conta mesmo é o C, porque "tem as maiores reservas e o maior mercado potencial".
O departamento de pesquisas do Deutsche Bank concorda -e põe números no domínio do C: a economia da China é maior do que as três outras somadas, suas exportações e suas reservas em divisas duplicam as de seus parceiros.

Parceiros, aliás, é um termo forte para Brics (porque agora eles incorporam a África do Sul). Não há entre eles uma liga geográfica, histórica, cultural, política. Dele fazem parte a maior democracia do planeta, a Índia, um Brasil que também é grande nesse capítulo, e a maior ditadura do mundo, a China.
A única liga está dada pelo fato de a sigla ter sido inventada por uma firma financeira, a Goldman Sachs, e alegremente incorporada pelos quatro governos, como é próprio da era de hegemonia dos "senhores do universo".
Pois a estreia de Dilma Rousseff no grande mundo do multilateralismo se dará quarta-feira exatamente na cúpula dos Brics.
Mal não faz. É sempre bom bater papo com líderes globais, de países importantes por si, independentemente de haver ou não Brics como conglomerado.
Mas é ilusório esperar muito mais do que isso. Nem quando o voto coincide ele é combinado antes, como aconteceu na abstenção de todos, menos a África do Sul, na recente votação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia.

(Clovis Rossi, desde Pequim, na Folha de São Paulo, domingo 10 de abril 2011)

O Estado como principal fora-da-lei, alias reincidente...

Eu sempre afirmei isso: o principal violador das leis e da própria Constituição, no Brasil, é o próprio Estado, como confirma agora uma matéria da (in)suspeitíssima Agência Brasil, comentada por meu colega blogueiro, e analista das realidades econômicas do Brasil, como eu, Klauber Cristofen Pires.
Algum tempo atrás, eu escrevi estes dois trabalhos, que pretendiam ser o início de uma série sobre esse criminoso chamado Estado (na verdade, o Estado é impessoal, embora as burocracias também cometam crimes; mas os principais responsáveis são os governos, os últimos com mais vigor, vontade e, eu até diria, com certa lubricidade pornográfica na arte de violar as leis e a Constituição, sempre em detrimento dos cidadãos e das empresas claro...
Estes os trabalhos praticamente inéditos:

1826. “Autobiografia de um fora-da-lei, 1: uma história do Estado brasileiro”, Brasília, 19 outubro 2007, 3 p. Revisão: 27.10.07. Introdução, sob forma de “prefácio”, a um ensaio histórico-político, que pode tornar-se um livro verdadeiro, sobre o Estado brasileiro, narrado na primeira pessoa. Via Política (29.10.2007; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=56). Espaço Acadêmico (ano 7, n. 78; novembro 2007 link: http://www.espacoacademico.com.br/078/78almeida.htm).

1829. “Autobiografia de um fora-da-lei: uma história do Estado brasileiro”, Brasília, 27 outubro 2007, 4 p. Esquema do ensaio histórico-político sobre o Estado brasileiro, narrado na primeira pessoa, em 58 capítulos.

1831. “Autobiografia de um fora-da-lei, 2 (uma história do Estado brasileiro); Uma questão de método: como o Estado pode escrever sua própria biografia?”, Brasília, 27 outubro 2007, 4 p. Segundo capítulo do ensaio histórico-político sobre o Estado brasileiro, sobre a natureza do discurso e a identidade de quem escreve. Publicado em Via Política (4.11.2007; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=57).

Não continuei, por falta de tempo, inclusive porque pensava escrever essa "biografia" do Estado desde os descobrimentos, como é mania atualmente remontar ao "nunca antes". Vou retomar. Por enquanto fiquem com os comentários de meu colega blogueiro com a triste realidade de um Estado infrator das leis que ele próprio deveria cumprir.
Paulo Roberto de Almeida

Quem é o criador de confusão? É o estado, claro!
Por Klauber Cristofen Pires
Blog Libertatum, 4 de abril de 2011

Do site da Agência Brasil extraio a não-surpreendente mas ainda assim eloquente notícia de que mais de 76% das ações judiciais têm como demandados o setor público federal e os bancos . (Leia também a matéria reproduzida ao fim deste texto).

Na verdade, o título põe panos quentes. Somando a estes 76% as demandas contra o setor público estadual (8%), de telefonia (6%) e o setor público municipal (5%), temos a absoluta marca de 95%! Agora o leitor mais distraído ou um da turma dos sonsos vai me contradizer afirmando que estou misturando entidades privadas entre as públicas. De fato, estou sim, mas consciente de que bancos e empresas de telefonia operam em estreita simbiose com o aparato estatal.

Esta reportagem, retumbante por ter sido exarada do próprio governo, vem laurear o que temos frequentemente informado aqui, isto é, de que é o estado, com a sua sanha intervencionista e valendo-se permanentemente do abso de poder, o maior criador de injustiças e inconformismos, e que um sistema capitalista puro é sim um esquema pacífico e ordeiro de ajustes mutuamente benéficos entre particulares.

Desta forma, sempre que vocês lerem sobre a lentidão e a impunidade reinantes no sistema judiciário, lembrem-se de quem é o seu principal cliente, e principalmente, o cliente que paga os juízes. Por quê o Brasil consome tantos recursos com um poder judiciário tão inchado a ssoberbado de processos? Por quê os brasileiros têm de viver se defendendo do estado. Em outras palavras, tamanha montanha de dinheiro poderia ser revertida para o processo produtivo, a enriquecer e incluir cidadãos.

***********************************
Setor público federal e bancos estão em 76% das ações que tramitam na Justiça
Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil, 31/03/2011

Brasília - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou oficialmente hoje (31) a lista das 100 maiores empresas e instituições envolvidas com processos na Justiça. De acordo com o levantamento, o setor público federal e os bancos respondem por cerca de 76% do total de processos, cada um com 38% de participação. Os outros setores que mais acionam ou são demandados pela Justiça são o público estadual (8%), de telefonia (6%) e o setor público municipal (5%).

No ranking geral nacional, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) está em primeiro lugar, figurando em 22,3% dos processos, seguido pela Caixa Econômica Federal (8,5%) e pela Fazenda Nacional (7,4%). Na lista dos dez primeiros, apenas as quatro últimas posições são ocupadas por instituições privadas: Bradesco (3,8%), Itaú (3,4%), Brasil Telecom (3,3%) e Banco Finasa (2,2%).

A lista também separa os maiores litigantes por tipo de Justiça. Na Federal, o primeiro lugar é também do INSS, com quase metade das demandas (43,1%). Na Justiça do Trabalho, a União é a parte que está presente no maior número de processos (16,7%), enquanto na Justiça Estadual, o estado do Rio Grande do Sul é o que mais aparece nos autos.

O estudo também separou os 100 maiores litigantes por ações em que eram autores e réus. “A curiosidade é que os bancos são quase tão acionados quanto acionam”, disse o secretário adjunto do CNJ, José Guilherme Werner. Na maioria das ações envolvendo os setores públicos federal e estadual, o Estado é mais acionado do que autor. Já no setor público municipal, em 97% dos casos o município é que entra na Justiça.

O CNJ informou que os números são parciais, uma vez que alguns tribunais não repassaram os dados dos maiores litigantes sob sua juridição, possivelmente em consequência de falha no sistema de informática. Werner revelou que os maiores litigantes devem ser reunir em um evento em São Paulo, em maio, para debater medidas que possam desafogar a Justiça.

Tiranos: já para a ilha Santa Helena, ou S.Pedro e S.Paulo, ou Falklands...

Enfim, a mais remota, a mais perdida, a mais isolada. Nada de Hawai, ou essas ilhas do Caribe, ainda que tiranos e corruptos possam se dar bem.
Estou de acordo com a proposta do Guardian...
Paulo Roberto de Almeida

Unthinkable? Banishing tyrants to exile
Editorial
The Guardian, Saturday 9 April 2011

A formal system of exile to lure tyrannical has-beens away from their nations is needed

Wanted: a small island, cut off from the world, prepared to revive the ancient practice of banishment. St Helena would do, still funded by the British, unreachable except by sea and accustomed to housing military-minded former national leaders with delusions about their stature. What worked for Napoleon in 1815 is necessary once again: the world is awash with prime ministers, presidents and dictatorial colonels-for-life who are refusing to quit because they have nowhere to run. The likes of Laurent Gbagbo, Robert Mugabe, Kim Jong-il and Colonel Gaddafi are clinging on to their wrecked national economies and bombed-out palaces, destroying their countries and confounding international diplomats as they do so. What is needed is a formal system of exile to lure tyrannical has-beens away from their nations to everyone's benefit. The process would, it must be admitted, limit the opportunity of trying them for war crimes, but for the exiles that would have to be part of the deal. In time this island of the dammed would no doubt become crowded, and perhaps some of its inmates tamed, as happened to Napoleon when he turned to gardening in the stony St Helena soil – so much healthier than invading his neighbours. Squabbles could be expected and some residents might hope for the possibility of returning to power, as Napoleon did from Elba. But it's a long swim in any direction from St Helena; a shelter for the corrupt and the cruel that would formalise the removal of tyrants

O custo (altissimo) das exageradas reservas brasileiras

Do blog do economista José Roberto Afonso

Custo Fiscal das Reservas Brasileiras

Custo Estimado de Carregamento (Kohler)
Quanto custa ao Brasil manter um elevado nível de reservas internacionais? por Marcos Kohler, publicado pelo Brasil, Economia e Governo. O governo tem diferentes motivos para acumular reservas em moeda estrangeira. O principal é garantir uma espécie de seguro contra crises internacionais. Não obstante esses benefícios, é preciso ficar claro que há um custo em se manter elevadas (e crescentes) reservas internacionais no Bancen. São duas as fontes de custos: a) juros sobre a dívida interna e os juros que rendem as reservas internacionais; b) quando o real se valoriza em relação ao dólar. http://bit.ly/hcPBW2

Drives Reserve? (Levy-Yeyati)
"What drives reserve accumulation (and at what cost)?" by Eduardo Levy-Yeyati. This VOX column investigates the driving forces behind the accumulation of foreign exchange reserves and finds that exchange-rate smoothing, rather than precautionary stockpiling, is the main driver. Levy breaks new ground with a new indicator about the net valuation of reserves for a group of emerging economies - Brazil has the highest cost. See: http://bit.ly/d8EJju

Notícia sobre Reservas (Travaglini)
Gastos com juros para manter as reservas sobem 50% neste ano, por Fernando Travaglini, publicado no Valor Econômico. O texto trata do cálculo do carregamento do custo das reservas feito pelo Bacen. No ano passado todo, o custo de carregamento foi de R$26,6 bilhões. Ou seja, em 2010 foram gastos R$ 2,2 bilhões em média ao mês, enquanto neste ano essa média mensal já está em R$ 3,4 bilhões, com aumento de mais de 50%. http://bit.ly/fMlalu

Vale os custos das reservas (Depec/Bradesco)
Vale a pena pagar os custos de acumulação das reservas internacionais? por Andréa B. Damico, publicado pelo Depec-Bradesco, nota recomendada por Isaac Zagury. A nota trata da política de acumulação de reservas internacionais. A nota tenta responder algumas questões como: 1) qual o custo dessa política de acumulação de reservas?, 2) quais são os benefícios trazidos por ela?, 3) o custo será elevado para sempre?, 4) como a política de acumulação de reservas brasileiras compara com a dos demais emergentes? e 5) vale a pena?

Análise Oficial (Meirelles)
Prestação de contas - LRF, Banco Central: Objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial e impacto fiscal de suas operações, apresentação periódica no Congresso do Presidente do BACEN, Henrique Meirelles, na última vez foi mais extensa e com inovações, em particular pela primeira vez uma autoridade econômica apresentou um cálculo do custo de manutençãodas reservas: R$ 68 bilhões entre 2004 e 2009 (ver slide 9, que não esclareceu a metodologia). É defendido que alto volume de reservas traz benefícios no enfrentamento da crise. http://bit.ly/dtiK01

Cidade do Rio reverte a uma economia de troca...(pelo menos o Arquivo)

Quer pesquisar no Arquivo da cidade do Rio de Janeiro?
Traga um micro-ondas, para usufruto da direção...
Precisa de um documento, para completar suas fontes primárias, que pertença à cidade?
Presenteie um relógio novo...
E por aí vai...

Pesquisadores reprovam cobranças feitas pelo Arquivo da Cidade do Rio
G1, 10/04/2011

Órgão pede micro-ondas e relógio de parede por reproduções do acervo. O G1 não obteve resposta da assessoria do órgão sobre o caso.

Um método de cobrança inusitado, adotado pela direção do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro que, em vez de cobrar o pagamento de uma taxa pela reprodução de documentos do acervo, passou a exigir dos pesquisadores panos de chão, copos descartáveis, relógio de parede e até micro-ondas, tem provocado revolta entre os usuários.
"Esse sistema de escambo não pode ser considerado como uma coisa legal. As pessoas poderiam até doar algum produto para a instituição, mas isso é um ato espontâneo. Em alguns casos, eles pedem o fornecimento de objetos cujos preços estão acima do custo de reprodução de algum documento ou foto. É um absurdo", afirma o historiador Nireu Cavalcanti que, desde que tornou sua crítica pública no meio acadêmico, passou a receber por e-mais várias manifestações de apoio.
A diretora do Arquivo da Cidade, Beatriz Kushnir, foi procurada pelo G1 na quarta-feira (6), e recomendou, através de sua secretária, falar com a assessoria de imprensa do órgão, o que foi feito no mesmo dia. O G1 não recebeu resposta até a publicação da reportagem.

Pano de chão e copos de plásticos
Mesmo a contragosto, o historiador Nireu Cavalcanti teve que se submeter à exigência, no fim de 2007, quando pediu para fazer a reprodução de seis mapas do bairro do Cosme Velho no século XIX para um livro encomendado pelo Museu Imperial de Petrópolis.

Um relógio de parede estava entre os pedidos feitos por um funcionário (Foto: Reprodução/G1)

A reprodução das imagens só foram autorizadas mediante a uma contrapartida que exigia seis unidades de pano de chão, um relógio de parede e uma caixa com 1500 copos de plástico descartáveis.
No e-mail encaminhado ao historiador, por um funcionário do Arquivo da Cidade, o pedido dos produtos é descrito com detalhes e até com a indicação da loja Kalunga, no Centro do Rio, para a compra. A mensagem cita o pedido de número 124/07 referente a contrapartida pelas seis imagens do acervo.
Na época, Nireu pediu ao funcionário que assinasse um protocolo de entrega para comprovar a transação.

Micro-ondas em troca de autorização de uso de imagem
Para o historiador, muita gente "prefere não falar sobre essas cobranças por zelo acadêmico ou temendo algum tipo de discriminação no meio". Mas não foi o caso do arquiteto Claudio Antonio Lima, que desabafou com o amigo Nireu quando lhe pediram um micro-ondas em contrapartida pela autorização para publicar uma imagem do acervo.
"Fiquei espantado e decepcionado", disse Claudio, que pretendia usar o material em sua tese de doutorado sobre as Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (Apacs).

E-mail descreve marca do micro-ondas em troca da imagem (Foto: Reprodução/G1)

No e-mail que o arquiteto recebeu no dia 15 de março, a subgerente de documentação especial do Arquivo da Cidade, Ruth Pontes, informava que o custo da reprodução de uma imagem do fotógrafo Augusto Malta (1864-1957), solicitada por ele, custaria R$ 200. A contrapartida seria o "forno micro-ondas 25 litros Consul Facilite Middi" que, segundo Claudio, só encontrou nas lojas ao preço de R$ 350.
O arquiteto não aceitou a proposta e preferiu concluir suas pesquisas no Arquivo Nacional e no Museu da Imagem e do Som.

domingo, 10 de abril de 2011

Understanding the Chinese Society - Thomas B. Gold

Understanding the Chinese Society - Thomas B. Gold
Foreign Policy Research Institute
www.fpri.org

UNDERSTANDING CHINESE SOCIETY
by Thomas B. Gold
Footnotes - The Newsletter of FPRI's Wachman Center
Vol. 16, No. 1 - April 2011

Thomas B. Gold is a Professor of Sociology at the University of California, Berkeley. Since 2000, he has also served as Executive Director of the Inter-University Program for Chinese Language Studies (IUP), a consortium of 14 American universities and the British Inter-University China Centre which administers an advanced Chinese language program at Tsinghua University in Beijing He presented this address at FPRI's History Institute for Teachers on "China and India: Ancient Civilizations, Rising Powers, Giant Societies, and Contrasting Models of Development," held in March 2011 at the University of Pennsylvania. The program was cosponsored by three centers at Penn - the Center for East Asian Studies, the South Asia Center, and Penn Lauder CIBER (Center for International Business Education and Research) - and was supported by a grant from the Cotswold Foundation.
Video files of the lectures and corresponding powerpoints can be accessed here:
http://www.fpri.org/education/1103china_india/
Available on the web and in pdf format at:
http://www.fpri.org/footnotes/1601.201104.gold.chinesesociety.html

UNDERSTANDING CHINESE SOCIETY
by Thomas B. Gold

(ver o texto neste link)

A piada da semana: Boaventura quer salvar Portugal

Esta entra na categoria brincadeiras inocentes de acadêmicos alienados.
O inefável (frequentador de todos os FSMs desde o início), quer salvar Portugal de sua crise econômica.
Transcrevo apenas parte de seu artigo no blog Outras Palavras, que pretende ser um jornal sério, primo brasileiro do Le Monde Diplomatique, que já deixou de ser sério há muito tempo...

Alternativas para a crise portuguesa
Boaventura de Souza Santos
Outras Palavras, 8/04/2011

Começo por descrever os próximos passos do aprofundamento da crise, para de seguida propor uma estratégia de saída. O que neste momento está se tramando como solução para a crise que o país atravessa não fará mais que aprofundá-la. Eis o itinerário. A intervenção do FMI começará com declarações solenes de que a situação é muito mais grave do que se tem dito (o ventríloquo pode ser o líder do PSD, se ganhar as eleições). As medidas impostas serão a privatização do que resta do setor empresarial e financeiro do Estado, a máxima precarização do trabalho, o corte nos serviços e subsídios públicos. Tudo isso pode levar, por exemplo, a que o preço dos transportes ou do pão suba de um dia para o outro para o triplo, demissões de servidores públicos, cortes nas aposentadorias e salários (a começar pelos abonos de férias e de Natal, um “privilégio” que os jovens do FMI não entendem) e a transformação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) num serviço residual.

Tudo se fará para obter o seal of approval do FMI, que restabelece a confiança dos credores no país. O objetivo não é que pague as dívidas (sabe-se que nunca as pagará), mas antes que vá pagando os juros e se mantenha refém da camisa de forças, para mostrar ao mundo que o modelo funciona.
(...)
Perante este agravamento concertado da crise, como buscar uma saída que restitua aos portugueses a dignidade de existir? Não discuto aqui quem serão os agentes políticos democráticos que tomarão as medidas necessárias, nem o modo como os portugueses se organizarão para pressioná-los nesse sentido. As medidas são as seguintes:

Realizar uma auditoria da dívida externa, que permita reduzi-la à sua proporção real: por exemplo, descontando todos os efeitos de rating por contágio de que fomos vítimas nos últimos meses.

Resolver as necessidades financeiras de curto prazo contraindo empréstimos, sem as condicionalidades do FMI, junto de países dispostos a acreditar na capacidade de recuperação do país, tais como a China, o Brasil e Angola.

Tomar a iniciativa de promover um diálogo Sul-Sul, depois alargado a toda a Europa, no sentido de refundar o projeto europeu, já que o atual está morto.

Promover a criação de um mercado de integração regional transcontinental, tendo como base a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e como carros-chefes Brasil, Angola e Portugal.

Usar como recurso estratégico nessa integração a requalificação da nossa especialização industrial, em função do extraordinário avanço do país nos últimos anos nos domínios da formação avançada e da investigação científica.

-
Boaventura de Sousa Santos é diretor do Centro de Estudos Sociais, Laboratório Associado, da Universidade de Coimbra

==========

Eu me pergunto o que fariam pessoas como essa chegassem a ter responsabilidades governamentais. Melhor que continuem a deformar alunos inocentes na Universidade de Coimbra...
Paulo Roberto de Almeida

Capitalismo estatal: um exemplo, entre outros...

Para ilustrar o que escrevi no post anterior, transcrevo uma matéria de imprensa.
A presidente pensa que ela manda na economia privada. Dependendo de como se olha a coisa, talvez mande mesmo.
Um capitalismo promíscuo desse tipo, castrado e manietado pelo Estado não consegue ser muito dinâmico...
Boa sorte aos beneficiários da banda larga estatal...

Dilma manda aumentar velocidade da banda larga
Teles terão de oferecer 1 Mbps por R$ 35 em plano para massificar acesso
VALDO CRUZ, DE BRASÍLIA
JULIO WIZIACK, DE SÃO PAULO
Folha de S.Paulo, 10 de abril de 2011

Em contrapartida, governo vai trabalhar para aprovar projeto de lei que libera TV a cabo para as teles

A presidente Dilma Rousseff alterou o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga). Em vez de conexões de até 600 Kbps (kilobits por segundo), ela exige 1 Mbps (megabit por segundo) pelo mesmo preço, R$ 35.
Nos Estados que concederem isenção de ICMS nos pacotes vinculados ao PNBL, o preço será R$ 29,80.
A nova orientação foi dada ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações) na semana passada. Segundo a Folha apurou, Dilma exigiu a mudança, afirmando que o plano original está atrasado em relação ao mundo.
O plano dos EUA prevê conexões de 100 Mbps. Na Coreia, as velocidades variam de 1 a 2 Gbps (gigabit por segundo), até 20 vezes mais que nos EUA e até 2.000 vezes mais que no Brasil.
Kbps, Mbps e Gbps são unidades de velocidade das conexões e representam a quantidade de informação trafegada por segundo. Com 1 Mbps, por exemplo, é possível baixar um CD com dez faixas de música em oito minutos, metade do tempo caso a conexão fosse de 600 Kbps.
Justamente por isso, Dilma pediu que Bernardo informasse as teles do seguinte recado: "Vamos abolir esse negócio de kilobit, vamos falar em megabit".
Acrescentou que as operadoras terão de se adaptar à sua demanda e investir, em vez de ficar pedindo dinheiro ao governo. Avisadas, as teles já devem começar a negociar o novo PNBL com o governo nesta semana.
A alteração deve provocar um atraso de pelo menos três meses no início do programa, que deveria ter sido implantado no governo Lula.

TOMA LÁ, DÁ CÁ
Em contrapartida à nova regra, o governo trabalhará para aprovar o projeto de lei (PL 116) que prevê abrir o mercado de TV a cabo para as teles nacionais e estrangeiras, algo vetado pela lei atual.
Para o governo, com a distribuição de programas televisivos por cabo, as operadoras terão aumento de receita, poderão adquirir o controle de empresas de TV e vender "combos" (TV paga, telefone e banda larga, tudo em um), reduzindo custos e aumentando suas margens de lucro.
Elas terão, portanto, garantias para investimentos na rede e aumento do número de clientes. Estarão massificando os acessos à internet, exatamente o que quer a presidente. A tecnologia permite que ela possa prestar todos os serviços pelo mesmo cabo telefônico. Mas, para um serviço de qualidade, é preciso mais que 600 Kbps.