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sábado, 22 de outubro de 2011

Os Brics na nova conjuntura de crise econômica mundial - Paulo Roberto de Almeida

Nota preliminar: o texto abaixo já tinha sido publicado em Mundorama, como indicado, e provavelmente divulgado aqui, também, mas continha diversas imperfeições formais -- como troca de o por a, ou verbos em contradição com o número do sujeito, essas bobagens que se cometem quando se escreve muito rápido -- e por isso vai reproduzido novamente. Se algum revisor detectar novos problemas formais, favor avisar este escritor apressado...
Registrei um comentário em Mundorama, que pretendo responder em próximo post.
Paulo Roberto de Almeida


Os Brics na nova conjuntura de crise econômica mundial

Paulo Roberto de Almeida
  
O recrudescimento da crise econômica internacional, iniciada pelo estouro da bolha hipotecária, seguida pelas quebras bancárias nos Estados Unidos, em 2007 e 2008, agora sob a forma de esgotamento da capacidade de diversos países europeus – notadamente a Grécia, mas possivelmente Portugal também, podendo ainda repercutir sobre outros dois, maiores, Itália e Espanha – em manter os pagamentos de suas dívidas soberanas, em 2010 e 2011, suscitou em diversos observadores da imprensa especializada questionamentos sobre o papel dos Brics – Brasil, Rússia, Índia e China, agora acolhendo a África do Sul igualmente – nessa conjuntura de transição, eventualmente como novos atores de peso num eventual reordenamento da ordem econômica mundial. A imprensa nacional, sempre patriótica e grandiloquente, seguiu o coro de governistas entusiasmados com o fato de o Brasil não estar, por uma vez, envolvido ou ser o centro de alguma crise financeira, e passou a proclamar nossa nova condição de “emprestador de alguma instância”, além de repercutir, obviamente, “lições de economia” que os presidentes – o ex e a atual – ofereceram de graça (mas também sem qualquer resultado prático) a certos europeus, diminuídos em seu orgulho e convertidos em latino-americanos, por uma vez.
O objetivo deste pequeno ensaio, que adota uma perspectiva essencialmente realista, é justamente o de examinar a possibilidade da inversão de posturas econômicas, como a alegada ascensão dos emergentes e o declínio irresistível de países tidos por avançados. Como se constatará, as evidências não suportam essa hipótese, aventada em análises de cunho bem mais superficial do que fundamentadas em dados empíricos concretos ou apoiadas em um conhecimento apurado sobre o funcionamento efetivo dos Brics. Como diria Mark Twain, rumores sobre o declínio do centro e a ascensão da periferia são grandemente exagerados, inclusive porque a crise ainda não deu o seu último “suspiro”. Se e quando os Brics assumirem postura mais afirmada no quadro da economia mundial, isso dependerá essencialmente de seu desempenho individual, e não do fato de serem, ou não, Brics, que é um rótulo bem mais artificial, e de conveniência política, do que o resultado de ações concretas de coordenação econômica deliberada.

Existe um papel para os BRICS na nova conjuntura de crise político-econômica?
A imprensa econômica vem insistindo num papel econômico mais ativo para os Brics, apenas porque eles não foram atingidos pela crise econômica num sentido recessivo, como ocorreu com os EUA e a Europa, e também porque eles dispõem de reservas significativas em divisas, suscetíveis de serem mobilizadas para fins de pacotes de ajuda ou para reciclagem de títulos da dívida soberana de países enfrentando desequilíbrios temporários. Essa imagem dos Brics como bloco econômico coeso não corresponde, todavia, à realidade dos fatos, uma vez que, a despeito de reuniões políticas de seus chanceleres e dos chefes de Estado, ou mesmo de alguns encontros de seus ministros econômicos, os países do Brics não conformam, nem de longe, um grupo dotado de instâncias de coordenação de políticas econômicas e sequer de políticas homogêneas nos planos comercial, financeiro ou de investimentos.
Obviamente, a China já é um ator de peso nos diversos cenários econômicos que possam ser traçados no plano mundial, mas ela não busca – nem precisa, aliás – formular políticas comuns com seus supostos parceiros emergentes, inclusive porque suas políticas nacionais não são, exatamente, aquelas desejadas pelos demais integrantes desse bloco que não pretende se apresentar como bloco. É sabido, por exemplo, que Índia e Brasil vem adotando medidas protecionistas contra a concorrência de produtos chineses em seus mercados, aventando a existência de uma “guerra cambial” iniciada em primeiro lugar pelos Estados Unidos, pelo derrame maciço de dólares nos mercados em sustentação de seus bancos e empresas fragilizadas pela crise iniciada em 2008. Na verdade, o único bloco econômico merecedor desse nome no contexto mundial é a própria União Europeia, pois nem mesmo o Nafta mereceria essa alcunha sinônima de coordenação de políticas econômicas nacionais.
Os Brics podem se apresentar, eventualmente, como novos atores econômicos regionais e globais – embora essa capacidade seja muito restrita em vários casos – mas não dispõem de homogeneidade de propósitos ou de estratégias comuns de atuação no contexto mundial que justifique o uso do acrônimo na discussão em torno das medidas e dos mecanismos que serão mobilizados para enfrentar e superar a atual conjuntura de crise. Ainda que alguns deles – na verdade só a China, com maior largueza de meios – sejam capazes de participar de operações de socorro e de apoio a ajustes administrados aos países periclitantes, esses empreendimentos financeiros de maior escopo terão necessariamente de ser conduzidos pelas instituições econômicas atualmente disponíveis efetivamente, quais sejam: o Conselho Europeu Monetário e Financeiro, em primeiro lugar, o Banco Central Europeu, em segundo lugar, o FMI, em terceiro, e só então, mas com várias dúvidas sobre seu papel real, o G20 financeiro, com destaque para os grandes atores exclusivamente.
Uma simples confrontação de dados econômicos de base permite situar o peso efetivo de cada ator no jogo econômico global: dos (aproximadamente) 55 a 60 trilhões de dólares de PIB mundial, EUA e UE são responsáveis pela metade do valor agregado, sendo que a China e o Japão respondem por mais um quinto, sobrando outro tanto para as grandes economias do G7 mais Brasil e Índia; todos os demais são irrelevantes, sobretudo em termos de reservas em divisas e fluxos de capitais (investimentos e portfólio), terreno no qual a China é o único ator de peso entre os emergentes. Ou seja, as únicas “locomotivas” possíveis de uma economia mundial cambaleante continuam a ser os grandes atores, sendo que o poderio econômico da China, na verdade, foi construído sobre a base de investimentos e tecnologia ocidentais e japoneses e de saldos comerciais superavitários com os mesmos parceiros. A China ultrapassou, em 2011, o Japão, pela magnitude do PIB, e representa metade do PIB conjunto dos Brics, sendo aliás o elemento dinâmico do crescimento desse PIB no contexto global (já que tanto o Brasil, quanto a Rússia devem suas “emergências” respectivas à valorização cambial de suas moedas ou, mais especialmente no caso da Rússia, à valorização das commodities exportadas, basicamente o petróleo neste último caso).
O “papel” econômico dos Brics – se existe – é, assim, muito diferenciado, em função de inserções totalmente diversas na economia mundial, não existindo, portanto, a possibilidade de que eles, isolada ou conjuntamente, venham a exercer alguma influência coordenada sobre movimentos e iniciativas tomadas pelos atores relevantes (que são, pela ordem: EUA, G7, UE-BCE, FMI e, só então, o G20 financeiro). A evolução econômica do mundo se dará independentemente de qualquer ação dos Brics, sendo o resultado não coordenado, sequer coerente, das decisões tomadas pelos agentes primordiais da globalização – as empresas transnacionais – e pelos governos nacionais, eventualmente em consultas recíprocas nesses foros de discussão, o que não garante, porém, a convergência de suas ações e iniciativas. O que mais frequentemente ocorre é, justamente, a descoordenação de políticas, por mais reuniões retóricas que as autoridades econômicas e políticas desses atores empreendam a intervalos regulares.

Existe a possibilidade dos Brics sustentarem a recuperação financeira europeia?
Talvez, mas não certamente enquanto Brics; eventualmente enquanto economias nacionais, tomadas individualmente e atuando cada qual com base em seu interesse e possibilidades próprias. Uma alegada ajuda financeira dos Brics aos países europeus sob risco de insolvência, isolada ou conjuntamente, não pode, na verdade, ser feita apenas sob a forma de fluxos financeiros adicionais aos insolventes potenciais. Não se trata apenas da magnitude dos valores envolvidos – o que teoricamente habilitaria apenas a China a ser um “emprestador de segunda instância” – mas basicamente de questões de governança e de conformação a padrões aceitáveis de responsabilidade financeira, num contexto de mercados integrados e de riscos aparentes, ou pelo menos um pouco mais transparentes do que no passado (e não só em virtude do trabalho de avaliação conduzido pelas agências de classificação de riscos).
Existe uma grande ilusão – provavelmente construída por analistas acadêmicos, mas também estimulada pelos governos interessados – de que os Brics poderão se converter em novos polos da economia mundial e, nessa condição, influenciarem decisivamente o processo decisório em determinadas instituições ou a prática econômica dos decisores microeconômicos, ou seja, os responsáveis de transnacionais que decidem sobre alocação de investimentos diretos e divisão de mercados (e que também influenciam as políticas comerciais e industriais, talvez até fiscais, das economias nacionais). Essa proposta, como aliás revelado já no primeiro substantivo deste parágrafo, não se sustenta, tanto no plano estritamente material, ou de capacidades “brutas” das economias, como no plano institucional, ou seja, no da organização política da ordem econômica mundial.
A própria noção de “polo econômico” remete a uma concepção do mundo baseada na sucessão de hegemonias, na derrocada dos “impérios” e na ascensão de novos desafiantes da ordem em declínio. Sobre estes últimos, alguns chegam inclusive a falar de “superpotências pobres”, como se a ordem econômica precisasse necessariamente ser organizada em função de hierarquias excludentes e de substituição de superpotências, o que reflete não apenas a conhecida “teoria conspiratória da história”, mas também uma visão conservadora de como se organiza o mundo real. Mas, ainda que se aceitasse a noção de “polo dominante” – que na verdade refere-se a um ordenamento econômico interpretado como constituído necessariamente de um “centro” e de uma “periferia” – o fato é que o Brics não preenche os requisitos formais do modelo e não se constitui, absolutamente, em novo polo da economia mundial, se tanto um agrupamento heteróclito de potências provisoriamente identificadas por um vago “antihegemonismo” mental.
Seguindo uma noção mesmo rudimentar de como se organiza o mundo real, é evidente que toda ordem econômica historicamente conhecida, seja ela naturalmente existente ou socialmente construída – na verdade, qualquer sistema conhecido de organização humana, ou melhor, social –, compõe-se de um centro e de uma, ou várias periferias, sendo que esses elementos mantém uma relação dinâmica entre si, como muito bem analisado nos ensaios sociológicos de Edward Shils (Center and Periphery: Essays in Macrosociology; Chicago: University of Chicago Press, 1975). Cada um dos Brics, de certa forma, constitui um polo econômico em sua própria macrorregião e alimenta uma “periferia” que pode, ou não, estender-se a diversas outras regiões, inclusive numa relação de interpenetração com outros sistemas econômicos, dominantes ou “subordinados”.
Quem quer contemple os fluxos de comércio e de investimentos nos últimos anos, bem como o impacto da demanda chinesa sobre os preços das principais commodities exportados por países latino-americanos – inclusive por um dos Brics, o Brasil –, teria de chegar à conclusão, por exemplo, de que a região pode já ter se convertido em “periferia” econômica da China, tal a dependência comercial e financeira criada nos últimos anos por essas relações de oferta e demanda absolutamente “assimétricas” (como gostam de acusar os críticos da velha dominação “imperial”). Em qualquer hipótese, aderindo ou não a essas concepções acadêmicas sobre a organização do mundo material e seus reflexos no plano institucional, parece claro que os Brics, individualmente tomados, participarão, ou não, de qualquer esforço de soerguimento de países desequilibrados do “centro” europeu em função de suas próprias possibilidades e conveniências, sendo a China o natural “dispensador” de novas “bondades financeiras”, em virtude de sua dotação própria de fatores econômicos e de recursos políticos, que a converteram, sem dúvida alguma, em ator relevante na presente (e na futura) ordem econômica internacional.
É evidente, porém, que a China – única dentre os Brics a fazer uma diferença real na atual movimentação de placas tectônicas da geoeconomia mundial – não tem condições, nem de longe, de assumir o papel que outrora foi do Reino Unido e que atualmente é desempenhado pelos EUA, enquanto provedor, real, de segurança política, de abertura econômica – ainda que relativa, atualmente – e, sobretudo, de outros instrumentos mais elementares de poder, como podem ser porta-aviões e veículos aéreos não tripulados. Existe toda uma literatura declinista – da qual o mais recente exemplo é um livro supostamente de economia, de Dambisa Moyo, How the West Was Lost?: Fifty Years of Economic Folly and the Stark Choices Ahead (New York: Farrar, Straus and Giraux, 2011) – que gostaria de transformar sonhos acadêmicos em realidades contemporâneas, mas que falha miseravelmente nos argumentos quanto à “sucessão dos impérios” (para uma visão mais realista, ver a reedição do livro de Fareed Zakaria, The Post-American World: Release 2.0 (New York: Norton, 2011); a primeira edição era de 2008, ou seja, antes da crise econômica iniciada naquele ano).
Impérios econômicos não são feitos apenas de criação – ou extração – de recursos e muitos dos que escrevem sobre ascensão e queda das grandes potências estão talvez mentalmente vinculados ao modelo dos velhos impérios tributários que organizavam a exploração de seus satélites em seu benefício exclusivo. Ainda que isso fosse verdade, a China não parece perto de cumprir todas as funções de um “império”, que não implica apenas a extração de recursos, mas também a garantia de ordem e a possibilidade de que os próprios satélites participem da ordem normativa assim criada e mantida com base em critérios de adesão voluntária, e não apenas de coerção física. Ademais dos elementos de inovação e de absorção de cérebros “estrangeiros” que todo império legítimo deve ser capaz de exibir, existem outros componentes mais “virtuais”, ou intangíveis, que devem necessariamente integrar qualquer ordem estável e suscetível de liderar “satélites periféricos” ou mesmo “aliados subalternos”, entre eles a capacidade de liderar por consenso e o fato de se fazer admirado e invejado, e não apenas temido ou tolerado.

A ascensão dos Brics faria o mundo se tornar mais multipolar e democrático?
Uma outra noção acadêmica que vem ganhando curso em certos círculos – sendo, aliás, endossada por alguns governos, inclusive dos Brics – é a de que a “ascensão do resto”, como já caracterizada nos trabalhos de Parag Khanna – The Second World: How Emerging Powers Are Redefining Global Competition in the Twentieth-first Century (New York: Random House, 2008); How to Run the World: Charting a Course to the Next Renaissance (New York: Random House, 2011) – e do já referido Fareed Zakaria, poderia implicar no “fim do século americano”; aventa-se também a hipótese de que a nova descentralização permitida pelo relativo declínio do gigante americano equivaleria a uma “democratização” do mundo e o estabelecimento de relações mais “igualitárias” entre os grandes atores, sem a típica arrogância imperial ainda hoje manifesta.
Não há dúvida de que o “resto” – e mais particularmente os emergentes dinâmicos – vai se aproximar, mais ou menos rapidamente segundo os casos, dos padrões de vida e de consumo dos atuais países membros da OCDE, convertendo o mundo numa grande “classe média” relativamente estabilizada demograficamente, ainda que não totalmente democrática e respeitadora dos direitos humanos, como parecem ser os critérios de inclusividade nesse atual “clube restrito de países ricos”. Estima-se que em três ou quatro décadas, eles possam ascender aos níveis de renda e de prosperidade relativa que são os da Europa continental atualmente, que poderá (ou não, dependendo de sua capacidade de reformar-se e avançar) ter progredido ainda mais, para patamares de abundância ainda mais afirmada.
Os novos malthusianos – que são os ecologistas não equipados de conhecimento científico apropriado – podem até se alarmar ante essa perspectiva, imaginando que, se os chineses exibirem o perfil de consumo energético dos americanos, isso representaria o equivalente de uma população mundial de várias dezenas de bilhões de habitantes, condenando todos ao esgotamento dos recursos naturais e a uma crise irremediável dos padrões civilizatórios. O mais provável é que a engenhosidade humana – feita de novas tecnologias e de adaptações realistas aos preços de mercado – consiga responder a esses desafios, sem cair na abordagem romântico-alucinada dos novos rousseaunianos ingênuos (mas os velhos também eram...).
No plano geopolítico existe a tendência a considerar que esses novos desenvolvimentos seriam eminentemente positivos, já que poderia haver a “redução do unilateralismo imperial”, a partir das novas condições de retração do “poder hegemônico” (ou qualquer outra variante dessas teses). Essa situação representaria um suposto “avanço democrático” – simbolicamente representado pela reforma da Carta da ONU e a ampliação do seu Conselho de Segurança, uma das principais reivindicações de três dos Brics que ainda não fazem parte do inner circle – e garantiria, supostamente, um horizonte politico mais conforme às novas realidades da economia mundial. Essa descentralização pode até corresponder aos sonhos de ascensão de alguns emergentes, mas não significaria necessariamente uma “pacificação” mundial e as garantias de segurança e estabilidade que a atual “ordem hegemônica” garantiu – com uma pequena ajuda da dissuasão nuclear – nas últimas décadas.
Alguns autores – entre eles o já citado Parag Khanna, mas também Robert Kagan, este em The Return of History and the End of Dreams (Nova York: Knopf, 2008) – já fizeram analogias históricas entre a “ascensão do resto” e situações geopolíticas anteriores, seja como um equivalente da “anarquia militar” do Renascimento, seja como a da paz armada europeia do final do século XIX, a do “equilíbrio dos grandes poderes”, feitos de alianças cruzadas e de muitos cálculos estratégicos. Uma situação desse tipo não significa, portanto, um mundo mais estável, mais justo ou mais pacífico, e sim um mundo mais instável e, talvez, potencialmente mais propenso a tensões setoriais podendo resultar em conflitos abertos. Não se deve esquecer, tampouco, que alguns dos Brics – os maiores, justamente, em termos geopolíticos e militares – não são exatamente modelos de democracia e de respeito aos direitos humanos, como aliás se pode constatar desde agora nos debates do CSNU em torno de alguns regimes repressivos do Oriente Médio ou alhures, objetos de projetos de resoluções “punitivas” que não logram superar o direito de veto exercido de modo cínico-realista pelos “ascendentes”.
Pode-se, assim, dizer, que os Brics apresentam perspectivas “luminosas” para a nova ordem internacional? Talvez seja efetivamente o caso, se isso representar a conversão do mundo atual, desigual e assimétrico como querem alguns (de fato, ainda pobre e desequilibrado), em um planeta mais igualitário e de “classe média”, mais próspero e, portanto, mais pacífico, de conformidade com as teses de Montesquieu sobre o doux commerce como “temperador” das paixões humanas mais violentas. É possível que esse cenário ideal seja factível, pari-passu à evolução econômica e política do mundo, mas conviria guardar certo realismo nas análises que possam ser feitas num ambiente acadêmico (e até governamental). Que os Brics representem um fator positivo na geoeconomia mundial, isso é inegável. Que eles sejam um fator eminentemente positivo em todas as demais equações da geopolítica mundial, ainda é uma tese que precisa ser comprovada com base nas ações efetivas para tornar a governança mundial não apenas mais segura e estável em termos geopolíticos e econômicos, mas sobretudo mais democrática e mais respeitadora dos direitos humanos no terreno dos valores e dos princípios civilizatórios. CQD...

Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 7 de outubro de 2011; revisto em 22/10/2011).

O governo precisa de "provas": vamos ajudar o governo...

Primeiro a nota da secretaria de Comunicação Social da Presidência sobre a "permanência" -- palavra que ali não figura -- do ministro Orlando Silva no governo:

Após a reunião com o ministro do Esporte, Orlando Silva, a presidenta Dilma Rousseff disse que o governo “não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”.
“Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente”, disse a presidenta.
Na reunião, o ministro informou à presidenta que tomou todas as medidas para corrigir e punir malfeitos, ressarcir os cofres públicos e aperfeiçoar os mecanismos de controle do Ministério do Esporte.
Secretaria de Comunicação Social

Mas e a ABIN? E a Polícia Federal? E o bom senso?
Precisam de provas cabais? Tipo vídeo do ministro enfiando dinheiro no bolso, na meia (em outras partes também) por meio de filmadora escondida?
Se for assim, vai precisar chamar os outros quatro demitidos pela imprensa...
O governo está devendo pelo menos três ministros que ganharam tempo extra...
Bem, agora vou fazer uns malfeitos...
Paulo Roberto de Almeida 

Minitratado das inutilidades burocráticas - Paulo Roberto de Almeida


Minitratado das inutilidades burocráticas

Paulo Roberto de Almeida
  
Saindo do trabalho além da hora, cruzei com um colega no corredor, ele numa direção, eu na oposta. Trocamos apenas as palavras habituais de cortesia, sem parar a não ser por um rápido aperto de mão, “olá, como vai?, trabalhando muito?”; “Pois é, é o jeito!”, ele disse, acrescentando ao final: “Vamos esperar pela aposentadoria”, ou algo do estilo (sou péssimo para memorizar certas coisas, além de edições de livros). Havia, evidentemente, certo sentido de cansaço naquelas palavras, algo de desalento ou coisa do gênero. Enfim, nos despedimos e fui para casa sem pensar mais naquele encontro. Mas de alguma coisa serviram aquelas palavras, retidas em minha consciência, aparentemente.
Chegando na garagem do edifício, encontrei-me com outro colega, também voltando tarde do trabalho, provavelmente não pelos meus motivos, mas ainda assim fiz aquelas perguntas habituais e trocamos as palavras esperadas nessas circunstâncias: “Olá, voltando tarde, fazendo hora extra?”; “Pois é, e o pior que não adianta muito...”; “Muita coisa para fazer?”, perguntei enquanto subíamos de elevador para o mesmo andar; “São coisas sobre as quais não há nada a fazer”, disse ele, acrescentando logo em seguida: “Sabemos que não vai adiantar nada, que não há nada a fazer, ainda assim, precisamos responder, para constar...”, terminou ele; enquanto eu virava a chave do meu apartamento, ainda tive tempo de dizer a ele: “Inutilidades burocráticas...”, ao que ele assentiu, disse boa noite e também girou a sua chave.

Entrei em casa ensimesmado com as duas conversas, e imediatamente tive a ideia de escrever este minitratado, o primeiro que me é inspirado diretamente por um evento corrente, um fato concreto, não um divertimento do espírito, como ocorreu com todos os demais desta série. Não tenho palavras, aliás, nem imaginação, apenas impressões vazias, como numa verdadeira inutilidade burocrática. Que coisa mais inútil escrever sobre uma total inutilidade, sem ter perspectiva de avançar nenhum argumento inteligente, alguma palavra significativa sobre alguma realidade efetiva, la verità effetuale delle cose, como dizia meu amigo Niccolò, há muito tempo atrás, muito tempo mesmo.

O que pode haver de interessante em certas inutilidades burocráticas, tarefas das quais é preciso se desempenhar mesmo sabendo que elas não servem para literalmente nada, apenas para alimentar o próprio processo burocrático? O que poderia significar de produtivo adentrar num roteiro kafkiano, no qual não se sabe sequer para que servem todos aqueles papéis que se movem de um lado a outro para, ao final, não produzir sequer um grama de valor agregado na formação do PIB nacional?
Enfim, um burocrata verdadeiro pode até ficar excitado, até quase ter um estado orgástico, com esse tipo de inutilidade inútil – com perdão pela redundância – mas imagino que um racionalista paretiano, como este que aqui escreve, só pode sentir-se incomodado com certos exercícios de pura transpiração burocrática, sem qualquer inspiração produtiva, numa total ineficiência administrativa. Por que a burocracia deveria ser produtiva, ou eficiente, se a sua razão essencial de existência é apenas... existir? Por que deveria ela servir para algo quando a razão burocrática tem como única razão e justificativa servir a si própria e justificar-se pelo simples fato de continuar fazendo sempre as mesmas coisas, sem que alguém pergunte para que, exatamente?

Kafka é, de fato, o melhor autor para tratar de “inutilidades burocráticas” como essas incidentalmente enfocadas aqui; seu romance – de ficção burocrática, se ouso dizer –, O Processo, é o melhor resumo da (des)razão burocrática jamais construído nos anais da literatura mundial. A trama, perfeitamente burocrática, se passa numa capital indeterminada da Europa central e deixa um cidadão comum, Josef K., em estado de estupefação surrealista ante a convocação autoritária de autoridades movidas por propósitos completamente desconhecidos – um crime jamais identificado – e guiadas por códigos de procedimento nunca explicitados para o “acusado”. Ao tratar de maquinações sem sentido que a máquina do Estado pode criar, de maneira perfeitamente anódina, para o homem comum, o romance póstumo de Kafka passou justamente a simbolizar absurdos burocráticos que elevaram o nome do autor a sinônimo do caso em espécie.
O mais curioso é que li o romance, pela primeira vez, na própria cidade de Kafka, Praga, em meio a procedimentos e administrativos do então socialismo real, que me deixaram em estado de torpor burocrático ante a máquina surrealista do Estado autoritário. Mais curioso ainda: se tratava de uma tradução para o espanhol, publicada pela Casa de las Américas, uma editora depois fechada pelo socialismo burocrático cubano, provavelmente o segundo regime mais kafkiano da história mundial do socialismo, depois do campeão absoluto, o regime totalitário norte-coreano. Este merece, não um minitratado, mas um tratado inteiro de interpretação, como a expressão máxima do stalinismo surrealista em toda a história humana conhecida.
Existiria algo equivalente a Kafka na literatura que trata das realidades latino-americanas, aparentemente tão pouco burocráticas e excessivamente desorganizadas? Só consigo pensar agora num romance de ficção burocrática, que se passa nas selvas da Amazônia peruana, mas cuja trama é bem mais interessante do que a selva urbana de Kafka: Pantaleão e as Visitadoras, de Mario Vargas Llosa. De fato, a busca da perfeição administrativa na organização de serviços de “conforto sexual” para soldados servindo em postos recuados da floresta, inclusive cronometrando o tempo dedicado à prestação, em si, é absolutamente kafkiana, embora num sentido bem mais satisfatório do que a acusação indefinida que atinge o pobre Josef K. do romance original. Pode-se inclusive arguir que Vargas Llosa é perfeitamente realista – não socialista, obviamente – em relação a um drama recorrente em certas situações que confrontam as bravas forças armadas ante premências das paixões humanas.: Kafka na selva amazônica pode ser tão surrealista quanto seu equivalente da selva urbana da Europa central e oriental, mas os procedimentos seguidos não exibem o mesmo rigor burocrático do estranho mundo do escritor de Praga.

Um elemento é comum aos dois universos acima identificados: a perfeita inutilidade de toda máquina burocrática para resolver problemas reais das pessoas e das sociedades. As burocracias, nas selvas ou nas cidades, enredam os cidadãos numa teia de obrigações e atividades as mais diversas sem trazer necessariamente avanços para as sociedades em causa, apenas movendo pessoas, coisas, papéis de um lado a outro, criando uma aparência de ativismo, quando tudo se move em círculos, sem sair do lugar, como na armadilha do moto perpétuo. A burocracia é feita para repetir-se, para perpetuar-se, para criar sua própria razão e através dela legitimar-se, por procedimentos que ela mesma cria e das quais se alimenta sem quebra de rotina (ou ela é sua própria rotina).
Não que as burocracias vivam inteiramente de suas próprias inutilidades, mas é que, à diferença do mundo real da produção, do comércio, da produção agrícola, ou dos serviços vinculados a qualquer uma dessas atividades, as burocracias suscitam o surgimento, permitem a expansão e levam ao auge de sua expressão irracional as inutilidades que elas criam, alimentam e multiplicam em todos os escalões do aparelho de Estado. Burocracias, e suas inutilidades, também existem no mundo corporativo, talvez até mais desenvolvidas e muito melhor nutridas, com roupas mais vistosas e salários mais polpudos. O próprio das inutilidades corporativas, porém, é que elas têm prazo de validade e data de vencimento de curtíssimo prazo, praticamente no espaço do ciclo de vida de produto ou serviço, que precisa produzir resultados efetivos sob risco de colocar no vermelho os retornos financeiros da corporação em causa.
Em contraste, as inutilidades da burocracia de Estado tendem a crescer e se estabilizar no seu próprio movimento circular, criando uma aparência de movimento, mas na verdade girando em círculos em torno de alguma razão desconhecida, se não é a da própria burocracia estatal. Nada a demove de seus movimentos habituais, sincronizados a códigos de procedimento tão obscuros quanto velhos manuais de alquimia renascentistas. Os movimentos se repetem, incansáveis, os papéis se acumulam, os editais se multiplicam e os dispêndios acontecem, mas nada acontece de verdade, a não ser a própria transpiração burocrática, muito pouco inspirada, de fato, mas produzindo cada vez mais transpiração, como convém a uma legítima inutilidade burocrática, das grandes.
Que outra prova da perfeita inutilidade da burocracia estatal que sua notória e imensa faculdade de continuamente rabiscar papéis, de compor longos memorandos, de redigir minutas, de numerar notas e ultimar relatórios, chegando inclusive a propor inteiros tratados, e até alguns minitratados, sem se importar com o resultado final ou com o valor de mercado e a significação social de toda essa agitação?
Incansáveis e inconscientes esses redatores de minitratados, que poderiam estar produzindo algum ensaio de qualidade para elevar os padrões intelectuais da humanidade, mas que passam o tempo, e ocupam um pouco do tempo alheio, redigindo minitratados que não possuem qualquer outro objetivo senão o puro divertimento pessoal, na mais clara definição do que representa uma inutilidade burocrática. Vale!
Brasília, 9 de outubro de 2011

Um hotel em Paris, com algum escritor famoso (sempre tem um...) - Inácio de Loyola Brandão

Em Paris, se você tirar os olhos do chão -- agora já é possível, pois mesmo que os donos de cachorros não façam seu trabalho obrigatório, logo vem uma "moto-crotte" e recolhe os residuos animais -- e começar a olhar para as paredes verá que a cada duas casas, uma tem alguma placa dizendo que "fulano de tal" morou ali, foi morto pelos alemães ali, se suicidou ali, namorou ali, enfim, qualquer coisa famosa ou menos famosa.
O nosso escritor de Araraquara também passou por isso, e talvez ele mesmo seja objeto de uma placa, algum dia no futuro...
Paulo Roberto de Almeida

Dividindo o quarto com García Márquez

Inácio de Loyola Brandão
PARIS - O Estado de S.Paulo, 21/10/2011
Somente no terceiro dia percebi a pequena placa, à direita da porta de entrada do Hotel Trois Collèges. Na minha chegada, após 12 horas de voo e o táxi cortando a cidade em meio a congestionamentos provocados por blitz da policia, por acidentes e pelo acúmulo de carros (pensam que é só em São Paulo?), chegamos esbodegados ao hotel, às 6 da tarde. Banho, jantar e cama. No segundo dia, a saída foi acelerada, era o último dia de uma exposição muito comentada, Espadas, histórias e mitos, no Museu Cluny, que sabe tudo da Idade Média. Na volta, fim da tarde, estávamos chapados por um calor que fazia os parisienses se indagarem: será o fim do mundo? O outono começara, as folhas estavam caindo sobre as calçadas e parques e o sol esturricava num céu sem uma nuvem. Não verás Paris nenhum, pensei.
Na manhã do terceiro dia, esperávamos Camila, amiga de minha filha, que tinha ido buscar um vestido de noiva. Feito de encomenda, lindo, de bom gosto, custou 1.300, cerca de R$ 3 mil. "Por esse preço, em São Paulo, eu nem alugava um vestido. Para mandar fazer, pediam por volta de R$ 12 mil. E acham barato. Volto feliz", ela confessou.
Então, vi a plaquinha de bronze:
Neste hotel, em 1957, Gabriel García Márquez, prêmio Nobel, escreveu seu romance Ninguém Escreve ao Coronel.
Foi o terceiro livro escrito pelo colombiano e o primeiro em que ele acertou, começou a ter público. Corri a perguntar ao concierge se ele sabia em que apartamento García Márquez tinha escrito e ele me disse que foi no 63, o mesmo que eu estava ocupando. Mas que na época era menor, tinha apenas uma cama. Passei a olhar diferente aquele cubículo em que eu estava com Marcia e Maria Rita, o único que conseguimos na alta estação, por ter feito planejamento de ultimíssima hora. Um duas estrelas muito simples, simpático, limpo, pessoal afável, café da manhã servido por uma cabo-verdiana alta, a Alice. No segundo dia, ouvi-a falando português e me admirei:
- Então, você fala português?
- Pois desde ontem estou a falar português contigo e você me respondia em francês.
Na sua autobiografia, Márquez conta que estava na cidade como correspondente de um jornal, mas que o jornal fechou e ele ficou lá com um restinho de dinheiro. Passou a enviar cartas aos amigos, pedindo socorro. "Morava no sexto andar de um hotel sem elevador, e todos os dias descia para ver se havia uma carta, e nunca havia. Foi quando a história de meu avô começou a se desenhar na minha cabeça, porque este avô passou a vida esperando a carta que confirmaria o seu direito a uma pensão do governo, por ter lutado na guerra civil. Todos os dias até morrer foi ao porto esperar a carta que nunca chegou. Meu avô ia ao porto, eu descia à portaria, e nada de cartas; assim a história se escreveu."
Foi quando descobri uma segunda placa comemorativa. Andando por Paris, olhem para as paredes e as portas. São milhares de placas contando que um escritor, um cantor, uma celebridade morou ali. Ou indica o ponto em que alguém da Resistência morreu. Você vai refazendo a história. A outra placa nos conta que o escritor húngaro Miklós Radnoti, um dos mais queridos pelos seus compatriotas, morou no Trois Collèges no fim dos anos 1930. Durante a guerra, foi feito prisioneiro na Iugoslávia e enviado a Auschwitz, onde morreu aos 35 anos.
Também fiquei sabendo que o poeta Raoul Ponchon morou no hotel entre 1911 e 1937, quando morreu. Um poeta que o Zé Celso, cultor de Baco, adoraria. Segundo Apollinaire, Raoul ao cantar o vinho, as mulheres e as flores, com bom humor, foi o último dos poetas báquicos. Verlaine o amava. Bela companhia a minha. Passei a respeitar mais o Trois Collèges em sua humildade. Também, das janelas dos quartos você dá com o maciço da Sorbonne. Imagino que o nome seja em homenagem à Sorbonne, ao Collège de France, bastante próximo, e à Faculdade de Medicina.
No avião, um dos filmes foi À Meia-Noite em Paris. Na madrugada, na TV de minha poltrona acabei vendo dublado, sabe Deus por quê. E me diverti. A certa altura, o tradutor traduziu Left Bank (a velhíssima Rive Gauche) como "o banco da esquerda". De certo, o banco onde o Zé Dirceu e o Lula põem o dinheirinho. Desliguei, dormi. Ao menos, me ficaram do filme, entre outras, as imagens de restaurantes como o Le Polidor, onde acabamos indo comer, e a galinha de angola é ótima; do Balsar, na Rua Des Écoles, onde a Noix de Saint Jacques é delicada e o risoto de lagosta e lasgotins estupendo, e demos uma olhada no Le Grand Velfour, dos mais sofisticados da cidade. O menu mais barato custa 96, ali pelos R$ 250. Por pessoa!!! Mas existe o Menu Plaisir pela "módica" quantia de 282 (vinho à parte), perto de R$ 800. Preciso levar um personal gourmet que me ensine a comer cada prato, sozinho não dou conta. Ah! Agora o Trois Collèges tem elevador. Meu modesto sonho, delírio de posteridade: será que um dia colocarão uma placa dizendo que ali reescrevi a terceira versão de minha novela Os Olhos Cegos dos Cavalos Loucos?

Dinheiro publico pelo ralo: quer saber por onde escorre, caro leitor?

Sei que estou me desviando dos objetivos específicos deste blog, mas é que minha consciência cidadã não consegue se conter ao ver exemplos tão exemplares -- ironia, caro leitor... -- de como se desvia facilmente dinheiro público, sem sequer ter vergonha de fazê-lo.
Registre-se, por sinal, que o ministro em questão acaba de ser reconfirmado no cargo por quem poderia (talvez deveria) demiti-lo, pelo menos temporalmente...
Vamos ver até onde vai essa novela. Eu acho que não passa do dia 25...
Paulo Roberto de Almeida 

ONG do Esporte pagou mulher de Orlando; atriz devolveu nove meses depois

Marta Salomon/BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo, 21/10/2011


Empresa de Anna Petta foi contratada por ONG do PCdoB; ela resolveu devolver o dinheiro há um mês, ao ser informada que ONG já havia sido contratada pelo Ministério do Esporte



Documentos obtidos pelo Estado mostram que Anna Cristina Lemos Petta, mulher do ministro do Esporte, Orlando Silva, recebeu dinheiro da União por meio de uma ONG comandada por filiados ao PC do B, partido do marido e ministro. Anna Petta ressarciu o convênio em setembro deste ano, após ser informada que a ONG que contratou sua empresa tinha contrato com o Ministério do Esporte (leia abaixo o que disse a mulher do ministro e a nota do Ministério da Justiça sobre o caso). A informação sobre negócios da União com a empresa de familiar de Orlando Silva teria preocupado a presidente Dilma Rousseff, que se reuniu com o ministro na noite desta sexta-feira, 21. A presidente decidiu manter o ministro no cargo.
É a própria Anna Petta quem assina o contrato entre a Hermana e a ONG Via BR, que recebeu R$ 278,9 mil em novembro do ano passado. A Hermana é uma empresa de produção cultural criada pela mulher do ministro e sua irmã, Helena. Prestou serviços de assistente de pesquisa para documentário sobre a Comissão da Anistia. A empresa foi criada menos de 7 meses antes da assinatura do contrato com a entidade. Pelo trabalho, recebeu R$ 43,5 mil.
A ONG Via Brasil tem em seus quadros Adecir Mendes Fonseca e Delman Barreto da Silva, ambos filiados ao PC do B. A entidade também foi contratada em maio do ano passado pelo Ministério do Esporte, para promover a participação social na 3ª Conferência Nacional do Esporte. No negócio, recebeu mais R$ 272 mil.
Documentos obtidos pelo Estado mostram o curto espaço de tempo transcorrido entre a criação da empresa de Anna Peta e a celebração de convênio da ONG Via BR com o Ministério da Justiça. A Hermana foi criada apenas três meses antes da assinatura do convênio para a produção de documentário sobre a Comissão da Anistia e no mesmo mês em que a Via BR foi contratada pelo Ministério do Esporte.
Devolução do dinheiro
Há menos de um mês, no dia 26 de setembro, depois de concluir o trabalho contratado pela ONG Via BR, Ana Petta, mulher do ministro do Esporte Orlando Silva, devolveu R$ 32,1 mil à conta do convênio celebrado para a produção de um documentário sobre perseguidos pela ditadura militar, no ano passado. Cópia do depósito foi enviado pela própria Ana Petta. A devolução ocorreu nove meses depois de Ana assinar um contrato com a Via BR, beneficiária de repasses de dinheiro do Ministério da Justiça, e já com o Ministério do Esporte protagonizando escândalos envolvendo ONGs e verbas públicas.
Ela afirmou ao Estado ter decidido devolver o dinheiro depois de ter sido informada de que a ONG Via BR já havia sido contratada pelo Ministério do Esporte. "Já havia concluído o trabalho e não saio por aí perguntando se uma entidade que me contrata tem convênio com o Ministério do Esporte, tenho uma vida completamente independente do Orlando, tenho uma carreira e não posso ir junto nessa avalanche", disse Petta.  De acordo com o contrato entre a Via BR e a Hermana, celebrado em dezembro de 2010, a empresa de Ana Petta recebeu R$ 43,5 mil, sendo R$ 5,7 mil correspondente à parcela oferecida como contrapartida da ONG que tem filiados do PCdoB no comando. Sobre a diferença entre o valor recebido e o recentemente devolvido, a mulher do ministro foi sucinta: "Isso eu não sei".
Nota do Ministério da Justiça
"Sobre o convênio firmado com o Instituto Via BR, o Ministério da Justiça informa:
 
1. Trata-se de uma proposta para realização de documentário que foi selecionada por meio de edital de Chamada Pública no ano de 2010. As propostas foram avaliadas por um comitê de seleção composto por membros do Ministério da Justiça e externos. Data da reunião: 07/06/2010. Data da publicação do resultado no Diário Oficial da União: 11/06/2010;
 
2. A proposta de documentário da Via BR foi classificada em terceiro lugar entre as 19 propostas selecionadas e aprovadas. No total, 24 propostas se candidataram ao edital. Das 19 aprovadas, firmou-se convênio com nove delas;
 
3. A proposta da Via BR foi apresentada pela presidente do instituto, Vanessa Stropp Borba, que assina o convênio (conforme documento anexo). Não há contrato direto do Ministério da Justiça com a Hermana Filmes ou com Anna Cristina Lemos Petta;
 
4. No escopo do convênio, consta que a Via BR contratou a empresa Hermana Filmes para desenvolver trabalho técnico especializado de pesquisa para subsidiar documentário, pelo qual pagou R$ 32.107,60 (conforme documento anexo);
 
5. Há registro que, em 26/09/2011, a empresa Hermana Filmes depositou reembolso do valor integral na conta do convênio, conforme comprovante depósito anexo. 
 
6. O referido documentário, objeto do convênio, está previsto contratualmente para ser entregue em dezembro.

Assessoria de Comunicação Social
Ministério da Justiça"

Intolerancia academica (alias pouco academica), vinda de quem se mais espera, justamente...

Juliano, um leitor meu de Curitiba, enviou-me esta mensagem, e tomei a liberdade de consultá-lo antes de postá-la, como exemplo de intolerância intolerante (se me permite a redundância redundante) vinda de quem justamente deveria exibir um gosto pelo contraditório, pelo debate de qualidade, pela exposição de ideias desafiadoras.
Parece que determinados professores -- adivinhem de qual tendência? -- não gostam de expor seus alunos a ideias diferentes das suas e usam do argumento de autoridade -- e não da autoridade do argumento -- para constranger alunos que deveriam estar debatendo questões relevantes, mas que neste exemplo lamentável foram tocados como gado para dentro dos currais de professores fundamentalistas.
Segue o post, com algumas supressões, por trechos desnecessários.
Paulo Roberto de Almeida 



Paulo,

Boa noite. (...) cheguei a uma palestra em Curitiba da organização Ordem Livre. Apesar de duas palestras bem bacanas, o que ficou foi o exemplo de intolerância e autoritarismo de alguns professores esquerdistas que abandonaram as palestras, obrigando seus alunos a voltarem às salas.
Se isso aconteceu em uma faculdade particular de Curitiba, imagino o que não acontece nas federais.

Se[gue] abaixo o e-mail que acabei de enviar para a ouvidoria:

Acabei de sair da palestra ministrada na UniCuritiba, organizada pela Ordem Livre, com o título “O Capitalismo tem Conserto?”. Não sou acadêmico e fui exclusivamente pela palestra, tendo sido este o meu primeiro contato com o Centro Universitário.

Boa parte dos participantes eram alunos e professores. Já cheguei na apresentação bem impressionado com o fato de vocês darem a eles a oportunidade de ter acesso a um tema tão fora do convencional. Do mesmo tamanho da minha impressão positiva foi a minha decepção ao ver o comportamento de alguns professores durante a apresentação.

Por não terem a mesma linha de pensamento defendida nas palestras, empreenderam um boicote à segunda parte da apresentação. Um chegou a deixar a sala durante a primeira parte, sob forma de protesto. Antes do começo da segunda parte vários alunos foram coagidos a voltar à sala de aula porque alguns professores haviam revogado a autorização de participação no evento – imagino que não teriam suas presenças confirmadas.

É lamentável presenciar esse tipo de comportamento e a falta de tolerância em um ambiente que deveria justamente incentivar a busca por novas idéias, a fuga do convencional. Ver isso em uma palestra sobre liberdade ficou ainda mais iconico, mostrando o quanto nossa sociedade precisa evoluir, começando pela academia. Não esperava aplausos, mas também não imaginava que chegariam a esse ponto de totalitarismo. Se ficou alguma lição foi a de como não se portar quando confrontado por posições diferentes.

Abraços,
Juliano 
Quidquid latine dictum sit, altum videtur

A China ainda vai comprar a Europa (a Franca, pelo menos)

Esta "aula" de "deseconomia" de um professor chinês tem um quê de primitivismo econômico, de simplismos e de lugares comuns, mas não deixa de ser engraçada ao ver pobres chineses --- que por enquanto ostentam uma renda per capita inferior sete ou oito vezes a renda dos europeus -- dar uma lição de trabalho, dedicação, poupança a esses europeus preguiçosos, pouco produtivos, decadentes.
O professor Kuing Yamang parece ter um caso contra os franceses (provavelmente pegou uma greve de metrô, de trem, de avião, alguma vez) e acha que eles são os piores da Europa. Não, não são, mas são os que mais fazem greves, por qualquer bobagem...
Não recomendo como "aula de economia", mas pode ser engraçado ver o que está acontecendo hoje...
Paulo Roberto de Almeida 

Cours d'économie du Vénérable Professeur Kuing Yamang

E por falar em mafiosos fascistas (do PCdoB)...


"Saquei R$ 150 mil para Agnelo"

Principal testemunha da Operação Shaolin e ex-funcionário das ONGs que participaram das fraudes no Ministério do Esporte, Michael Vieira acusa o governador do DF e ex-ministro de ser o principal chefe do esquema e de ter recebido propina

Claudio Dantas SequeiraIstoÉ, 22/10/2011
Nos últimos dias, o escândalo dos desvios de verbas de ONGs ligadas ao Ministério do Esporte, detonado pelo policial militar João Dias Ferreira, atingiu em cheio o ministro Orlando Silva e colocou em xeque a administração de nove anos do PCdoB à frente da pasta. Agora, uma nova e importante testemunha do caso pode dar outros contornos à história, ainda repleta de brechas e pontos obscuros. O que se sabia até o momento era que os comunistas, além de terem aparelhado o Ministério do Esporte, montaram um esquema de escoamento de verbas de organizações não governamentais para abastecer o caixa de campanha do partido e de seus principais integrantes. Em depoimentos ao longo da semana, o PM João Dias acusou Orlando Silva de ser o mentor e principal beneficiário do esquema. A nova testemunha, o auxiliar administrativo Michael Alexandre Vieira da Silva, 35 anos, apresenta uma versão diferente. Em entrevista à ISTOÉ, Michael afirma que o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e ex-ministro do Esporte, hoje no PT, mas que passou a maior parte de sua trajetória política no PCdoB, é quem era o verdadeiro “chefe” do esquema de desvio de recursos do Esporte. Até então, Agnelo vinha sendo poupado por João Dias. 

Michael foi a principal testemunha da Operação Shaolin, deflagrada no ano passado pela Polícia Civil do DF e na qual foram presas cinco pessoas, entre elas o próprio soldado João Dias. Seu papel nesse enredo é inquestionável. Michael trabalhou nas ONGs comandadas por João Dias, conheceu as entranhas das fraudes no Ministério do Esportes e, durante um bom tempo, esteve a serviço dos pontas-de-lança do esquema. Sobre esse período, ele fez uma revelação bombástica à ISTOÉ: “Saquei R$ 150 mil para serem entregues a Agnelo (então, ministro)”, disse ele na entrevista.

Em 2008, Michael já havia denunciado todo o esquema das ONGs no Ministério do Esporte e, desde então, passou a colaborar secretamente com os investigadores. Hoje, se mudou de Brasília e vive escondido. Os depoimentos de Michael serão cruciais para o andamento inquérito 761 sobre o envolvimento de Agnelo, que corre no STJ e deverá ser remetido ao STF pelo procurador-geral da União, Roberto Gurgel. Partícipe do esquema, Michael tem uma série de elementos para afirmar categoricamente que era Agnelo “quem chefiava o esquema”. Durante o tempo em que trabalhou no Instituto Novo Horizonte, o auxiliar administrativo ficou sabendo de entregas de dinheiro e da liberação de convênios, por meio de Luiz Carlos de Medeiros, ongueiro e amigo do governador. “Medeiros falava demais... Sempre comentava que estava cansado de dar dinheiro para Agnelo”, diz. Sobre o ministro Orlando Silva, Michael afirma que ouviu seu nome uma única vez e por meio do delegado Giancarlos Zuliani Júnior, da Deco (Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado). “Contei a Giancarlos sobre a existência de um cofre num depósito de João Dias, em que havia armas e documentos que poderiam incriminar algumas pessoas. Aí ele me perguntou se eu sabia do envolvimento de Orlando Silva e da ONG Cata -Vento”, lembra. 

Na entrevista à ISTOÉ, Michael revela ainda que o esquema de fraudes com ONGs de fachada transcende as fronteiras do PCdoB e do Esporte. Atingiria também, segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia, então na cota do PSB. Ele conta que chegou a ser convocado pela CPI das ONGs para falar sobre o tema, mas seu nome foi retirado da lista de depoentes na última hora sem qualquer justificativa. Sobre o envolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Michael diz que o Instituto Novo Horizonte chegou a assinar convênios com a Secretaria de Inclusão Social, subordinada à pasta, para a instalação de uma biblioteca digital em Natal, no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 2 milhões. Esses contratos, segundo Michael Vieira, teriam sido avalizados pelo então secretário, o atual deputado distrital Joe Valle (PSB), amigo de Medeiros e definido no grupo como laranja de João Dias no comando do Instituto Novo Horizonte. 

Com todo esse arsenal de informações, entende-se por que a investigação sobre as fraudes do PCdoB no Distrito Federal foi deflagrada a partir de denúncia de Michael ao Ministério Público. O que Michael contou à ISTOÉ, com riqueza de detalhes, também está registrado em outros 11 depoimentos que prestou em sigilo à Polícia, ao Ministério Público e à Justiça nos últimos três anos. Michael e o policial João Dias participavam de um mesmo esquema enquanto Agnelo Queiroz ocupou o Ministério do Esporte. Depois, tomaram rumos diferentes. Agnelo se elegeu governador do Distrito Federal e o PM circula ao seu lado até hoje, mesmo sendo réu em um processo que apura desvio de dinheiro público. No governo do DF, emplacou um afilhado político, Manoel Tavares, na BRB Seguros, a corretora do Banco Regional de Brasília, um dos cargos mais cobiçados do governo local. Até bem pouco tempo atrás, o PM mantinha silêncio absoluto sobre as fraudes das quais participou, confiante de que sua relação com autoridades influentes lhe serviria de salvo-conduto. “Ele fez isso por dinheiro e para se livrar das denúncias que fiz a seu respeito”, afirma Michael. Ele assegura que João Dias tentou silenciá-lo, primeiro com ofertas financeiras, e depois com ameaças de morte. Por causa do assédio, Vieira entrou no Programa de Proteção a Testemunhas. Mas após alguns meses abriu mão da proteção para tentar retomar sua vida. Hoje, Michael vive com mulher e filhos de pequenos bicos e da ajuda de amigos numa cidade do interior de outro Estado. Não se arrepende de ter denunciado o esquema, mas passou a desconfiar de tudo e todos, especialmente depois que foi usado pelo ex-governador Joaquim Roriz para atingir Agnelo na campanha eleitoral do ano passado.

À ISTOÉ, Michael pediu que seu rosto não fosse inteiramente revelado. A decisão de romper o pacto de silêncio deve-se, segundo ele, à indignação com a postura de João Dias no episódio. “Não posso aceitar que um cara como João Dias pose de bom-moço para a sociedade”. O desabafo, no entanto, não invalida as denúncias a respeito do esquema no Esporte nem as desqualifica, afinal não se espera que pessoas escaladas para participar de fraudes sejam selecionadas num convento. Mas é fato que João Dias tem uma ficha corrida para lá de complicada. Levantamento da ISTOÉ encontrou nada menos que 15 ocorrências policiais contra o PM, que tem fama de truculento. Há acusações de lesão corporal, roubo e ameaças de morte. Brigas no trânsito, dentro de hospitais e até tentativa de golpe na locação de imóveis e na contratação de funcionários para atuar nos convênios do Segundo Tempo. 

A trama policial tem contaminado o ambiente político em Brasília. Até o final da semana, a presidente Dilma Rousseff, temendo precipitar uma crise com um importante aliado, o PCdoB, hesitava em mudar o comando do Ministério do Esporte. Na quinta-feira 20, Dilma disse a assessores que não agiria sob pressão e reclamou publicamente do “apedrejamento moral” que o ministro do PCdoB estaria sofrendo. Chamou os comunistas de aliados históricos. “Temos de apurar os fatos, temos de investigar. Se apurada a culpa das pessoas, puni-las. Mas isso não significa demonizar quem quer que seja, muito menos partidos que lutaram no Brasil pela democracia”, afirmou. Em Brasília, Orlando Silva reuniu-se por cinco horas com a cúpula do PCdoB. 

Ao chegar de Angola na noite da quinta-feira 20, Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência com a coordenação política do governo. No encontro, comentou que não tinha convicção sobre as denúncias contra Orlando Silva, mas admitiu que o desgaste político sofrido era irreversível. Dilma também consultou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre o andamento das investigações na Polícia Federal e no Ministério Público. Na avaliação da presidente, as explicações que o ministro dos Esportes deu na Câmara e no Senado não foram suficientes para reverter o quadro. Pesam também contra Orlando os embates com a Fifa e a CBF para a organização da Copa de 2014. Dessa maneira, o mais provável é que a presidente aguarde os desdobramentos do caso para tomar uma decisão de cabeça fria. Nas fileiras comunistas, caso o PCdoB não perca o ministério, o nome mais cotado para substituir Orlando Silva é o da ex-prefeita de Olinda (PE) Luciana Santos, hoje deputada federal. Seu nome já havia sido sugerido por Dilma quando montou a equipe, mas Orlando acabou mantido por pressão do PCdoB – além de apoio aberto do ex-presidente Lula. Caso a presidente resolva retirar a pasta das mãos dos comunistas, já há articulações para tentar emplacar no cargo o ex-ministro Márcio Fortes, hoje presidente da Autoridade Pública Olímpica. Procurado por ISTOÉ, Agnelo estava fora do País e até o fechamento desta edição não havia se manifestado.

A frase (ou a piada?) da semana, do mes, do ano e do seculo (miseravel dos maoistas)

Maoistas, como os do PCdoB, são inerentemente autoritários, e eu até diria totalitários.
Claro, esse pessoalzinho do PCdoB já não está mais interessado em construir o socialismo, o comunismo, o maoismo, ou qualquer coisa parecida, pois sabem -- ou pelo menos se renderam às evidências, mesmo a contragosto -- que isso nunca deu certo e nunca vai dar certo, embora alguns malucos ainda achem que o socialismo é a solução para todos os problemas humanos, sociais, animais, etc...
Eles agora só querem viver das prebendas do capitalismo, ou  melhor, estão interessados em explorar os capitalistas, invertendo a concepção marxista original (ironias da História, claro...).
Mais do que viver às custas dos capitalistas, ou explorá-los, esse pessoalzinho com DNA de mafiosos fascistas -- sim, existe a categoria no dicionário da política, pelo menos no meu -- querem mesmo é assaltar o Estado, que é muito mais fácil do que assaltar os capitalistas. Afinal de contas, os capitalistas são muitos, e dá muito trabalho ir atrás de cada um deles. O Estado é um só, e é muito melhor grudar nele e sugar recursos de todas as suas numerosas tetas e bolsos...
Pois é, os novos mafiosos fascistas acham que resolvem seus problemas atuais -- derivados justamente dos crimes que cometem continuamente -- tapando os canais de comunicação livres.
Isso apenas revela que, se eles deixaram de ser socialistas, eles continuam totalitários, como sempre...
Paulo Roberto de Almeida 



Augusto Nunes

As calúnias lançadas contra o ministro e contra seu partido, o PCdoB, são o melhor exemplo da necessidade, da imposição, de uma legislação para regular a mídia e democratizar os meios de comunicação.”

Nota divulgada pelo PCdoB, para explicar ao povo brasileiro que a melhor maneira de acabar com a corrupção no Ministério do Esporte é proibir a imprensa de divulgar notícias sobre as roubalheiras promovidas pelo bando de comunistas capitalistas liderados por Orlando Silva.

Agora que Kadafi se foi... relembrando uma piada (dele mesmo)

Ao início dos conflitos na Líbia, eu postava esta matéria do WP, como a piada da semana:

Piada da semana (talvez apenas do dia): Kadafi

Leio isto numa chamada do Washington Post: 

QUINTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2011

Gaddafi blames revolt on Bin Laden
The Libyan leader also said protesters were under the influence of hallucinogenic pills.

Mas ele também acusou os revoltosos de estarem mancomunados com o Ocidente.
Claro: uma aliança entre o Ocidente e Bin Laden, estimulada por pílulas alucinógenas, seria a única força humana, e sobrehumana, capaz de derrotá-lo.
Acho que sua queda virá, mais cedo ou mais tarde, e depois teremos um governo de coalizão com Bin Laden e a CIA.

Talvez ainda tenhamos outras piadas do gênero ao longo da semana.
Pena que cada uma dela carregue um substrato de centenas de mortos...
Paulo R. Almeida