O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Paranoia: se voce nao tem, passe a ter, pois este é o clima de Brasilia... - Jorge Serrão

Palácio do Planalto é invadido por espiões que buscavam documentos contra Erenice, Rose, Lula e Dilma
Jorge Serrão
Edição do Alerta Total, 10 de abril de 2013

Exclusivo - Sede imperial do nada republicano governo capimunista do Brazil, o Palácio do Planalto foi alvo fácil de um inédito esquema de espionagem. Quatro ou cinco dias atrás, de madrugada, criminosos invasores vasculharam computadores e tiraram cópias de documentos sigilosos da Casa Civil e da Presidência da República. Há informações de que fotos pessoais de Dilma foram levadas.

Até uma agenda pessoal da Presidenta Dilma chegou a ser levada. Mas o livro foi encontrado na garagem do Palácio. Há o temor de que o Palácio da Alvorada – onde a Dilma mora com a mãe – também tenha sido invadido. Mas não havia evidências disto até ontem. O caso de espionagem é abafado pelo governo – que recomendou ao comando da mídia amestrada que nada publique sobre o que se suspeita ser um golpe de espionagem internacional.

O serviço foi de profissional. As câmeras de segurança não registraram a invasão. Foram detectados indícios de grampos telefônicos e hackeagem nos computadores – para desespero do pessoal do Gabinete de Segurança Institucional. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal e o GSI investigam o incidente que será providencialmente desmentido. O raro evento pode fazer cabeças rolarem dada a fragilidade na segurança palaciana.

Nos bastidores de inteligência, acredita-se que a intenção principal dos invasores do Palácio do Planalto, além de intimidar o governo, foi obter provas materiais que incriminem duas pessoas, pelo menos, atingindo também a Presidenta Dilma Rousseff e seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. O fato concreto é que o governo está sob ataque, em processo de desestabilização política, no momento em que Lula será investigado no Mensalão e a inflação volta a subir – com desgaste para a reeleição de Dilma.

O primeiro alvo da espionagem seria Erenice Guerra (amiga e ex-assessora de confiança da Presidenta Dilma). Depois de demitida por evidências de irregularidades, tendo um processo arquivado sobre tráfico de influência, Erenice foi recentemente denunciada pela revista Veja de usar seu escritório de advocacia em Brasília para oferecer serviços a quem precisa se aproximar do poder. Mexeu com Erenice, atingiu Dilma.

A segunda alvejada seria Rosemary Nóvoa Noronha (melhor amiga do ex-Presidente Lula e chefe de gabinete exonerada do escritório presidencial em São Paulo – investigada na Operação Porto Seguro da Polícia Federal. O caso anda em trâmite de cágado na 5ª Vara da Justiça Federal em São Paulo. Tudo no mais alto e injustificável “segredo judicial”. Rose é foi indiciada pela PF por tráfico de influência, corrupção passiva, falsidade ideológica e formação de quadrilha. A queridinha de Lula e José Dirceu é suspeita de comandar o esquema que favorecia empresas e pessoas interessadas em obter vantagens ilícitas junto a órgãos federais e agências reguladoras. Mexeu com Rose, acertou o “Tio” Lula.

Lula, Dilma & cia que se cuidem, porque quando o ataque a eles atinge tamanho grau de espionagem é um sinal claro de que coisas piores estão programadas para acontecer. O certo é que a espionagem não foi um ato criminoso realizado a pedido da oposição política interna – que não coragem nem competência para um ato tão ousado. O mais provável é que o governo tenha sido vítima de um sofisticado sistema de espionagem contratado por grandes investidores transnacionais – profundamente descontentes com prejuízos que acumulam em estatais de economia mista, como a Petrobrás e Eletrobras.

Uma coisa parece bem objetiva: a patralhada está com os dias contados no poder até a eleição presidencial de 2014.

Good-bye Maggie - Alvaro Vargas Llosa

Goodbye, Maggie


Margaret Thatcher’s death caught up with me in the worst of places: a speech in Argentina. What to do? Should I follow my conscience and say a few words in memory of her—and risk offending an audience sensitive to the legacy of the Falklands War—or should I keep silent? I opted for saying a couple of words, asking them not to take offense and expressing respect for their feelings. Some disapproving noises came back from the audience. After I finished speaking, I faced some aggressive reproaches.
In death, as in life, Thatcher is a polarizing figure. There are classical liberals who object to her excessive conservatism and conservatives who judge her to have been too libertarian; the left hates everything about her and Argentines consider her a war criminal. I spent a few years in London during her time in office. There are some things everyone, left or right, should value.
First, she transformed the British right, which was an oligarchic club, into a association in which merit rather than origin, and effort rather than lineage, became the dominant features. When she took over the leadership of the Conservative Party in 1975, being a grocer’s daughter from Grantham was a stigma among Tories; self-made success and social mobility were anathema to them. By 1990, those were emblems of a new Tory Party.
Thatcher brought back ideas into politics. Neither the left, which had been dominant since the end of WWII and accelerated Britain’s decadence, nor the right, which had accepted the fundamentals of a socioeconomic model imposed by the left, believed in ideas anymore. We can debate whether she went as far as she could in applying hers, but there is no debating her love of ideas. The ones she absorbed at the Institute of Economic Affairs and the ones she learned reading everything from Edmund Burke to Friedrich Hayek shaped her discourse and many, many of her actions.
Because her mission was not to do away with the state, she did not do so. In some areas, such as defense, she enlarged it. But she launched a process that devolved the responsibility for wealth creation and the pursuit of happiness from the state to civil society. In so doing, she transformed the right and the left. She instilled idealism and a reformist zeal into the political right; she helped modernize part of the left. Although Tony Blair’s Labor Party made government somewhat bigger, on the whole he maintained her legacy and reaped the benefits. This fostered the rebirth of the left under the banner of the “third way”, which impacted Europe, the United States (under Bill Clinton) and Latin America (with Brazil’s Lula da Silva).
Contributing to the implosion of Soviet communism, something that is often attributed to her, was no small feat. It required going up against vested interests and widespread perceptions in a democratic Europe that had lost all hope of change on the other side of the Iron Curtain. She was accused of being blinded by ideology; but when she understood that Mikhail Gorbachev was seriously interested in reform, she declared that the West could “do business with him” (and caused whispers among the American right). Thatcher was not an ideological animal, but a political animal with ideas. Both the right and the left owe much to what she did, in peaceful combat, to tear down the Berlin Wall. The right defeated an enemy, of course, but the moderate left shook off a dead weight.
Thatcher mistrusted European integration. Many of us thought she did so primarily for nationalistic reasons (and later a discomfort with a unified Germany) rather than because she feared the bureaucratic aspects. Time has shown she was right about some of what she said. The European construct has many flaws; the crisis of 2007/8 brought them into the open.
She was a rare politician. It will be decades before Europe produces anything like her. Rest in peace, Maggie.

Otimismo e desespero dos libertarios: sempre esperando muito, e conseguindo pouco -

Não sou um libertário, no sentido ideológico do termo, quero dizer, ainda que eu possa me dizer um libertário por princípio, individualmente, mas não como parte de um movimento. Acredito na plena autonomia do indivíduo, e acho, sim, que a sociedade estaria muito melhor com menos Estado e mais responsabilidade individual, mais mercado, mais competição, mais liberdade, enfim. O Estado é uma máquina que aprisiona, impõe, determina e proibe, regulando até aspectos mais íntimos da vida cidadã. Por isso sou libertário.
Mas tenho plena consciência que a maioria das pessoas (digamos 95% da população) gostaria de ter um baby-sitter particular, para cuidar das suas coisas, dizer o que fazer, evitar perigos, garantir emprego e lazer, enfim, tomar conta do bebê que todo mundo gostaria de ser (pelo menos para as coisas chatas da vida). Por isso, as pessoas estão dispostas a trocar um pouco (às vezes muito) de sua liberdade, entregar um pouco (em vários casos muito) do seu dinheiro para esse ente que todos consideram imparcial e bondoso que se chama Estado (que via de regra é privatizado pelos mais espertos, e retira dos contribuintes bem mais do que devolve em bens e serviços).
O que mais se aproximou da versão radical do dirigismo estatal foi o marxismo, que falhou, sabemos todos, fez chabu e já não atrai muita gente (com exceção de acadêmicos alucinados e mais da metade dos "clientes" das universidades brasileiras).
O que sobrou então, no seu lugar, mais distributivista do que igualitarista radical, foi o keynesianismo, que comanda nossas vidas e vai continuar comandando por um bocado de tempo mais, enfim, até que suficientes desastres se acumulem para provocar uma mudança, e o surgimento de uma nova teoria estatizante com algumas variantes em relação ao que temos hoje.
Uma coisa é certa: 95% da população vai continuar pedindo um Estado-babá, e os políticos oportunistas vão continuar servindo de intermediários entre a riqueza coletiva e as prebendas que podem ser distribuídas a esses bebês chorões (com uma comissão importante reservada para si mesmos, isto é evidente).
Por isso, mesmo sendo libertário em espírito, não participo de nenhum movimento libertário. Aliás, não faço parte, e nunca farei, de nenhum grupo que me retire um grama, um centímetro de liberdade, e pertencer a um grupo libertário, mesmo de livre afiliação, já me parece uma concessão terrível que teria de fazer no plano de minhas liberdades pessoais.
Por isso concordo com a maior parte dos argumentos desse autor.
Não se desesperem! A maior parte das pessoas gosta desse fascismo participatório do qual ele fala.
Paulo Roberto de Almeida

Libertarian Wishful Thinking


As a rule, libertarians incline toward wishful thinking. They constantly pluck little events, statements, and movies from the flow of life and cry out, “Eureka! Libertarianism is on the march!” With some of my friends, this tendency is so marked that I have become amused by its recurrent expression—well, there he goes again!
Some of this tendency springs, I believe, from their immersion in abstract thought and writing. Many of them have read hundreds of books and articles on libertarianism itself or on closely related ideas and personalities. They love to point out that ideology controls everything and to remark that as soon as we can bring a substantial minority over to our way of thinking, the whole social and political apparatus will tip from tyranny into liberty—rather as the old Eastern European satellites of the USSR (seemingly) abandoned their Communist regimes and substituted much less oppressive regimes almost overnight, in most cases with little bloodshed.
Although I agree that ultimately ideology controls many other elements in social and political affairs, I do not agree that ideology in the Western welfare-warfare states is nearly as fragile as Communist ideology was in the old Soviet satellites. Libertarians rarely invest much time in the detailed study of how the dominant ideology is generated and maintained in the contemporary West. Even fewer of them dig into the detailed composition and operation of the many economic, social, and political institutions that are tied in countless ways into reliance on and support of the politico-economic status quo. Hundreds of thousands of such organized efforts go on day in and day out all over the country at every level. One has only to thumb through the telephone directory for the Washington, D.C., area to gain an impression of the amazing array of well-organized, well-funded, special-interest groups now working ceaselessly, in effect, to keep all attempts to restore liberty at bay and if possible to bind individuals down by additional legal restraints and obligations. Participatory fascism in the contemporary USA and other advanced Western countries is an arrangement so vast and far-reaching that it defies the grasp of any single researcher. Specialists can easily work full-time in simply trying to understand the workings of one tentacle among the thousands that the beast possesses.
To suppose that an overnight ideological conversion or “tipping” can remove all of these organizations from the scene or lead them to alter their objectives and modus operandi is fanciful beyond imagination. To borrow from the vernacular, it just ain’t gonna happen. For it to do so would amount to the most preposterous instance of the tail wagging the dog in human history. Communist regimes could be (seemingly) tipped because Communism was widely recognized as a failure, as a recipe for societal backwardness and a low level of living. After its initial revolutionary surge of support, its ideological underpinnings grew weaker and weaker with each passing year and, by the 1980s, not many true believers remained.
Such is not at all the case in the West today. Here nearly everybody is held tightly in the system by countless seemly beneficial ties that few people can imagine doing without: Who’ll send grandma a monthly check to keep her in groceries? Who’ll provide medical care for the scores of millions of lower-income people whose care now comes via Medicaid? Who’ll cover the huge medical bills the elderly now expect Medicare to pay? Who’ll subsidize the college loans on which millions of students rely? And so on and on. One has only to wade through the Code of Federal Regulations and ask on each page: if this particular regulation were scrapped today, how would its corporate and union beneficiaries react? Can one really imagine that these powerful institutions would simply shrug their shoulders if liberty should break out, after having fought for more than a century to forge the fetters that now bind the populace in the service of almost innumerable special interests?
One who maintains, as I do, that the existing system may crumble little by little, having heedlessly sowed thousands of poisonous seeds of its own destruction, but almost certainly will never just roll over and admit defeat, may seem to be a defeatist. But nothing is gained by entertaining an unrealistic view of what liberty lovers are up against. Even if one believes, as I do, that the existing system is not viable in the very long run, it may last in episodically patched-up forms for a long, long time. There are no magic bullets, such as abolishing the Fed. The state can use other means in the highly unlikely event that it should no longer have the Fed in its arsenal. The same can be said about most of the system’s other key elements.
In truth, the time for liberty lovers to make a stand that had a fighting chance of success was a century ago. But that chance was squandered, if indeed it ever packed much punch. Powerful economic, institutional, and ideological currents were working against it even then, and by now those currents, swelled by the self-interested efforts of several generations of statists in positions of great power and influence, have grown into a mighty river. This fascistic Rome wasn’t built in a day, and it wasn’t built by accident, either. It is not so flimsy that it will collapse because someone gives a libertarian-sounding speech in the Senate, because thousands of powerless college students turn out to hear Ron Paul speak, or because a writer embeds a libertarian sentiment in a film script. These things, however much they may cheer the libertarian heart, are the equivalent of the proverbial sparrow pecking at a pyramid. Wishful thinking about the impending triumph of liberty may be uplifting for libertarians, but it avails neither them nor the world anything of real importance.

Comercio exterior: estao retrocendo o Brasil - OMC

Segundo o relatório da OMC de 2013, o Brasil recuou.
O "estão retrocedendo" do título pode ser lido de duas maneiras.
Os companheiros dirão que não é culpa deles, do governo, já que a crise mundial, patati, patatá...
Ou a gente pode dizer, sim, que foram os companheiros que estão retrocedendo o Brasil, já que não fizeram nenhuma reforma estrutural para preparar o país para exportar mais, mesmo num quadro de recessão, o que a China continua fazendo, por exemplo, sem onerar os seus exportadores com uma carga tributária X-rated (ops, nada a ver com o bilionário também retrocedido, aqui).
E estão diminuindo as importações por meio de uma extensa lista de medidas protecionistas, na ilusão de que o Brasil pode viver isolado do mundo.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil perde espaço no comércio internacional, mostra OMC

Por Assis Moreira | Valor Econômico,
Ana Paula Paiva/ValorBrasil perde espaço no comércio internacional, mostra OMC
GENEBRA - Relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que o Brasil perdeu espaço no comércio mundial. O país foi atingido nas exportações pela menor demanda global e nas importações pela desaceleração da economia e proteção adotada pelo governo.
Em termos reais, ou seja, no volume do comércio, as exportações brasileiras de mercadorias caíram 1,2% em 2012, comparado a crescimento de 3,1% em 2011 em relação ao ano anterior.
Por sua vez, as importações brasileiras caíram 2,1% em volume, ante a alta de 8,5% importado em 2011.
Essa situação é mais negativa quando se leva em conta que as exportações mundiais cresceram 2,1% e as importações subiram em 1,9% em volume - nos dois casos, menos do que o crescimento em volume de 5,1% do ano anterior.
As exportações brasileiras vêm sofrendo o impacto da menor demanda de matérias-primas da China, que por sua vez não pode exportar no mesmo ritmo para mercados em recessão, como os da União Europeia.
Em valor, a posição do Brasil como grande exportador de commodities também sofreu. Afora petróleo, os preços de commodities em geral declinaram em 2012, derrubando os ganhos do país.
Assim, em valor as exportações brasileiras também caíram mais do que a média mundial em 2012. Enquanto as trocas globais baixaram 2%, as exportações brasileiras declinaram 5% em relação ao ano anterior. O país ficou na 16ª posição entre os exportadores e sua fatia na exportação global caiu de 1,8% para 1,7%.
Do lado das importações, em valor, o Brasil também perdeu terreno, caindo uma posição para 16ª. O montante das compras externas, de US$ 233 bilhões, foi inferior em 2% ao ano anterior.
A expectativa na OMC é de que os preços das commodities em geral vão se estabilizar este ano, portanto freando a queda registrada no ano passado nos resultados do comércio.
Com relação ao comércio de serviços, as exportações brasileiras aumentaram 5% e as importações 7% em valor - muito abaixo dos crescimento de 20% do ano anterior.
Entre os Brics, sempre levando-se em conta resultado em valor, somente a África do Sul teve pior desempenho que o Brasil, com queda de 11% nas exportações. A China aumentou suas vendas em 8% e manteve-se como a principal nação comerciante com US$ 2,049 trilhões.
A Índia e a Rússia também exportaram mais que o Brasil em valor, o primeiro com US$ 293 bilhões e o segundo com US$ 529 bilhões. As vendas brasileiras alcançaram US$ 243 bilhões.
As exportações do Mercosul caíram 4% em valor as importações 3%. Já países da Ásia mantiveram as vendas com alta de 1% e as importações aumentando 6%.

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Lancamento de livros: colecao Temas Essenciais - Editora Saraiva

Aí está, com minha presença apenas virtual:

Brasil: inflacao anual ja' ultrapassou o teto da meta

Como alguém disse que não iria sacrificar o crescimento brasileiro no combate à inflação, os intermediários e outros formadores de preços se sentiram autorizados a seguir adiante, com reajustes e demandas não previstas nos cálculos do Copom. Assim, a inflação sobe alegremente, tungando os brasileiros em mais de 6% da capacidade de compra.
Sacrificar crescimento? Boa preocupação. Como ele anda em torno de 1% (o que já crescimento negativo da renda per capita, ou seja, diminuição, de fato), poderíamos talvez numa zona de empobrecimento relativo.
Esta é a maravilha da política econômica que nos servem...
Apenas mais um alerta: redução seletiva e parcial de alguns impostos não vai diminuir o ímpeto da inflação, que já parece ter voltado a entranhar os nossos hábitos.
Bravo aos companheiros: conseguiram fazer o Brasil recuar duas décadas. Em matéria de protecionismo se trata de um recuo de três décadas ou mais. Mais um pouco estaremos nos anos 1930...
Paulo Roberto de Almeida

Brazil Macro Flash: March's CPI Shows Slight Improvement in Core Inflation
Citi group, April 10, 2013

March’s CPI inflation stood at 0.47% m/m, slightly below market consensus and our forecast. Despite that, annual inflation surpassed the upper limit of the target, by reaching 6.59% (from 6.3% in February). As expected, the main upward pressures came from food price increases, reflecting the supply shock in perishable food prices. Therefore, the favorable surprise came from non food prices, more specifically in apparel and transportation prices. In addition to that, the average of core inflation and the diffusion index fell slightly in the monthly result, although still pointing to widespread upward pressures in the economy. Overall, these results reinforce our call that the Copom will start hiking the Selic rate in May by 50bp.

In the monthly result, food prices increased 1.14% (from 1.45%), in line with our expectations. This was the fourth consecutive month that food inflation surpasses 1% m/m. Over the last 12 months, food inflation reached 13.5% (from 12.5% in February), representing one of the main upward pressures in CPI inflation for this period.

The average of core inflation measures fell to 0.43% m/m, representing 5.2% in annualized terms (from 5.6% in February), above mid point target of 4.5% but inside the target band. The diffusion index fell to 69.1% (from 72.4% in February). Excluding food prices, the diffusion index fell to 65.4% (from 74.3%). Moreover, services inflation retreated to 8.4% over the last 12 months (from 8.7% in February). Overall, the measures of trend inflation have improved slightly in March, but still point to widespread upward pressures throughout the economy.

Looking ahead, we do not expect services inflation to decline markedly in the near future, given the tight labor market. Regarding food inflation, the usually fast recovery of the perishable food supply and the downward trend in international food prices point to a slowdown in the coming months. For April, our forecast is currently set at 0.5% m/m, due to temporary upward pressures in monitored prices. For 2013, we see upward risks to our forecast of 5.6% at year-end, related to the unfavorable surprise in food inflation this year.

Um frase de ferro, de uma dama idem... (adivinharam!)

Acho que serve para certas nações que se estão tornando excessivamente dependentes de um Estado todo poderoso, e deformando uma mentalidade que se converteu na assistência pública:

I came to office with one deliberate intent. To change Britain from a dependent to a self-reliant society, from a give-it-to-me to a do-it-yourself nation.
(...)
Things will get worse before they get better.

Margareth Thatcher, 1979

Acho que é isso. Mas quando, quem, como, no Brasil???
Sinceramente, não sei.
Por enquanto está distante. Vamos ter de afundar tanto quanto a Grã-Bretanha, ou a Argentina, antes de começar a retomada?
Talvez...
Paulo Roberto de Almeida

Notas de pesar do governo brasileiro - sempre respeitosas e adequadas.

Algumas notas recentes, com uma pequena particularidade, ao final.
Paulo Roberto de Almeida

Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete

Nota à Imprensa nº 107
9 de abril de 2013
Terremoto no Irã

O Governo brasileiro tomou conhecimento com grande pesar das mortes e perdas materiais provocadas pelo terremoto de 6,3 graus na escala Richter que atingiu no dia de hoje a província de Bushehr, no sudoeste do Irã.
O Brasil transmite suas condolências e solidariedade aos familiares das vítimas, ao povo e ao Governo do Irã.

Nota à Imprensa nº 103
3 de abril de 2013
Tempestades na Argentina
O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande pesar, dos efeitos das recentes tempestades na Argentina, que causaram, até o momento, a morte de mais de 40 pessoas e graves perdas materiais.O Governo brasileiro solidariza-se com as famílias das vítimas e manifesta suas mais sinceras condolências ao Governo e ao povo da Argentina.

Nota à Imprensa nº 73
6 de março de 2013
Falecimento do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, 5 de março de 2013
O Ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, se associa ao momento de dor do povo venezuelano e, muito especialmente, dos familiares do Presidente Hugo Chávez.
A Venezuela, sob a liderança do Presidente Chávez, viveu processo sem precedente histórico de aproximação com o Brasil.
O Presidente Chávez será lembrado como o líder venezuelano que maiores vínculos teve com o Brasil e que maior contribuição deu aos esforços de integração regional. Sob sua presidência, a Venezuela tornou-se parceiro estratégico do Brasil e sócio pleno do MERCOSUL.

Nota à Imprensa sem nº 
9 de abril de 2013
Falecimento da ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher
 O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande pesar, do falecimento da ex-primeira ministra Margareth Thatcher e se associa ao momento de dor do povo britânico, e muito especialmente dos familiares da Baronesa Thatcher, a quem expressa suas mais vivas condolências.
O Reino Unido, sob a liderança da primeira-ministra Margareth Thatcher, empreendeu a mais formidável correção de rumos econômicos de que se tem notícia na história do capitalismo moderno, assentando as bases de uma nação próspera, novamente respeitada, na Europa e no mundo, que conseguiu reverter a decadência provocada por décadas de governos estatizantes e socialistas, que só trouxeram ruina, ao país e à sua economia.
Sob a clarividente conduta da primeira-ministra Margareth Thatcher, o Reino Unido emergiu novamente, no decorrer dos anos 1980, com seu centro financeiro revitalizado, totalmente aberto aos fluxos de capitais e a liberdade de investimentos, aumentando sua taxa de crescimento e reduzindo o desemprego. Recebeu, sozinho, mais investimentos estrangeiros do que toda a Europa reunida, e conseguiu debelar o ciclo de desindustrialização e de perda de competitividade, provocados por décadas de governos equivocados.
O povo brasileiro também acredita que mercados livres e abertura econômica, privatização de estatais ineficientes, constituem os mais poderosos estímulos a uma vibrante economia de mercado, compatível com uma democracia plena, sem qualquer traço autoritário e ranço estatizante. O povo brasileiro espera poder contar, um dia, com personalidade tão corajosa quanto a ex-primeira ministra Thatcher, para empreender o esforço de soerguimento econômico nacional.

(Bem, seria mais ou menos isso...).

A dama da recusa do euro: Lady Thatcher paga para ver (e ganha) - Celso Ming

Um artigo, desta vez fraquinho, do excelente colunista de economia do Estadão, que não menciona a liberalização financeira promovida por Thatcher, que fez de Londres, novamente, um grande centro financeiro mundial, desmantelando as crenças de que Frankfurt poderia oferecer notável concorrência financeira à praça londrina.
Ela tinha razão, embora não soubesse à época, mas como Churchill, se apegava à ideia da soberania monetária com a libra. Churchill presidiu a um desastre, em 1925-26, quando foi Lord of Exchequers, reintroduzindo a libra no padrão ouro no mesmo patamar do pré-guerra. MThatcher, por sua vez, não teve de enfrentar a séria crise do sistema monetário europeu, de 1992, quando a libra saiu do sistema (derrubado pela Alemanha, na verdade, embora não intencionalmente) e desvalorizou.
Mas ela tinha certos conceitos econômicos muito bem arraigados, o que poderia ter sido lembrado por Celso Ming: não gastar acima do que você ganha, era um deles, típico de quitandeiro, o que ela era, mas sólido e válido, inclusive para o Brasil...
Paulo Roberto de Almeida

A dama do não

09 de abril de 2013 | 2h 04
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
A ex-primeira ministra Margareth Thatcher, que ontem faleceu, não será lembrada somente por ter sido coerente com seus princípios liberais e nisso ter sido bem-sucedida. Também será louvada por ter impedido o Reino Unido de aderir à área do euro. Neste momento de profunda crise do bloco monetário, os ingleses repetirão que ela estava coberta de razão por decidir esperar para ver.
Os líderes da Europa no final dos anos 80, especialmente o então chanceler da Alemanha, Helmut Kohl, e o presidente da França à época, François Mitterrand, tinham perfeita noção de que, sem união fiscal (controle central dos orçamentos) e sem união política (controle central do poder e das principais decisões de governo), o euro seria lançado com graves defeitos de fabricação.
O prêmio Nobel de Economia (de 1999) Robert Mundell, já então reconhecido como grande autoridade em moeda, havia deixado claro que o euro nasceria sem um Estado que lhe desse consistência. Os países que a ele aderiam não constituíam uma área monetária ótima - para ficar com a principal expressão criada por Mundell.
Kohl, no entanto, teve a percepção de que o defeito mais grave não era a inconsistência do euro, mas a ausência de unidade da Europa. E entendeu que a crise que eventualmente proviesse da inconsistência da moeda única acabaria por disparar as forças em direção à unidade orçamentária e política. A motivação de Mitterrand parece ter sido outra: uma vez adotada a moeda única, a Europa acabaria por absorver a Alemanha e as ameaças históricas que tantas vezes nasceram dentro dela.
Thatcher não ignorou que, apesar dos seus vícios de origem, o euro poderia ser bem sucedido, como previa Kohl. Nessas condições, a economia do Reino Unido corria o risco de perder densidade e os demais ganhos de escala que proviessem da circulação da moeda única.
Ainda assim, Thatcher preferiu não aderir ao euro. Decidiu abrir mão do direito de influenciar no processo de constituição do Banco Central Europeu e das demais instituições criadas com o euro. O Reino Unido haveria de renunciar à libra esterlina apenas quando o euro estivesse consolidado.
A decisão foi fortemente criticada na Inglaterra, sobretudo dentro do Parlamento. Dizia-se que a política de Thatcher consolidava a tendência a um perigoso isolamento, à custa de crescimento econômico e da perda de empregos. Mas ela permaneceu firme. O Reino Unido ficou de fora.
Depois de tudo o que aconteceu a partir de 2008; depois que se viu que economias tão pequenas, como Irlanda, Portugal e Grécia, foram capazes de abalar o euro; depois da paralisação da atividade econômica e do desemprego recorde no bloco, mais e mais os ingleses passaram a dar razão a Thatcher: "Foi quem salvou o Reino Unido do desastre".
Apesar de tudo, os sonhos de Kohl e de Mitterrand ainda se mantêm válidos. Ninguém mais duvida de que só a união dos orçamentos e a união política serão capazes de dar consistência ao euro. Quando isso acontecer, e apenas se acontecer, a política de cautela adotada por Margareth Thatcher poderá ser superada.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A travessa de spaghetti da OMC, ainda mais enrolada - Rubens A. Barbosa

A OMC na encruzilhada

O Estado de S. Paulo, 09 de abril de 2013
Rubens Barbosa *
 
Para discutir o funcionamento do sistema multilateral de comércio o International Centre for Trade and Sustainable Development e o World Trade Institute, de Genebra, resolveram criar um grupo de peritos. Convidado a integrá-lo, participei nessa cidade suíça de dois dias de reuniões em que foram passados em revista diferentes aspectos da situação atual da Organização Mundial de Comércio (OMC) à luz do fracasso da Rodada Doha e da proliferação dos mega-acordos regionais e bilaterais de comércio.

A função negociadora da OMC, um dos pilares da organização, e a participação e o maior engajamento do setor privado nos entendimentos multilaterais foram dois dos principais temas tratados pelo grupo de peritos.

O grande número de países-membros tornou difícil o processo decisório baseado no consenso e deixou a negociação necessariamente mais arrastada e demorada, chegando muitas vezes a paralisá-la. Há uma forte demanda dos países-membros por maior participação, ao mesmo tempo que cresce o anseio por mais transparência nas decisões e pela redução das assimetrias na capacidade de absorção das informações, cada vez mais técnicas e complexas.

Estão sendo cogitados ajustes na regra do consenso, no tocante à tomada de decisão, para evitar que os entendimentos sejam bloqueados por um número reduzido de países. Maioria qualificada, massa crítica, geometria variável, acordos plurilaterais e setoriais são algumas das ideias colocadas sobre a mesa.

O impacto das decisões da OMC sobre as operações comerciais também ocupou boa parte das discussões do grupo. Afinal, as decisões tomadas pelos governos afetam diretamente o setor produtivo e exportador privado. Há um sentimento geral de que o empresariado não está devidamente informado a respeito das negociações multilaterais que ocorrem em Genebra nem está preparado para acompanhá-las, por sua complexidade. O fracasso da Rodada Doha nos últimos dez anos também contribuiu para o desestímulo do setor.

Os peritos reconheceram haver um crescente interesse de todos os países em propiciar uma maior participação do setor privado. Registrou-se a disposição dos governos de responder aos empresários com mais informação e explicações. Apesar disso, sendo a OMC uma organização intergovernamental, não está prevista a participação de empresas, associações ou federações nas delegações dos países-membros, nem a presença delas nas reuniões fechadas. Como aumentar o nível da informação sobre as negociações e da transparência nas decisões tomadas pelos governos para que haja um efetivo engajamento da comunidade privada? Como os governos poderiam aproveitar melhor a experiência e o conhecimento do setor privado? A OMC poderia receber contribuição diretamente desse grupo? Foram aventadas diversas possibilidades, como a criação de um Conselho Consultivo do setor privado ou de um Conselho Empresarial da OMC para fazer recomendações aos governos sobre os temas em discussão.

Em termos mais gerais, ficou claro em nossos debates que, com 159 membros, a OMC deixou de ser um clube que regula o comércio tradicional e busca a liberalização dos fluxos de intercâmbio pela redução ou eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias na fronteira. A negociação multilateral está entrando em nova fase. A elaboração de regras de comércio nos acordos regionais e bilaterais, nos últimos 20 anos, está marginalizando a OMC e vai obrigar os países-membros a adaptar a organização às novas demandas de transparência e tratamento justo exigidas pelos países que não fazem parte das negociações dos acordos de livre-comércio. Os acordos dos EUA com a Ásia e com a União Europeia vão criar uma dinâmica distinta no comércio internacional, baseada na integração das cadeias produtivas globais. A tendência atual nas negociações plurilaterais para promover a liberalização dos mercados é a redução das restrições existentes dentro do território ("behind the border rules") dos países que participam desses entendimentos. Além da redução das tarifas e das barreiras não tarifárias, o que está sendo discutido nos mega-acordos são regras que vão além daquelas existentes na OMC, como investimento, serviços, compras governamentais, propriedade intelectual, ou mesmo que nem estão reguladas pela organização, como controle de capital.

Como os países que estão discutindo e já aprovaram regras nos acordos regionais e bilaterais fora da OMC são também membros da organização, o momento é de perplexidade. Como será feita a transição da instituição para absorver o novo cenário que se abre com os mega-acordos? Será possível incorporar as novas regras à OMC? O esforço realizado nas grandes rodadas de negociações, como a de Doha, em que o princípio básico de que nada seria decidido sem que tudo estivesse decidido, parece esgotado, pois as expectativas agora são diferentes. Os países que não estão participando dessas meganegociações - inclusive os emergentes, nos quais se inclui o Brasil - relutam em encarar negociações futuras sobre essas regras. Outros, como a China, estão sendo deliberadamente excluídos por questões geopolíticas.

Não se trata, portanto, de uma questão menor de procedimento - como facilitar a tomada de decisões no âmbito da OMC, a manutenção ou não de "single undertaking" e do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo. Trata-se de um problema de substância das negociações comerciais que abrem caminhos em áreas nunca antes reguladas.

As discussões no âmbito do grupo de peritos, depois de novo encontro em junho, serão resumidas num documento com propostas concretas a serem encaminhadas à reunião ministerial da OMC que ocorrerá em Bali, na Indonésia, em dezembro.

* Rubens Barbosa é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.

Livro sobre os Estados Unidos no seculo 21 - Editora Elsevier

Os Estados Unidos e o século XXI
 Cristina Pecequilo
EDITORA CAMPUS/ELSEVIER
Categoria: Universitários – Relações Internacionais
Formato: 16x23 cm
Páginas: 208
Preço: R$ 59,00

Press-release da Editora:
Cristina Pecequilo é Professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP). Autora de A Política Externa dos Estados Unidos (Ed. UFRGS), Introdução às Relações Internacionais (Ed. Vozes) e do Manual de Política Internacional (Ed. FUNAG). É também organizadora das obras coletivas ([sic] A Rússia: Desafios Presentes e Futuros (Ed. Juruá).

Apesar de os EUA serem o principal parceiro político-econômico do Brasil, existe um vasto desconhecimento sobre a política externa e a sociedade norte-americana e pouca produção brasileira voltada à análise política. O livro Os Estados Unidos e o Século XXI, lançado pela Elsevier, enfoca o período contemporâneo da política externa dos EUA e faz uma contextualização dos mecanismos de formulação e implementação da política norte-americana, cobrindo um espaço pouco aproveitado no mercado por autores nacionais.

Os Estados Unidos emergiram como a potência hegemônica e tornaram o Século XX, sinônimo de um Século Americano. Superpotência, o país continua afetando de maneira profunda as relações internacionais e a política global. Mas, depois de 2001, com os atentados terroristas, o mundo descobriu a sua vulnerabilidade.  Diante disso, o país encontra-se frente a um complexo reordenamento de forças nacionais e internacionais, com as nações emergentes em ascensão e as potências em crise. Será o século XXI ainda um Século Americano?

O questionamento do modelo capitalista norte-americano, e a competição por mercados e alternativas de agenda social-política compõem o desafio atual. A hegemonia do século XXI encontra-se dividida em debates sobre suas políticas domésticas e externas, o perfil de sua sociedade e valores, em sua percepção e análise de seu poder, das demais nações e as perspectivas de ordenamento do poder mundial.

Com questões para debate/prova, material complementar como filmes, sugestão de dinâmica e seleção de vídeos do Youtube, o objetivo do livro é discutir o futuro da hegemonia dos Estados Unidos no século XXI, examinando seus componentes estratégicos, mecanismos de projeção de poder, parcerias estatais e ação multilateral. Tais fatores afetam diretamente a dinâmica das Relações Internacionais e, consequentemente, o Brasil, cuja política externa percebe os Estados Unidos como um fator de definição de sua agenda em muitas oportunidades.

“Mesmo com todas as mudanças globais, compreender o mundo, passa, ainda, por compreender os Estados Unidos”, diz a autora.

Um fauno perdido na Australia (e como...)

Embaixador do Brasil em Sydney é acusado de assédio moral e sexual
09/04/2013 | 12:43

O cônsul-geral do Brasil em Sydney, na Austrália, Américo Dyott Fontenelle, está sendo acusado agora de assédio sexual. Na semana passada, esta Coluna revelou que funcionários da embaixada garantiram, por meio de documentos que foram entregues na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que Fontenelle também cometeu o crime de assédio moral contra oito servidores que teriam sofrido maus tratos do embaixador. Segundo revelou nesta terça (9) o jornal Metro, em carta, a ex-secretária de Fontenelle, Cláudia Gambin, conta detalhes do assédio sexual que sofreu do embaixador enquanto trabalhou no órgão. O Itamaraty identificou irregularidades na primeira apuração dos fatos, comandada pelo embaixador do Brasil no Kuwait, Roberto Abdall, em março. Desta forma, nos dias 15 e 16 deste mês, uma comissão de conselheiros irá à Austrália para fazer um novo relatório sobre as acusações a fim de processar Fontenelle administrativamente.

Lady Thatcher, by Paul Johnson (WSJ)

The World-Changing Margaret Thatcher

Not since Catherine the Great has there been a woman of such consequence.

Margaret Thatcher had more impact on the world than any woman ruler since Catherine the Great of Russia. Not only did she turn around—decisively—the British economy in the 1980s, she also saw her methods copied in more than 50 countries. "Thatcherism" was the most popular and successful way of running a country in the last quarter of the 20th century and into the 21st.
Ronald Reagan and Margaret Thatcher at the White House in June 1982.
Her origins were humble. Born Oct. 13, 1925, she was the daughter of a grocer in the Lincolnshire town of Grantham. Alfred Roberts was no ordinary shopkeeper. He was prominent in local government and a man of decided economic and political views. Thatcher later claimed her views had been shaped by gurus like Karl Popper and Friedrich Hayek, but these were clearly the icing on a cake baked in her childhood by Councillor Roberts. This was a blend of Adam Smith and the Ten Commandments, the three most important elements being hard work, telling the truth, and paying bills on time.
Hard work took Miss Roberts, via a series of scholarships, to Grantham Girls' School, Somerville College, Oxford, and two degrees, in chemistry and law. She practiced in both professions, first as a research chemist, then as a barrister from 1954. By temperament she was always a scholarship girl, always avid to learn, and even when prime minister still carried in her capacious handbag a notebook in which she wrote down anything you told her that she thought memorable.

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Editorial page editor Paul Gigot on Margaret Thatcher’s legacy. Photo: AP
At the same time, she was intensely feminine, loved buying and wearing smart clothes, had the best head of hair in British politics and spent a fortune keeping it well dressed. At Oxford, punting on the Isis and Cherwell rivers, she could be frivolous and flirtatious, and all her life she tended to prefer handsome men to plain ones. Her husband, Denis Thatcher, whom she married in 1951 and by whom she had a son and daughter, was not exactly dashing but he was rich (oil industry), a capable businessman, a rock on which she could always lean in bad times, and a source of funny 19th-hole sayings.
Denis was amenable (or resigned) to her pursuing a political career, and in 1959 she was elected MP for Finchley, a London suburb. She was exceptionally lucky to secure this rock-solid Tory seat, so conveniently placed near Westminster and her home. She held the seat without trouble until her retirement 33 years later. Indeed, Thatcher was always accounted a lucky politician. Prime Minister Harold Macmillan soon (in 1961) gave her a junior office at Pensions, and when the Conservatives returned to power in 1970, she was fortunate to be allotted to the one seat in the cabinet reserved for a woman, secretary of state for education.
There she kept her nose clean and was lucky not to be involved in the financial and economic wreckage of the disastrous Ted Heath government. The 1970s marked the climax of Britain's postwar decline, in which "the English disease"—overweening trade-union power—was undermining the economy by strikes and inflationary wage settlements. The Boilermakers Union had already smashed the shipbuilding industry. The Amalgamated Engineers Union was crushing what was left of the car industry. The print unions were imposing growing censorship on the press. Not least, the miners union, under the Stalinist Arthur Scargill, had invented new picketing strategies that enabled them to paralyze the country wherever they chose.
Attempts at reform had led to the overthrow of the Harold Wilson Labour government in 1970, and an anti-union bill put through by Heath led to the destruction of his majority in 1974 and its replacement by another weak Wilson government that tipped the balance of power still further in the direction of the unions. The general view was that Britain was "ungovernable."
Among Tory backbenchers there was a growing feeling that Heath must go. Thatcher was one of his critics, and she encouraged the leader of her wing of the party, Keith Joseph, to stand against him. However, at the last moment Joseph's nerve failed him and he refused to run. It was in these circumstances that Thatcher, who had never seen herself as a leader, let alone prime minister, put herself forward. As a matter of courtesy, she went to Heath's office to tell him that she was putting up for his job. He did not even look up from his desk, where he was writing, merely saying: "You'll lose, you know"—a characteristic combination of bad manners and bad judgment. In fact she won handsomely, thereby beginning one of the great romantic adventures of modern British politics.
The date was 1975, and four more terrible years were to pass before Thatcher had the opportunity to achieve power and come to Britain's rescue. In the end, it was the unions themselves who put her into office by smashing up the James Callaghan Labour government in the winter of 1978-79—the so-called Winter of Discontent—enabling the Tories to win the election the following May with a comfortable majority.
Thatcher's long ministry of nearly a dozen years is often mistakenly described as ideological in tone. In fact Thatcherism was (and is) essentially pragmatic and empirical. She tackled the unions not by producing, like Heath, a single comprehensive statute but by a series of measures, each dealing with a particular abuse, such as aggressive picketing. At the same time she, and the police, prepared for trouble by a number of ingenious administrative changes allowing the country's different police forces to concentrate large and mobile columns wherever needed. Then she calmly waited, relying on the stupidity of the union leaders to fall into the trap, which they duly did.
She fought and won two pitched battles with the two strongest unions, the miners and the printers. In both cases, victory came at the cost of weeks of fighting and some loss of life. After the hard men had been vanquished, the other unions surrendered, and the new legislation was meekly accepted, no attempt being made to repeal or change it when Labour eventually returned to power. Britain was transformed from the most strike-ridden country in Europe to a place where industrial action is a rarity. The effect on the freedom of managers to run their businesses and introduce innovations was almost miraculous and has continued.
Thatcher reinforced this essential improvement by a revolutionary simplification of the tax system, reducing a score or more "bands" to two and lowering the top rates from 83% (earned income) and 98% (unearned) to the single band of 40%.
She also reduced Britain's huge and loss-making state-owned industries, nearly a third of the economy, to less than one-tenth, by her new policy of privatization—inviting the public to buy from the state industries, such as coal, steel, utilities and transport by bargain share offers. Hence loss-makers, funded from taxes, became themselves profit-making and so massive tax contributors.
This transformation was soon imitated all over the world. More important than all these specific changes, however, was the feeling Thatcher engendered that Britain was again a country where enterprise was welcomed and rewarded, where businesses small and large had the benign blessing of government, and where investors would make money.
As a result Britain was soon absorbing more than 50% of all inward investment in Europe, the British economy rose from the sixth to the fourth largest in the world, and its production per capita, having been half that of Germany's in the 1970s, became, by the early years of the 21st century, one-third higher.
The kind of services that Thatcher rendered Britain in peace were of a magnitude equal to Winston Churchill's in war. She also gave indications that she might make a notable wartime leader, too. When she first took over, her knowledge of foreign affairs was negligible. Equally, foreigners did not at first appreciate that a new and stronger hand was now in control in London. There were exceptions. Ronald Reagan, right from the start, liked what he heard of her. He indicated that he regarded her as a fellow spirit, even while still running for president, with rhetoric that was consonant with her activities.
Once Reagan was installed in the White House, the pair immediately reinvigorated the "special relationship." It was just as well. Some foreigners did not appreciate the force of what the Kremlin was beginning to call the Iron Lady. In 1982, the military dictatorship in Argentina, misled by the British Foreign Offices's apathetic responses to threats, took the hazardous step of invading and occupying the British Falkland Islands. This unprovoked act of aggression caught Thatcher unprepared, and for 36 hours she was nonplused and uncertain: The military and logistical objections to launching a combined-forces counterattack from 8,000 miles away were formidable.
But reassured by her service chiefs that, given resolution, the thing could be done, she made up her mind: It would be done, and thereafter her will to victory and her disregard of losses and risks never wavered. She was also assured by her friend Reagan that, short of sending forces, America would do all in its considerable power to help—a promise kept. Thus began one of the most notable campaigns in modern military and moral history, brought to a splendid conclusion by the unconditional surrender of all the Argentine forces on the islands, followed shortly by the collapse of the military dictatorship in Buenos Aires.
This spectacular success, combined with Thatcher's revival of the U.K. economy, enabled her to win a resounding electoral victory in 1983, followed by a third term in 1987. Thatcher never had any real difficulty in persuading the British electorate to back her, and it is likely that, given the chance, she would have won her fourth election in a row.
But it was a different matter with the Conservative Party, not for nothing once categorized by one of its leaders as the "stupid party." Some prominent Tories were never reconciled to her leadership. They included in particular the supporters of European federation, to which she was implacably opposed, their numbers swollen by grandees who had held high office under her but whom she had dumped without ceremony as ministerial failures. It was, too, a melancholy fact that she had become more imperious during her years of triumph and that power had corrupted her judgment.
This was made clear when she embarked on a fundamental reform of local-government finance. The reform itself was sensible, even noble, but its presentation was lamentable and its numerous opponents won the propaganda battle hands down. In the midst of this disaster, her Europhile opponents within her party devised a plot in 1990 to overthrow her by putting up one of their number (sacked from the cabinet for inefficiency) in the annual leadership election. Thatcher failed to win outright and was persuaded by friends to stand down. Thus ended one of the most remarkable careers in British political history.
Thatcher's strongest characteristic was her courage, both physical and moral. She displayed this again and again, notably when the IRA tried to murder her during the Tory Party Conference in 1984, and nearly succeeded, blowing up her hotel in the middle of the night. She insisted on opening the next morning's session right on time and in grand style. Immediately after courage came industry. She must have been the hardest-working prime minister in history, often working a 16-hour day and sitting up all night to write a speech. Her much-tried husband once complained, "You're not writing the Bible, you know."
She was not a feminist, despising the genre as "fashionable rot," though she once made a feminist remark. At a dreary public dinner of 500 male economists, having had to listen to nine speeches before being called herself, she began, with understandable irritation: "As the 10th speaker, and the only woman, I wish to say this: the cock may crow but it's the hen who lays the eggs."
Her political success once again demonstrates the importance of holding two or three simple ideas with fervor and tenacity, a virtue she shared with Ronald Reagan. One of these ideas was that the "evil empire" of communism could be and would be destroyed, and together with Reagan and Pope John Paul II she must be given the credit for doing it.
Among the British public she aroused fervent admiration and intense dislike in almost equal proportions, but in the world beyond she was recognized for what she was: a great, creative stateswoman who left the world a better and more prosperous place, and whose influence will reverberate well into the 21st century.

Mr. Johnson is a historian.
A version of this article appeared April 9, 2013, on page A15 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: The World-Changing Margaret Thatcher.

O tesouro perdido (literalmente): uma moderna historia de pirata - XXX

Quando esse gajo começou a ser incensado na imprensa, livros, capas de revista, matérias na mídia, eu logo me disse: ele não pode ser assim tão competente, ou sortudo. Tem de ter algo por trás disso tudo. E não é que tinha?
O partido dos companheiros, ou companheiros dos companheiros, devidamente azeitados, facilitaram a irresistível ascensão do novo magnata brasileiro.
Quando alguém veio me dizer que admirava seu tino empresarial, eu logo adverti: isso é capitalismo promíscuo, como existe em vários lugares do mundo.
Só deu isso!
Nem posso dizer: eu não disse? porque outros já disseram antes de mim.
Paulo Roberto de Almeida

Eike, do começo ao fim!
EVERALDO GONÇALVES 9 de Abril de 2013

O capitalismo convive com mercado promíscuo, porém rejeita a prepotência de Eike Batista, aumentada com o prejuízo da falsa riqueza
      Eike está tecnicamente “quebrado”. As empresas do Grupo X devem mais que o valor do patrimônio. Em março corrente suas ações em Bolsa valiam R$ 8 bilhões e as dívidas passavam de R$ 16 bilhões, sem levar em conta as da holding  EBX (com capital fechado) e dívidas pessoais do controlador.

O maior credor e investidor é o BNDES, com R$ 6 bi e mais R$ 3 bi em vias de ser aprovado para a MMX, com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT. O segundo é a Caixa Econômica Federal (CEF), com R$ 2 bi, com R$ 0,7 bi do Fundo de Garantia do Trabalhador – FGTS; a seguir os Bancos Itaú, com R$ 1,46 bi; o Bradesco, com R$ 1,25 bi; o Santander R$ 0,68 bi; e, o BTG-Pactual, com pelo menos R$ 2 bi, mas diante do risco, igual ao agiota, tomou o controle das empresas, pois quem parte reparte e fica com a maior parte. O magnata, que detinha 70% do capital, com a nova administração, poderá ficar com 20%, ou menos. Falta apurar bônus e dívidas com os bancos estrangeiros e com a Receita Federal.

As IPOs do Grupo X levantaram em nossa Bolsa, cerca de R$ 26 bi. Portanto, o governo ajuda na gastança de seu único filho pródigo, mais que quatro anos da Bolsa Família (R$ 11,5 bi, em 2011), que tirou da miséria absoluta milhões de brasileiros.

O espectro que assombra o capitalismo
Ora, como é possível que apenas este escriba tenha visto que o rei está nu? Extrai pouco petróleo, com custo maior que a receita. Vende papéis de minas virtuais, portos complicados sem calado e todo mundo calado. Leiam aqui:

(http://www.brasil247.com/pt/247/portfolio/96157/Eike-o-ouro-de-Midas-gorou!-Eike-ouro-Midas-gorou.htm; http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/38788/; http://www.brasil247.com/pt/247/portfolio/68457/; http://www.brasil247.com/pt/247/economia/1571/)

Tudo é uma farsa, propaganda mística inglória, seja no nome, no Hotel inacabado ou na Marina, cujas obras as empresas X pintam qual o batom de sua marca falida e bordam no fracassado iate Pink Fleet. E ainda quer doar à Marinha o barco que está à deriva na orla do Rio de Janeiro, com a logomarca do sol inca e o lema na proa: Spirit of Brazil.

Viva Marx! É o novo espírito do capitalismo, sem capital. Numa década (do primeiro governo Lula, em 2005, ao terceiro ano do governo Dilma, 2013) houve uma assustadora ascensão das empresas X, seguida de violenta queda da fortuna virtual de Eike Batista. Inclusive, galgou o topo da relação nacional de ricos e a sétima na lista mundial. Não! Não, isso não é possível ser feito com trabalho honesto, nem com negócios lícitos. Seria a total desmoralização do princípio elementar do capitalismo: dinheiro gera dinheiro, com o trabalho alheio.

Do nada, o especulador mineral, usando da lei de acesso ao subsolo pátrio, livre ao primeiro requerente de uma área não onerada, ou por compra de direitos e de expectativa de direitos minerais, pode de fato fazer fortuna. Pura apropriação da acumulação primitiva do capital. Porém, a mineração, qualquer garimpeiro sabe, é uma atividade de risco, que aumenta na atividade empresarial, nas mãos de neófitos sem capacidade técnica. Por isso, além de um emaranhado de X, as empresas se tornaram as incógnitas desta equação em que a conta não fecha. Em 2010, cada ação da OGX valia R$ 23,00, agora, em 04 de março de 2013, entrou em liquidação nas lojas de R$ 1,99. O mercado cria e destrói os mitos!

O começo da malandragem

 O negócio de mineração de Eike Batista começou – conforme consta no livreco “O X da Questão”, que pagou para escreverem para ele – intermediando a venda de diamante em Antuérpia e atuando na compra de ouro azougado na Amazônia. Mercados exclusivos de contrabandista. Qualquer um pode desafiar Eike a mostrar notas fiscais compatíveis com o dinheiro que alega ter ganhado neste mercado negro. Inclusive, Eike Batista contou do roubo de 500 mil dólares, sem apontar o Boletim de Ocorrência – BO, e a contabilização do empréstimo, do novo empréstimo de igual valor e do pagamento do primeiro milhão de dólares. Tampouco há inquérito policial do tiro que levou nas costas por causa desse roubo, pois não justifica alegar que, neste caso, o outro tem cem anos de perdão.

Cortina de fumaça

Logo veio a praga de índio, com os primeiros seis milhões de dólares tirados no garimpo, com o suor do trabalho de famélicos, desclassificados do ouro. Eike Batista era o rei do garimpo, responsável pela compra de boa parcela do ouro do Rio Tapajós. É criminoso confesso da poluição pelo mercúrio usado na proporção de uma até quatro vezes em cada quilo de ouro recuperado no garimpo. A fumaça de mercúrio sublimado era tal que em plena floresta havia nevoeiro do tipo do fog londrino. O índio ficava assustado com o milagre, com medo de ver transformado – o silvícola, agora, já conhecia o poder do ouro – todo o metal amarelo em espírito maligno. Daí veio a maldição do Pajé, segundo o folclore nas rodas de garimpo, que tudo que Eikeguera usa nome indígena dá azar. Podem verificar: Biguaçu, Peruíbe, Itaguaí, Itatiaiuçu, Açu, Waimea e vai por aí.

Testa-de-ferro e o primeiro bilhão 

A fortuna fácil, depois do primeiro milhão, veio com a parceria com as multinacionais, Anglo American e a Rio Tinto, nas minas que a “Constituição Cidadã” (1988) vedou ao capital estrangeiro exclusivo. A antiga prática de usar testa-de-ferro na mineração ficou provada quando Eike Batista açambarcou áreas marginais do metal, na região da Reserva Ecológica da Serra do Cipó – MG, incorporadas na MMX. Vendeu na planta as futuras jazidas para a Anglo American, por 5,5 bilhões de dólares, conforme o balanço de 2007. Porém, no caixa da empresa entrou só U$ 704 milhões, parte do sinal de U$ 1.15 bi e o restante, caso fosse mantido o interesse, deveriam ter sido pagos em 2009. No balanço deste ano, não aparece a entrada do dinheiro, mas, conforme havia sido previsto em 2007, seria constituída a empresa Newco, com troca de ações. Entretanto, surgem outras empresas, a  IronX, Centennial Asset Minning Fund  LLC e “Anglo American plc”, com sede num notório paraíso fiscal, o estado norte-americano de Delaware. Neste estado, o segundo menor dos Estados Unidos, com apenas 850.000 habitantes, contadores alugam escritórios para sede de empresas que, quando não produzem no país, não precisam pagar imposto, nem apresentar balanço. Portanto, é estranho, uma empresa nacional, com sócio controlador brasileiro, precisar receber o pagamento das concessões minerais brasileiras por parte de empresa inglesa constituída aqui, com outra filial na África do Sul, com nova filial nos EUA, sem vínculo com os interesses da venda.

A Receita Federal, em janeiro de 2013, numa campanha contra grandes sonegadores, autuou a MMX, por irregularidades contábeis cometidas em 2007, na astronômica cifra de R$ 3,78 bilhões. Não pode ser pela sonegação de imposto sobre a venda de minério, pois este tributo é estadual e diferido no produto exportado. Ademais, a empresa não era e não é grande produtora de minério e tem dado prejuízos crescentes (R$ 792,4 milhões em 2012). O lucro da MMX ocorreu apenas em 2007 (R$ 400 milhões), quando contabilizou a entrada da venda para os ingleses.

Então, uma vez que nos balanços posteriores não aparece a complementação do pagamento feito pela Anglo American, a multa, tudo indica, foi atribuída por constatar a sonegação da maior parte dos 5,5 bilhões de dólares da transação, mais ou menos 11 bilhões de reais, sobre os quais incide o imposto da ordem de 34%, mais multa e correção. Não pagar tributos pode não ser crime, mas sonegar, após ter sido declarado no balanço e na mídia, é complicado.

Negócio para inglês ver

Para piorar a situação, há denúncias, bem fundamentadas, de que a venda, em vez de ter sido uma esperteza, como “um negócio da China”, na verdade foi “negócio para inglês ver”. Não há concretude na operação. A Anglo American argumenta que precisava, urgente, de uma grande mina de ferro – as ocorrências compradas não são magníficas e vai demorar para produzir –, que surge do nada. Lembra um conto de fada, semelhante à lavagem e expatriação de dinheiro gerado nas minas da África do Sul. Faz sentido. Acabado o apartheid, com o presidente Nelson Mandela as empresas colonialistas temiam pelo óbvio, o verdadeiro black-power, a nacionalização das minas da África do Sul. O perigo continuou com Jacob Zuma. O trabalho desumano nas minas precisava cessar. 

A Anglo American é o melhor exemplo da usurpação da acumulação primitiva do capital.  Desde 1917, apropriou-se do ouro, diamante, platina, cromo, cobre e do ferro. Por isso, temia a expropriação de suas minas e a nacionalização parcial ou total das empresas. Todas as empresas nesta situação procuraram formas de expatriar dinheiro. Logo, não é impossível que tal tenha ocorrido com o auxílio do Midas brasileiro.

A Anglo American neste caso, em vez de ter sido enganada, por ter pagado mais do que valia a futura mina, conforme voz corrente no mercado, teria usado o parceiro como “laranja” para expatriar a mais-valia. Então, Eike Batista, teria recebido, pelo serviço prestado, o seu primeiro bilhão de reais. 

Com parte do dinheiro arrecadado na operação “Serra do Sapo” – a principal ocorrência da negociação, com pouco minério de alto teor de ferro (65%), razoável quantidade de minério friável de ferro de baixo teor (itabirito mole) e grande quantidade de itabirito duro, que ainda não é considerado minério – Eike Batista comprou pela MMX, na Serra do Itatiaiuçu - MG, várias concessões minerais.

No balanço de 2007, estão indicadas as aquisições das Empresas AGV e Minerminas (U$ 224 milhões), e da Usiminas (U$ 115,6 milhões) no total de U$ 339,6 milhões. Tais valores são elevados para minas cujo minério rico já foi extraído, com pátios e barragens com material ferrífero de granulação fina descartado na época. Agora, Eike Batista, está relavrando despojos e divulga que possui: “as maiores, as melhores e as mais bem localizadas jazidas do Quadrilátero Ferrífero”. Únicas, inclusive com logística, com contrato com ferrovia e porto próprio em Itaguaí, na Baía de Sepetiba - Guanabara.

Portanto, se Eike Batista com menos de 10% da operação, comprou “minas melhores” a venda é outro X da questão. Também não são maravilhas, pois estavam abandonadas, mas, com os rejeitos, já está produzindo 4 milhões de toneladas/ano e planeja chegar a 40 milhões. Projeto maior que o da Anglo American, que pretende exportar 26 Mta.,  com investimentos de mais U$ 8 bilhões, para preparar as minas, o mineroduto de 525 km e ver se consegue terminar o Terminal S-1 no Porto Açu. Há um impasse no porto, previsto para entrar em operação em 2010, mas as suas obras precisam de mais  dois anos para concluir o quebra-mar (calado de 18 metros), com necessidade de dragar um longo canal (com 26 m de profundidade) continuamente, se quiser operar com navios chinamax (300 mil toneladas ou maiores).

Para confirmar o preço inflacionado da venda das concessões minerais, na mesma região, no Morro do Pilar, com semelhante potencial de ocorrências de ferro , em março de 2013, foi divulgado o projeto de mesma dimensão, com menor custo, da Mineradora Manabi, que adquiriu por R$ 546 milhões ativos minerais da empresa Morro do Pilar Mineração.

Quanto ao Porto Sudeste, neste local havia uma pedreira abandonada. Eike precisava de mais de 2 milhões m³ de rocha para o quebra-mar do Porto Açu, onde, por ser praia grande, não possui material adequado, nas proximidades. Tentou extrair a pedra em Itaguaí, mas depois foi buscar ao norte, a 60 kms de distância, que devido a tanto caminhão na estrada teve de fazer um viaduto e os veículos pesados têm de passar por dentro da cidade. Com isso os preços foram lá para o céu.

Foi deste modo, com o TS-1 no Porto Açu indefinido, que Eike resolveu fazer o TS-2. Junto à praia, com necessidade de dragagem de um longo canal, com uso de caixões de areia, em parte das laterais, que também servem de quebra-mar, para este puxadinho.

A pedreira de Itaguaí, uma ideia luminosa de Eike, num passe de mágica, por um túnel para facilitar o acesso ferroviário, virou Porto Sudeste. Porém, nossas ferroviais estão sucateadas e não há como assegurar que não vai ter vagão de minério descarrilhado no caminho. A estrada de ferro de Minas para Rio ou São Paulo, vagão carregado usa o ramal da mal lembrada Ferrovia do Aço e no retorno o leito da velha ferroviária Central do Brasil. Há mais ferrovia: a antiga Estrada de Ferro Leopoldina (arrematada por Eike Batista), não é nem lembrada.

O gargalho de logística não está nos portos e, sim nas ferrovias. Em Porto Açu, não foi construído nada de concreto para ligar com a Ferrovia Vitória Minas ou ao Sul com a Rio-Minas. E, quanto tempo vai precisar para fazer 40 km de ferrovia e alargar a bitola da Ferrovia Centro-Atlântica – FCA?

E o petróleo e gás? É uma brincadeira de menino rico. Pode alguém que nunca viu petróleo entrar no mercado desafiando a Petrobras e os mesmos trustes que acabaram com o nosso Monteiro Lobato e fazem as guerras no mundo? Não foi preciso nem boicotar a OGX, pois a inexperiência é total e o peixe morre pela boca.

Do quadrilátero ao octógono e as barras de ferro

Meus compatriotas e senhoras idosas dos Fundos de Pensão estrangeiros que acreditaram na lábia de Eike Batista: eu fico indignado, com o engodo e o prejuízo do Erário e de investidores. Pois, de graça, sem ter nada contra o Eike Batista, como profissional da Geologia e cidadão tenho mostrado a fragilidade dos projetos das empresas do Grupo X. O prejuízo nos balanços de 2012 é preocupante e pode abalar o capitalismo: OGX – R$ 1.138,7 milhões (petróleo e gás); MMX – R$ 792,4 milhões (mineração); MPX – R$ 434,2 milhões (energia); OSX – R$ 26,3 milhões (construção naval).

É triste constatar que o porto de Santana no Amapá, que Eike, com sua mineradora MMX, “modernizou” e vendeu para a Anglo American, literalmente desabou, em 28 de março de 2013, provocando pelo menos seis mortes e enormes prejuízos financeiros. Improviso que os ingleses vão “pagar o pato”. A Anglo American, de fato, nos últimos anos, vinha – com elevados custos – diminuindo o índice de acidentes em suas minas no mundo, cujo programa acaba de sofrer um duro golpe.

Este porto operava, desde 1953, nas barrancas do Rio Amazonas, para navios de 40.000 t de minério de manganês, da exaurida mina da Serra do Navio. Eike Batista havia conseguido os direitos minerais de pequenas ocorrências de ferro, assim como a Estrada de Ferro da ICOMI, que foi leiloada e o Porto de Santana. Este projeto da MMX foi alvo da “Operação Midas”, da Polícia Federal que quase levou Eike Batista à prisão. A Anglo American recebeu este projeto no pacote das minas de ferro e estava tentando sair fora, mas o acidente complicou a situação. É o exemplo de atuação profissional de Eike Batista, pois o porto foi ampliado, sem estrutura, passando para escala de minério de ferro, que implica volume maior de estocagem e carga no pátio. O peso das pilhas de minério fez deslizar o porto e ajuda a colocar no mercado o Eike Batista na corda bamba como os pilares da ponte do Porto Açu. 

Entretanto, os analistas não viram nada de irregular nos projetos do Grupo X, mesmo os especialistas de bancos particulares, de corretoras, da CVM e particularmente, da CEF, do BNDES e dos Fundos de Pensão. Incrível! Projetos vendidos como sólidos e bons exemplos de administração e arrojo empresarial, de repente desmancham no ar. Alguns projetos poderiam dar certo, mas no estilo do Senhor X, tudo pode entrar em falência. O Brasil não merece, nem suporta golpe de tamanha grandeza, tampouco o mercado.

Agora, bateu o desespero, o conselheiro da roda da fortuna fácil, empresário com visão de 360°, o brasileiro mais rico do pobre País, com promessa de chegar ao topo mundial, está na lona do octógono, que patrocina as lutas de UFC, sangrando a ponto de mostrar as vísceras e perder a peruca. O mercado acordou tarde e o “Governo do Trabalhador”, não pode usar o dinheiro do trabalhador, mal guardado no FGTS e no FAT, para tentar salvar o inimigo número um de quem trabalha. Exige-se uma manifestação da CVM, dos Bancos Oficiais, da ANP, da ANTAQ, do DNPM, dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do Ministério Público. Volta à luta, Luísa!

*Jornalista e geólogo; ex-professor da USP e da UFMG; ex-presidente da Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL.

Comentários

25 comentários em "Eike, do começo ao fim!"

Leandro 9.04.2013 às 13:23
Se o Funpresp já tivesse sido aprovado há uns 2 anos atrás, era só aplicar o dinheiro dos futuros velhinhos nas empresas XXX. Assim como fez a Previ comprando um terreno inútil da Odebrecht, na época da construção de Sauípe, que até agora está tentando sacar algum caldo.

Everaldo Gonçalves 9.04.2013 às 00:22
Meu caro, João Pedro Magalhães, fico muito grato com sua mensagem, pois de fato, apenas este crítico professor tem sido, há mais de dois anos, publicamente, aqui neste espaço do Brasil 247, um persistente lutador para mostrar que o rei está nu, por seus projetos mirabolantes em todos os ramos que possam dar destaque. Na área de geologia e mineração, petróleo, gás e energia, minha especialidade posso falar de cadeira que, muito embora alguns projetos pudessem dar certo, da maneira que são operados, aliados aos riscos próprios da atividade mineral, não podem dar certo. Portanto não sou adivinho, mas um crítico crítico. Muitos são críticos favoráveis de projetos problemáticos. O BNDES e a Caixa e os Bancos que analisaram e aprovaram os projetos que estão gorando não devem ter nos seus quadros, técnicos com boa formação em geologia e mineração, ou não puderam fazer uso pleno da ciência. Portanto temos de exigir dos órgãos oficiais que os irresponsáveis sejam punidos e que nãos se repitam tais fatos. Quanto aos meus alunos e colegas se manifestarem a motivos diversos. O trivial é que perdemos a tradição de combate, ninguém mais vai à luta e abre o peito e mostra o que está errado. É a alienação, o comodismo e o servilismo, quando não a espera de um melhor emprego que falam mais alto que o sentimento e o pleno exercício da profissão. O que pode fazer um profissional numa empresa com tais práticas? Alguns podem ser por desconhecimento, inclusive por atuar em outra área do conhecimento da geologia. Quanto aos meus alunos, hoje são meus colegas e muitos tenho certeza concordam e estão vibrando com meus artigos. Os alunos, que não tenho mais, eu modestamente, também, escrevo para eles, pois na leitura de meus textos, certamente vão aprender mais que em muitos livros, apenas técnicos. Em outras épocas, meus textos serviriam para saíram as ruas e tomarem a bandeira da defesa do subsolo pátrio como fizemos no passado. Mas, a UNE, de hoje, parece estar preocupada com outros movimentos e perdeu aquela força aguerrida da juventude. O povo perdeu a análise crítica e o sentimento de indignação. Poucos leem e menos entendem e a televisão embota a mente, a música enlouquece pelo som e qualidade. Por isso, meus artigos, espero que sejam uma chamada a razão e a realidade, da mineração e do bom aproveitamento dos recursos minerais. Temos de procurar mudar o mundo e garantir que a natureza possa continuar sendo usufruída pela sociedade. Há minérios que já estão faltando, inclusive a água, outros poluindo a terra o ar e o mar. A tecnologia ajuda, mas está ficando complicado manter o crescimento global. Por isso, conclamo os geólogos para que não se esmoreçam e coloquem seu martelo a favor da natureza. Quanto ao Eike Batista e outros, reafirmo que discuto ideias e pessoas jurídicas, não pessoas. Um abraço Everaldo Gonçalves.

Everaldo Gonçalves 8.04.2013 às 23:40
Prezado Fernando Freitas, grato por suas palavras que reforçam minhas críticas e a necessidade de, ainda que sozinho, quando estamos com razão de mostrar ao poder e aos que se dizem muito ricos que dinheiro não é tudo e não resolve. Você acompanha minha luta gratuita para mostrar que dinheiro não cai do céu, mas deveria ser do trabalho, para benefício de todos. O rico pegar dinheiro público é um absurdo. Pior, quando aplica mal e ninguém fiscaliza. Um abraço, Everaldo Gonçalves.

Everaldo Gonçalves 8.04.2013 às 23:32
Prezada Janete Campos, grato pelas suas palavras amigas que reforçam a necessidade de criticar situações dessa natureza. Uma andorinha não faz verão, mas se nos unirmos eles, todos os administradores verão. Mandei carta, com este artigo anexo, ao BNDES, ao Ministro da Indústria e Comércio e à Presidente Dilma, em 15 de março, que não sei se por mim ou não, parece que, a Presidente, mudou de posição, antes favorável aos projetos do Grupo X e agora não iria mais facilitar para que seja colocado mais recursos públicos pelos Bancos e agentes governamentais, A solução deve ser de mercado. Um abraço Everaldo Gonçalves.

João Pedro Magalhães 8.04.2013 às 19:23
Professor Everaldo, parabéns, o senhor desvendou o faso milagre da multiplicação do dinheiro de Eike Batista, com dureza, sarcasmo e muita elegância, sem falar do pai, nem do filho, nem da mulher, apenas das empresas em falência. Se a mídia, a bolsa e governo tivessem escutado o professor, talvez não tivesse chegado a tanto prejuízo. Será que só o professor viu isso? Seus alunos e colegas não sabem ou não querem falar a verdade? Agora que o sr. colocou o ovo em pé todo mundo vai falar que sabiam das falhas das empresas. Absurdo o BNDES não ter analisado as operações. Atenciosamente João Pedro Magalhães.

Fernando Freitas 8.04.2013 às 19:07
Caro Professor, "quando a esmola é de mais o Santo desconfia". Eu não consigo aceitar a morosidade do nosso Judiciário, o Senhor cantou a bola a dois anos atrás e o nosso Midas continuou a sacar dinheiro e jogando em Projetos faraônicos e sem analise . Qualquer empresário que precisa ampliar a sua industria, passa por uma analise rigorosa. No entanto, o que se vê é o prejuízo por trabalhador brasileiro pagar. Quando o Sr. alega "volta a luta Luisa" o Sr. esta se referindo a nossa Presidente. Parabéns e continua na luta.

janete Campos 8.04.2013 às 16:00
Finalmente alguem com competencia tecnica e conhecedor do mundo da mineração, desmascara a farsa do Milagreiro que tudo que toca vira ouro...Isto merece uma açao do MPU,CMPI,ja ja....antes que a Piramide desabe.....

Everaldo Gonçalves 8.04.2013 às 12:20
Prezado colega João Moller grato pela sua intervenção e as partes explicativas pertinentes incorporo ao meu texto. Fico feliz por não ser a vais rara no meio geológico que faz a crítica crítica dos projetos de mineração em curso no Brasil, não apenas das empresas do Grupo X. Uma pena que o Crea, as entidades de classe a associações cientificas tenham ficado caladas, igual o porto Açu, sem calado. Nos meu tempo de professor, que ainda me sinto como tal, na USP e na UFMG, não ensinei o mau uso dos nos recursos minerais, Agora parece que muitos colegas esperam um emprego ou poder dar um parecer para as empresas do Grupo X. Meus textos de dois anos não foram reproduzidos nos sites de geologia, talvez com o pretexto de serem opiniões críticas, com conotação política que não tenho, pois nossos atos podem, ou melhor devem ser políticos, mas a ciência não. Nosso martelo devemos usar nas rochas e na tentativa de desembotar a mente das pessoas que não possuem informação além da mídia venal. Mandei meus textos, mais resumidos, para diversos jornais de grande circulação, mas não havia interesse ou espaço. Estes dois últimos artigos tiveram repercussão, tanta que neste momento 450 internautas curtiram e colocaram no facebook. O número de acesso, na simples leitura do texto, sei que está elevado, assim como leitores colocando no twitter também, mas não tenho a informação exata. Isto em dois dias, sábado e domingo na rede. Tenho, como de costume, procurado responder aos internautas e quase todos são concordes com minhas críticas. Quanto sua avaliação de governos, sem partidarizar, é sabido que as empresas, inclusive as grupo X, ajudam todos os partidos. Uns mais outros menos. A MMX foi constituída em 2005 e a venda para a Anglo em 2007. As áreas de petróleo é um assunto mais amplo, que mercê ser mais bem avaliado. Porém a OGX no ramo de petróleo é uma aventura que parece que não deu certo. Imagine se acha petróleo e ocorre um acidente? Como iriam resolver. Petróleo é uma luta de gigantes, que não deram nenhuma importância ao Grupo X, pois sabiam que não teria sucesso e caso tivesse tido, ora, venderia ou seria massacrado. Os trustes sempre agem assim. É a indústria de petróleo, de cerveja, até o mercadinho da nossa rua, quando cresce vem um gigante e mata ou engole. Quanto à negociação com a Anglo American, que possui experiência na mineração, de fato há dúvidas se foi por engano e superavaliação dos depósitos minerais ou alguma operação comercial, como se diz: para inglês ver. Um abraço, Everaldo Gonçalves.

joão.moller 8.04.2013 às 10:53
Professor Tambem sou geólogo, da área de ferro e ouro, e tambem sei que ninguem fica rico do dia para a noite. Eike fugiu a regra por ser muito esperto e contar com brechas da lei e brechas provocadas pelo mau uso dos termos 'recursos e reservas minerais' (permitido pelo nosso antiquissimo Codigo de Mineracao). Fosse em outros paises (Australia, Canada) Eike nao teria ido tao longe. Concordo com tudo o que o Sr. disse, mas absolutamente nao concordo em tentar jogar a culpa no governo Lula sobre o crescimento deste cara. Alias foi graça a Lula que cancelou o primeiro leilao onde forçosamente estariam areas do pre-sal que Eike foi jogado fora (e ele reclamou muito na epoca, pois estava calcado em 5 bilhoes de dolares para participar do leilao que nao houve. As demais empresas que participariam nao reclamaram pois aceitavam o fato da Petrobras ter descoberto o pre-sal). Posteriormente ele pegou blocos marginais. A imprensa comprada por Eike alardeou que em seus blocos tinha mais oleo que nas áreas da Petrobras e as acoes do rapaz subiram as nuvens (como ele queria - e isto nao seria permitido em Canada, Australia, etc). Quando ele começou a fazer os furos obrigatórios de acordo com as regras da ANP viu-se que todos os blocos eram secos, e a noticia vazou, mas vazou muito depois do fato consumado (eu sei disto atraves de colegas da Petrobras). Eike foi endeusado pela imprensa e nao pelo governo. A MMX, primeira aventura solo de Eike, foi criada nos tempos de FHC e nao de Lula. Enfim, finalmente estao mostrando quem é o cara. Estranha a imprensa deste país. Será que deixaram de ser pagos para publicar noticias favoráveis? Gostei da sua interpretacao para o negocio com a Anglo, mas nao acredito. A Anglo foi ingenua mesmo, caiu como um patinho. O recurso e muito menor do que imaginavam.

Roberto 8.04.2013 às 04:17
Prezado professor, muito bem fundamentada e escrita a sua análise. Espero realmente que isso seja apurado e que sejam tomadas as devidas providencias. O que não acedito muito... Mais um esquema de golpe. Esta me cheirando a mais uma articulação dos mesmos autores do mensalão. Arrumaram alguem que pudesse parecer de credibilidade (Sempr achei estranho, alguem que nunca fez nada, não era conhecido como empresario, atuando e comprando tudo: portos, petroleo, área medica, hotel, marina, etc.. E ainda quer o Maracanã). Bem, vão tirar da empresa do carlinho cachoeira e entregar para outro... Parabens! E toma Claudia!

07/04/2013 14:19
Eike Batista: O apogeu e declínio do Império XReprodução do site Brasil 247
Nos últimos dias todos os veículos de comunicação deram destaque às perdas milionárias de Eike Batista. A sucessão de notícias negativas com certeza contribuiu para aumentar o prejuízo e a desconfiança dos investidores, uma combinação mortal para quem tenta arrumar sócios e capital para tocar os seus empreendimentos, muitos praticamente parados. O site Brasil 247 faz uma análise sobre o papel da mídia na escalada bilionária e meteórica de Eike Batista até chegar ao Olimpo dos homens mais ricos do planeta(chegou a ser o 8º).

Eike conhece o mundo financeiro, dos negócios, mas não entende de mídia e caiu numa armadilha. É igual a quando um artista está no topo e faz questão de aparecer em todos os espaços da mídia, abre sua casa para a revista Caras, se expõe ao máximo para faturar em cima da sua imagem. Quando porventura cai no ostracismo ou se envolve em algum episódio negativo passa a querer distância de jornalistas e fotógrafos, mas aí já é tarde. Criou um mito e tudo o que o envolve, para o bem ou para o mal, passa a ser notícia. Um empresário de grandes negócios investir em se transformar num personagem mais importante que os seus empreendimentos é uma aposta de alto risco. É bom quando os negócios vão bem, mas se transforma numa tragédia quando atravessam período de turbulência. É mais ou menos o que está acontecendo com Eike Batista.

Tenebrosas transacoes surripiando a patria de informacoes: Angola e Cuba

Autoridades públicas devem sempre informações públicas, o que não é respeitado em inúmeros casos. Este é um exemplo, certamente infeliz, de como autoridades tentam escapar ao escrutínio da cidadania invocando não se sabe quais segredos e princípios estrategicos.

09/04/2013 - 03h45
Brasil coloca sob sigilo apoio financeiro a Cuba e a Angola

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RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola. Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027.

Empresa negociou contrato durante ida de Lula da Cuba
Lula diz que viagens pagas por empresas servem para 'vender' país
Empreiteiras pagaram quase metade das viagens de Lula ao exterior
Lula levou diretor da Odebrecht em viagem oficial à África
Governo teve gastos com viagens privadas de Lula
Marcelo Odebrecht: Viaje mais, presidente

O BNDES desembolsou, somente no ano passado, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. O país africano desbancou a Argentina e passou a ser o maior destino de recursos do gênero.

Indagado pela Folha, o ministério disse ter baixado o sigilo sobre os papéis porque eles envolvem informações "estratégicas", documentos "apenas custodiados pelo ministério" e dados "cobertos por sigilo comercial".

Editoria de Arte/Folhapress

Os atos foram assinados por Pimentel em junho de 2012, um mês após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação. É o que revelam os termos obtidos pela Folha por meio dessa lei.

Só no ano passado, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de "secreto" no ministério.

Segundo o órgão, isso ocorreu por que havia "memorandos de entendimento" entre Brasil, Cuba e Angola que não existiam nas outras operações do gênero.

O ministério disse que o acesso a esses outros casos também é vetado, pois conteriam dados bancários e comerciais já considerados sigilosos sem a necessidade dos carimbos de secreto.

INEDITISMO

Antes da nova Lei de Acesso já existia legislação que previa a classificação em diversos graus de sigilo, mas é a primeira vez que se aplica o carimbo de "secreto" em casos semelhantes, segundo reconheceu o ministério. O órgão disse que tomou a decisão para se adaptar à nova lei.

O carimbo abrange praticamente tudo o que cercou as negociações entre Brasil, Cuba e Angola, como memorandos, pareceres, correspondências e notas técnicas.

As pistas sobre o destino do dinheiro, contudo, estão em informações públicas e em falas da presidente Dilma.

Em Havana, onde esteve em janeiro para encontro com o ditador Raúl Castro, ela afirmou que o Brasil bancava boa parte da construção do Porto de Mariel, a 40 km da capital, obra executada pela empreiteira Odebrecht.

Ela contou ainda que o Brasil trabalhava para amenizar os efeitos do embargo econômico a Cuba. "Impossível se considerar que é correto o bloqueio de alimentos para um povo. Então, nós participamos aqui, financiando, através de um crédito rotativo, US$ 400 milhões de compra de alimentos no Brasil."

Na visita a Luanda, em Angola, Dilma falou em 2011 que "os mais de US$ 3 bilhões disponibilizados pelo Brasil fazem de Angola o maior beneficiário de créditos no âmbito do Fundo de Garantias de Exportações" do BNDES.

A Folha revelou que o ex-presidente Lula esteve em Angola, em 2011, onde participou de um evento patrocinado pela Odebrecht.

O Desenvolvimento diz que os financiamentos têm o objetivo de dar competitividade às empresas brasileiras nas vendas ao exterior. A Folha não conseguiu falar com as assessorias das embaixadas de Cuba e de Angola.