O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Hora da saudade: desarmamento nuclear (ou, eramos felizes e nao sabiamos)...

De vez em quando, eu tropeço, literalmente, com algum texto antigo, do qual sequer me lembrava mais (essa mania de escrever demais, e de publicar em pasquins obscuros).
O texto abaixo, por exemplo, foi suscitado por um desses discursos chatos que todo ano o Brasil pronuncia na abertura do debate da AGNU (ainda que tenha sido feito em foro paralelo, não importa, o teor é o mesmo), que muita gente considera importante (deve ser), mas que eu não consigo levar a sério (que coisa!), pelo simples fato de que ele repete um ritual por demais conhecido, com o alinhamento, o realinhamento, a retomada, à la Lavoisier, dos mesmos argumentos dos tempos da pedra da diplomacia universal. Sinto muito, mas essa coisa toda já está ficando enfadonha, ou seja repetitiva, dormitiva, um sério concorrente ao Valium (copyright)...
Este aqui, por exemplo, trata do mais grave problema da humanidade. Acreditam? Não?
Incrédulos...
Paulo Roberto de Almeida

Digressões contrarianistas sobre o desarmamento nuclear, por Paulo Roberto de Almeida


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Destaco duas frases, apenas, do discurso da presidente, na reunião de alto nível da ONU sobre Segurança Nuclear, em 22/09/2011:
O desarmamento nuclear é fundamental para a segurança, pilar do Tratado  de Não Proliferação cuja observância as potências devem ao mundo”.
“É importante ter num horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares“.
Confirmando minha vocação a ser um contrarianista — posição que assumo voluntariamente, de conformidade com meu espírito desconfiado, feito de ceticismo sadio em relação a quaisquer argumentos que se me apresentem como verdades incontestáveis — formulo aqui algumas dúvidas em relação a estas frases.
Por que o desarmamento nuclear seria fundamental para a segurança internacional?
Ele é, de fato, o “pilar do Tratado de Não Proliferação”?
Respondo de imediato a esta segunda questão por um sonoro NÃO.
Não, o desarmamento nuclear não éo, ou sequerumpilar, do TNP, ainda que possa nele aparecer de forma preeminente. Nem de longe, contudo, ele é o que diz que pretende ser, e basta conhecer um pouco da história, das realidades geopolíticas, para chegar à conclusão simplória de que a frase fatídica, sobre o desarmamento dos nuclearmente armados, figura ali apenas como figuração, justamente, para contentar os ingênuos, ou incautos, e impedir que eles protestassem em demasia contra um “tratado iníquo e discriminatório”, como proclamava a diplomacia brasileira nos “bons velhos tempos” (isto é, quando posávamos de “machos”, de contrarianistas, se ouso dizer, contra a hipocrisia dos poderosos, quando a gente acreditava que eles queriam “congelar o poder mundial”, no que aliás continuamos acreditando ainda hoje, nessa interminável repetição de slogans).
O pilar do TNP é a não-proliferação, ou seja, barreiras contra o armamentismo nuclear dos ainda não nucleares, ponto. Isso é tudo.
Os três grandes — na ausência de dois outros nucleares à época, China e França — arranjaram entre si um instrumento para bloquear o acesso às armas nucleares aos eventualmente desejosos de fazê-lo, prometeram cooperação nuclear para fins pacíficos — o que é feito a conta-gotas, e sob estritas condições — e ofereceram como cenoura o tal de desarmamento nuclear deles próprios.
Alguém acredita nisso?
Pode ser que sim, talvez o Itamaraty, que vive cobrando essa parte do Tratado desde que a ele aderiu em meados dos anos 1990.
Alguém acredita que seria possível colocar o gênio dentro da garrafa outra vez? Que as potências nucleares vão de fato desarmar?
Isso é possível? Respondo novamente por um sonoro não.
Ninguém consegue “desinventar” uma tecnologia. Ninguém se priva de uma segurança que foi conquistada a duras penas, e que se busca justamente manter exclusiva, única, assimétrica.
O TNP é apenas um tratado do desarmamento nuclear dos outros, ponto.
Venho agora à pergunta mais importante:
Seria verdade que o desarmamento nuclear é fundamental para a segurança internacional?
Não creio que a presidente tenha formulado ela mesma esse argumento. Ela simplesmente o comprou do Itamaraty, que colocou tal frase no discurso porque isso faz parte da ideologia diplomática, ou das ilusões diplomáticas — não apenas brasileiras, diga-se de passagem — nos últimos 50 anos, ou mesmo mais.
Alguém já parou para pensar — e nesse processo desmantelou algumas ilusões diplomáticas — de que pode ser exatamente o contrário: que as armas nucleares aumentaram a segurança mundial, e evitaram muitas mortes que de outra forma seriam inevitáveis?
Pensem um pouco — enfim, apenas os que desejarem realmente pensar — e perguntem comigo:
Se não existissem armas nucleares, o que existiria?
Provavelmente as mesmas armas que tínhamos ao final da Segunda Guerra Mundial, um pouco (ou bastante) mais aperfeiçoadas: tanques, canhões, bombardeiros, granadas, minas, mísseis, lança-chamas, fuzis, baionetas, estilingues, etc., etc., etc.
Ou seja, nada que pudesse deter um dirigente maluco de deslanchar uma guerra contra um outro país, na medida em que se tratavam de “armas normais”, de tecnologias dominadas e, com exceção de um ou outro componente mais aperfeiçoada (fortalezas voadoras, por exemplo, ou mísseis de longo alcance), tudo poderia ser mobilizado por qualquer país que tivesse uma base industrial medianamente desenvolvida.
Afinal de contas, Hitler deslanchou sua guerra em duas frentes com base nesses mesmos meios, ainda que desejasse, rapidamente, dispor de mísseis mais poderosos e que seus cientistas apostassem, furiosamente, no domínio da tecnologia nuclear, já teoricamente disponível em sua época.
Sorte nossa que ele não conseguiu, pois imaginem vocês se Hitler tivesse submetido a Grã-Bretanha, neutralizado os EUA, destruído a Rússia de Stálin, e se estabelecido como o grande ditador de todos os tempos, um Gengis Khan moderno, com a colaboração acintosa de tiranetes como Mussolini e os fascistas-militaristas japoneses, no trabalho de escravizar povos inteiros e colocá-los a serviço da Alemanha nazista?
Que tal a perspectiva?
Alguém iria conseguir um tratado de desarmamento contra Hitler, depois?
Se eu disser, por exemplo, que as duas bombas atômicas americanas sobre o Japão, em agosto de 1945, salvaram vidas, em lugar de aumentar o número de mortos, serei provavelmente “massacrado”, literal ou virtualmente, pelas consciências puras do desarmamentismo nuclear. Não me importa: isto é um fato. As bombas nucleares, por mais horríveis que possam ter sido, salvaram milhares de vidas A MAIS do que as que pereceram no “holocausto” de Hiroshima e Nagasaki. Salvaram centenas de milhares de soldados e civis japoneses, nas frentes de combate e nos bombardeios aéreos devastadores sobre Tóquio e outras cidades japoneses, e salvaram dezenas de milhares de soldados americanos, que teriam de lutar na ponta da baioneta contra soldados fanatizados, que tinham jurado dar a vida pelo Imperador. Elas salvaram vidas, ponto!
Mas, retornemos à questão principal. Em que sentido o desarmamento nuclear tornaria o mundo mais inseguro, não mais seguro?
Ora, isso é evidente pelo próprio fato de que o mundo não deixou de ter guerras depois que as armas nucleares foram inventadas: morreram milhões de pessoas desde 1945, vítimas de minas, de artilharia, de bombardeios aéreos, de napalm, de fuzis, de machetes, de fome, ou de quaisquer outros vetores associados às guerras (civis, étnicas, tribais, religiosas, entre Estados, atentados terroristas, etc.).
O que o mundo deixou de ter, depois de 1945, foram guerras globais, ao estilo napoleônico, mobilizando exércitos nacionais e populações inteiras contra outros exércitos nacionais e outras populações. Ou se ocorreram, foram limitadas, como na Coreia, no Vietnã, no Oriente Médio, sem a confrontação direta das grandes potências, como tivemos na Europa e no mundo desde o Renascimento até 1945, justamente.
Não pretendo elaborar muito a respeito, mas minhas conclusões são tão evidentes, que não creio ser necessário desenvolver meu raciocínio: as armas nucleares trouxeram mais segurança ao mundo, e pouparam vidas, ponto.
Algum matemático historiador, ou algum econometrista geopolítico poderia até fazer os cálculos e, com base em estimativas feitas a partir dos grandes conflitos globais desde a era napoleônica até 1945, avaliar quantos teriam sido os mortos — inocentes ou não, que pereceriam, potencialmente, em mais uma ou duas guerras ao estilo da Segunda Guerra Mundial, sem o recursos às armas nucleares, portanto. Não creio, sinceramente, que teríamos ficado a menos de 50 ou 60 milhões de mortos (por baixo, claro).
Enfim, nem todo mundo precisa de armas nucleares para exterminar pessoas. Mao Tsé-tung, por exemplo, não utilizou arma nenhuma, apenas uma “economia política esquizofrênica”, para eliminar 25 ou 30 milhões de chineses no “grande salto para a frente”, entre 1959 e 1962. Enfim, ele também foi o responsável por mais algumas dezenas, talvez centenas de milhares, durante a “grande revolução cultural proletária”, entre 1965 e 1975, mas pode-se sempre argumentar que muitos mais morreram nos “gulags” normais de Stalin e do próprio Mao, ao longo de seus experimentos totalitários.
Mas imaginemos dirigentes menos responsáveis na posse de armas nucleares em face de confrontos entre grandes Estados? O próprio Mao Tsé-tung, por acaso, dizia não temer as armas nucleares americanas hipoteticamente utilizáveis na guerra da Coreia, demonstrando todo o seu espírito belicoso mais de dez anos antes que a China conquistasse o seu próprio domínio sobre armas nucleares (após o que ela se mostrou mais responsável, mesmo sem ter assinado o TNP, até o início dos anos 1990). Os dirigentes cubanos, igualmente irresponsáveis, estavam dispostos a ir até o fim, no confronto nuclear entre EUA e URSS no caso dos mísseis nucleares soviéticos instalados em Cuba em 1962: Fidel Castro e Ché Guevara estavam dispostos a “testar” armas nucleares contra New York e Washington, mesmo se isso representasse a aniquilação de metade, ou mais, da população cubana (Guevara acreditava que isso representaria o “fim do capitalismo e do imperialismo americano”).
Qualquer que seja a perspectiva que se assuma sobre as armas nucleares, portanto, pode-se dizer que elas refrearam, sim, os instintos guerreiros de muitos dirigentes políticos. Pode até ser que alguns militares malucos acreditem que “armas nucleares táticas” sejam armas de terreno, e possam, assim, ser integradas a doutrinas e estratégias militares. Não creio, porém, que estadistas responsáveis acreditem nesse tipo de “doutrina” e estejam dispostos a “testá-la”.
Pode-se concluir, então, que as armas nucleares aumentaram, não diminuíram, a segurança no mundo, e parece impossível reverter esse cenário de equilíbrio instável (que aliás, confirma o prognóstico aroniano de 1947: “paz impossível, guerra improvável”).
E quanto ao TNP? Não há muito a dizer: continuará a ser aquilo que a diplomacia brasileira diz sobre ele desde 1968: “um tratado iníquo e discriminatório”, ponto. Não há muito que se possa fazer a respeito, no futuro previsível.
Resta, finalmente, esta outra afirmação, com estes mesmos conceitos:
É importante ter num horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares.”
Será? Importante? Talvez. Necessário? Duvidoso. Completa e irreversível? Provavelmente não, nem completa, nem irreversível.
Frustrante? Talvez. Realista? Provavelmente.
Acho que as coisas ficam mais claras assim.
Paulo Roberto de Almeida é diplomata, professor universitário e autor de Globalizando. (www.pralmeida.org)

E ai? Como andamos de previsoes imprevisiveis? - Revisao de meio de caminho...

No final do ano passado, eu fazia, como faço todo ano, inutilmente, mas também é falta do que fazer de melhor, as minhas previsões imprevisíveis, ou seja, aquelas que não correm nenhum risco de se realizar (a começar por parar com esta minha maneira de perder tempo escrevendo bobagens...).
Pois bem, não vamos esperar pelo final do ano para conferir se o que eu previ realmente não se realizou, pois do contrário fica confirmado, mais uma vez, meu fracasso total como vidente de coisas lunáticas. Não tenho seguro contra incendios, neste caso, um prêmio contra as realizações, assim que ninguém pode me cobrar nada...
Mas, chega de tergiversações sobre o nada, vamos ver logo o que eu prometi que não se realizaria...
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Minhas Previsões Imprevisíveis para 2013 - Paulo Roberto de Almeida

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Minhas Previsões Imprevisíveis para 2013
(não custa continuar tentando, para ver se em algum ano dá certo...)
Paulo Roberto de Almeida
Como faço a cada ano (salvo nos bissextos), vou continuar meu tresloucado exercício de fazer previsões ao contrário, isto é, minhas expectativas para o que não tem nenhuma chance de acontecer no ano que pronto se iniciará. É claro que, dada a múltipla natureza bizarra, sempre inovadora, criadora, simpática e decepcionante, e até mesmo surpreendente deste país surrealista que se chama Brasil, corremos o sério risco de sermos desmentidos, e sairmos humilhados, pela absolutamente inacreditável realização de algumas dessas previsões malucas. As surpresas podem ocorrer, especialmente as vindas de certas esferas da alta política, previsíveis na sua imprevisibilidade, e que costumam confirmar aquela máxima do Barão de Itararé: de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Mas isso fica pela conta do seguro contra acidentes não previstos, que renovo a cada ano nessa época, para evitar, justamente, ser processado por algum leitor, e aí cair naquela previsão ainda mais imprevisível de ter o caso julgado por um “auto” tribunal em menos de 20 anos, o que atrapalharia sobremaneira minha aposentadoria.
Sem mais delongas e tergiversações, vamos pois à lista atualizada das previsões imprevisíveis para 2013. Se algumas delas se realizar, os leitores podem me cobrar a conta, mas apenas em 2014, quando terei um estoque inteiramente novo de ofertas do impossível.
Começo pelo mais comum, frequente e corriqueiro: corrupção. Se não sobrevier o fim do mundo antes, vamos ficar inteiramente livres de qualquer novo caso de “malfeitos” em 2013. Tendo aprendido com sua própria experiência, na carne, por assim dizer, os companheiros vão inaugurar uma tecnologia inteiramente nova de combate à corrupção, pela simples razão de que – como a nova nota fiscal que já declara os impostos – a corrupção já virá integrada a todos os negócios públicos. O Partido dos Companheiros está criando uma Secretaria Especial de Negócios Não-Contabilizados, aqui se antecipando ao financiamento público das campanhas eleitorais, o que vai facilitar tremendamente as coisas. Transpondo a tecnologia para o nível estatal, vai ser possível nos livrarmos inteiramente da corrupção, em virtude do expediente já referido de sua integração oficial, formal e carimbada, em todas as transações que envolvem instituições e agentes públicos. Vai ser assim uma espécie de CPMF destinada inteiramente ao caixa 2, mas de forma explícita. Resolvido o problema, não é mesmo?
Fim do Mundo: parece que não deu certo desta vez, mas não custa apostar mais um pouco, inclusive porque esta catástrofe natural – ou dos deuses? – vai resolver todos os outros problemas, inclusive a obrigação deste escriba ficar perdendo tempo neste tipo de besteirol. As apostas ficaram um pouco mais caras, dada a frustração com as últimas cinco previsões e meia. Também: os maias têm aquela escrita complicada, impossível de ler, e números que não são em base decimal. Mais passons...
 Economia: depois do insucesso dos quinze últimos pacotes de estímulo à economia, o governo promete que não vai mais fazer pacotinhos de estímulo à economia; pode ser um pacotão, de tempos em tempos, mas essa coisa de a presidente e o ministro da Fazenda anunciarem, a cada semana, que “estão tomando medidas para estimular a economia” vai finalmente sair de moda. E não tem mais essa coisa de improvisações setoriais; doravante só terão direito a pacotes de estímulos, pacotões, na verdade, os setores minoritários, que já gozam de várias cotas de favor. Isso muda! Os afrodescendentes, por exemplo: com base na auto-declaração, eles já são mais de 55% da população brasileira. Todos os pacotes de favor serão agora para setores minoritários e prejudicados nas políticas dos últimos anos, como os loiros de olhos azuis, coitados.
 Política: o Congresso proclama sua independência, enfim! Só vai trabalhar para o governo nas quartas-feiras, quando o expediente é total. Nas terças e quintas, e só em regime de meio expediente, trabalhará para ele mesmo, que ninguém é de ferro. Estão abolindo o 14o. e o 15o. salários, mas vão criar a semana de expediente ainda mais reduzido. E já avisaram; só vão cassar companheiros legisladores em anos bissextos. O Stalin Sem Gulag, aliás, aproveita para mandar dizer que a luta continua, agora dentro da cadeia, com o apoio do PCC, que é um partido quase alinhado com suas teses.
Justiça: o Supremo diz vai parar de se meter na vida dos demais poderes; mas já avisou que não quer nenhum parlamentar se metendo na fixação dos seus próprios salários, que devem ser proporcionais aos quatro milhões de casos “a julgar”, parados há mais de oito anos nos escaninhos dessas varas que já viraram palácios de papel. Também vão modernizar o figurino: aquelas togas incomodas ficam sempre caindo e atrapalhando o movimento dos braços; vão adotar um simples avental, com os dizeres mais do que atuais: A justiça é cega...
Esporte: a Seleção de futebol da França se exila por completo na Bélgica, por razões fiscais. Os integrantes da seleção da Bélgica, por sua vez, fazem greve para não ter de pagar imposto de renda e ameaçam se exilar no vizinho Luxemburgo. A seleção brasileira adota um uniforme mais largo e mais comprido, daqueles antigos, para acomodar todas as mensagens publicitárias que a CBF negociou com importantes empresas multinacionais e várias estatais tupiniquins. Alguns jogadores vão negociar tatuagens publicitárias na barriga e no bum-bum (este mais caro). Mas, na copa das confederações, a seleção brasileira perde da seleção do Burundi por 1 a 0. Pano...
Economia mundial: a gangorra continua. Depois que o Brasil perdeu a condição de sexta economia mundial, para se converter na oitava economia, o governo reagiu e, via flutuação cambial do Banco Central, conseguiu trazê-la de volta para a sétima posição; os mercados reagem, fazem dois ataques especulativos e levam o Brasil à nona posição, mas o governo faz novo pacote e consegue trazer a economia para a oitava posição outra vez; os mercados, só de birra, provocam fuga de capitais e arrastam o Brasil para a décima-segunda posição; governo, emburrado e amuado desiste de brincar de gangorra cambial. Enquanto isso, a China e os Estados Unidos criam um programa conjunto de manipulações cambiais: pronto, era o que faltava para o governo brasileiro se enfurecer de vez; mas o seu tsunami financeiro não passa de uma marolinha...
Economia doméstica: o Ministério do Planejamento cria o PAC-III, com taxa de realização pré-programada em 35,7% dos recursos empenhados (incluídos restos a pagar...); o TCU também criou um software novo, de embargo preventivo das obras suspeitas de irregularidades: ele também vem pré-programado para embargar metade das obras, inclusive retroativamente, do PAC-I e do PAC-II, mas aí se descobre que as obras paradas são mais do que 75% do total dos volumes empenhados;
Economia sentimental: o governo cria o plano Brasil Amoroso, para distribuir beijos e abraços a quem vive sem companhia; Senadores mais sentimentais que outros, como Suplicy e Buarque, pensam instituir uma Bolsa Carinho, de meio salário de senador, para os contemplados no programa; executivo reage e cria o vale-beijo.
Cultura: as editoras brasileiras pedem proteção contra a Amazon, e querem taxa especial sobre o livro eletrônico, para compensar os custos que tem de estocar um monte de papel impresso que não vende; a Amazon resolve diversificar suas operações nacionais e começa a vender tapioca express-delivery. Deputado Aldo Rebelo reage, e diz que só pode se estiver escrito em língua nacional.
Política Externa: Cuba decide ingressar no Mercosul, antes do Paraguai voltar, e diz que tem direito a receber metade das verbas do Fundo de Recuperação e Apoio à Correção das Assimetrias Sociais Socialistas (FRACASSO), criado na cúpula do meio do ano. Guiana e Suriname reagem e dizem que também querem entrar no Mercosul para se beneficiar do maná brasileiro, à razão de 70% do total. Ministros decidem então criar uma Casa da Moeda do Mercosul (CMM), o mais novo órgão do vasto empreendimento integracionista, que não cessa de se ampliar no continente e surpreender o mundo pela sua criatividade e versatilidade. Obama diz que EUA consideram se tornar membro associado do Mercosul. É a apoteose...
Fim do Mundo, outra vez: guru de Cabrobó da Serra diz que ele descobriu um erro de cálculo no calendário maia, e atrasa o fim do mundo para meados de 2014, o que permite passar o fim de ano sem maiores preocupações com seguro de vida.
Bom ano a todos...
Brasília, 20 de dezembro de 2012
   

A blogueira e os mercenarios, 9: viva a embaixada cubana, viva a SG-PR...

Estão de parabéns o embaixador cubano e o Secretário-Geral da Presidência da República.
Eles conseguiram!
Tiveram sucesso absoluto: conseguiram cumprir plenamente as ordens de seus chefes em Havana.
O embaixador deve ter mandado vários telegramas à sua chancelaria, relatando em primeiro lugar que "cumpri instruções", informando depois como atuaram os amigos de Cuba nos vários eventos programados para aparição da dissidente agente da CIA.
O SG-PR deve ter telefonado meio constrangido ao embaixador dizendo que também cumpriu instruções, mas que talvez o sucesso tenha sido bem sucedido demais, pois afinal de contas a tchurminha contratrada para atrapalhar acabou atrapalhando demais, e causou mais rebuliço que protestos em favor de Cuba.
Se ambos forem sinceros consigo mesmos, verificarão que foi um desastre total toda a operação, já que a população constatou que Cuba afinal é uma ditadura intolerante.
Como eles são incapazes de exibir tais sentimentos, devem estar apenas contabilizando o sucesso da operação.
Por isso mesmo, eu lhes estendo meus cumprimentos.
Conseguiram, bravo!
Conseguiram juntar um bando de fascistas do partido dos companheiros a uma das duas últimas ditaduras stalinistas moribundas do planeta.
Vão morrer com eles. Isso que é solidariedade e amizade.
Parabéns pela fidelidade canina. Aliás, de quatro patas...
Paulo Roberto de Almeida 

Se nao for ajudar, pelo menos nao atrapalhe... (sim, o governo...) - Editorial OESP

A agricultura do Brasil era um monstrengo atrasado até os anos 1970, quando Embrapa e novos recursos humanos se combinaram para dar um primeiro salto tecnológico.
Mas ela ainda continuou entravada durante uma decada mais, pelo menos, adivinhe por quem, caro leitor?
Sim, você acertou: pelo governo. Com sua política de preços de referência, estoques reguladores, planejamento de produção, direcionamento de créditos por critérios pouco claros, e um tabelamento geral dos preços dos produtos de base (para ajudar os pobres, claro), tudo isso fez com que sofressemos desabastecimentos, queda de produção, desequilíbrios na oferta, e outras pragas associadas ao intervencionismo governamental.
Ou seja, a praga da agricultura era o governo, e as saúvas eram os técnicos da Fazenda e do próprio ministério da Agricultura, que pretendiam "gerir" esse setor, tão estratégico, tão importante, tão relevante para a tal de segurança alimentar.
A consequência não foi outra: desabastecimento, penúria de produtos e outros problemas.
Só quando o Brasil exsangue de tanta inflação resolveu dar um choque de capitalismo -- não tanto por vontade, quanto por impossibilidade de atuar de outra maneira -- e liberalizar o setor, a agricultura deu um enorme salto produtivo e comercial, que junto com os progressos tecnológicos fizeram do Brasil essa potência agrícola que somos.
Agora, chegam os companheiros e ameaçam colocar tudo a perder outra vez, com essa mania -- atávica neles -- de controlar tudo, para "garantir abastecimento a preços razoáveis".
Idiotas, vão estragar tudo outra vez...
Paulo Roberto de Almeida

Ameaça à produção de comida

22 de fevereiro de 2013 | 2h 11
Edutorial O Estado de S.Paulo
 
Uma velha praga volta a ameaçar a agricultura brasileira, pondo em risco a eficiência, o poder de competição e a liderança internacional conquistados em décadas de muito investimento e intensa modernização tecnológica. É a praga do intervencionismo primário, demagógico e orientado por objetivos políticos de curto prazo.
Depois de comprometer a saúde financeira da Petrobrás e a produção de etanol com sua intromissão desastrada, o governo agora se prepara para mexer politicamente nos preços dos alimentos e desarranjar o agronegócio. O Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep), recém-criado por decreto presidencial, será o instrumento dessa lambança, a mais nova demonstração de voluntarismo da mal assessorada presidente Dilma Rousseff. O novo conselho usurpará funções até agora atribuídas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e geralmente exercidas com eficiência quando subordinadas a critérios técnicos. Esses critérios serão obviamente postos em segundo ou terceiro plano, com a previsível politização das decisões.
Só a intenção de politizar a formação e a administração de estoques de alimentos pode explicar a instituição do Ciep. Se a presidente da República estivesse apenas descontente com a ação técnica dos atuais dirigentes da Conab, poderia simplesmente substituí-los. Nem precisaria buscar muito longe pessoal para assumir as funções. Antigos e competentes funcionários da Conab permanecem no governo. Outros foram para a vida acadêmica ou empresarial. Não falta, no mercado, gente capacitada para dirigir empresas públicas desse tipo, conhecidas em vários dos grandes países produtores.
Os preços agrícolas subiram no mercado internacional durante vários anos e essa tendência afetou também o mercado brasileiro. Apesar da elevação de preços, não houve nenhuma crise de suprimento no Brasil.
Crises desse tipo foram muito frequentes quando havia controles de preços, porque a ação oficial dificultava a modernização produtiva. A liberação gradual do mercado, a racionalização da política e o forte investimento em pesquisa permitiram uma ampla mudança do quadro. As crises sumiram e a alimentação passou a pesar menos no custo de vida, liberando recursos para o consumo de outros produtos. Mesmo com a alta de preços dos últimos anos, o custo da comida, no Brasil, continuou sendo um dos mais baixos do mundo.
Em países bem administrados, a variação de alguns custos, como o dos alimentos ou dos combustíveis, apenas altera a relação entre preços, sem pôr em movimento uma espiral inflacionária. No Brasil, a difusão dos aumentos foi favorecida por outros fatores, como a expansão do crédito, o estímulo ao consumo e a elevação dos salários bem acima dos ganhos de produtividade da economia. Mas o governo prefere desconhecer esses fatos evidentes, promover um corte de juros obviamente voluntarista e manter a gastança pública.
Em vez de combater a inflação, o governo tem procurado conter os índices, controlando preços de combustíveis, cortando alguns impostos para baratear produtos selecionados e tentando administrar o câmbio.
A Conab tem promovido frequentes vendas de estoques. Só de feijão, por exemplo, dez leilões foram programados entre 24 de janeiro e 22 de fevereiro. Alguns setores da indústria de alimentos poderão até apoiar maior intervencionismo, se isso resultar em maiores vendas de matérias-primas, como o milho. Mas isso será uma demonstração de visão curta.
Uma boa política de estoques serve para a sustentação de preços, por meio das compras oficiais, e para a moderação das altas, por meio das vendas. Mas é preciso balizar toda intervenção pelo bom senso. Mexer no mercado para derrubar alguns preços selecionados é um jogo perigoso, tentado no Brasil, em outros tempos, com péssimos resultados. Seria insanidade ressuscitar a velha Sunab, a desastrosa Superintendência Nacional do Abastecimento. A presidente Dilma Rousseff deveria se lembrar disso. Não é necessária muita cultura econômica para entender esses fatos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A blogueira e os mercenarios, 8: uma ditadura ordinaria

Exclusivo: os bastidores da reportagem que mudou a vida de dissidente cubana

O correspondente no Brasil, John Lyons, representou o The Wall Street Journal (WSJ) na coletiva de imprensa com a blogueira Yoani Sánchez, promovida pelo Estadão, nesta quinta-feira, 21. Quando ele se levantou para fazer uma pergunta, a cubana o interrompeu e disse que o jornalista foi responsável por mudar sua vida, em conseqüência de reportagem escrita em 2007. A dissidente do regime cubano se referiu à notabilidade que ganhou devido à repercussão de seu blog, ‘Geração Y’. "A minha vida mudou, por causa de um artigo que ele escreveu", disse.
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Yoani atribui a correspondente do WSJ notabilidade que ganhou desde 2007 (Imagem: Reprodução/Geração Y)
Lyons explica ao Comunique-se que há seis anos os cubanos que moravam em Miami (EUA) começaram a se questionar sobre a pessoa que mantinha o blog ‘Geração Y’ e sobre suas intenções em expor a realidade do país comunista na internet. “Fui a Cuba, cheguei como turista, com chinelo e roupa havaianos. É muito difícil para um americano conseguir o visto de Cuba”.

O americano permaneceu por uma semana na ilha caribenha. Antes de todos os encontros que teve com Yoani sempre ia a pontos turísticos de Havana para não levantar suspeitas do governo. “Ao sair do hotel, ia para pontos turísticos. Peguei um taxi irregular para ir até a casa de Yoani, mas acredito que a casa dela era vigiada constantemente”.

Correspondente do WSJ há nove anos, o jornalista conta que a reportagem sobre Yoani foi capa da edição impressa do veículo. Ele, entretanto, não assinou a matéria. Lyons e o editor concordaram que a melhor opção era não divulgar o nome do repórter para que ele pudesse entrar outras vezes na ilha comandada pelos irmãos Castro.

O jornalista fala que "medo" não é o termo mais apropriado para se referir a sensação que teve ao se passar por um turista em Cuba. “Senti um pouco da paranoia de morar em um regime totalitário. Eles colocam uma espécie de polícia na sua cabeça e você deixa de fazer coisas que faria normalmente”.

Yoani, a blogueira "turista"
Datado de 22 de dezembro de 2007, a matéria “Yoani Sánchez fights tropical totalitarianism, one blog post at a time” (“Yoani Sánchez luta contra o totalitarismo tropical, um post de cada vez”, em livre tradução) conta como a cubana contornava as proibições do governo e conseguia ter acesso à web para postar seus textos. “Para se livrar das restrições cubanas de acesso à internet, a aparente pária de 32 anos se passava por turista para entrar em um café com internet, em um luxuoso hotel da cidade, normalmente o bar Cubans. Vestida de shorts de surf cinza, camiseta e alpercatas verde-limão, ela passou por um guarda do hotel e deu um largo sorriso. O guarda, alto e de cabelo raspado, deu um passo para trás”, narra a cena. Lyons revela que a rotina se tornou comum na vida de Yoani desde abril daquele ano.

Na reportagem, o jornalista ressalta que geralmente blogs mantidos sobre Cuba são feitos ou por pessoas que visitam a ilha ocasionalmente ou por moradores antigos. “Ela não só escreve de Cuba, como também assina o seu nome e publica uma foto sua. Muitos blogueiros de Havana são anônimos”.

Indo a uma inflacao crescente? Deterioracao progressiva

Pois é: depois de nos garantir o maior déficit de transações correntes desde o começo da série histórica, em 1947, a administração keynesiana de botequim dos companheiros, também está garantindo uma aceleração progressiva da inflação, o que só faz prenunciar novas greves de trabalhadores -- sobretudo do setor público, que são abusados, usam-nas como férias remuneradas e não têm nada a temer do patrão -- e novos aumentos do custo de vida.
A pior situação possível: em lugar de alto crescimento e baixa inflação, como gostariam os aprendizes de feiticeiro, vamos ter alta inflação e baixo crescimento.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil Macro Flash: CPI Inflation Continues at High and Undesirable Level

    Announced: Friday, February 22, at 7:00 a.m. (NYT)

    Actual: 0.68% Month Over Month

    Previous: 0.86% Month Over Month (January’s CPI)

    Consensus: 0.62% Month Over Month

    Citi: 0.65% Month Over Month

    Bottom Line

  • February’s first half CPI inflation stood at 0.68% m/m, above market consensus. As a result, the annual inflation reached 6.18% (from 6.15% in January’s CPI). The main upward pressures of the monthly CPI were food prices and education costs. Core inflation declined, staying inside the inflation target band. For the end of this month, we expect February’s CPI inflation to decline further to around 0.45% reflecting additional impact of energy prices drop. Looking ahead, we expect CPI to increase 5.6% in 2013.

    Key Points

  • In the monthly result, food prices increased 1.74%, less than the 1.99% figure seen in January’s CPI. Moreover, education costs rose 5.49% m/m, reflecting the annual increase in tuition fees. Energy prices plummeted 13.5% m/m and should decrease further in February’s CPI.

  • The average of core inflation measures declined to 0.48%, from the 0.67% figure registered in January’s CPI. This average represents 6.0% on annualized terms. The diffusion index also decreased to 71% (from 75% in January).

  • Lastly, services inflation decreased slightly to 8.5% over the last 12 months compared to the 8.6% print in January. As these prices are related to labor market conditions, we do not expect services inflation to decline markedly in the near future. (Citigroup)

Em direcao a uma crise de transacoes correntes? - Deterioracao progressiva

O governo Dutra exibe a pior avaliação de todos nos livros de história tradicionais (isto é, de esquerda) basicamente por dois fatos: culpado de ter colocado na ilegalidade o Partido Comunista (ou seja, era de "direita"), e culpado pela rápida deterioração do balanço de pagamentos, pelo aumento maciço das importações e o esgotamento das divisas acumuladas durante a guerra.
No primeiro quesito, digamos que seja verdade: sim, ele era de direita e anticomunista, e aproveitou um pretexto qualquer para proibir o Partidão. Não importa se Prestes era um idiota e que ele tivesse declarado em resposta a uma pergunta marota de um jornalista, que o Partido ficaria do lado da União Soviética em caso de guerra do Brasil contra o império comunista (sic), o fato é que Dutra não gostava dos comunistas, aliás desde antes da Intentona de 1935.
No segundo quesito, a situação brasileira era claramente irracional: tinhamos passado anos sem importar nada, sob o regime emergencial do Estado de guerra, e normal assim que, passada essa fase, a indústria precisasse se reequipar e o consumo retomar com base em importados, já que não produzíamos quase nada, nem alimentos em volume e qualidade suficientes.
De todo modo, o governo "liberal" de Dutra "torrou" as divisas em importações "inúteis", dizem os críticos.
Pois agora, o governo anti-neoliberal dos companheiros também realiza esse feito histórico de torrar divisas com importações e produzir o maior déficit histórico da balança de transações correntes. Que coisa, companheiros, desse jeito vocês ainda vão nos arrastar para uma crise de transações correntes e para os braços do FMI, quem diria!?
Aliás, seria bom, seja uma crise dessas ou uma de natureza fiscal, pois só premido pelas crises, o Brasil realiza reformas. Não tenho certeza de que sejam as boas reformas, pois podem reforçar o protecionismo e a introversão, mais do que já temos, mas pelo menos alguma coisa tem de mudar.
Passo por cima dos erros de redação -- jornalistas não sabem mais escrever e os jornais parece que não tem mais revisores -- como esse de que "As remessas líquidas ... subiu em janeiro..."-- para simplesmente transcrever a matéria sobre o assunto e, mais abaixo, a avaliação de um analista de mercado, do Citibank, mostrando que a situação ainda pode piorar mais.
Pudera: o governo atua como aprendiz de feiticeiro, tanto na área monetária como no terreno cambial, pensando que pode enganar e orientar o mercado à custa de ordens políticas e intervencionismo renitente, continuado, e mal administrado.
Paulo Roberto de Almeida

Contas externas de janeiro têm o pior déficit da história

Déficit em conta corrente somou US$ 11,4 bilhões em janeiro

22 de fevereiro de 2013 | 10h 51
Adriana Fernandes e Eduardo Cucolo, da Agência Estado
 
BRASÍLIA - As contas externas se deterioram e apresentaram em janeiro o pior resultado para todos os meses. O déficit em transações correntes no mês passado ficou em US$ 11,371 bilhões, informou há pouco o Banco Central. É o pior resultado para todos os meses desde o início da série histórica da autoridade monetária, que teve início em 1947.
O resultado de janeiro ficou abaixo das estimativas do próprio Banco Central, que esperava um déficit de US$ 8,3 bilhões no mês. Porém, ficou dentro do intervalo das estimativas coletadas pelo AE Projeções, de déficit entre US$ 8,7 bilhões e US$ 13 bilhões, mas pior que o déficit projetado pela mediana, de US$ -9,6 bilhões.
Em janeiro do ano passado, o déficit na conta de transações correntes do balanço de pagamentos foi de US$ 7,05 bilhões. Nos últimos 12 meses até janeiro, o déficit em transações correntes subiu para US$ 58,568 bilhões o equivalente a 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB). O BC projeta uma déficit de US$ 65 bilhões em 2013.
Lucros e dividendos
As remessas líquidas de lucros e dividendos de empresas estrangeiras instaladas no Brasil para o exterior subiu em janeiro para US$ 2,068 bilhões. O valor mostra uma piora em relação a janeiro de 2012, quando as remessas atingiram US$ 981 milhões.
Enquanto as receitas somaram US$ 76 milhões, as despesas atingiram US$ 2,144 bilhões em janeiro. As despesas líquidas com o pagamento de juros no exterior atingiram US$ 1,813 bilhão em janeiro. Esses gastos aumentaram em relação a janeiro do ano passado, quando somaram US$ 1,623 bilhão.
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Brazil Macro Flash: Sharp and Worse Current Account Deficit in January

    Announced: Friday, February 22, at 8:30 a.m. (NYT)

    Actual: -US$11.4 billion

    Previous: -US$8.4 billion

    Consensus: -US$9.6 billion

    Citi: -US$9.0 billion

    Bottom Line

  • In January, the current account amounted -US$11.4 billion, significantly worse than our and market expectations. We already expected a large current account deficit in January, due to the significant negative result of trade balance. However, services and income balances also surprised to the downside highlighted by the considerable deficit in profits and dividends remittances. Overall, 12 months current account deficit deteriorated to US$58.6 billion (2.58% of GDP). Looking ahead, we believe the current account deficit will likely continue deteriorating along this year, reaching by around US$68 billion at year end (3.0% of GDP). Moreover, FDI inflows summed US$3.7 billion in January, lower than expectations, but still amounting US$63.6 billion in the last 12 months, which is above the current account deficit in the same period.

    Key Points

  • In January, the trade balance amounted -US$4.0 billion, services and income balance posted a deficit of US$7.5 billion, while current transfers reached US$0.2 billion.

  • Focusing on services and income accounts, the profits and dividends balance reached -US$2.1 billion, while international travel deficit amounted US$1.6 billion, with net interest payments posting -US$1.8 billion.

  • FDI inflows came in at US$3.7 billion in January, worse than our and market expectations of US$4.5 billion and US$4.8 billion, respectively. In the last 12 months, FDI inflows amounted US$63.6 billion, remaining significantly higher than the current account deficit of US$58.6 billion during the same period.

  • We expect current account deficit to continue deteriorating ahead, reaching by around US$68 billion this year (3.0% of GDP), which is worse than market consensus and CB’s estimates of around -US$65 billion each.
 Author: Marcelo Kfoury

A blogueira e os mercenarios, 7 - Sandro Vaia

Democracia: agite antes de usar, por Sandro Vaia

22.2.2013
http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2013/02/129_229-sandro.jpgAlguma outra vez neste país a democracia foi usada para defender uma ditadura?
Não me lembro. Mas foi exatamente o que aconteceu com a manifestação contra Yoani Sanches, a blogueira cubana que se opõe à ditadura de seu país, que a impediu de falar e inviabilizou a exibição do documentário “Conexão Cuba-Honduras” de Dado Galvão em Feira de Santana, no interior da Bahia.
A grosseria, a incivilidade e a estupidez são algumas das características mais desagradáveis do ser humano e foram usadas em larga escala nao só na Bahia, mas também no plenário da Câmara Federal por algumas pessoas que ainda vegetam no estado primário do processo civilizatório.
Até aí, nada a fazer. Não podemos exigir uma nação de fidalgos nem exigir algum tipo de racionalidade de quem confunde a militância política com a barbárie.
Ninguém é obrigado a gostar de Yoani Sanches como ninguém pode ser proibido de admirar e cultuar ditaduras. Infelizmente, a história da humanidade é recheada de massas ululantes que seguem ditadores e homens providenciais de camisas verdes, negras, pardas, boinas vermelhas ou uniformes verde-oliva.
O fascínio pela servidão voluntária é uma das características mais degradantes do ser humano. O fato de que isso, ao longo da História, tenha produzido pilhas e pilhas de cadáveres pelo mundo todo, não inibe a prática da falta de fé democrática.
Ditadores pendurados de cabeça para baixo nas vigas de um posto de gasolina e outros miseravelmente fuzilados ao lado da mulher depois de tentar fugir das massas que os idolatravam até algumas horas atrás, não ensinam lição alguma a quem está disposto e decidido a nao aprender.

http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2013/02/129_2234-alt-www.jpg

A presença de Yoani Sanches no Brasil poderia ter sido aproveitada para estimular um debate sobre os caminhos que Cuba pode seguir num eventual processo de transição para a democracia.
É evidente que o regime está desgastado, caquético e moribundo, e aí não vai nenhuma figura de linguagem com relação a quem o dirige. Foi Fidel Castro e não qualquer “gusano” contra-revolucionário de Miami que disse, com todas as letras, que “esse modelo nao serve mais nem para nós”.
O que será de Cuba ? Uma nova China? Mas quem seria o Deng Xiaoping cubano que teria coragem de ir à Plaza de la Revolución para dizer que “enriquecer é glorioso”? O que será feito dos 500 mil servidores públicos que perderão seus empregos ?
Um debate interessante para quem está interessado em democracia e em evolução de modelos políticos. Um debate chato e desnecessário para quem prefere substituir o uso da inteligência pelo escorrer da baba elástica e bovina.

Sandro Vaia é jornalista

O assedio da casta dos bramanes - sintomatico

Se não fosse pelo 'grupo... realizaram", a notícia estaria melhor...

Servidores do Itamaraty protestam contra casos de assédio moral no órgão
 Terra, 21/02/2013

Um grupo de servidores do Ministério das Relações Exteriores realizaram um protesto na tarde desta quinta-feira em frente à sede da pasta, em Brasília, pedindo o fim da impunidade de supostos casos de assédio moral dentro do órgão. De acordo com o Sinditamaraty, sindicato que representa a categoria, o estopim para o ato foram as denúncias recentes registradas contra o cônsul do Brasil em Sydney, na Austrália, em que pelo menos dois funcionários alegam terem sofrido agressões morais.

Com palavras de ordem e cartazes de "pizzas" simbolizando a impunidade dos agressores, os manifestantes exigem o afastamento dos servidores envolvidos em agressões. "Trata-se de contradição e desrespeito às políticas de direitos plenos quando é permitido e tolerado assédio nos órgãos públicos, como vem acontecendo reiteradamente no Ministério das Relações Exteriores", diz o manifesto divulgado pelo Sinditamaraty.

"Os vários relatos verbais e escritos de servidores e auxiliares locais evidenciam atos de assédio no Itamaraty como prática corriqueira e recorrente. É vergonhoso ver servidores públicos concursados perpetrarem atos de perseguição sistemática contra outros colegas", denuncia o sindicato.

Segundo a categoria, o procedimento administrativo a que são submetidos os agressores "é inadequado", "porque não é isento nem independente e não gera historicamente punição a ninguém". "O tratamento administrativo do tema não é o bastante para lidar com uma situação como esta. O assediador deve ser responsabilizado administrativa, cível e criminalmente pelos atos que pratica", propõe o manifesto.

Transparencia demais e' burrice - Lei de Acesso 'a Informacao...

O companheiro que disse a frase se referia, de fato, ao caixa do partido, o tal de caixa 2 que serviu de pretexto para todas as patifarias, falcatruas, e mesmo crimes, cometidos pelos mesmos companheiros.
Mas deve-se reconhecer que nas negociações entre países, nos embates diplomáticos,  nas tratativas comerciais, não se pode ser transparente demais, pois a regra é o mercantilismo, o oportunismo, o protecionismo disfaçado, a barganha interessada, as vantagens unilaterais. Assim são os homens (e as mulheres), assim são os países...
Paulo Roberto de Almeida

Lei de Acesso faz governo rever acordos
O Estado de S. Paulo, 19/02/2013

Planalto avalia restringir divulgação de dados de negociações comerciais com outros países

Alana Rizzo/ Brasília - Após pressão internacional, o governo brasileiro estuda co­mo restringir o acesso a docu­mentos de acordos comer­ciais com outros países. A pedido do Palácio do Planalto, o Itamaraty começou a mapear todos os acordos internacio­nais e avaliar áreas sensíveis, que podem ser afetadas pela Lei de Acesso à Informação.
O Estado teve acesso a docu­mentos do gabinete do ministro das Relações Exteriores, Antô­nio Patriota, que revelam o te­mor de países como França e Ucrânia com a implantação da lei de transparência, em vigor desde maio de 2012. Os dois paí­ses mantém relações comerciais com o Brasil em áreas considera­das estratégicas pelos militares. O primeiro negocia desde 2009 a compra dos caças Rafale e a pro­dução de submarino. O segun­do, um programa espacial.
Em ofício datado de 08 de no­vembro de 2012 o assessor espe­cial para assuntos internacionais do Itamaraty, Rodrigo Baena Soa­res, relatou ao contra-almirante Renato de Aguiar Freire uma reu­nião entre membros do governo brasileiro e a secretaria de defesa França. Na pauta do encontro, a assinatura de um acordo sobre informações classificadas (sigilo­sas) entre Brasil e França.
Outro ofício de 2012 revela a co­brança do governo da Ucrânia pa­ra a assinatura de um Acordo de Proteção Mútua de Informação Classificada, que alcance princi­palmente documentos relativos à cooperação espacial entre os dois países. Nos documentos, o Itamaraty afirma que está estudando "medidas legais para avançar nas negociações de instrumentos re­lacionados aos acordos interna­cionais classificados".
Antes da viagem da presidente Dilma Rousseff à Rússia - em de­zembro de 2012 -, o Itamaraty também discutiu a possibilidade de renegociação de quatro acor­dos em matéria de defesa com aquele país que descumpriam trechos da Lei de Acesso. O pen­te fino nos acordos internacio­nais foi um pedido da Casa Civil que identificou, além do caso rus­so, outros três acordos comer­ciais contrários à nova legisla­ção: com a Bolívia, os Estados Unidos e a França.
Em ofício encaminhado ao Itamaraty, a Casa Civil afirma que esses instrumentos internacio­nais conflitam com a lei. "Trata- se, particularmente, da categoria "informação confidencial", não mais existente na nova regula­mentação. Por esse motivo, os textos de Acordo nem poderiam ser enviados ao Congresso Nacional (...) nem promulgados pela Presidenta da República, sob pe­na de representar uma violação do ordenamento jurídico vigente", diz o texto da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Casa Civil.
O Itamaraty confirmou que es­tá estudando mecanismos para adequar acordos internacionais à Lei de Acesso à Informação. A Casa Civil informou que pediu ao Ministério das Relações Exte­riores uma posição sobre os acor­dos que tratavam de informa­ções "confidenciais".
A Embaixada da França no Bra­sil disse "as trocas de informações classificadas são objeto de acordos entre governos e regularmente atualizadas" e as informações classificadas tratam da segurança do Estado. As representações da Ucrânia e da Rússia não responderam aos questionamentos do Estado.

Venezuela: oleo companheiro nao aparece, ou nao serve...

Mais um exemplo de decisões absolutamente erradas, completamente equivocadas, tomadas mais por simpatia ideológica do que por avaliação econômica racional.

PDVSA oferece petróleo por sociedade com Petrobras
 Folha de S. Paulo, 19/02/2013

Participação da venezuelana em refinaria em PE, acertada há 7 anos, ainda não foi fechada
A estatal venezuelana PDVSA propôs à Petrobras entregar petróleo cru, em vez de dinheiro, como pagamento por sua participação na refinaria Abreu e Lima (PE).
A Petrobras aguarda há sete anos uma definição da PDVSA sobre sua entrada na sociedade. Para não prejudicar as obras (que sofreram atraso de quatro anos e devem terminar no fim de 2014), a estatal brasileira tocou sozinha o projeto até agora.
Inicialmente orçada em US$ 2,3 bilhões, a refinaria vai custar, ao menos, US$ 17,1 bilhões. Mais da metade já foi injetada pela Petrobras.
A ideia da PDVSA, que deveria ficar com 40% da unidade, é fornecer ao Brasil 70 mil barris/dia em troca do aporte que deveria fazer.
A proposta sofre rejeição dentro da Petrobras, que prefere receber em dinheiro. A decisão final, porém, também passará pelo Planalto.
Fechada pelos governos de Hugo Chávez e Lula, a sociedade com a PDVSA nunca agradou a Petrobras. Entre os motivos do estouro do orçamento da refinaria, estão a entrada da venezuelana no projeto e a posterior indefinição sobre a sua participação.
A Petrobras teve de planejar "duas refinarias" em paralelo em um mesmo empreendimento, pois era incompatível processar, em uma mesma unidade industrial, o óleo venezuelano, ultrapesado, e o brasileiro, mais leve.
Com a demora da PDVSA em acertar a sociedade, a Petrobras decidiu alterar o projeto e prever apenas o refino do óleo brasileiro.

Os donos do dinheiro: como quebrar o mundo, sem ter a intencao de faze-lo...

Eu li o livro em questão, Lords of Finance, que no Brasil se chamou, creio, Os Donos do Dinheiro...
Instrutivo, saber como poucos homens, podem decidir a sorte de milhões de outros, com suas decisões baseadas, por vezes, em sólida economia, muitas vezes em preconceitos e equívocos...
Paulo Roberto de Almeida

Lords of Finance: The Backroom World of Central Banking
by Dan O'Connor
Mises Daily, February 19, 2013

Lords of Finance: The Bankers Who Broke the World
Liaquat Ahamed
 Penguin Books, 2009

The Pulitzer Prize-winning book Lords of Finance: The Bankers Who Broke the World reveals the destructive, surreptitious, incestuous, and highly corrupt nature of central banking. Although the author, Liaquat Ahamed, exposes the current financial system for all of its evils, this book is by no means a critique of central banking. Ahamed’s views are very much representative of status-quo economists of the past 100 years. He references John Maynard Keynes frequently without mentioning Nobel Prize-winner F.A. Hayek once, even though Hayek was Keynes’s greatest intellectual opponent during this period. Despite its mainstream focus the book is interesting and well-written. One of the jewels here is the rare look into the lives of the powerful men, the “lords of finance,” who were behind the solidification of modern central banking in the US and Europe during the years 1910 to 1935.

Ahamed writes,
Central banks are mysterious institutions, the full details of their inner workings so arcane that very few outsiders, even economists, fully understand them. Boiled down to its essentials, a central bank is a bank that has been granted monopoly over the issuance of currency.… Despite their role as national institutions determining credit policy for their entire countries, in 1914 most central banks were still privately owned. They therefore occupied a strange hybrid zone, accountable primarily to their directors, who were mainly bankers paying dividends to their shareholders, but given extraordinary powers for entirely nonprofit purposes. (p. 11)

Since these banks exert such a tremendous amount of influence over the economy and the government, they require a greater level of exposure.

Hidden Influence

Central banks have existed for hundreds of years and still very few people understand their inner-workings. Americans resisted central banking until 1913, when, with the creation of the Federal Reserve, the responsibility of the nation’s finances (budget, taxes, and debt) shifted away from Congress—with its 535 elected representatives—into the hands of the central bankers.

With the central-banking lords firmly in control in the US and England, they helped to finance World War II via central bank inflation. Then at the end of the war, these same bankers advised the politicians on who to send to the Paris Peace Conference as negotiators. Out of this conference came the harsh penalties against Germany that would bring enormous hardship to the German people for the next generation.

In the interwar period, Congress set up commissions to deal with the aftermath of the war, debt negotiations, and to oversee the banking system. However, the central bankers such as Benjamin Strong, George Harrison, Eugene Meyer, and Andrew Mellon, were successful at blocking attempts at congressional oversight.

Central banks across Europe shared a very similar aversion to public oversight. Montagu Norman, Governor of the Bank of England, was considered “the most eminent banker in the world” and at the same time he
... was generally wary of the press and was infamous for the lengths which he would go to escape prying reporters—traveling under false identity; skipping off trains; even once, slipping over the side of an ocean vessel by way of a rope ladder in rough seas. (p. 1)
Norman had a reputation for remaining cool and collected. Then late in 1929 the British government created a committee to investigate the workings of the Bank of England. “That he and the Bank were now to be subject to the spotlight of public scrutiny filled him with dread.… [T]wo days before he was due to testify, he predictably collapsed.” The secret motto of the Bank of England was “Never explain, never apologize”
(p. 371).

This elusiveness is characteristic not only of Norman and the high-ranking governors, but is shared by those private bankers who have always been closely associated with central banks. Even prior to the formation of the US Federal Reserve, operations of the bank’s key creators were deliberately kept hidden from the public, and all meetings were held behind closed doors.

The most significant of these closed-door meetings took place over a ten-day period in November 1910, at Jeykll Island, Georgia. The agenda for this meeting was the planning of the Federal Reserve System.
Henry Davidson (J.P. Morgan’s partner) was worried, and for good reason, that any plan put together by a group from Wall St. would immediately be suspect as the misbegotten product of a bankers’ cabal. He therefore chose to hold the meeting in secret on a small private island off the coast of Georgia—in effect creating the very bankers’ cabal that would have aroused so much public suspicion. The preparations were elaborate. Each guest was told to go to Hoboken Station in New Jersey on November 22 and board Senator Aldridge’s private railroad car, which they would find hitched with its blinds drawn to the Florida train. They were not to dine together, nor meet up beforehand, but to come aboard singly and as unobtrusively as possible, all under cover of going duck hunting. As an added precaution, they were to use only their first names. Strong was to be Mr. Benjamin, Warburg Mr. Paul. Davison and Vanderlip went a step further and adopted the ringingly obvious pseudonyms Wilbur and Orville. Later in life, the group used to refer to themselves as the “First Name Club.” (pp. 54–55)

Not one attendee of the Jekyll Island meeting spoke publicly about it for 20 years.

The legislation for creating the Federal Reserve passed Congress shortly before Christmas 1913, when many representatives had already left to go home for the holidays.

There are examples throughout the book of the heads of the world's largest banks conducting clandestine meetings with their respective national treasury and central bank chiefs, immediately prior to, or following, a financial crisis. In these instances, the banking heads maneuvered to not only save their banks, but to obtain more special favors, often in the form of “bailouts.” The bailouts associated with America’s 2007–2008 financial crisis should come readily to mind.

For example, in late 1929, a large group of bankers and George Harrison of the New York Fed,

...gathered at the library of Jack Morgan's house at Madison Avenue and Thirty-fifth Street, the scene of his father's legendary rescue of the New York banking system in 1907.

In an operation made possible by Harrison's promise to "provide all the reserve funds that may be needed"...
Over the next few days…New York City banks took over $1 billion in brokers’ loan portfolios. It was an operation that did not receive the publicity of the Morgan consortium, but there is little doubt that by acting quickly and without hesitation, Harrison prevented not only an even worse stock collapse but most certainly forestalled a banking crisis. Though the crash of October 1929 was by one count the eleventh panic to grip the stock market since the Black Friday of 1869…it was the first to occur without a major bank or business failure. (p 360)

Prior to the Fed’s establishment, businesses big and small went bankrupt during panics. Under the Fed, well-connected businesses were propped up at the expense of small businesses and taxpayers.
Secret meetings between elite private bankers and the heads of the central banks had become a common phenomenon by the 1930s.

On Friday, May 8 [1931], the Credit Anstalt, based in Vienna and founded in 1855 by the Rothschilds, with total assets of $250 million and 50 percent of the Austrian bank deposits, informed the government that it had been forced to book a loss of $20 million in its 1930 accounts, wiping out most of its equity. Not only was it Austria’s biggest bank, it was the most reputable—its board, presided over by Baron Louis de Rothschild of the Vienna branch of the family, included representatives of the Bank of England, the Guaranty Trust Company of New York (J.P. Morgan), and M.M. Warburg and Co. of Hamburg. After a frantic weekend of secret meetings, the government made public on Monday, May 11, at the same time announcing a rescue package of $15 million, which it would borrow through the BIS [the Bank of International Settlements]. (p. 404)

Credit Anstalt later went on to absorb other failing financial institutions across Austria. In America, J.P. Morgan Chase, America’s largest bank, did the same thing during the 2007 financial crisis when it acquired Bear Stearns, Washington Mutual, and others.

Another theme of the book is the highly incestuous nature of central banking. If central bankers were not consorting with political leaders, they were most often found in the company of top private bankers, especially those of the Warburg, Morgan, and Rothschild families. These private bankers benefited from the business cycles caused by their political and banker friends, profiting both during the booms and the busts (thanks to bailouts), while most businesses profited during the booms and suffered during the busts.

Late in 1930, fear arose on Wall Street that one of New York’s largest banks, the Bank of the United States (or BUS, which, despite its name was a private bank with no official status), was going to collapse, because it was insolvent and runs had already begun in the city.

On the evening after the run began on December 10, all of the familiar Wall Street barons—George Harrison of the New York Fed, Thomas Lamont of J.P. Morgan, Albert Wiggin of Chase, Charles Mitchell of National City ( modern-day Citibank) and half dozen of the city’s top bankers—gathered on the 12th floor of the New York Fed to try to put together a rescue package. (p. 387)

Bankers who are not part of the elite lords of finance ambit, traditionally go bankrupt or get acquired during, or immediately prior to, panics (i.e., Lehman Brothers, Wachovia, and Merrill Lynch). BUS did not have close enough ties and was allowed to collapse shortly after the private meeting at the Fed, sparking runs on banks across the country.

Cronyism, on a large-scale, continued as Franklin D. Roosevelt took office. On the first day of his presidency, FDR stepped in to help the banks by closing them in order to stem the tide of bank runs. Roosevelt’s closest advisers were from the elite banker’s ambit, people who encouraged him to ban the export of gold and to confiscate gold from the American people. This was done so that gold would remain in the vaults of the large banks, while the Fed pumped paper money into the marketplace. George Harrison, Bernard Baruch, and Paul Warburg essentially determined Roosevelt’s early banking policies as “Roosevelt did not even pretend to fully grasp the subtleties of international finance” (p. 458). Even though FDR himself did not understand banking practices, policies were implemented in his name that targeted saving banks and providing deposit insurance for the banking industry, while most other industries across the country were rapidly collapsing.

Public Criticism
By the 1930s, political criticism was emerging, in the US and Europe, over the secretive machinations of these powerful “lords of finance.” This surge of criticism primarily came from politicians looking for a scapegoat upon which to blame the deteriorating economic conditions.

Bankers and financiers, the heroes of the previous decade, now became the whipping boys. No one provided a better target than Andrew Mellon.… Mellon found himself accused of corruption, of granting illegal tax refunds to companies in which he had an interest, of favoring his own banks and aluminum conglomerate in Treasury decisions.… During the ensuing investigations, it turned out that he had used Treasury tax experts to help him find ways to reduce his personal tax bill and that he had made liberal use of fictitious gifts as a tax-dodging device. Being a member of the Federal Reserve Board, he had been required to divest his holdings of bank stock, with which he had duly complied—except that he had transferred the stock to his brother (pp. 439–440)

The Senate Banking committee also learned,
... that Albert Wiggins, president of Chase, had sold the stock of his bank short at the height of the bubble and collected $4 million in profits when it collapsed during the crash; that Charles Mitchell, old “Sunshine Charlie,” of the National City Bank had lent $2.4 million to bank officers without any collateral to help them carry their stock after the crash, only 5 percent of which was repaid; that Mitchell himself, despite earning $1 million a year, had avoided all federal income tax by selling his bank stock to members of his family at a loss and then paying it back; that J.P. Morgan had not paid a cent of income taxes in the three years from 1929 to 1931. (pp. 440–441)

Modern Relevance

The names have changed but the modern-day lords of finance do their forebearers proud. Presidents continue to surround themselves with top Wall Street insiders. Some could argue that Goldman Sachs executives best understand our financial system and are a logical choice to advise these presidents and influence Federal Reserve policy. What is also clear is that these same bankers have deliberately maneuvered themselves into close proximity of the Fed and the Federal government in order to influence and benefit from its policies. Since the Fed’s creation in 1913, the top bankers have consistently maintained close relationships with the Fed.

Mainstream academic economics has long been dominated by economists close to the lords of finance. In the book Lords of Finance, Lord Keynes, himself an academic economist, is surrounded by and consorted with the most influential bankers and politicians of his era. He was even granted a position on the board of the Bank of England. In late 1929, the British government created a committee to investigate the highly criticized banking system, half of the 14 members were bankers and the other half were businessmen and inflationist economists such as Lord Keynes. In the 21st century, the lords continue to promote inflationist economists such as Paul Krugman and Larry Summers, who in turn promote their agenda of greater power for central banks, more bailouts, and continued interventionist policies that benefit the banks.

Mainstream economists today continuously place blame everywhere except on the inflationist policies of the central banks for the economic devastation wrought over the past 100 years. The megalomaniacs (p. 149) within and surrounding the central banks seldom admit to their mistakes, often because their decisions are politically driven, leaving them no choice but to inflate the currency. In the early 1920s, Von Havenstein (head of the Reichsbank), like Bernanke today, did not admit that his policies were inflationary. He blamed everyone but himself, and just before the hyperinflation set in ...
He began arguing that the inflation had nothing to do with him, that he was a passive bystander to the whole process, that his task was simply to make enough money available to grease the wheels of commerce, and if business was required a trillion more marks, then it was his job to make sure they were run off the presses and efficiently distributed around the country. (p 126)

Conclusion
Liaquat Ahamed is an excellent writer and deserves praise for giving this story light. The names were known but little else about the lives of these lords of finance, these men that have so affected our lives through their furtive manipulations. The story is all the more impressive because of the author’s high regard for the banking establishment and those who control it. Ahamed asserts that during our recent financial crisis (which was caused by the Federal Reserve’s artificially low interest rates), a catastrophe was averted. Perhaps he believes that ‘bank failures’ are a catastrophe. However, Austrian economists can demonstrate that bank failures are beneficial to an economy overall, as this helps to quickly facilitate the process of liquidating malinvestments.

Although Ahamed acknowledges that artificially low interest rates encouraged the bubble of the 1920s, he fails to recognize its central role. Although he acknowledges the secretive nature of our banking system and the way in which powerful bankers benefit from the system, he glosses over these facts as though they are indelible components of “capitalism,” not realizing that central banking is in fact antithetical to a free market system.

Ahamed notes that in 1923,
few people could be convinced to entrust the management of national moneys and currency values to the discretion of treasury mandarins, politicians, or central bankers. (p. 168)

Why is it then that so many people are willing to do just that today? I submit that if more citizens were aware of the power of central bankers and the destructive and corrupt nature of the system, the public would demand a change. The first step toward a real change is more widespread exposure of the system and its scandalous history. We therefore need more books like Lords of Finance.
Dan O'Connor spent almost 6 years in Asia, living in major cities. He speaks fluent Mandarin and a professional level of Cantonese. Before returning to the US, he worked for a free-market think tank in the world's freest economy, Hong Kong. He recently ended a campaign for U.S. Congress in representing NYC and his neighborhood of Chinatown. Visit his campaign website. Send him mail. See Dan O'Connor's article archives.

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CQD: a pobreza do combate 'a pobreza - Carlos Alberto Sardenberg

Como queríamos demonstrar (CQD): confirma tudo o que escrevi no post anterior...
Paulo Roberto de Almeida

‘A bolsa é para a escola’
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 21/02/2013

Os programas tipo Bolsa Família nasceram no âmbito do Banco Mundial ─ e aqui no Brasil com o trabalho de Cristovam Buarque ─ com base numa teoria precisa.

O primeiro ponto foi a análise, em diversos países, dos programas que entregavam bens e serviços diretamente às famílias pobres (alimentos, roupas, remédios, material escolar, instrumentos de trabalho etc). O governo comprava e distribuía.

Já viu. Havia problemas de eficiência e de corrupção. Estudos mostraram que, do dinheiro aplicado na América Latina, a metade se perdia na burocracia e na roubalheira.

Melhor mandar o dinheiro direto para as famílias. Mas isso bastaria? A resposta foi não, com base na seguinte avaliação: as famílias não conseguem escapar da pobreza porque suas crianças não frequentam a escolas. E não frequentam porque precisam trabalhar (na lavoura ou nas cidades, caso dos meninos) e cuidar dos outros irmãos, caso das meninas. Apostando que crianças com educação básica têm mais oportunidade de conseguir empregos bons, a ideia é clara: é preciso pagar para as famílias manterem as crianças na escola. Daí o nome oficial do programa no Banco Mundial: Transferência de Renda com Condicionalidade. O cartão de saque do dinheiro contra o boletim escolar.

Parece óbvio, mas houve forte debate. Muita gente dizia que pais e mães gastariam o dinheiro em cachaça, cigarros, jogos e coisas para eles mesmos, usando os filhos apenas como fonte de renda. O bom-senso sugeria o contrário. As pessoas não são idiotas nem perversas, sabem do que precisam.

Havia também uma crítica política, curiosamente partindo da esquerda. Dizia que distribuir dinheiro era puro assistencialismo, esmola e, pior, prática eleitoreira dos coronéis para manter o povo pobre e ignorante. Mas essa é outra das teses que a esquerda no poder jogou no lixo.

O fato é que se começou com programas experimentais na América Central, com patrocínio do Banco Mundial, e funcionou muito bem. Nos anos 90, a ideia se espalhava pela América Latina. No Brasil, com o nome de Bolsa Escola (designação introduzida por Cristovam Buarque) apareceu em 1994, em Campinas, e logo depois em Brasília (com Buarque governador). Foi ampliado para nível nacional no governo FHC, em projeto liderado por Ruth Cardoso. Surgiram ainda por aqui programas paralelos, como vale-transporte e bolsa gás. Lula juntou tudo no Bolsa Família, que passou a ampliar.

Não se trata, pois, de dar dinheiro aos pobres. Se fosse apenas isso, seria mesmo caridade pública sem efeitos no combate duradouro à pobreza. Trata-se de colocar e manter as crianças na escola, ou seja, abrir a oportunidade para esses meninos e meninas escaparem da pobreza.

No México, aliás, o programa chama-se Oportunidades e o dinheiro entregue à família aumenta na medida em que a criança progride na escola. Vai até a universidade. Há também uma poupança depositada na conta de crianças, que podem sacar o dinheiro quando se formam no ensino médio.

Em muitos lugares, há limitação no número de bolsas por família, com dois objetivos: estimular o controle da natalidade (ou reduzir o número de filhos) e desestimular a acomodação dos pais. Também se introduziram outras condicionalidades, como a frequência das mães nos postos de saúde, especialmente para o acompanhamento pré-natal e parto, e das crianças, para as vacinas. Ao boletim escolar acrescenta-se a carteirinha do ambulatório.

Resumindo, o programa funciona no curto prazo ─ ao dar um alívio imediato às famílias mais pobres ─ e no médio e longo prazos, com a escola.

Mas há uma tentação perversa. Como o programa funciona imediatamente, assim que a família recebe o primeiro cartão eletrônico, há um estimulo para que os políticos se empenhem em distribuir cada vez mais bolsas. É voto na veia. Ao mesmo tempo, esse viés populista desestimula a cobrança da condicionalidade. Pela regra, se as crianças desaparecem da escola ou não progridem, a bolsa deve ser cancelada. Mas isso pode tirar votos, logo, é melhor afrouxar os controles.

Resumindo: há o risco, sim, de um belo programa social se transformar numa prática populista. Quando os governantes começam a se orgulhar do crescente número de bolsas distribuídas e nem se lembram de mostrar os resultados escolares e índices de saúde, a proposta já virou eleitoral.

E quer saber? Ter todos os pobres recebendo dinheiro do governo não significa que acabou a pobreza. É o contrário, é sinal de que a economia não consegue gerar educação, emprego e renda para essa gente. O fim da pobreza depende de dois outros indicadores: crianças e jovens nas escolas e qualidade do ensino.

A pobreza do combate 'a pobreza - editorial do Estadao

O governo, a república dos companheiros, os keynesianos de botequim privilegiam, indisfarçavelmente, a distribuição, mesmo ao custo da eficiência.
O que temos tido, desde o início da era gloriosa do nunca antes, foi o aumento da redistribuição via Estado (e não via mercado), com sua contrapartida de aumento da carga tributária para todos, inclusive para os mais pobres, mas sobretudo para os empresários e a classe média, que se beneficiaram menos do que os mais pobres. Tudo isso é muito bonito, mas o sistema perde eficiência, dai o debate sobre a desindustrialização e a perda de competitividade da economia brasileira como um todo.
Pois é, se quiserem mais distributivismo estatal, o resultado vai ser a mediocridade de crescimento e a baixa prosperidade relativa no médio e longo prazo.
Seria isto que todos os brasileiros desejam?
Pode até ser, mas eu acho que estadistas responsáveis precisariam ter consciência de que estão levando o país para um impasse, no médo e no longo prazo.
Ou seja, vamos ficar mais pobres do que a média do mundo dinâmico...
Aliás, o segundo editorial do Estadão, transcrito in fine, confirma isso.
Tem gente que acha que isso não tem importância, que o mais importante é a diminuição da desigualdade. Eu não acho, e até acho que as pessoas estão equivocadas.
A desigualdade não está sendo diminuida pelas "bolsas" do governo. O que estão fazendo, simplesmente, é subsidiar o consumo dos pobres, o que pode até ser considerado justo, meritório, positivo, etc. Não conseguem perceber que ao se retirar esse subsídio, as pessoas voltam para o mesmo patamar de pobreza e de desigualdade estrutural.
Ou o Brasil pretende manter indefinidamente um terço da população na assistência pública?
Paulo Roberto de Almeida

A miséria que não acaba

21 de fevereiro de 2013 | 2h 03

Editorial O Estado de S.Paulo
Em 2010, o então presidente Lula tinha a levar aos palanques da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, um alentado embornal de realizações na área social, combinadas com a elevação das taxas de crescimento - graças, sobretudo, ao ciclo de prosperidade global que antecedeu o colapso financeiro de 2008. No seu governo, o Brasil ficou mais rico e os brasileiros, em geral, também, apesar da persistência de índices humilhantes de desigualdade. Milhões puderam emergir dos estratos inferiores de renda a que pareciam confinados. Mais importante do que isso, quem sabe, os seus lugares foram ocupados por outros tantos que até então mal conseguiam manter a cabeça acima da linha que separa a pobreza da indigência.
Sob o governo Dilma, os níveis de emprego e renda ainda se sustêm, garantindo à sua titular índices lulistas de popularidade. Mas, na campanha reeleitoral do próximo ano, ela não terá a ostentar o "pibão" de seus sonhos. A expansão da economia nacional no atual período não só ficará aquém da registrada na quadra precedente, como ainda será inferior à da média dos países com os quais o Brasil é comparável.
Em consequência, a propaganda dilmista deverá se amparar nas proezas do seu criador, tratando de amalgamar o seu mandato aos oito anos de Lula. O estratagema é necessário, porém insuficiente para rebater as críticas dos opositores - não ao desempenho do criador, mas ao da criatura. Ciente disso, ela procurou um feito para chamar de seu - e acaba de apresentá-lo numa operação de marketing que, demagogicamente, exacerba o que é bom e esconde tudo o mais.
Trata-se do espetáculo com que a presidente celebrou em palácio, na terça-feira, a conclusão do resgate de 22 milhões de brasileiros da pobreza extrema, mediante a elevação do mínimo mensal per capita pago às famílias inscritas no Bolsa-Família. A partir de março, esse valor terá de superar R$ 70, instituído em 2009 como indicador oficial da miséria no País. O reajuste beneficiará 2,5 milhões de assistidos - segundo Dilma, "os últimos dos brasileiros extremamente pobres, inscritos no cadastro do Bolsa-Família, a transpor a linha da miséria". Outros já haviam sido alcançados pelo plano Brasil sem Miséria, lançado em junho de 2011, que aumentou em 45% o dispêndio com os 36 milhões cadastrados no programa federal de transferência de renda e estendeu de três para cinco o número de filhos passíveis de ser incluídos. Em maio do ano passado, o Brasil Carinhoso estipulou um complemento para as famílias com crianças de até 6 anos - teto depois ampliado para 15 anos.
A nova medida proclamada anteontem, sob o slogan "O fim da miséria é só um começo", criado pelo marqueteiro do Planalto, João Santana, custará ao erário cerca de R$ 773 milhões por ano, aumentando para perto de R$ 8,7 bilhões o orçamento do Bolsa-Família. "Fim da miséria", em termos, porém. Conquanto o programa seja um êxito reconhecido em todo o mundo, por sua abrangência, sistema de recebimento do benefício e baixos índices de desvio, o fato é que continuam fora de seu alcance 700 mil famílias miseráveis dispersas pelo País. Decerto esse contingente diminuirá com o tempo. Mas o que se mantém inatacado em ampla escala - e sem sinal de mudança no horizonte - é a miserável qualidade de vida das populações "bolsistas". Elas comem melhor, vestem-se melhor e têm mais bens domésticos do que antes. O dinheiro dos auxílios anima a economia dos respectivos municípios.
Mas nada disso supre as carências de que padecem, omitidas nos festejos reeleitorais da presidente. Um dado resume a esqualidez do ambiente típico onde vivem os assistidos: segundo números recentes do IBGE, 21,9 milhões de crianças de até 14 anos - 48,5% da população nessa faixa de idade - não têm acesso a serviços básicos de saneamento. Delas, 4,8 milhões correm sério risco de contrair doenças. Mesmo onde não falta água, o esgoto é inadequado ou nenhum, a coleta de lixo é precária ou inexistente, a escola é ruim. E, como sempre, a infraestrutura melhora menos onde mais precisaria melhorar. "A transferência de renda", comenta o economista Cláudio Dedecca, da Unicamp, "é a parte mais fácil do combate à pobreza."
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Cenário de estagnação

21 de fevereiro de 2013 | 2h 03
Editorial O Estado de S.Paulo
 
A economia brasileira continuará travada em 2013, crescerá pouco mais que 3% no ano e menos que 7% no primeiro triênio da presidente Dilma Rousseff, segundo projeções captadas na semana passada pela pesquisa Focus, do Banco Central (BC). Se as estimativas estiverem certas, o Brasil se manterá como o menos dinâmico dos Brics e um dos menos ágeis entre os países em desenvolvimento. As previsões talvez melhorem nos próximos meses, mas os dados conhecidos até agora confirmam o desempenho muito fraco em 2012 e são pouco animadores em relação às perspectivas de curto prazo.
A informação mais recente é o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-BR), publicado mensalmente. Para os analistas, esse dado serve como antecipação, embora imperfeita, do PIB calculado a cada trimestre pelo IBGE. Aquele indicador cresceu 0,26% de novembro para dezembro, descontados os fatores sazonais, e acumulou no ano uma expansão de 1,35%.
Este número é maior que as estimativas de aumento do PIB, quase todas em torno de 1%, mas, apesar disso, também é muito ruim. Informações mais detalhadas e mais completas sobre a economia brasileira só serão publicadas dentro de algum tempo pelo IBGE, mas dificilmente surgirá um quadro muito diferente daquele conhecido até agora e confirmado, de modo geral, pelo índice mais recente do BC. O IBGE divulga todo mês levantamentos nacionais da produção industrial e das vendas do comércio varejista, além de informações sobre o emprego.
Os últimos dados, referentes a dezembro, confirmaram, de modo geral, o cenário observado ao longo do ano. O emprego se manteve elevado e a massa de rendimentos à disposição das famílias continuou maior que a de um ano antes. Essa condição, somada à expansão do crédito e aos estímulos fiscais ao consumo, permitiu a expansão do comércio. O volume das vendas do varejo restrito (sem veículos, peças e materiais de construção) diminuiu 0,5% de novembro para dezembro, mas acumulou no ano um crescimento de 8,4%. No caso do varejo ampliado, as vendas de 2012 foram 8% maiores que as do ano anterior. Os resultados do emprego e do consumo privado contrastaram fortemente, no entanto, com os da produção industrial.
Segundo o IBGE, a indústria ficou estável de novembro para dezembro e acumulou em 12 meses uma redução de 2,7% em relação ao período anterior. No resultado global de 2012 houve queda em todas as grandes categorias de bens industriais, até porque uma parte relevante do consumo foi suprida por mercadorias importadas. Mas o dado mais preocupante quando se tenta avaliar a perspectiva de expansão econômica é o recuo da fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos destinados à reposição e à ampliação da capacidade produtiva e, em geral, à modernização tecnológica. Em dezembro, a produção desses bens foi 0,8% menor que no mês anterior e 14,7% inferior à de igual mês de 2011. A redução acumulada no ano chegou a 11,8%. A importação de máquinas e equipamentos foi obviamente insuficiente para compensar a retração das compras de bens de capital nacionais.
A queda do investimento limita fortemente a capacidade de crescimento do País. A expansão do PIB poderá ser um pouco maior a curto prazo, mas o impulso logo se esgotará, por falta de capacidade produtiva. Se o consumo privado e o custeio do governo continuarem aumentando, haverá um aumento das pressões inflacionárias, combinado, provavelmente, com uma piora das contas externas.
Uma sondagem do clima econômico da América Latina, realizada em janeiro, mostrou melhora na avaliação das condições imediatas em 5 dos 11 países cobertos. Em relação às perspectivas, a avaliação melhorou em 7. Nas duas listas, o Brasil aparece do lado da piora. Apesar disso, o índice de expectativas dos especialistas brasileiros entrevistados ficou em 7,2, acima da média de 10 anos (6). Esse otimismo pode ajudar. Difícil mesmo é explicá-lo, diante dos dados - especialmente dos investimentos - conhecidos até agora.

Bobagens energeticas do governo - Adriano Pires

Bobagem é um conceito fraco, para o conjunto de c.......s que o governo vem promovendo, desde o início, na área energética, desde o início, isso eu posso garantir, pois acompanho o setor (sem ser especialista) com muito interesse desde o início
O caso do biodiesel é ainda mais escandaloso, mas me eximo agora de descrever o festival de c......s que o governo promoveu nessa área, por falta de tempo. Voltarei para comentar um dia.
Por enquanto, fiquem com a palavra de um especialista. 
Paulo Roberto de Almeida 

Strike do governo no setor de energia brasileiro

Adriano Pires

 BRASIL ECONÔMICO - 21/02/2013
 O governo federal promoveu nos últimos dez anos um verdadeiro strike no setor de energia no Brasil.
 Para aqueles que não costumam jogar boliche o strike e aquela jogada na qual com um único arremesso você derruba todas as peças. E o governo com uma única política baseada no populismo dos preços e na utilização política do setor conseguiu derrubar a segurança jurídica e a estabilidade regulatória do setor e consequentemente deixar o país vivendo o cenário do desabastecimento.
O primeiro a ser derrubado e hoje o mais visível para todos foi o do petróleo, tendo como a principal vítima a Petrobras. A derrubada teve inicio quando foi anunciada a descoberta do pré-sal, fato que levou ao fechamento do mercado de petróleo no país.
De lá para cá não ocorreram mais leilões, o governo aprovou um novo marco regulatório intervencionista, os investimentos privados tomaram a direção de outros países, deixaram de ser gerados aqui uma enorme quantidade de empregos e a produção de petróleo estagnou, e a velocidade do pré-sal tem sido a de um carro mil. Nos combustíveis a derrubada também foi geral. 

 O governo congelou os preços da gasolina e do diesel, estimulou o consumo e com isso o Brasil passou a importar cada vez mais todos os derivados de petróleo.
 O pior é que com esse aumento do consumo e das importações os prejuízos da Petrobras têm crescido de forma espetacular, da mesma forma que a dívida da empresa.
Nunca na história deste país a Petrobras esteve numa situação tão ruim. Não satisfeito em derrubar a peça Petrobras, o governo também fez o mesmo com o etanol e o biodiesel.

 Com os preços congelados da gasolina, o etanol perdeu competitividade, a produção cresceu pouco e o país passou a importar o produto dos Estados Unidos. E, o que é pior, passamos a exportar etanol de cana, ambientalmente melhor, e a importar o de milho.
Ou seja, passamos a limpar o ar que os americanos respiram. No caso do biodiesel, o setor está sem marcoregulatório, sem previsibilidade de aumento da mistura no diesel e com isso as empresas, a cada dia que passa, encontram mais dificuldades para sobreviver.
No setor elétrico, o governo também promoveu a derrubada total. Ao só se preocupar com a modicidade tarifaria e ao abandonar a segurança de abastecimento, bem como a preocupação com o uso eficiente da energia, o governo quebrou o caixa da Eletrobras, gerou insegurança jurídica e regulatória e incentivou o consumo de energia elétrica num contexto de escassez.
Não entendeu que o aumento da oferta de forma estruturada só ocorre num contexto de concorrência e que não e através de decretos presidenciais que se abaixa os preços.
Na realidade, o governo sempre confunde ou quer nos confundir entre o conceito de preços baratos e preços competitivos. A energia, tanto no Brasil como no mundo, tende a ser cada vez mais cara, portanto, o que precisamos e estabelecer uma política tributária que ajude a energia a ser competitiva.
Ao vender a ideia de energia barata o governo engana o consumidor e penaliza o contribuinte e o pior, no médio prazo promove o desabastecimento.