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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

1765) FSM, dia 1: lider do MST defende radicalização

Como convém a um partido neobolchevique, que já coloca a reforma agrária em segundo plano...

Stédile defende radicalização do Fórum Social Mundial
Luana Lourenço - Enviada especial da Agência Brasil
Porto Alegre, 25/01/2010

A derrota do neoliberalismo não esgotou o papel do Fórum Social Mundial na busca de "outro mundo possível".

Fórum começa com aplausos em solidariedade ao Haiti
Com uma mesa eclética e que em nada lembrava a abertura do primeiro evento ocorrido dez anos atrás, a edição de 2010 do Fórum Social Mundial (FSM) foi aberta nesta manhã (25) em Porto Alegre com uma homenagem: durante um minuto, os cerca de 200 participantes do debate de abertura bateram palmas em solidariedade ao povo haitiano, afetado por um terremoto.

Ao comentar os dez anos do FSM, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedo Stédile, apontou o imperialismo como o inimigo número um das esquerdas e dos movimentos sociais e defendeu a radicalização dos FSM como espaço de mobilização social.

"Vamos abrir os olhos: não é porque derrotamos o neoliberalismo que podemos sair por aí soltando foguetes. O fórum não pode ser só espaço anti-neoliberal, precisa ser anti-imperialista", disse hoje (25) durante um seminário sobre os dez anos do FSM.

Stédile afirmou que apesar da crise financeira internacional, que pôs em xeque alguns pilares do modelo neoliberal, o mundo ainda vive sob a "hegemonia do capital", com maioria de governos de direita e domínio ideológico dos meios de comunicação.

"Eles [capitalistas] vão adequando seus métodos, se apropriando de outros modelos. Ele eram contra o Estado, mas agora na crise usaram o Estado para salvar os caixas dos bancos e das empresas".

Ao contrário do previsto na Carta de Princípios do FSM, de 2001, que diz que o fórum "não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial", na avaliação de Stédile, o FSM tem que aproveitar o caráter plural da reunião para organizar mobilizações de massa contra o imperialismo.

"O Fórum é uma espécie de concentração, de vestiário, mas não é lá que se decide o jogo. O jogo se decide dentro do campo, com a coordenação de forças e a participação popular".

No entanto, o líder do MST reconheceu que as organizações e os movimentos sociais estão passando por uma "crise ideológica", o que dificulta a articulação.

"Os projetos políticos são difusos e sem capacidade de mobilizar as massas para entrar em campo.

Um comentário:

Fernando Araújo, vulgo "Equiano Santos" disse...

Stédile se engana. Não há crise ideológica. Há uma crise no que diz respeito ao marxismo enquanto referência nos movimentos sociais. As referências se tornaram múltiplas e se unificam em torno de achar soluções que garatam uma melhor distribuição de renda no plano mundial... Além disso temas até então fora da pauta ganharam voz e as possíveis intervenções ainda estão em construção.

"Derrotamos o neoliberalismo", a opressão do capital, derrubar os capitalistas...são essas coisas que infelizmente tornam o FSM uma alternativa verdadeiramente inviável de formação de um bloco político internacional e popular que pressione e fomente políticas para uma melhor distribuição mundial de renda.