Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
1769) Honduras: fim de crise (talvez...)
Ex-Blog do Cesar Maia
26 de janeiro de 2010
1. Hoje é véspera da posse do novo presidente de Honduras, Pepe Lobo. Nesses sete meses, o chavismo recebeu o primeiro contragolpe de resistência democrática. Frustrou-se a tentativa de atropelar a constituição hondurenha e impor a reeleição de um presidente que havia perdido o controle de si mesmo, na medida em que se submetia a sua ministra de relações exteriores, Patricia Rodas, ideologicamente e pessoalmente. A ordem de prender o presidente golpista foi transformada por um general em exílio. Por quê?
2. Honduras, em toda a sua história, desde a União Centro-Americana de 1822, passando por sua autonomia em 1838, sempre viveu um quadro de instabilidade política até os anos 1980. Mas diferente dos demais países centro-americanos (Nicarágua, Guatemala e El Salvador), esta instabilidade e os golpes se davam internamente às elites e sem guerra civil, sem derramamento de sangue. As guerrilhas dos anos 70/80 naqueles países não se repetiram em Honduras.
3. Zelaya e Chávez levaram Honduras à Alba em praça pública, em Tegucigalpa, em 2008. As pesquisas indicavam que Zelaya contava com um apoio relativo de opinião pública nos segmentos mais populares movidos a golpes de demagogia. Quando Zelaya, orientado por Chávez, provocou o confronto, não contava que os números das pesquisas não iriam se transformar em mobilização popular. Interessante é que alguns generais e líderes políticos e empresariais acreditavam que Zelaya produziria aquela mobilização.
4. Chávez enviou muito dinheiro paralelo, militantes profissionais e armas. O presidente da Câmara de Deputados, Micheletti, pagou para ver e nada ou quase nada ocorreu, mantendo a tradição pacifista do hondurenho. Até a comunidade internacional (OEA, EUA, UE) acreditava na capacidade de confronto dos zelayistas-chavistas. Erraram. A resistência democrática num pequeno país contra todo esse envolvimento internacional foi exemplar.
5. Chegou-se às eleições gerais de Presidente, deputados, prefeitos e vereadores, de forma tranquila e com uma participação bem maior que na eleição anterior, desmistificando a proposta de não comparecimento às urnas, com eleições claras e limpas. O resultado é que Honduras ganhou um destaque por sua firmeza e se destacou de seus pares centro-americanos, onde a instabilidade e a insegurança jurídica projetam incertezas. Com isso, a atratividade econômica de Honduras -paradoxalmente- cresceu e passou a ser um espaço importante para os investimentos internacionais. A aposta em Honduras é ganho certo daqui para frente.
6. Pepe Lobo tem tido a humildade, como vencedor incontestável, de chamar a todos para a participação num governo de conciliação. Assume com esta presença e liderança. Honduras e a democracia latino-americana venceram e derrotaram o chavismo.
7. E Lula expôs a diplomacia brasileira a seu maior vexame -quem sabe único vexame- em nossa história de país independente.
Um comentário:
As ditaduras militares dos anos 60 e 70 impediram na América Latina que os esquerdistas chegassem ao poder ou nele se mantivessem e mostrassem suas garras.
Assim, os esqueristas sempre se mostraram como os "bonzinhos" em contraponto aos ditadores, identificados, erroneamente, como direitistas.
Na Europa foi diferente. Os esquerdistas chegaram ao poder ainda nos anos 70 e 80 e a máscara caiu rapidamente.
Estamos vivendo o mesmo com 20 anos de atraso.
A América Latina fará uma faxina na esquerda.
O Chile foi o primeiro.
Honduras foi o bastião.
Logo os latinos-americanos verão que democracia sem invencionices funciona muito melhor do que a heterodoxia esquerdista.
Marcelo.
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