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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 30 de janeiro de 2010

1896) Petrobras: de volta à berlinda por corrupção...

Meus posts neste espaço aberto e democrático servem primariamente a um propósito essencial: minha própria informação, ou seja, o registro, o depósito, a eventual recuperação de materiais diversos, e dispersos, que possam servir à minha curiosidade intelectual, a algum trabalho que eu queira fazer ulteriormente, ou simplesmente para deleite e distração.
Não coloco NADA que me pedem para colocar, e não respondo a absolutamente ninguém neste mundo (em outros também), senão à minha própria consciência. Pouco me importa a opinião dos outros, na verdade, pois entendo que a liberdade é a liberdade de você escolher fazer o que lhe dá prazer. A mim me dá prazer o conhecimento, a leitura, a reflexão em torno de temas que chamam a minha atenção (geralmente nas humanidades) e que pedem minha ação ou preocupação, enquanto cidadão pagador de impostos e habitante desde país e deste planeta tão injustos e desiguais, e tão cheios de injustiças, patifarias, roubalheiras, enfim, vocês sabem o quê.
Pois bem: esses meus posts passam geralmente despercebidos -- claro, existem milhões de blogs só no Brasil e cada um cuida do seu --, salvo um ou outro comentário ocasional, quando o tema é quente ou relevante.
Um dos posts que mais despertou reações -- algumas furibundas -- foi um que tratava dos salários, aparentemente nababescos, dos "conselheiros" da Petrobrás (entre aspas porque vários deles não devem aconselhar absolutamente nada, estando ali apenas para ganhar dinheiro, posto que a direção da empresa virou uma ação entre amigos). Recebi (ainda recebo) mensagens iradas apenas porque transcrevi um comentário de um ex-funcionário da empresa, ou de um jornalista, agora não me lembro, condenando a prática. Provavelmente muitas dessas mensagens furiosas foram feitos com espírito corporativo, quando não condenatório, para ser mais explícito.
Até ouvi falar que a empresa está torrando mais um pouco do seu dinheiro (que pertence aos acionistas, obviamente) para "informar" as pessoas sobre os seus bons propósitos através de um blog milionário que criou e mantém através de uma firma especializada (que deve cobrar caro para fazer o trabalho sujo que faz). As aspas em "informar" são porque informação em causa própria não é informação e sim propaganda, ou elogio seletivo. O trabalho sujo evidentemente é porque a informação é expurgada e devidamente apresentada sob um olhar favorável.
Pessoalmente, eu acho que já está na hora da Petrobras ser privatizada, pois não existe NENHUM, repito, NENHUM risco de que o Brasil fique sem petróleo no futuro previsível, provavelmente até o final da era do petróleo.
Se me perguntarem por que sou a favor da privatização, eu teria "n" motivos, mas apenas diria: leiam abaixo.

Confusão em licitação milionária da Petrobras
Por Lauro Jardim
Site da Veja, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010 - 16:33

Está destinado a dar uma tremenda confusão o resultado da mais esperada licitação do ano no setor de publicidade - a conta da Petrobras, no valor de 250 milhões de reais por ano.

Hoje, às 14 horas, na sede da estatal no Rio de Janeiro, foram abertos os envelopes para que as três escolhidas fossem conhecidas. Na disputa, dezoito ansiosas agências. As mais pontuadas foram a curitibana Heads (60,9 pontos de um máximo de 70 pontos), a Dentsu (55,7 pontos) e a carioca Quê (54,6 pontos).

Só que mais de duas horas antes, o site do jornal Propaganda & Marketing, numa reportagem de Paulo Macedo, divulgou o resultado num furo de reportagem. E aí começa o imbróglio.

Para evitar possíveis vazamentos ou suspeitas, a Petrobras fizera o que é praxe em concorrências públicas: as propostas não são identificadas. Ou seja, em tese, a comissão julgadora não saberia quem é quem e só na hora da abertura dos envelopes apareceriam os nomes das agências vencedoras. Não foi o que aconteceu.

O mercado publicitário está em polvorosa. Todos os derrotados prometem chiar alto com a Petrobras e possivelmente na Justiça.

Entre os vencedores, duas agências (Quê e Heads) já detêm a conta da Petrobras. A Dentsu é a novata (de origem japonesa, desfez sua parceria com a DPZ há dois meses), tirando o espaço que hoje é da F/Nazca. Isso se o resultado for mantido.

(Atualização, às 17h53: A Petrobras não tomou ainda qualquer decisão em relação ao episódio. Na cúpula da estatal, a palavra de ordem é esperar até a semana que vem quando o processo licitatório termina - hoje, foi definida a proposta técnica, que vale 70 pontos; na semana que vem, será julgada a apresentação da proposta e a estrutura das agências, que vale 30 pontos. O problema é que o caso ganhou contornos de favorecimento e fraude. Fatalmente a Petrobras terá que tomar uma posição antes disso. Provavelmente, é o que irá acontecer).

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Retomo PRA: Obviamente não tenho nenhuma ilusão quanto a isto: não existe NENHUM risco de que este assunto venha a ser propriamente esclarecido, assim como não foram esclarecidas nenhuma das denúncias que motivaram a recente CPI a elas dedicadas, e devidamente manipulada pelos sabujos do poder no Congresso. Transparência em negócios públicos sempre é bom, mas não existe NENHUMA possibilidade de que isso venha a ocorrer neste governo, ou em qualquer um que pretenda manter essa empresa sob domínio estatal. Por isso, volto a dizer: está na hora de privatizar a Petrobrás. Como não sou maluco, também sei que isso NÃO vai ocorrer any time soon...

2 comentários:

Rozenbaum disse...

Particularmente não compreendi essa parte:

"Transparência em negócios públicos sempre é bom, mas não existe NENHUMA possibilidade de que isso venha a ocorrer neste governo, ou em qualquer um que pretenda manter essa empresa sob domínio estatal"

Por que é impossível manter transparência pública em qualquer governo que deseje manter essa empresa sob domínio estatal?

Não compreendi. E creio ser interessante você relatar os n motivos de uma futura privatização.

Não sou lulista, até longe disso, mas fiquei com essa dúvida entalada.

Grato
André Rozenbaum

Paulo Roberto de Almeida disse...

Andre Rozembaum,
Nao existe nada de "cientifico" em minha afirmacao, trata-se apenas de uma percepcao minha, com base na experiencia vivida e na observacao de como as coisas funcionam no Brasil, em especial no que se refere ao sistema partidario, cujos caciques estao justamente interessados em cargos nas estatais nao exatamente para transforma-las em empresas modelos, mas para desviar dinheiro para seus objetivos politicos ou ate pessoais.
Empresas estatais sao POR DEFINICAO menos eficientes do que empresas privadas, por "n" motivos que nao vou explicar aqui, por problemas de espaco, mas que voce deverá compreender muito bem. Basta dizer que uma empresa privada que faz prejuizos por seis meses, ou vai para o brejo ou os acionistas trocam a direcao. Uma empresa publica vai buscar dinheiro no governo. Isso é tao evidente que eu nao preciso me estender.
A Petrobras é uma grande empresa. Nao existe NENHUM motivo economico pelo qual ele necessite ser estatal, apenas uma tara, uma deformacao, um desvio de nossa formacao. Os EUA tem o petroleo como setor estrategico, como alias o setor de armamentos. Nao existe NENHUMA empresa estatal em ambos os setores, bastando politicas apropriadas para assegurar estoques estrategicos e aprovisionamento.
Quem olha apenas para o Brasil acredita que as coisas so podem ser feitas de um jeito, quando existem muitas maneiras de resolver problenas de producao e abastecimento de bens estrategicos.
Paulo Roberto de Almeida
(30.01.2010)