Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
1907) FSM, 10 anos: um balanco maaaaagro...
Segundo confessou o próprio organizador-mór, Cândido Grzybovski, "a tendência é de que o FSM se torne 'menos anti e mais pró', substituindo o discurso de desconstrução por propostas para se chegar ao outro mundo possível."
Bem, parece que eles ainda não sabem bem onde está, como é, como deveria ser, qual o perfil, o que ele conteria de diferente, esse "outro mundo possível". Tudo fica numa vaguidão do espírito e num vazio de ideias que só as mentes pouco iluminadas que frequentam aquele piquenique conseguem se entusiasmar com o nada.
Esse organizador de reuniões vazias acha que "a edição de Porto Alegre foi mais 'enraizada'," seja lá o que isso queira dizer. "Enraizada" no quê, cara-pálida? Favor dizer, do contrário pode se começar a chamar esse pessoal de "tubérculos", enraizados por um certo tempo, mas basta puxar que sai tudo...
Enfim, a acreditar nesse divagador de conceitos abstratos, "O fórum é um espaço de construção de inteligencia coletiva, de uma nova visão, um novo imaginário, novos conceitos, e isso a partir de agora vai ser a grande tarefa."
Tudo isso não quer dizer rigorosamente nada, e eu deixo vocês com a síntese oficial do encontro.
Quem encontrar alguma ideia concreta, favor me avisar.
Paulo Roberto de Almeida (1.02.2010)
Encontro reuniu 35 mil pessoas em Porto Alegre
Agência Brasil, 1.02.2010
O Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre chegou ao fim na última nesta sexta-feira, após uma semana de debates que avaliaram os dez anos do processo que nasceu para pensar “um outro mundo possível”. Com 35 mil participantes, a edição de Porto Alegre foi mais “enraizada”, segundo um dos idealizadores do FSM, Cândido Grzybovski.
“A participação local foi muito forte, o que é um aspecto muito positivo. Tivemos aqui o melhor debate que se fez até hoje na série de fóruns, com avaliação estratégica e pensando os próximos desafios”, afirmou.
O sociólogo disse que a valorização de eventos locais é importante para fortalecer o fórum e garantir a participação. “Não somos banqueiros, donos de empresa, como os que vão a Davos [na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial], somos movimentos sociais, alguns se financiam com os próprios salários”, disse.
Em uma semana, a reunião de Porto Alegre teve 915 atividades na capital e em cinco cidades da região metropolitana. A organização registrou a participação de inscritos de 39 países, de empresários a desempregados. Dos inscritos, 59,3% eram mulheres e 40,7% homens.
Na conta dos dez anos do Fórum Social, os idealizadores incluem o enfraquecimento do modelo neoliberal – que deu sinais de colapso com a crise financeira internacional – e a criação de uma sociedade civil global, que se mobiliza mundialmente.
Segundo Grzybovski, dez anos depois, a tendência é de que o FSM se torne “menos anti e mais pró”, substituindo o discurso de desconstrução por propostas para se chegar ao outro mundo possível. “O fórum é um espaço de construção de inteligencia coletiva, de uma nova visão, um novo imaginário, novos conceitos, e isso a partir de agora vai ser a grande tarefa”, apontou.
A reunião na região metropolitana da capital gaúcha foi um dos 27 eventos programados para o FSM este ano em todo o mundo. Em Salvador, por exemplo, começa nesta sexta o Fórum Social Temático da Bahia, com caráter mais governamental do que a reunião original.
Em 2011, o FSM volta a ter uma reunião centralizada, dessa vez fora de Porto Alegre. Dakar, no Senegal, será a anfitriã da reunião no próximo ano.
As informações são da Agência Brasil
1906) O diplomata e o desenvolvimento do país
O Papel do Diplomata no Desenvolvimento do Brasil
3.11.2009
Daniel disse...
Exmº. Dr.Paulo Roberto de Almeida,
Primeiramente gostaria de prestar congratulações e respeito por vossa biografia, de fato inspiradora, acredito que para todos nós aspirantes à carreira diplomática.
Tenho 31 anos, sou odontólogo, professor auxiliar de uma Universidade pública no Rio de Janeiro e dou início, no atual momento, ao doutorado em minha área.
Entretanto, a carreira diplomática sempre me foi no mínimo instigante e exatamente pela curiosidade e pela compulsão literária, sinto-me impelido a enveredar-me por este caminho de evolução intelectual, profissional e humano. Acerca deste
último campo, me chamou muito à atenção o lado humanista da profissão, o de servir aos brasileiros, não somente ao Estado.
Tendo-se em vista as desigualdades sociais de nosso país, como a carreira diplomática pode ajudar a aliviar as claras deficiências de desenvolvimento humano em nosso país? Pelo que devemos primar em nossas carreiras para transformar crescimento do Estado, muitas vezes fomentado pela atividade diplomática, em consequente desenvolvimento humano?
Cordialmente,
Daniel G. M.
Terça-feira, Novembro 03, 2009 2:48:00 AM
Ao que eu respondi logo em seguida:
Paulo R. de Almeida disse...
Excelentes perguntas, Daniel, que eu mesmo gostaria de responder agora, se tivesse tempo e capacidade (acho que tenho alguma).
Respondendo rapidamente de forma sintética, eu diria que o papel do diplomata no desenvolvimento brasileiro é claramente acessório, pois nenhum, REPITO NENHUM, dos grandes problemas brasileiros tem a ver com o cenário internacional, ou muito superficialmente.
Todos os nossos problemas -- falta de educação de qualidade, corrupção, políticas públicas inadequadas, baixo investimento em C&T, instituições governamentais deficientes, déficit previdenciário, baixo investimento em infraestrutura, baixa poupança, pequena abertura a comércio internacional e investimentos diretos estrangeiros -- todas essas deficiências são "made in Brazil", nossos próprios pecados, e tem de ser resolvidos aqui mesmo. Mas acredito que isso vai demorar um pouco.
O diplomata, como cidadão, pode ajudar um pouco, expondo o que fizeram de certo (e de errado) outros países, e porque alguns deram certo e outros deram errado.
Nós fizemos meio certo em muitas coisas, e muito errado em outras, como em educação, por exemplo.
Mas, isso não é algo que o diplomata possa resolver, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Vou me dedicar a responder a esse seu questionamento em algum trabalho futuro.
Obrigado por formular a questão.
Terça-feira, Novembro 03, 2009 2:54:00 AM
Bem, continuo devendo uma resposta mais elaborada, que não sei exatamente quando vou poder dar. Mas, como disse, está no meu pipeline, e agora, deixando em aberto para cobranças outras, mais ainda...
Paulo Roberto de Almeida
(1.02.2010)
domingo, 31 de janeiro de 2010
1905) Um empreendedor do conhecimento: Khan Academy
We have 1000+ videos on YouTube covering everything from basic arithmetic and algebra to differential equations, physics, chemistry, biology and finance which have been recorded by Salman Khan.
Uma pequena amostra:
Current Economics
Economics of a Cupcake Factory
Cupcake Economics 2
Cupcake Economics 3
Inflation, Deflation & Capacity Utilization
Inflation, Deflation & Capacity Utilization 2
Inflation & Deflation 3: Obama Stimulus Plan
Unemployment
CPI Index
Simple Analysis of Cost per Job Saved from Stimulus
Unemployment Rate Primer
Banking and Money
Banking 1
Banking 2: A bank's income statement
Banking 3: Fractional Reserve Banking
Banking 4: Multiplier effect and the money supply
Banking 5: Introduction to Bank Notes
Banking 6: Bank Notes and Checks
Banking 7: Giving out loans without giving out gold
Banking 8: Reserve Ratios
Banking 9: More on Reserve Ratios (Bad sound)
Banking 10: Introduction to leverage (bad sound)
Banking 11: A reserve bank
Banking 12: Treasuries (government debt)
Banking 13: Open Market Operations
Banking 14: Fed Funds Rate
Banking 15: More on the Fed Funds Rate
Banking 16: Why target rates vs. money supply
Banking 17: What happened to the gold?
Banking 18: Big Picture Discussion
The Discount Rate
Repurchase Agreements (Repo transactions)
Federal Reserve Balance Sheet
Fractional Reserve Banking Commentary 1
FRB Commentary 2: Deposit Insurance
FRB Commentary 3: Big Picture
Venture Capital and Capital Markets
Raising money for a startup
Getting a seed round from a VC
Going back to the till: Series B
An IPO
More on IPOs
Equity vs. Debt
Bonds vs. Stocks
Chapter 7:Bankruptcy Liquidation
Chapter 11: Bankruptcy Restructuring
Finance
Introduction to interest
Interest (part 2)
Introduction to Present Value
Present Value 2
Present Value 3
Present Value 4 (and discounted cash flow)
Introduction to Balance Sheets
More on balance sheets and equity
Home equity loans
Renting vs. Buying a home
Renting vs. buying a home (part 2)
Renting vs. Buying (detailed analysis)
The housing price conundrum
Housing price conundrum (part 2)
Housing Price Conundrum (part 3)
Housing Conundrum (part 4)
Raising money for a startup
Getting a seed round from a VC
Going back to the till: Series B
An IPO
More on IPOs
Bonds vs. Stocks
Chapter 7:Bankruptcy Liquidation
Chapter 11: Bankruptcy Restructuring
Return on capital
Mortgage-Backed Securities I
Mortgage-backed securities II
Mortgage-backed securities III
Collateralized Debt Obligation (CDO)
Introduction to the yield curve
Introduction to compound interest and e
Compound Interest and e (part 2)
Compound Interest and e (part 3)
Compound Interest and e (part 4)
Bailout 1: Liquidity vs. Solvency
Bailout 2: Book Value
Bailout 3: Book value vs. market value
Bailout 4: Mark-to-model vs. mark-to-market
Bailout 5: Paying off the debt
Bailout 6: Getting an equity infusion
Bailout 7: Bank goes into bankruptcy
Bailout 8: Systemic Risk
Bailout 9: Paulson's Plan
Bailout 10: Moral Hazard
Credit Default Swaps
Credit Default Swaps 2
Investment vs. Consumption 1
Investment vs. Comsumption 2
Bailout 11: Why these CDOs could be worth nothing
Bailout 12: Lone Star Transaction
Bailout 13: Does the bailout have a chance of working?
Wealth Destruction 1
Wealth Destruction 2
Bailout 14: Possible Solution
Bailout 15: More on the solution
Banking 4: Multiplier effect and the money supply
Banking 3: Fractional Reserve Banking
Banking 2: A bank's income statement
Banking 1
Banking 2: A bank's income statement
Banking 3: Fractional Reserve Banking
Banking 4: Multiplier effect and the money supply
Valuation and Investing
Price and Market Capitalization
Introduction to the Income Statement
Earnings and EPS
Introduction to the Price-to-Earnings Ratio
P/E Discussion
ROA Discussion 1
ROA Discussion 2
Depreciation
Amortization
P/E Conundrum
Enterprise Value
EBITDA
Credit Crisis
The housing price conundrum
Housing price conundrum (part 2)
Housing Price Conundrum (part 3)
Housing Conundrum (part 4)
Mortgage-Backed Securities I
Mortgage-backed securities II
Mortgage-backed securities III
Collateralized Debt Obligation (CDO)
Bailout 13: Does the bailout have a chance of working?
Credit Default Swaps
Credit Default Swaps 2
Wealth Destruction 1
Wealth Destruction 2
Geithner Plan
Geithner Plan I
Geithner Plan II
Geithner Plan 2.5
Geithner Plan III
Geithner Plan IV
Geithner 5: A better solution
Paulson Bailout
Bailout 1: Liquidity vs. Solvency
Bailout 2: Book Value
Bailout 3: Book value vs. market value
Bailout 4: Mark-to-model vs. mark-to-market
Bailout 5: Paying off the debt
Bailout 6: Getting an equity infusion
Bailout 7: Bank goes into bankruptcy
Bailout 8: Systemic Risk
Bailout 9: Paulson's Plan
Bailout 10: Moral Hazard
Bailout 11: Why these CDOs could be worth nothing
Bailout 12: Lone Star Transaction
Bailout 14: Possible Solution
Bailout 15: More on the solution
Salman Khan (Sal) founded the Khan Academy with the goal of using technology to educate the world
Sal received his MBA from Harvard Business School. He also holds a Masters in electrical engineering and computer science, a BS in electrical engineering and computer science, and a BS in mathematics from the Massachusetts Institute of Technology
1904) "Fear the Boom and Bust" a Hayek vs. Keynes Rap Anthem
De fato,sempre se pode aprender um pouco de economia com esse rap "confrontacionista" entre :
"Fear the Boom and Bust": a Hayek vs. Keynes Rap Anthem
In Fear the Boom and Bust, John Maynard Keynes and F. A. Hayek, two of the great economists of the 20th century, come back to life to attend an economics conference on the economic crisis. Before the conference begins, and at the insistence of Lord Keynes, they go out for a night on the town and sing about why there's a "boom and bust" cycle in modern economies and good reason to fear it.
Get the full lyrics, story and free download of the song in high quality MP3 and AAC files at: http://www.econstories.tv
Vejam alguns comentários:
As usual gangsta rap succeeds where thousands of economics books have failed.
ersdot
i love hayek's disapproving looks throughout.
Terrorera
this is the freaking bomb.
iamvoodoo
@patbarkley
The dollar is a floating reference. It loses value when the quantity of them exceeds produced value. Gold cannot be printed at will. The fact of price changes in gold says more about the value of the dollar than the value of gold. Not suggesting there is an absolute reference.
mouser98k
the president that deserves the most blame is Woodrow Wilson
HaloFanKnowsChuckFu
"gold and oil are moving from the lower left to the upper right together... " You noticed that oil and gold are more expensive than 100 years ago? Wow!
That still doesn't prove that gold is somehow magically stable, dude...
1903) Um outro kibutz é possivel, ate mesmo necessario
Parece que ainda não inventaram um outro modo de produção tão eficiente quanto o capitalismo. Não quer dizer que não possa surgir, no futuro, mas na presente fase da vida humana na Terra, ainda não se conseguiu inventar algo melhor...
A ascensão do kibutz capitalista
Tobias Buck
Financial Times, 26 janeiro 2010
*As fazendas coletivas de Israel eram originalmente baseadas em ideais socialistas e igualitários. Hoje, muitas se transformaram em grandes empresas privadas*
Situado em meio às colinas na região central de Israel, o Kibutz Nachshon é um aglomerado de casas simples à sombra de pinheiros e cercadas por jardins e plantações. A calma da metade do dia é quebrada apenas ocasionalmente, quando um trator se dirige de forma barulhenta para um silo de grãos ou quando crianças passam a caminho da creche.
Para um visitante casual, Nachshon passou os últimos quatro anos em meio a uma revolução social e econômica que varreu grande parte dos ideais socialistas e práticas igualitárias que marcaram este experimento em vida comunal. Os prédios e campos ainda são os mesmos, as inclinações esquerdistas ainda estão ali, assim como um senso de solidariedade. Mas em termos práticos, as vidas de moradores do kibutz como Jane Ozeri mudaram até ficarem irreconhecíveis.
* *
*Aberto para mudanças*
Diferente de outros experimentos sociais, há surpreendentemente pouco dogma ou teoria por trás do kibutz israelense. Segundo alguns especialistas, este é o motivo chave para a relativa abertura das comunidades à mudança. Antes da onda de privatizações que teve início nos anos 90 e continua até hoje, os kibutzim já tinham sacrificado outros princípios queridos -incluindo a proibição a contratação de mão-de-obra de fora da comunidade e a ideia de que todas as crianças do kibutz tinham que dormir em uma casa separada da de seus pais. "Nunca houve um programa para o kibutz, ele foi criado por
pessoas vivas. Toda vez que encontravam um problema, elas simplesmente buscavam uma solução", diz Shlomo Getz, um especialista em kibutzim.
Ozeri, 55 anos, chegou do Reino Unido a Nachshon há 30 anos, atraída pela mistura única de socialismo e sionismo do movimento kibutz. "Eu me apaixonei por toda esta ideia de todos serem iguais, de todos cuidando uns dos outros", ela recorda.
Ao mesmo tempo, ela trabalhava sempre que o kibutz precisava dela: na cozinha comunal, nos campos, no galinheiro ou na escola. Moradores do kibutz como ela não recebiam salário, apenas um magro estipêndio mensal que era "mais como um trocado". Em troca, a comunidade fornecia moradia gratuita, alimento, educação, roupas, atendimento de saúde, transporte e até cigarros.
Se Ozeri quisesse visitar sua família no Reino Unido, a assembleia do kibutz discutia os méritos de seu caso e então votaria pelo pagamento ou não de sua passagem.
Hoje, Ozeri possui um cartão de visita que a identifica como "coordenadora global de vendas" da Aran Packaging, uma empresa que produz embalagens para líquidos para a indústria alimentícia. Localizada no kibutz e de propriedade de seus membros, a empresa conta com vendas de quase US$ 40 milhões por ano e envia seus produtos para 35 países ao redor do mundo. Ozeri recebe um salário do qual pode fazer uso livre, mas que também é consideravelmente mais alto do que aquele que é pago aos operários na linha de montagem e aos trabalhadores no campo. Ela diz que a divisão salarial na Aran é semelhante ao de outras empresas do setor privado.
A igualdade, antes no centro da ideologia do kibutz, também foi violada de outras formas. Tarefas que costumavam ser realizadas pelos moradores do kibutz independentemente de seu grau de escolaridade e formação -como lavar os pratos- são hoje realizadas por empregados contratados de fora da comunidade.
As posturas em relação aos negócios também mudaram radicalmente. Nos anos 80, os membros do Nachshon votaram contra um plano para abertura de um posto de gasolina na estrada próxima, porque forçaria os moradores orgulhosos do kibutz a "servirem" os motoristas.
Hoje, muitos dos moradores de kibutz não apenas possuem negócios prósperos -inclusive na indústria de turismo- que funcionam exatamente como outras empresas privadas, como também decidiram abraçar o mercado de capital: 22 empresas de kibutz estão atualmente listadas nas bolsas de valores de Tel Aviv, Nova York e Londres. Com vendas anuais no valor de US$ 10 bilhões de dólares (cerca de R$ 18,2 bilhões), as empresas de kibutz representam cerca de 10% da produção industrial de Israel.
A agricultura ainda é importante para a maioria dos moradores dos kibutzim, apesar de que menos do que durante seus primórdios. De fato, a mudança para a indústria que teve início nos anos 60 e 70 foi um fator importante que persuadiu os moradores dos kibutzim a mudarem de ideia: eles perceberam que uma fábrica, diferente de uma fazenda, é difícil de ser dirigida de modo igualitário. Resumindo, alguém tinha que dirigir e alguém tinha que permanecer na linha de montagem.
Mas a transformação do kibutz de bastião socialista em cooperativa capitalista é, acima de tudo, um reflexo de uma mudança muito mais ampla na sociedade israelense. À medida que o país começou a prosperar durante os anos 80, os israelenses começaram cada vez mais a abandonar o etos socialista frugal que dominou os primeiros anos do Estado.
Foi um desdobramento que não deixou os kibutzim intocados. "O kibutz nunca foi isolado da sociedade", diz Shlomo Getz, diretor do Instituto para Pesquisa do Kibutz, na Universidade de Haifa. "Ocorreu uma mudança de valores em Israel e uma mudança de padrão de vida. Muitos moradores de kibutz agora queriam as mesmas coisas que seus amigos de fora do kibutz."
Ozeri diz: "As pessoas queriam mais controle sobre suas próprias vidas e economias. Elas queriam tomar suas próprias decisões, ter seu próprio carro e seu próprio telefone. É muito difícil viver nesta forte vida comunal. É cansativo".
Enquanto essas tendências sociais ganhavam força, o movimento kibutz recebeu um golpe de nocaute de uma direção diferente. Buscando uma diversificação longe da agricultura, mais e mais moradores começaram a se interessar pela indústria, montando empresas que -frequentemente sobrecarregadas pela falta de experiência administrativa e de capital- davam enormes prejuízos.
O resultado foi uma crise de dívida, um resgate por parte do governo em 1985 e todo um reexame da filosofia econômica do kibutz.
"A sociedade israelense sempre viu os moradores de kibutz como uma elite. Mas agora eles eram considerados um mero grupo de interesse que dependia do dinheiro do Estado", diz Getz.
A resposta para o dilema -e para as dificuldades financeiras das comunidades- veio na forma da privatização -um processo que começou lentamente nos anos 90 e vem ganhando força desde então.
Nachshon, por exemplo, finalmente decidiu abandonar o coletivismo em 2006. Em um chamado "kibutz privatizado", os membros podem fazer uso livre de seus salários, mas em troca eles têm que pagar por todos os bens e serviços que o kibutz antes costumava fornecer gratuitamente.
Com frequência cada vez maior, os moradores descobriram que preferiam preparar sua própria comida, lavar sua própria roupa e ter seu próprio carro do que fazer uso das instalações comunais. Até mesmo o refeitório -antes o coração de cada comunidade, onde os membros costumavam se reunir, comer e conversar diariamente- se tornou vítima da privatização: em alguns kibutzim, a frequência caiu tanto que o refeitório foi totalmente abandonado.
Omer Moav, um ex-morador de kibutz que agora ensina economia na Royal Holloway University de Londres e presta consultoria ao ministro das Finanças de Israel, argumenta que o movimento kibutz estava destinado a fracassar. Ele funcionou, ele diz, apenas enquanto seus membros desfrutavam de um padrão de vida comparável, se não melhor, ao da média israelense. "As pessoas respondem a incentivos. Nós ficamos felizes em trabalhar arduamente para nossa própria qualidade de vida, nós gostamos de nossa independência", ele diz. "Tudo se trata da natureza humana -e um sistema socialista como o kibutz não se encaixa na natureza humana."
Mas nem todo o velho etos do kibutz desapareceu. Casas, terras e instalações de produção, por exemplo, ainda são mantidos coletivamente. Todos os kibutzim privatizados operam uma chamada "rede de proteção", que faz uso de contribuições individuais para assegurar que os membros tenham um padrão de vida mínimo -mas não mais igual. E apesar de seu número estar caindo rapidamente, dos 262 kibutzim existentes em Israel atualmente, cerca de 65 ainda funcionam do modo tradicional, enquanto 188 foram totalmente, e nove parcialmente, privatizados.
Mas poucos discordariam do resumo de Ozeri para a transformação. Em grande parte, ela diz, "nós agora somos iguais a todo mundo".
*Tradução: George El Khouri Andolfato*
1902) Petrobras, corrupcao SA: um produto nao convencional
sábado, 30 de janeiro de 2010
1896) Petrobras: de volta à berlinda por corrupção...
Mistério na Petrobrás
Suely Caldas
O ESTADO DE S PAULO, 31 janeiro 2010
Há um mistério encobrindo fraudes em grandes obras da Petrobrás, e o governo Lula nunca teve consideração nem respeito pelos brasileiros de vir a público esclarecê-lo e responder às acusações do Tribunal de Contas da União (TCU) de práticas de superfaturamento e gestão temerária. O que fez, até agora, foi dar explicações vagas e fajutas, rejeitadas pelo TCU. Até mesmo o Congresso - abalado por tantas denúncias de corrupção - se envergonhou com o exagero de gastos não explicados e vetou a liberação de recursos em 2010 para parte de quatro bilionárias obras da estatal, até que as irregularidades sejam corrigidas.
Mas a obsessão do governo em esconder os fatos e seguir com as obras suspeitas levou o presidente Lula, na quarta-feira, a suspender o veto, liberar dinheiro para as obras, assumir pessoalmente o ônus político de desautorizar o Poder Legislativo e o TCU e ainda ser visto como cúmplice de aplicações indevidas de dinheiro da Petrobrás.
Espanta a omissão do governo em não apurar as denúncias do TCU. Seu papel deveria ser investigar, identificar e punir responsáveis, corrigir os valores fraudados e vir a público pedir desculpas e se explicar ao País. O assombro aumenta diante da grandiosidade dos números: por que razão, sem nenhuma explicação convincente, o orçamento da Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco (PE), triplicou, saltando de US$ 4,05 bilhões para US$ 12 bilhões? Como responder à perícia dos técnicos do TCU, que identificaram o superfaturamento absurdo de 1.490% no pagamento de verbas indenizatórias nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro?
Um ano passou desde a conclusão de auditoria do TCU que identificou as fraudes. Em vez de criar uma comissão de inquérito na empresa para apurar as denúncias, a direção da Petrobrás tratou de construir explicações frágeis, vagas, genéricas e sem fundamentos, que não convenceram ninguém, muito menos os conselheiros e auditores do tribunal. Depois de ouvir argumentos da empresa, o TCU continuou reafirmando as fraudes.
As restrições do TCU foram conhecidas em março de 2009, mas só em 26 de agosto a direção da Petrobrás divulgou ao público sua versão. Preferiu o monólogo da nota oficial em vez de uma entrevista à imprensa em que poderia mostrar planilhas, notas fiscais, números, responder a questionamentos sem medo e não deixar dúvidas. A nota apontava quatro razões para o orçamento da Refinaria Abreu Lima ter triplicado: 1) a capacidade de refino aumentou de 200 mil para 230 mil barris/dia; 2) a variação da taxa de câmbio; 3) a adoção de um novo sistema de tratamento de gases tóxicos; e 4) o aquecimento da indústria de petróleo. Mesmo considerando que variáveis como o câmbio são estimadas e previstas no cálculo de qualquer projeto de longo prazo, seria razoável se o novo preço aumentasse em 10%, 20%, mas triplicar, sem explicar detalhes, sem apresentar provas convincentes?
Em novembro de 2009, em resposta a questionamentos da imprensa, a direção da estatal resumiu em seu blog: "Não há superfaturamento, sobrepreço ou qualquer outra irregularidade nas obras. O que se verifica nos casos apontados pelo TCU são formulações e interpretações divergentes daquelas adotadas pela Companhia." Interpretações diferentes justificam triplicar o preço? Generalidades e ausência de provas deram o tom sistemático das versões da empresa.
Depois de persistente resistência do governo e de partidos aliados, finalmente, em maio de 2009, o Senado criou uma CPI para apurar irregularidades na Petrobrás. A manipulação e o domínio do governo nos rumos da CPI, com o relator Romero Jucá (PMDB-RR) à frente, representaram a desmoralização política do Senado, humilhado e submisso aos interesses do governo de nada apurar e tudo esconder. A ponto de o ex-presidente Fernando Collor, aliado do governo, apresentar relatório paralelo reclamando por graves e sérias investigações que não foram feitas.
O Senado foi um fiasco. Mas, no papel de fiscalizador da aplicação de dinheiro público, o TCU fez o seu trabalho: identificou irregularidades nas Refinarias Abreu Lima (PE) e Presidente Vargas (PR), no Terminal Portuário de Barra do Riacho (ES) e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Ouviu os argumentos da empresa, não foi convencido e recomendou o veto de verbas às obras suspeitas. Mas Lula derrubou o veto e as obras suspeitas continuarão desviando dinheiro. Este é o mistério da Petrobrás: por que não investigar as fraudes? Para onde vai o dinheiro desviado?
1901) Paul Volcker on Obama's Financial Reform
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How to Reform Our Financial System
By PAUL VOLCKER
Op-Ed Contributor
New York Times, January 31, 2010
PRESIDENT OBAMA 10 days ago set out one important element in the needed structural reform of the financial system. No one can reasonably contest the need for such reform, in the United States and in other countries as well. We have after all a system that broke down in the most serious crisis in 75 years. The cost has been enormous in terms of unemployment and lost production. The repercussions have been international.
Aggressive action by governments and central banks — really unprecedented in both magnitude and scope — has been necessary to revive and maintain market functions. Some of that support has continued to this day. Here in the United States as elsewhere, some of the largest and proudest financial institutions — including both investment and commercial banks — have been rescued or merged with the help of massive official funds. Those actions were taken out of well-justified concern that their outright failure would irreparably impair market functioning and further damage the real economy already in recession.
Now the economy is recovering, if at a still modest pace. Funds are flowing more readily in financial markets, but still far from normally. Discussion is underway here and abroad about specific reforms, many of which have been set out by the United States administration: appropriate capital and liquidity requirements for banks; better official supervision on the one hand and on the other improved risk management and board oversight for private institutions; a review of accounting approaches toward financial institutions; and others.
As President Obama has emphasized, some central structural issues have not yet been satisfactorily addressed.
A large concern is the residue of moral hazard from the extensive and successful efforts of central banks and governments to rescue large failing and potentially failing financial institutions. The long-established “safety net” undergirding the stability of commercial banks — deposit insurance and lender of last resort facilities — has been both reinforced and extended in a series of ad hoc decisions to support investment banks, mortgage providers and the world’s largest insurance company. In the process, managements, creditors and to some extent stockholders of these non-banks have been protected.
The phrase “too big to fail” has entered into our everyday vocabulary. It carries the implication that really large, complex and highly interconnected financial institutions can count on public support at critical times. The sense of public outrage over seemingly unfair treatment is palpable. Beyond the emotion, the result is to provide those institutions with a competitive advantage in their financing, in their size and in their ability to take and absorb risks.
As things stand, the consequence will be to enhance incentives to risk-taking and leverage, with the implication of an even more fragile financial system. We need to find more effective fail-safe arrangements.
In approaching that challenge, we need to recognize that the basic operations of commercial banks are integral to a well-functioning private financial system. It is those institutions, after all, that manage and protect the basic payments systems upon which we all depend. More broadly, they provide the essential intermediating function of matching the need for safe and readily available depositories for liquid funds with the need for reliable sources of credit for businesses, individuals and governments.
Combining those essential functions unavoidably entails risk, sometimes substantial risk. That is why Adam Smith more than 200 years ago advocated keeping banks small. Then an individual failure would not be so destructive for the economy. That approach does not really seem feasible in today’s world, not given the size of businesses, the substantial investment required in technology and the national and international reach required.
Instead, governments have long provided commercial banks with the public “safety net.” The implied moral hazard has been balanced by close regulation and supervision. Improved capital requirements and leverage restrictions are now also under consideration in international forums as a key element of reform.
The further proposal set out by the president recently to limit the proprietary activities of banks approaches the problem from a complementary direction. The point of departure is that adding further layers of risk to the inherent risks of essential commercial bank functions doesn’t make sense, not when those risks arise from more speculative activities far better suited for other areas of the financial markets.
The specific points at issue are ownership or sponsorship of hedge funds and private equity funds, and proprietary trading — that is, placing bank capital at risk in the search of speculative profit rather than in response to customer needs. Those activities are actively engaged in by only a handful of American mega-commercial banks, perhaps four or five. Only 25 or 30 may be significant internationally.
Apart from the risks inherent in these activities, they also present virtually insolvable conflicts of interest with customer relationships, conflicts that simply cannot be escaped by an elaboration of so-called Chinese walls between different divisions of an institution. The further point is that the three activities at issue — which in themselves are legitimate and useful parts of our capital markets — are in no way dependent on commercial banks’ ownership. These days there are literally thousands of independent hedge funds and equity funds of widely varying size perfectly capable of maintaining innovative competitive markets. Individually, such independent capital market institutions, typically financed privately, are heavily dependent like other businesses upon commercial bank services, including in their case prime brokerage. Commercial bank ownership only tilts a “level playing field” without clear value added.
Very few of those capital market institutions, both because of their typically more limited size and more stable sources of finance, could present a credible claim to be “too big” or “too interconnected” to fail. In fact, sizable numbers of such institutions fail or voluntarily cease business in troubled times with no adverse consequences for the viability of markets.
What we do need is protection against the outliers. There are a limited number of investment banks (or perhaps insurance companies or other firms) the failure of which would be so disturbing as to raise concern about a broader market disruption. In such cases, authority by a relevant supervisory agency to limit their capital and leverage would be important, as the president has proposed.
To meet the possibility that failure of such institutions may nonetheless threaten the system, the reform proposals of the Obama administration and other governments point to the need for a new “resolution authority.” Specifically, the appropriately designated agency should be authorized to intervene in the event that a systemically critical capital market institution is on the brink of failure. The agency would assume control for the sole purpose of arranging an orderly liquidation or merger. Limited funds would be made available to maintain continuity of operations while preparing for the demise of the organization.
To help facilitate that process, the concept of a “living will” has been set forth by a number of governments. Stockholders and management would not be protected. Creditors would be at risk, and would suffer to the extent that the ultimate liquidation value of the firm would fall short of its debts.
To put it simply, in no sense would these capital market institutions be deemed “too big to fail.” What they would be free to do is to innovate, to trade, to speculate, to manage private pools of capital — and as ordinary businesses in a capitalist economy, to fail.
I do not deal here with other key issues of structural reform. Surely, effective arrangements for clearing and settlement and other restrictions in the now enormous market for derivatives should be agreed to as part of the present reform program. So should the need for a designated agency — preferably the Federal Reserve — charged with reviewing and appraising market developments, identifying sources of weakness and recommending action to deal with the emerging problems. Those and other matters are part of the administration’s program and now under international consideration.
In this country, I believe regulation of large insurance companies operating over many states needs to be reviewed. We also face a large challenge in rebuilding an efficient, competitive private mortgage market, an area in which commercial bank participation is needed. Those are matters for another day.
What is essential now is that we work with other nations hosting large financial markets to reach a broad consensus on an outline for the needed structural reforms, certainly including those that the president has recently set out. My clear sense is that relevant international and foreign authorities are prepared to engage in that effort. In the process, significant points of operational detail will need to be resolved, including clarifying the range of trading activity appropriate for commercial banks in support of customer relationships.
I am well aware that there are interested parties that long to return to “business as usual,” even while retaining the comfort of remaining within the confines of the official safety net. They will argue that they themselves and intelligent regulators and supervisors, armed with recent experience, can maintain the needed surveillance, foresee the dangers and manage the risks.
In contrast, I tell you that is no substitute for structural change, the point the president himself has set out so strongly.
I’ve been there — as regulator, as central banker, as commercial bank official and director — for almost 60 years. I have observed how memories dim. Individuals change. Institutional and political pressures to “lay off” tough regulation will remain — most notably in the fair weather that inevitably precedes the storm.
The implication is clear. We need to face up to needed structural changes, and place them into law. To do less will simply mean ultimate failure — failure to accept responsibility for learning from the lessons of the past and anticipating the needs of the future.
Paul Volcker, a former chairman of the Federal Reserve, is the chairman of the president’s Economic Recovery Advisory Board.
1900) Sitemeter: que eficiencia!
Diplomatizzando
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Vejamos o que eu posso concluir: quem entra aqui está com pressa, pois que fica menos de 4 minutos, o suficiente, creio, para olhar alguns posts e ler um ou dois, no máximo.
Vamos ver até o final da proxima semana, para fazer um periodo completo...
sábado, 30 de janeiro de 2010
1898) Ainda a Telebras: uma opiniao
Nivaldo Cordeiro: um espectador engajado
28 de janeiro de 2010
Não deu outra. Hoje a Folha de São Paulo noticiou (“Teles ameaçam ir à Justiça contra a banda larga estatal”) que Lula vai ativar mais uma estatal, a Telebrás, de triste memória, para fornecer serviços de banda larga no varejo. Não adiantou as empresas de Telecom aderirem ao circo da Confecom, a fim de ficar de bem com o governo Lula. Os revolucionários no poder são insaciáveis e implacáveis na busca da implantação das bandeiras do socialismo, entre elas a destruição da economia de mercado. Quando eu escrevi durante a Confecom que a aliança da Telebrasil com o PT era muito estranha foi porque, para mim, estava claro que o setor estava sendo usado para legitimar o projeto petista de revolução social e nada iria levar em troca do apoio pouco refletido.
No mesmo período estava sendo discutido o Plano Nacional de Banda Larga, projeto elaborado pela equipe do ministro Hélio Costa, com a ajuda da Telebrasil. Lula o recusou por favorecer a economia de mercado e mandou preparar novos estudos. Estava óbvio que o tal plano revisto nasceria como produto das “propostas” aprovadas na Confecom. O dito e o feito. Estava óbvio também que a ala radical, porém sincera, do petismo não iria perder a oportunidade de ativar mais uma estatal, cheia de empregos bem remunerados para a companheirada, mesmo que tal empresa venha a concorrer frontalmente com as empresas estabelecidas no setor.
Diz a notícia que os prejudicados querem entrar na Justiça contra a decisão. Ora, argüindo o quê? Em nome dos fracos e excluídos qualquer coisa pode passar. Não podemos esquecer que as instâncias superiores do Poder Judiciário estão integralmente controladas por pessoas que, se não são petistas por adesão, são de coração e crença. Essa gente bota fé mesmo na ação do Estado para corrigir todos os males sociais e aperfeiçoar todos os defeitos que eles enxergam na economia de mercado.
Não se enfrenta o petismo na esfera judicial, essa é a maior de todas as tolices. Esses revolucionários só podem ser parados na esfera política, no voto das urnas. Os empresários do setor precisam acordar para a realidade dura e crua. Sei que eles, nos últimos anos, acomodaram-se e fizeram grandes e bons negócios com os novos governantes, na esperança vã de que a coisa fosse se manter dentro da normalidade. Cansei de escrever que era mera tática do PT e que a suposta normalidade era passageira e frágil e que, na primeira oportunidade, a onça daria o bote fatal. O dito e o feito.
Os empresários do setor, se não quiserem ser destruídos enquanto empresários, precisam parar de financiar o PT, em primeiro lugar, e passar a financiar políticos liberais e conservadores, em segundo lugar. Precisam apoiar organizações partidárias favoráveis ao livre mercado. Precisam ter organização política orgânica no mais alto nível da expressão, que de fato possa enfrentar o governo revolucionário. Livre mercado não nasce espontaneamente, é produto da institucionalização da visão política liberal-conservadora. Se os partidos governantes recusarem esse ideal as instituições serão modificadas e o livre mercado será destruído. É isso que estamos vendo no Brasil do PT e o setor de Telecom entrou na pauta da estatização. Diga-se, com seu próprio e equivocado apoio. Eu vi seus delegados na Confecom imitando os leninistas profissionais enviados pelo PT. Obviamente que não tinham nenhuma chance naquele jogo de cartas marcadas.
A Justiça de nada valerá. Na verdade, a maior parte dos operadores da nossa Justiça já segue a idéia nefasta da função “social” da propriedade e está convencida de que empresário é explorador, que merece ser expropriado. Restabelecer os justos critérios do Direito levará décadas, talvez precisemos esperar a mudança de geração dentro do Poder Judiciário. O setor de Telecom perdeu a parada, por sua própria culpa e omissão. Pagando os enormes impostos que paga deveria ter desconfiado de que estava sendo roubado pela ordem legal. Que havia alguma coisa de muita errada no nosso sistema jurídico e político. Ao contrário, preferiu pactuar com os petistas em sua assembléia leninista. Agora não tem a quem recorrer.
1897) Mais uma estatal suculenta para os abutres: Telebras
Plano de recriação da Telebrás prevê injeção de R$ 20 bilhões do BNDES
Gerusa Marques
O Estado de S.Paulo, Sexta-Feira, 29 de Janeiro de 2010
Proposta para estatal de banda larga deve ser apresentada ao presidente Lula em 10 de fevereiro
Em uma iniciativa para voltar ao mercado de telecomunicações, o governo poderá investir R$ 20 bilhões, cedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na criação de uma estatal - já chamada de InfoBrasil - para concorrer com as empresas privadas no fornecimento de serviços de banda larga. Os técnicos do governo concluíram o diagnóstico solicitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles definiram o custo do investimento e asseguram que a nova estatal, ou a própria Telebrás revitalizada, atenderá à camada da população mais pobre e cidades fora dos grandes centros urbanos com o serviço de internet a preço mais baixo que os cobrados pelas teles.
Atualmente, esse mercado é dominado por empresas privadas, que, no entanto, não atenderam à expectativa do governo de estender os serviços de banda larga às classes C, D e E. As empresas demandaram isenções tributárias para compensar os pesados investimentos. Lula não gostou da reação e pediu um estudo para testar a viabilidade de uma estatal.
A Agência Estado teve acesso a esse estudo que será apresentado a Lula no dia 10 de fevereiro. O presidente poderá escolher entre duas propostas. Uma delas prevê a atuação do Estado em toda a cadeia de fornecimento dos serviços de banda larga, desde a transmissão de dados no atacado até o atendimento ao consumidor final. A outra propõe a parceria com as grandes empresas de telefonia. Na última vez que participou da discussão, em novembro passado, Lula criticou a atuação das teles que, segundo ele, "só estão interessadas no filé mignon".
A aliança com as empresas de telefonia, entre elas a Oi e a Telefônica, é defendida pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, para quem não é possível massificar a banda larga sem a participação da iniciativa privada. Na reunião de novembro, ele apresentou um plano para que até 2014 o País esteja com 90 milhões de acessos à internet rápida.
Isso exigiria investimentos de R$ 75 bilhões, sendo R$ 49 bilhões das empresas e R$ 26 bilhões do governo. Essa alternativa prevê, ainda, a desoneração tributária e uso de fundos setoriais, como o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que arrecada aos cofres públicos R$ 1 bilhão ao ano.
REAÇÃO
"A decisão final é do presidente", disse na quarta-feira o ministro, reagindo à proposta de decreto presidencial que circulou na Esplanada dos Ministérios, em defesa da revitalização da Telebrás para ser a operadora do plano. Por essa proposta, a Telebrás ficaria sob a coordenação do Comitê Gestor do Programa de Inclusão Digital, vinculado à Presidência da República.
O presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Telefônico Fixo Comutado (Abrafix), José Fernandes Pauletti, também criticou a proposta, classificando-a de "uma loucura e um desperdício de dinheiro público". Pauletti disse que os empresários não foram chamados pelo governo para conversar sobre esse plano, e acrescentou: "Para fazer uma reunião sob a ameaça de um decreto de estatização, já está começando errado."
1896) Petrobras: de volta à berlinda por corrupção...
Não coloco NADA que me pedem para colocar, e não respondo a absolutamente ninguém neste mundo (em outros também), senão à minha própria consciência. Pouco me importa a opinião dos outros, na verdade, pois entendo que a liberdade é a liberdade de você escolher fazer o que lhe dá prazer. A mim me dá prazer o conhecimento, a leitura, a reflexão em torno de temas que chamam a minha atenção (geralmente nas humanidades) e que pedem minha ação ou preocupação, enquanto cidadão pagador de impostos e habitante desde país e deste planeta tão injustos e desiguais, e tão cheios de injustiças, patifarias, roubalheiras, enfim, vocês sabem o quê.
Pois bem: esses meus posts passam geralmente despercebidos -- claro, existem milhões de blogs só no Brasil e cada um cuida do seu --, salvo um ou outro comentário ocasional, quando o tema é quente ou relevante.
Um dos posts que mais despertou reações -- algumas furibundas -- foi um que tratava dos salários, aparentemente nababescos, dos "conselheiros" da Petrobrás (entre aspas porque vários deles não devem aconselhar absolutamente nada, estando ali apenas para ganhar dinheiro, posto que a direção da empresa virou uma ação entre amigos). Recebi (ainda recebo) mensagens iradas apenas porque transcrevi um comentário de um ex-funcionário da empresa, ou de um jornalista, agora não me lembro, condenando a prática. Provavelmente muitas dessas mensagens furiosas foram feitos com espírito corporativo, quando não condenatório, para ser mais explícito.
Até ouvi falar que a empresa está torrando mais um pouco do seu dinheiro (que pertence aos acionistas, obviamente) para "informar" as pessoas sobre os seus bons propósitos através de um blog milionário que criou e mantém através de uma firma especializada (que deve cobrar caro para fazer o trabalho sujo que faz). As aspas em "informar" são porque informação em causa própria não é informação e sim propaganda, ou elogio seletivo. O trabalho sujo evidentemente é porque a informação é expurgada e devidamente apresentada sob um olhar favorável.
Pessoalmente, eu acho que já está na hora da Petrobras ser privatizada, pois não existe NENHUM, repito, NENHUM risco de que o Brasil fique sem petróleo no futuro previsível, provavelmente até o final da era do petróleo.
Se me perguntarem por que sou a favor da privatização, eu teria "n" motivos, mas apenas diria: leiam abaixo.
Confusão em licitação milionária da Petrobras
Por Lauro Jardim
Site da Veja, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010 - 16:33
Está destinado a dar uma tremenda confusão o resultado da mais esperada licitação do ano no setor de publicidade - a conta da Petrobras, no valor de 250 milhões de reais por ano.
Hoje, às 14 horas, na sede da estatal no Rio de Janeiro, foram abertos os envelopes para que as três escolhidas fossem conhecidas. Na disputa, dezoito ansiosas agências. As mais pontuadas foram a curitibana Heads (60,9 pontos de um máximo de 70 pontos), a Dentsu (55,7 pontos) e a carioca Quê (54,6 pontos).
Só que mais de duas horas antes, o site do jornal Propaganda & Marketing, numa reportagem de Paulo Macedo, divulgou o resultado num furo de reportagem. E aí começa o imbróglio.
Para evitar possíveis vazamentos ou suspeitas, a Petrobras fizera o que é praxe em concorrências públicas: as propostas não são identificadas. Ou seja, em tese, a comissão julgadora não saberia quem é quem e só na hora da abertura dos envelopes apareceriam os nomes das agências vencedoras. Não foi o que aconteceu.
O mercado publicitário está em polvorosa. Todos os derrotados prometem chiar alto com a Petrobras e possivelmente na Justiça.
Entre os vencedores, duas agências (Quê e Heads) já detêm a conta da Petrobras. A Dentsu é a novata (de origem japonesa, desfez sua parceria com a DPZ há dois meses), tirando o espaço que hoje é da F/Nazca. Isso se o resultado for mantido.
(Atualização, às 17h53: A Petrobras não tomou ainda qualquer decisão em relação ao episódio. Na cúpula da estatal, a palavra de ordem é esperar até a semana que vem quando o processo licitatório termina - hoje, foi definida a proposta técnica, que vale 70 pontos; na semana que vem, será julgada a apresentação da proposta e a estrutura das agências, que vale 30 pontos. O problema é que o caso ganhou contornos de favorecimento e fraude. Fatalmente a Petrobras terá que tomar uma posição antes disso. Provavelmente, é o que irá acontecer).
=====
Retomo PRA: Obviamente não tenho nenhuma ilusão quanto a isto: não existe NENHUM risco de que este assunto venha a ser propriamente esclarecido, assim como não foram esclarecidas nenhuma das denúncias que motivaram a recente CPI a elas dedicadas, e devidamente manipulada pelos sabujos do poder no Congresso. Transparência em negócios públicos sempre é bom, mas não existe NENHUMA possibilidade de que isso venha a ocorrer neste governo, ou em qualquer um que pretenda manter essa empresa sob domínio estatal. Por isso, volto a dizer: está na hora de privatizar a Petrobrás. Como não sou maluco, também sei que isso NÃO vai ocorrer any time soon...
1895) Dicas para a carreira diplomatica: alguns posts dispersos...
Como escrevi em post anterior:
Reparei que grande parte dos clicks de entrada e saída do blog se referem a assuntos da carreira diplomática, dicas do concurso, bibliografia, curiosidades da carreira, enfim, angustias e pesquisas de jovens desejosos de ingressar no charme discreto (nem sempre) da diplomacia.
Muito bem, para contemplá-los, vou consolidar, mais uma vez, a imensa quantidade de escritos (notas, ensaios, entrevistas, questionários) que já perpetrei em torno do assunto, de maneira a saciar, pelo menos parcialmente, as necessidades de meus jovens leitores.
Aguardem, pois a despeito de eu manter um registro relativamente fiável de tudo o que escrevo (não tudo, apenas o que está acabado e pode ser considerado publicável, mas existem muitos inéditos e incógnitos, também, deliberadamente), nem sempre é fácil de localizar tudo isso, posto que simplesmente arrolado numa lista de Word, sem indexação e sob títulos e referências diversas, nem todas bem identificadas.
Assim, vou tentar postar uma relação de meus escritos, a começar pelos próprios posts que fui jogando aqui.
Sinto não poder linkar cada um, mas isso me daria um trabalho infernal, quando sequer tenho tempo para tarefas mais urgentes. Vou simplesmente relacionar e, pelo número, ou pelo instrumento de busca ali do lado, cada um poderá talvez encontrar o que procura.
Carreira diplomática, algumas dicas e simples esclarecimentos
Do blog Diplomatizzando...:
1748) Carreira diplomática: salário e promoção - Jan 22, 2010
1700) Carreira diplomatica: especializacao e ... - Jan 16, 2010
1112) Carreira Diplomatica: respondendo a um ... - May 21, 2009
1144) Como avaliar um professor; carreira ... - Jun 06, 2009
1192) Diplomacia: dicas gerais para candidatos ... - Jul 02, 2009
667) Um autodidata na carreira diplomática - Dec 26, 2006
669) Carreira Diplomatica: dicas - Dec 28, 2006
897) Carreira Diplomática: dicas - Jun 25, 2008
1012) Concurso para a carreira diplomatica 2009 - Jan 20, 2009
559) Informações sobre a carreira diplomatica ... - Jul 05, 2006
560) Informações sobre a carreira diplomatica ... - Jul 05, 2006
561) Informações sobre a carreira diplomatica ... - Jul 05, 2006
759) Preparação à carreira diplomática: novo ... - Jul 31, 2007
1023) Ser diplomata: para os candidatos à carreira - Feb 07, 2009
1034) concurso para a carreira diplomática - Mar 15, 2009
1054) um candidato à carreira altamente motivado - Apr 02, 2009
762) candidatos à carreira diplomática: seleção de leituras - Aug 11, 2007
769) carreira diplomatica: informações - Aug 21, 2007
811) para os candidatos à carreira diplomática: clásssicos da ... - Nov 25, 2007
960) concurso para a carreira diplomática: algumas observações - Dec 06, 2008
1460) Concurso para o Itamaraty: 108 vagas - Oct 30, 2009
No site www.pralmeida.org, uma simples pesquisa através do instrumento Google, resultou nesta resposta:
"Results 91 from www.pralmeida.org for carreira diplomatica"
Acredito que cada um poderá aplicar suas palavras de busca e tentar achar o que lhe interessa.
Boa sorte e bons estudos...
1894) FSM e a situacao na Venezuela: a quadratura do circulo
Abaixo um post do conhecido jornalista Reinaldo Azevedo a propósito de um video da RCTV (aquela que foi fechada por Chávez), no qual se vê e se ouve que "este governo vai cair" e "1,2,3, Chavez fora do jogo".
O mais interessante seria conhecer a opinião dos líderes e dos participantes do FSM sobre o que vem ocorrendo na Venezuela, a começar pelas manifestações do próprio governo brasileiro, obviamente: ele sempre emite uma nota de pesar, cada vez que alguma pessoa é vítima da violência do terrorismo ou de algum governo em qualquer parte do mundo. O silêncio agora poderia dar a impressão de que, em nome de uma tal não-ingerência nos assuntos internos de outro governo, se observa, de fato, uma política de dois pesos e duas medidas (talvez um só peso, e duas medidas).
É ESTE O OUTRO MUNDO POSSÍVEL DOS FEDORENTOS DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL?
Reinaldo Azevedo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010 | 4:49
Vídeo da RCTV: 1 2 3 Chavez ta' ponchao
Acima, há um vídeo impressionante. Não li nada a respeito na chamada “grande imprensa” no Brasil — que, na média, cobre mal a crise na Venezuela. Trata-se de uma final de beisebol, esporte tão importante para os venezuelanos quanto é o futebol no Brasil, entre os times Caracas e Magallanes, de Valencia. O evento ocorreu no domingo passado, dia 24, no Estádio Universitário, em Caracas. Um grupo de estudantes começa a gritar “1, 2, 3, Chávez tas ponchao”, gíria que quer dizer “fora do jogo”. A palavra de ordem toma o estádio e é repetida num coro de milhares de vozes. Esse grito é intercalado com outro: “Sucio/ sucio/ sucio”: “Sujo/ sujo/sujo”. Manifestação semelhante já havia acontecido em Valencia, e a polícia desceu o sarrafo. No domingo, apesar da presença de policiais da tropa de choque (vê-se um deles no vídeo), nada pôde ser feito. Era impossível descer o porrete no estádio inteiro.
Imagens assim não podem mais ser exibidas na TV da Venezuela. Chávez tem o controle de 75% da radiodifusão. E o que resta de transmissão privada está subordinada a uma lei ditatorial, que dá ao tirano o poder de simplesmente retirar a emissora do ar, como fez na semana passada com seis TVs a cabo, inclusive a RCTV Internacional. A TV de sinal aberto do grupo já havia sido cassada. E Chávez pode alegar o que bem entender. No caso em particular, afirmou que elas desrespeitaram a lei quando se negaram a transmitir um discurso seu a militantes bolivarianos. Mas há também a possibilidade de acusá-las de incitamento à subversão. Em suma: o Bandoleiro de Caracas intervém quanto e onde quiser.
Sufocados, levando porretada nas ruas (ver posts de ontem), impedidos de se organizar institucionalmente, proibidos de se reunir em praça pública sem prévia autorização, os venezuelanos que discordam do governo encontraram uma maneira de informar ao mundo a sua luta por democracia: o jogo de beisebol. Os protestos são filmados e ganham o mundo. Também tem sido assim no Irã, onde a imprensa vive sob severa censura. Nesse caso, as novas tecnologias, como celulares, acabam sendo aliadas da democracia.
O governo Chávez está derretendo, e o regime assume, cada vez mais, características de um ditadura militar — a despeito de todos os truques vagabundos por ele empregados para alegar que está no poder porque foi eleito. A infra-estrutura venezuelana entrou em colapso. O país enfrenta racionamento de água e de energia. Os mercados “estatais” estão desabastecidos, e a população corre para estocar comida; a inflação, que já era alta, cresceu por causa da desvalorização da moeda; Chávez prossegue com suas nacionalizações, o que se tem traduzido por aumento da ineficiência; a indústria está desaparecendo, e a agricultura, na prática, acabou. Ele se sustenta com o assistencialismo agressivo que a receita do petróleo permite, o apoio de milícias armadas e o suporte, por enquanto ao menos, dos militares. Acuado pelo óbvio desastre que é seu governo e por rachas na cúpula bolivariana, ele ameaça radicalizar.
Há três dias, ao visitar o Fórum Social Mundial, reunido em Porto Alegre, Lula saudou os “governos progressistas” da América Latina. Certamente a Venezuela estava entre eles. Demonstrei aqui como a categoria exaltada pelo demiurgo reunia, na verdade, ditaduras e protoditaduras. Embora tente negar às vezes, o petista é hoje o mais importante aliado incondicional de Hugo Chávez no mundo. “Incondicional”, sim; não adianta negar. Não há maluquice que este delinqüente tenha proclamado que não tenha recebido o apoio sem reservas do governo do Brasil: do alinhamento escancarado com as Farc, fornecendo-lhe dinheiro e armas, à tentativa de patrocinar um golpe em outro país, com tentou fazer em Honduras. A mais recente contribuição de Lula ao tirano foi patrocinar a aprovação no Senado do ingresso da Venezuela no Mercosul — que, note-se, dispõe de uma cláusula que exclui países que não respeitem a democracia.
O mais curioso e que os delinqüentes nativos — refiro-me aos nossos — que pregam a “democratização” dos meios de comunicação querem uma legislação semelhante à venezuelana. E, sendo assim, é claro que sonham com uma democrata à moda Chávez para poder aplicá-la com eficiência. Vejam ali no que deu a democracia chavista: a população opta por protestar em estádios porque, nas ruas, tem de enfrentar os brucutus armados com ferros medievais.
A Venezuela é a pátria dos sonhos daqueles fedidos e fedidas do Fórum Social Mundial. Eles dizem: “Um outro mundo é possível”. É claro que é. A depender dessa gente, pode ser muito pior. Chávez é a prova. A minha fórmula é outra: outros mundos são sempre possíveis, mas nenhum é aceitável fora da democracia representativa e do estado de direito.
1893) The Economist constata falta de liberalismo no Brasil
Liberalism in Brazil
The almost-lost cause of freedom
The Economist, January 28th, 2010
Why is economic liberalism so taboo in socially liberal Brazil?
“ADMITTING to liberalism explicitly,” wrote Roberto Campos, a Brazilian politician, diplomat and swimmer against the tide who died in 2001, “is as outlandish in a country with a dirigiste culture as having sex in public.” His observation still holds for Brazil, where economic liberals (in the British, free-market sense, not the socialistic American one) are as scarce as snowflakes. Government revenue as a share of GDP has risen steadily in the past decade, and is now closer to the level in rich European countries than that of Brazil’s middle-income peers. Despite this, none of the likely candidates in the presidential election due in October talks about cutting taxes. The two leading candidates are both on the tax-and-spend centre-left.
Brazil’s shortage of economic liberals is even stranger given the country’s history. In Chile economic liberalism was tainted by association with military rule. But Brazil’s 1964-85 military dictatorship chose an economic model built around state planning and restricted imports. It is necessary to go back to the 19th century, when Brazil’s then monarchy was briefly in thrall to Scottish economists, to find something like classical liberalism there.
One reason why liberals have been so muted since Brazil became a democracy again is that voting in elections is compulsory. This means that a large number of poor voters, who pay little tax but benefit from government welfare spending, help to push the parties in the direction of a bigger state. If the same system were to be applied to America, the Democrats might well enjoy a permanent majority.
Also, many of today’s leading Brazilian politicians played a part in the opposition to military rule. This world of intellectual and sometimes violent resistance was dominated by various shades of left-wing thought, seasoned with anti-Americanism (the United States welcomed the 1964 coup that brought the generals in). During the dictatorship today’s president, Luiz Inácio Lula da Silva, was a trade-union boss; his predecessor, Fernando Henrique Cardoso, was a Marxist academic. The front-runner in the presidential polls, José Serra (from Mr Cardoso’s Social Democrats), was an exiled former student leader. His main rival, Dilma Rousseff (from Lula’s Workers’ Party), was a Trotskyist.
That said, all of these people have proved to be pragmatists when in office. Mr Cardoso’s government, in which Mr Serra was health minister, mixed liberalism and social democracy in similar quantities to Tony Blair’s government in Britain. Lula’s, in which Ms Rousseff is his chief of staff, has continued in like vein.
What will happen when this generation is succeeded by a younger one? Carlos Alberto Sardenberg, a broadcaster and author of a recent plea to rehabilitate liberalism, called “Neoliberal, no. Liberal”, fears that Brazil’s schools and publicly funded universities are so ideologically skewed that their worldview is likely to reproduce itself in the next generation.
However, things may not be so bad. For a start, the institutions that carry out economic policy are more liberal, in the sense of being free from government interference, than they have been for a long time. The Central Bank is independent in practice if not in law and the real floats freely against other currencies. Since President Fernando Collor eased restrictions on imports in 1990 Brazil has become more open to trade. Just as in India, which saw a similar opening at the same time, companies have improved productivity as a result of foreign competition, and some big firms have expanded successfully abroad.
This recent advance has encouraged those who would like Brazil to move further in this direction to make more noise. The Liberty Forum, an annual gathering in the southern city of Porto Alegre, attracts the most dedicated members of this tribe. But they can also be found in the Movement for a Competitive Brazil, a lobby group founded by Jorge Gerdau Johannpeter, a steel baron; within the influential economics faculty of PUC-Rio, a university; and among the bankers and senior managers of Brazilian firms engaged in trade.
No home to call their own
As in many democracies, Brazil’s liberals lack a party where their views are welcome. The fading Democrat party (previously called the Liberal Front) tried to become this, but struggled to escape its origins as an old-fashioned, pork-barrel, machine party. The latest blow to its attempt at transformation came in November when police launched an investigation into an alleged kickback scheme involving José Roberto Arruda, the Democrat governor of Brasília (he denies wrongdoing). Brazil’s small band of economic liberals, marginalised in politics, can console themselves that at least their country is among the most socially liberal. All sorts of religious minorities worship freely; São Paulo hosts the world’s largest gay-pride march. Cultural conservatives pushing in the opposite direction are disorganised and uninfluential. For now, though, people who want to practise economic liberalism are advised to do so in private. Roberto Campos’s critics often dismissed him as “Bob Fields”, an English translation of his name, implying his ideas were foreign. A politician pushing his ideas now would still be viewed as a bit eccentric.
1892) Volta ao mundo em materia de visitantes
Por imitação ao blog do meu caro amigo embaixador Francisco Seixas da Costa (Duas ou Três Coisas...), fui levado a instalar, mais por curiosidade do que por necessidade, um sitemeter neste meu blog.
Nem bem acabei de instalar, cliquei novamente no link de home, e busquei minhas estatísticas: primeiro um mapa do mundo, muito bonito, com vários pontos iluminados aqui e ali, verde, vermelho, seja lá o que for.
Curioso, cliquei no locations e aí percebi que, descontando os "incógnitos" -- serviços secretos talvez, que ficam vigiando o meu trabalho, por ordem de impérios poderosos, ou mais simplesmente gente acessando via VPN -- os visitantes e voyeurs eram das mais diferentes localidades, como transcrevo aqui (eliminando os desconhecidos, sempre indicados como Unknown na lista):
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6 France Paris, Ile-de-France
8 Brazil Braslia, Distrito Federal
9 Portugal Sao Domingos De Rana, Lisboa
10 Brazil Sao Paulo, Sao Paulo
11 Brazil
12 United States Santa Barbara, California
14 France Moulineaux, Haute-Normandie
16 Brazil Brasilia, Distrito Federal
19 Brazil
20 Brazil
21 Brazil
22 Brazil
23 Brazil
24 Brazil Braslia, Distrito Federal
25 Brazil Salvador, Bahia
26 United States Los Angeles, California
27 Brazil Sao Paulo, Sao Paulo
28 Brazil Sao Paulo, Sao Paulo
29 Brazil Santana De Parnaba, Sao Paulo
31 Brazil Belem, Para
32 Brazil Campo Grande, Mato Grosso do Sul
33 Brazil
34 Brazil Belo Horizonte, Minas Gerais
35 United States Mountain View, California
37 Brazil Brasilia, Distrito Federal
38 Brazil Sao Paulo, Sao Paulo
40 Brazil
41 Brazil Sao Paulo, Sao Paulo
43 Brazil
44 Brazil Sao Paulo, Sao Paulo
49 Brazil
50 Brazil Santo Andre, Sao Paulo
51 Brazil Belem, Para
52 Venezuela Caracas, Distrito Federal
53 Cape Verde
55 Brazil Viamao, Rio Grande do Sul
58 Brazil Rio De Janeiro, Rio de Janeiro
59 Brazil Rio De Janeiro, Rio de Janeiro
60 Brazil Rio De Janeiro, Rio de Janeiro
61 Brazil Rio De Janeiro, Rio de Janeiro
63 Mexico Veracruz, Veracruz-Llave
64 Brazil Niteroi, Rio de Janeiro
65 Brazil Belo Horizonte, Minas Gerais
67 Spain Madrid
69 Brazil Vitoria, Espirito Santo
70 Brazil Viamao, Rio Grande do Sul
71 Brazil Varzea Grande, Mato Grosso
72 Brazil Braslia, Distrito Federal
Na verdade, esse instrumento de medição não serve apenas para alimentar o narcisismo do autor do blog, mas é uma importante ferramenta para saber o quê, exatamente, as pessoas estão buscando, quando visitam o meu blog, e possivelmente o meu site, também.
Reparei que grande parte dos clicks de entrada e saída do blog se referem a assuntos da carreira diplomática, dicas do concurso, bibliografia, curiosidades da carreira, enfim, angustias e pesquisas de jovens desejosos de ingressar no charme discreto (nem sempre) da diplomacia.
Muito bem, para contemplá-los, vou consolidar, mais uma vez, a imensa quantidade de escritos (notas, ensaios, entrevistas, questionários) que já perpetrei em torno do assunto, de maneira a saciar, pelo menos parcialmente, as necessidades de meus jovens leitores.
Aguardem, pois a despeito de eu manter um registro relativamente fiável de tudo o que escrevo (não tudo, apenas o que está acabado e pode ser considerado publicável, mas existem muitos inéditos e incógnitos, também, deliberadamente), nem sempre é fácil de localizar tudo isso, posto que simplesmente arrolado numa lista de Word, sem indexação e sob títulos e referências diversas, nem todas bem identificadas.
Vai vir...
Em todo caso, quero agradecer ao SiteMeter a gentileza do free lunch...
Paulo Roberto de Almeida (30.01.2010)
1891) Love story: my "Macs", one by one (2)
Creio que levei meu LC com teclado em Português para a França, quando fui para a Embaixada em 1993. Não cheguei a comprar um desktop Mac em Paris, porque o péssimo costume dos franceses era o de exigir sistema operacional exclusivamente em francês e teclado "azerty", em lugar do nosso "qwerty", americano e brasileiro.
PowerBook 5300
Mas não resisti e comprei meu primeiro laptop digno dsse nome: um Powerbook 5300, todo preto, com, hélas, teclado e sistema operacional em francês. Ele está até hoje comigo, mas aposentado...
Foi na França que fui apresentado à linguagem html, inventada pelo CERN, e que me conectei à internet pela primeira vez em casa (a despeito de já conhecer o sistema em seu funcionamento corporativo): eu tinha comprado programas e conexões nos EUA (da Compuserve, que foi meu primeiro endereço eletrônico, provavelmente pralmeida@compuserve.com), mas nunca tinha conseguido usar no Brasil por falta de provedores de aceso. O Brasil era então (talvez ainda seja) um atraso em matéria de conexões e sistemas, em todo caso excessivamente caro para orçamentos limitados como era o meu.
iMac Blue
De volta ao Brasil, trouxe um iMacBlue, que me serviu valentemente durante minha permanência em Brasília: as conexões ainda eram via telefone, com enorme lentidão nos acessos a sites e descarregamento de arquivos. Em todo caso, era o que se podia dispor no Brasil: eu acessava o sistema do MRE, para correio, e o da UnB para navegar, e levava o PowerBook francês para trabalho em viagem (sim, ele não tinha modem interno, e eu usava uma plaqueta de conexão com a linha telefônica).
iBook Blue
Partindo para os EUA, em 1999, acho que passei por toda a linha dos Macs disponíveis, pessoalmente e para a família: todo mundo tinha Mac em casa, menos o papagaio...
Lembro-me de um iBook Blue, que acabou tendo infelizmente sua tela quebrada numa queda (em família), dois ou três iMacs, e depois uma sucessão de Powerbooks que foram acompanhando a linha evolutiva dos processadores cada vez mais poderosos (pelo menos três, talvez quatro, contando a família.
PowerBook G4
Aparentemente eu comprava Macs com mais facilidade, e disposição, certamente, com que comprava ternos ou calçados. Não posso reclamar dessa addiction: ela sempre me permitiu dispor do que havia de mais avançado e matéria de plataforma de trabalho, sem mais nenhum tipo de problema com respeito a transposição de arquivos entre plataformas. Sim, os MacOS eram cada vez mais aperfeiçoados, e cada vez mais poderosos, exigindo, por isso mesmo, ferramentas mais aperfeiçoadas.
PowerBook
Curiosamente, nos EUA me mantive à margem da febre dos iPods, que explodiram quando eu ainda estava lá: minha filha ainda era relativamente pequena e não tinha atentado ainda para essas inacreditáveis maquinetas de ouvir música: só fui aderir ao costume, de volta ao Brasil, embora comprando um ou outro em viagens internacionais.
Mesmo no Brasil, comprei dois outros PowerBooks em viagens aos EUA, sempre com intenso uso (teclado ficando preto, tela cheia de dedos, marcas por aqui e por ali). Os sistemas embutidos de wireless já permitiam conexão em qualquer lugar dos EUA e da Europa, embora no Brasil ainda seja limitado (e caro).
MacBookProCoreDuo
Sim, não deixei de comprar um desktop Mac para meu uso em casa, que é este iMac Flat, no qual estou trabalhando agora, sempre com integração com o PowerBook que está atrás de mim e que carrego para o trabalho todos os dias, assim como em viagens.
iMacFlat
No geral, não posso reclamar, e nunca reclamei, da funcionalidade dos meus Macs. No começo, havia alguma dificuldade para passar meus textos escritos em MacWrite ou em WriteNow para os Word DOS ou Windows dos sistemas PCs, exigindo filtros ou programas especiais, eventualmente passando por algum arquivo intermediário em rtf. Mas isso foi rapidamente superado, pelos programas mais conviviais da Microsoft ou da própria Apple.
Finalmente, fiquei tentado, várias vezes, a comprar um e-boo, ou melhor, um aparelho para ler livros eletrônicos: todos me pareciam limitados: Sony Reader, Kindle ou Nook. Agora que surgiu o iPad, acho que vou comprar um, mas não imediatamente. Vou esperar a segunda geração, que certamente será mais barata, mais poderosa e mais aperfeiçoada do que o modelo que acaba de surgir.
1890) Love story: my "Macs", one by one (1)
Sou o que comumement se chama nos EUA um "MacAddict", embora eu não seja um fanático defensor da marca, nem um fundamentalista do sistema operacional. Apenas ocorre que, em toda a minha vida "informática", nunca comprei, para meu uso pessoal, jamais fui tentado a adquirir, nunca fui induzido a trabalhar em meus próprios textos por nenhum outro computador que não tivesse sido um Mac, ou Apple.
Claro, no escritório, em lugares "comuns", eventualmente em viagem, nos hoteis, sou até levado a trabalhar com os "Rwindows" da vida, mas não, jamais, por escolha própria.
Tendo sido apresentado aos computadores ainda no tempo das carroças, quando trabalhamos com telas pretas e sinais de verde fosforecente, com discos flexíveis e sistema operacional DOS, tomei horror desses PCs comuns, e nunca suplantei essa rejeição.
Por isso hesitei muito em comprar meu primeiro computador pessoal, não apenas porque eram caros e eu não conhecia exatamente detalhes técnicos de desempenho e possibilidades intrínsecas, mas também porque simplesmente eles não me atraiam.
Macintosh Plus
Bem, tudo começou em 1987, quando fui apresentado ao primeiro computador Apple que eu via na minha vida: um MacIntosh Plus de 128kbs: foi amor a primeira vista. Mesmo que tudo tivesse de ser feito a partir de um único diskete de 128kbs, que continha tudo (o sistema operacional, os programas para trabalhar e os arquivos e parava por aí, não indo muito além disso), eu fiquei fascinado pela nova engenhoca. Depois de usar no começo o próprio programa da Apple, chamado MacWrite, que tinha a característica do wysywyg (ou seja, what you see is what you get), passei a escrever meus textos num programa chamado WriteNow.
Meu primeiro periférico foi um disco rígido externo, fabricado na Irlanda, que devo ter comprado em 1988; foi relevante para poder superar a barreira da limitação física dos disketes do MacPlus. Logo em seguida, numa viagem aos EUA, comprei o mesmo modelo de MacPlus, mas mais avançado, um SE-30, ou seja, contendo um hard-drive de 30MB.
MacSe-30
Daí em diante, nunca mais parei e, com exceção dos chamados "tower models", creio que tive todos os modelos disponíveis da linha de computadores pessoais da Apple. Fui dos primeiros a comprar um MacPortable, que, diferentemente do que o nome diz, era meramente "transportável", com um certo custo: um peso enorme, uma tela longe do ideal, e obviamente lento. Esse eu importei diretamente dos EUA, já estando no Uruguai, junto com uma impressora a laser, que me custou um bocado de dinheiro para, finalmente, pouco uso.
MacPortable
Também importei um PowerMac com dupla plataforma, ou seja, duas placas, mas híbrido, uma funcionando no sistema Apple, outra em Windows, sempre inferior ao MacOS, mas mais disseminado (em função dos problemas de transposição de uma plataforma a outra, que ainda se enfrentava).
PowerMac
De volta ao Brasil comprei um LC fabricado no próprio Brasil, pela Apple, algo excepcional. Tinha teclado em Portugues, ainda que eu preferisse o sistema operacional original. Foi uma das poucas experiências de fabricação local pela Apple, depois disso eles nunca mais tentaram: suponho que por dificuldades logísticas, impostos, ou outras coisas.