segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Textos de Relacoes Internacionais, Poltica Externa do Brasil e Politica Internacional - Cedep-UFRGS

O Centro de Documentação Política - Cedep - do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS publicou, entre 2001 e 2011, uma importante coleção de artigos de acadêmicos brasileiros e dos países vizinhos, sobre os temas amplos das relações internacionais do Brasil e regionais.
Não sei porque, o exercício encontra-se interrompido desde aquele último ano, mas reproduzo aqui os títulos dos trabalhos inseridos nessa base de dados.
O link para acessar é este aqui:
http://www.cedep.ifch.ufrgs.br/bibliotecatextoeletronico.htm
Paulo Roberto de Almeida


Artigo
Autor
Ano
Israel, Palestina e a Língua do P:
(Paz), Paus e Pedras - No Meio do Caminho
Flávio Limoncic2011
Sionismo em Doses ControladasFlávio Limoncic2011
O ano da França no Brasil
A Importância da Diplomacia Cultural
Maria Susana A. Soares2011
La cooperación de Brasil: un modelo
en construcción para una potencia emergente
Bruno Ayllón Pino2010
A Intervenção militar da OTAN na Iuguslávia como um ponto de inflexão no quadro das Relações Internacionais Pós-Gerra Fria – dois coelhos numa cajadada só: O desrrespeito ao Direito Internacional e o soterramento de uma segurança européia independente.Carlos Enrique Ruiz Ferreira2009
Las relaciones Unión Europea – MERCOSUR:
Por qué debería cambiarse el formato de negociaciones para concertar un Acuerdo de Cooperación Estratégico?
 
Lincoln Bizzozero Revelez2010
China -Latin America Relations in the XXI Century: Partners or Rivals?Uziel Nogueira2010
Americanidade, Puritanismo e Política Externa: a (re)produção da ideologia puritana e a construção da identidade nacional nas práticas de política externa norte-americanaErica Simone Almeida Rsende2009
O Itamaraty e a Diplomacia Presidencial nos governos FHC e LulaIsrael Roberto Barnabé2009
Identidade, discurso e política externa:
a inscrição discursiva de uma identidade nacional puritana na “Guerra ao Terror”
Erica Simone Almeida Resende2009
El Uruguay ante la crisis mundialJacques Ginesta2009
La actual crisis económica mundial y algunas de sus consecuencias políticasJacques Ginesta2008
Diez tesis equivocadas sobre la integración regional en América Latina. Elementos desde las Ciencias Sociales para una perspectiva alternativaAlfredo Falero2008
Uma Análise Crítica do Acordo de Associação entre a União Européia e a América Latina e o CaribeFlávia Guerra Cavalcanti
Franklin Trein
2008
A Presidência Eslovena da União Européia e a Cúpula de LimaFranklin Trein2008
Pelo Exemplo e pela Germinação: a Atualidade do Pensamento de San Tiago DantasAdemar Seabra da Cruz Jr.2007
O Grande DebateWilliams Gonçalves2007
La contribución de los intelectules en la construcción de una identidad sudamericana (Cercal - Belgica)Lincoln Bizzozero2006
Relaciones de conocimiento centro-periferia: hegemonía, contribuciones
locales e hibridización
Arlene B. Tickner2005
Redes transnacionales de ideas y políticas (neo) liberales: Estudios de caso y apuntes para una sociología de los procesos de globalizaciónDaniel Mato2005
As Relações Internacionais, a Sociologia e os Debates Correntes sobre
Conflito, Cooperação e Mudanças na Ordem Internacional
Eiiti Sato2005
Los Cambios de Gobierno en los Países del MERCOSUR y la Nueva
Agenda Regional. La articulación de Temas en las Negociaciones del ALCA
Lincoln Bizzozero2005
Autonomia e Interdependência nas Relações Internacionais
na América Latina
Maria Susana Arrosa Soares2005
La Jurisdiccionalización de Demandas InternacionalesRaúl Enrique Rojo2005
O Brasil, a América Latina e a Segurança Regional  Shiguenoli Miyamoto2005
La Regionalización en la Unión Europea y en el Mercosur: El caso Uruguayo
Jacques Ginesta
2005
Eiiti Sato
2005
Monica Salomón
2005
Edmundo A. Heredia
2004 
Raúl Enrique Rojo
2004
Eiiti Sato
2003
Los Sistemas de Integración a Comienzos Del Siglo XXI
Jacques Ginesta
2003
Williams Gonçalves
2003
Enrique Mazzei
2002
Jacques Ginesta  
2002
Alberto Rocha Valencia
2002
Augusto Longhi
2002
Alberto Riella
2002
Alfredo Falero
2002
Isaac
 Maidana
2002
Marcelo de A. Medeiros
2002
Alberto Methol Ferré et al.
2002
Daniel Rótulo
2002
Variables internas y externas en los análisis “costo-beneficio” de inserción al Mercosur
Gerónimo de Sierra
2002
Eiiti Sato
2001
Gerónimo de Sierra
2001
Mudanças Estruturais no Sistema Internacional: a evolução do regime de comércio do fracasso da OIC à OMCEiiti Sato2001

Um Brasil bolivariano? - Armando Castelar Pinheiro

Muitos se perguntam se o Brasil pode virar bolivariano.
Certamente não como os hermanos que exageraram na dose, mas já somos bolivarianos, no que depende do partido totalitário que ocupa o poder. Eles só não fazem como os hermanos porque não podem, não porque não querem...
Paulo Roberto de Almeida

Um Brasil bolivariano?

ARMANDO CASTELAR PINHEIRO

CORREIO BRAZILIENSE - 28/12/2013

Ao longo deste ano, diversas vezes me perguntaram se via alguma chance de o Brasil seguir por um caminho bolivariano, como o da Argentina e o da Venezuela. A pergunta em geral traduz certa ansiedade com a economia do país, por conta de indicadores ruins de crescimento e inflação.
Parte da dificuldade em lidar com essa questão é que nem todos têm a mesma visão do que é o modelo bolivariano. Muitos parecem preocupados com o risco de uma alta da inflação, com a concomitante intervenção nos institutos de pesquisa de preços, como ocorreu na Argentina com o Indec, o IBGE de lá.

Como se sabe, a inflação oficial na Argentina é de 10%, enquanto a inflação real supera os 25%. Isso não ocorre no Brasil, mas por aqui também há uma distância entre a inflação dos preços livres (7,3% nos últimos meses) e a dos preços controlados pelo governo (1%), o que mascara a inflação real. Isso vai continuar em 2014, com a decisão de adiar o aumento da energia elétrica para depois das eleições.
Nas contas públicas há o número oficial e aquele que o mercado utiliza. Até nas contas externas há dificuldade de conhecer o número real, devido a só em 2013 se registrarem importações ocorridas em 2012.

Também há gente preocupada com a crescente divisão entre uma América Latina do Pacífico e outra do Atlântico e a percepção de que estamos cada vez mais nos alinhando com esta última. A Aliança do Pacífico, um acordo comercial do qual participam Chile, Colômbia, México e Peru, e ao qual devem se associar Costa Rica e Panamá, compreende o primeiro grupo. Esses países têm economias abertas, inflação baixa, bom ambiente de negócios, atitude amigável em relação ao capital estrangeiro e crescimento do PIB que é o dobro do nosso.

A parte "atlântica" da América Latina congrega os países do Mercosul, que inclui a Venezuela e no qual pode entrar a Bolívia, além de Equador e Nicarágua. São países com políticas econômicas de má qualidade, economias fechadas, inflação alta, elevado intervencionismo estatal e baixo crescimento econômico.
Muita gente associa o bolivarianismo a uma opção ideológica, calcada na intervenção estatal na economia. O bolivarianismo é, porém, acima de tudo, pragmático. A sua essência está na disposição do governo de sacrificar os fundamentos econômicos e institucionais do país para se preservar no poder. Nesse sentido, o bolivarianismo é uma versão contemporânea do populismo latino-americano de meados do século passado.

O elemento central é gerar um aumento do consumo privado, via transferências, gasto público, preços subsidiados, aumentos reais de salários acima da produtividade etc. De um lado, isso é popular. De outro, pressiona a inflação, piora as contas públicas, aumenta o deficit externo, compromete a situação patrimonial do setor público e piora o ambiente de negócios.
Não creio que haja ilusões com relação a essas políticas levarem a uma deterioração da economia do país. Elas não são escolhidas por serem boas, mas porque geram votos no curto prazo. E, com os votos e a falta de alternância no poder, o governo domina as instituições e ganha controle sobre a narrativa do que acontece com o país. Não por outra razão, o controle da mídia é elemento tão central do bolivarianismo.

Esse controle é indispensável para a manutenção do modelo quando o bem-estar começa a cair, como resultado das más políticas. Exemplo é a narrativa do governo venezuelano de que a alta inflação no país é culpa da oposição e dos especuladores, a quem ameaça com a cadeia se subirem os preços. Há outros exemplos na Argentina, na Bolívia e no Equador.
Muita gente não acredita que o Brasil siga por esse caminho, por ter instituições mais fortes e imprensa mais livre e atuante. É um bom argumento. Mas ignora que, quando o bolivarianismo começou, a imprensa desses países também era mais livre e atuante, e as instituições, a começar pelo Judiciário, mais fortes do que são atualmente. Foi o bolivarianismo que as enfraqueceu, não a sua fraqueza que trouxe o bolivarianismo.
Se o Brasil algum dia seguir por um caminho bolivariano, o primeiro sinal disso não virá da economia. O alerta de que isso está acontecendo virá do esforço de controlar a narrativa sobre as causas de um mau desempenho econômico do país, de forma a evitar que esse leve a uma natural alternância política.

Deu no New York Times: programa Mais Medicos e a alianca Brasil-Cuba

Brazil Forging Economic Ties With Cuba, While Hiring Its Doctors

Mauricio Lima for The New York Times
Idarmis González, seated, a Cuban doctor, spoke with the mother of an infant suffering from dehydration and diarrhea last month in the slum of Jacarezinho in Rio de Janeiro.
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RIO DE JANEIRO — The conditions around the public health clinic in the vast slum of Jacarezinho are precisely what most Brazilian doctors prefer to avoid: dealers of crack cocaine ply their trade along dilapidated train tracks, and the odor from a crematory for stray dogs overwhelms patients and medical workers.
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“Of course I knew this mission wouldn’t be easy,” said Idarmis González, 45, one of the more than 4,500 Cuban doctors the Brazilian government is hiring to work in far-flung villages in the Amazon and slums in major cities. “We go where other doctors do not,” said Ms. González as she examined an infant suffering from dehydration and diarrhea.
Faced with a wave of street protests in 2013 over deplorable public services, President Dilma Rousseff has made the hiring of Cuban doctors a cornerstone of her response to the turmoil, overriding the resistance of doctors’ unions to sending the Cubans, trained in a Communist country that says it has a surplus of doctors, into neglected parts of Brazil’s public health system.
But the project also points to a broader ambition of Brazil’s government, which is vying to exert influence in Cuba as the authorities in Havana slowlyexpose the island nation’s economy to market forces.
Brazilian exports to Cuba are surging, quadrupling over the past decade to more than $450 million a year. The inroads made by Brazilian companies in Cuba, relying on loans from Brazil’s national development bank and aid projects that share Brazil’s expertise in tropical agriculture, reflect a sophisticated projection of soft power in a country where Washington’s influence remains negligible.
“This is Brazil playing the long strategic game in the Caribbean,” said Julia E. Sweig, director for Latin American studies at the Council on Foreign Relations.
Cuba benefits, too. Its medical diplomacy, established decades ago with the export of doctors to developing countries, is reaping a major dividend with Brazil’s new project, worth as much as $270 million a year to Cuba’s government. The medical alliance bolsters ties between the countries, a prospect that Brazilian leaders have been vigorously cultivating since the 1990s.
For Brazil, the payoff is obvious: It now ranks among Cuba’s largest trading partners, behind Venezuela and China. For Venezuela, Cuba’s top ally and the supplier of about 100,000 barrels a day of subsidized oil, ideology forms the basis for stronger ties; for Brazil the relationship is more about finding opportunities for Brazilian companies.
For instance, a Brazilian soap opera produced by the Globo network, “Avenida Brasil,” now appears on Cuban state television, offering viewers a taste of life in Rio de Janeiro’s gritty suburbs.
Building on Brazilian assistance programs to lift Cuban farm yields, Brazilian soybean and rice farmers are also emerging as top suppliers of food to Cuba.
But Brazil’s top project in Cuba is the $900 million upgrade of the Port of Mariel by the construction giant Odebrecht, the same company that has carried out various infrastructure projects in South Florida.
While Washington’s prolonged economic sanctions prevent most American companies from doing business with Cuba, Brazil’s efforts to gain a foothold in Cuba come at a time when the island’s economic relations are in a state of flux.
Venezuela remains Cuba’s top benefactor, but it is unclear whether Venezuela can sustain such largess as it confronts economic troubles of its own. Venezuela and Cuba recently delayed a $700 million nickel venture, and talk of other cooperation projects has died down. At the same time, Chinese exports to Cuba have climbed sharply. Chinese tourist buses can be seen outside big hotels, Chinese-built Geely cars have become de rigueur for Cuban officials and thousands of students studying the Spanish language fill hostels and Havana’s tiny strip of Chinese-Cuban restaurants.
Brazil’s profile within Cuba remains far more subtle, but the arrival of thousands of Cuban doctors, many of whom are black, has made a big splash here, shaking Brazil’s medical establishment and revealing some painful tensions over race and privilege. “These doctors from Cuba are slave doctors,” said Wellington Galvão, director of the physicians union of Alagoas in northeast Brazil, repeating an assessment of the project by critics who contend that the conditions faced by the Cubans in Brazil are degrading.
Under terms of the program, which is managed in part by the Pan American Health Organization, the Cubans are not allowed to bring their families to Brazil and receive only a fraction of their monthly salary of about $4,255. The rest is paid to Cuba’s government, providing it with a new source of hard currency.
Supporters of the project in Brazil retort that the description of the Cuban doctors as slaves is a sign of thinly veiled racism and class bias among the medical establishment. Ms. Rousseff herself has lashed out at what she called “prejudice” against the Cubans.
Brazil ranks well below neighboring Argentina and Uruguay with just 1.8 doctors per 1,000 people, according to the World Bank, so hiring the Cubans could be seen as a savvy political move by Ms. Rousseff, who is running for re-election next year. “I’m just happy to have a doctor, period, whether he’s Cuban or not,” said Sthefani Nogueira, 21, after a gynecological exam at a public clinic in the Rio neighborhood of Realengo, performed by Israel Fernández, 47, a Cuban doctor who arrived here in October.
With the project in its infancy, pitfalls could still emerge. After Venezuela began hiring Cuban doctors in 2003, hundreds of them fled their posts to request asylum in the United States.
In Brazil, Latin America’s largest democracy, confusion has persisted over whether the Cuban doctors arriving here will be able to request political asylum. A spokeswoman for the Justice Ministry said that the Cubans would be able to request refugee status if they said that they were being persecuted for their political beliefs, though she said none had taken that step in 2013.
Brazil’s efforts to deepen ties with Cuba have encountered other problems. Dealing a blow to Cuba’s ambitions of increasing oil production, the Brazilian oil company Petrobras halted an offshore exploration operation in Cuban waters after drilling produced disappointing results. And Odebrecht, the Brazilian construction giant, has had to wage legal battles with some Cuban-Americans in Florida over its activities in Cuba.
But the doctors who return to Cuba from Brazil may carry with them the seeds of new perspectives after witnessing Brazil’s efforts to respond to the recent street protests and other forms of political dissent. “Brazil is a model for Cuba in that it has managed to develop its economy with peace and consensus,” said Roberto Veiga, the editor of a Cuban magazine funded by the German Bishops’ Conference.
Simon Romero reported from Rio de Janeiro, and Victoria Burnett from Mexico City. Taylor Barnes contributed reporting from Rio de Janeiro.

A elite brasileira e seus ganhos diferenciados - Mansueto Almeida




Recentemente estava com um grupo de amigos em um restaurante, em Brasília, e falei que todos nós naquela mesa fazíamos parte da elite do Brasil. A reação da mesa foi de espanto. Como poderia um grupo de funcionários públicos participar da elite? Nós que pagamos planos de saúde, colégio caro para os filhos e não temos imóvel em Miami e nem fazemos compras na Oscar Freire? Explico.
O salário inicial de várias carreiras de nível superior no governo federal é acima de R$ 13.500. Assim, se você passa em um concurso público, automaticamente, passa a participar, segundo dados do IBGE, da elite da distribuição de renda no Brasil, aquele grupo cujo vencimento mensal é maior do que 20 salários mínimos (renda mensal superior a R$ 13.560 pelo valor do salário mínimo atual de R$ 678).
A tabela abaixo baseado nos dados da PNAD do IBGE mostra o rendimento (todas as fontes de rendimento) mensal da pessoa de referência da família, por classes de rendimento em salários mínimos. Como se observa, apenas 1% das pessoas de referencia da família possuem rendimento mensal superior a 20 salários mínimos (superior a R$ 13.560,00). Assim, quem ganha acima desse valor está no 1%!
Tabela 1 – Estrutura do Rendimento das Pessoas de Referência da Família em Salários Mínimos - %
 Fonte: PNAD, IBGE
Se adotarmos um grupo mais abrangente, o rendimento mensal das pessoas com 10 anos ou mais de idade ocupadas, a proporção daqueles com rendimento mensal do trabalho superior a 20 salários mínimos (R$ 13.560,00) é ainda menor: 0,67% das pessoas ocupadas.
Tabela 2 – Estrutura do Rendimento das Pessoas Ocupadas com mais de 10 anos de Idade em Salários Mínimos - %
Fonte: PNAD, IBGE
E se olharmos para um conceito ainda mais amplo: renda mensal familiar? Se olharmos para renda mensal familiar, apenas 2% das famílias têm renda mensal superior a 20 salários mínimos (equivalente a R$ 13.560,00).
Tabela 3 – Estrutura da Renda Familiar em Salários Mínimos - %

Fonte: PNAD, IBGE
Por que todos esses números? Porque há duas coisas que me incomoda muito no debate no Brasil. Primeiro, muitas pessoas desconhecem a estrutura de rendimentos no Brasil. Meus amigos funcionários públicos, todos economistas e com mestrado, se espantaram quando eu falei que todos nós participávamos da elite. Em geral, as pessoas com rendimento superior a R$ 13,5 mil não se vêm como “elite”, mas são da elite para o padrão de rendimento no Brasil. Isso não significa que essa "elite" seja homogênea tanto do ponto de vista de rendimento quando de valores. Não é um grupo homogêneo.
Segundo, há um grupo grande de economistas, que se auto-rotulam de esquerda, e sempre apontam nas suas análises que as nossas mazelas são culpa da elite. Esses economistas são todos da “elite”. Muitos deles conversam diretamente com a Presidente da República, alguns outros são diretores de universidades privadas, outros tiveram uma carreira de sucesso no setor privado em grandes redes de varejo, muitos deles já passaram pelo governo em cargos da alta hierarquia no serviço público, etc. Esses economistas sempre falam da “elite” como se eles não fizessem parte dessa elite. Adicionalmente, muitos deles passam a impressão que apenas os banqueiros seriam a elite.
E o que mais me irrita é um político de partido de esquerda falar da suposta “conspiração da elite contra o governo”, quando esses políticos de esquerda fazem parte da elite. Alguém acha que um governador ou prefeito de capital de um partido de esquerda ganha menos de R$ 13,5 mil por mês?  ou um deputado federal? ou um senador? Todos são da elite.
Assim, sempre que vocês escutarem economistas ou políticos falarem da “elite do Brasil”, podem ter certeza que esses economistas e políticos participam dessa elite: o grupo dos 1% com maior rendimento pelos dados da PNAD.
Assim, a elite somos nós e não apenas aqueles que fazem compras na Oscar Freire e possuem apartamentos em Miami. Dito isso, vamos discutir ideias e não jogar pedras na "elite" porque, neste caso, seria difícil encontrar um candidato a prefeito, governador ou presidente. Todos são da elite como muitos de nós funcionários públicos federais, professores universitários e vários profissionais liberais.

(Tabelas de dados na postagem original)
mansueto | 29/12/2013 às 11:41 PM | Tags: elite brasileira, rendimento do trabalho | Categorias: Economia | URL: http://wp.me/pAMib-X3

O custo altissimo do Estado sobre o Brasil e os brasileiros - Editorial Estadao

É repetitivo, e sinto ser reincidente neste espaço.
Mas é que a carga tributária não cessa de aumentar (e vai continuar aumentando), e os serviços públicos piorando.
Também são reincidentes essas matérias e editoriais retratando e reclamando da situação.
Um única certeza: em 2014, não vai mudar, e vai até piorar.
Enquanto os empresários não se decidirem por uma "fronda empresarial", como eu a denominei, nada vai mudar no Brasil. Infelizmente.
Continuaremos a ser engolidos pelo Estado, e o Brasil aprofunda seu caminho para a decadência econômica.
Paulo Roberto de Almeida

Muito custo, pouco benefício

29 de dezembro de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
O registro de novo recorde da carga tributária brasileira, confirmado em estudo da própria Receita Federal, acentua ainda mais o contraste entre o altíssimo custo que o Estado impõe aos cidadãos e o retorno que estes eventualmente obtêm na forma de serviços públicos. O inferno em que se transforma a vida daqueles que, sobretudo em situações de emergência, dependem de alguma ação do Estado é conhecido há anos e o constante aumento da carga tributária não tem trazido alívio para essas pessoas.
As manifestações de rua iniciadas em junho de 2013 retrataram o descontentamento com a qualidade dos serviços públicos, mas, mesmo que o poder público oferecesse as respostas mais adequadas às novas demandas sociais - o que não fez -, os resultados demorariam para aparecer. Quanto ao peso dos impostos no orçamento das famílias e das empresas, não há nenhuma dúvida: cresce sempre, e os resultados são imediatos para os contribuintes.
Ao atingir, em 2012, o equivalente a 35,85% de tudo o que o País produziu, a carga tributária bateu novo recorde. Isso tem acontecido há anos, com uma frequência cada vez mais irritante para os contribuintes. Desde que o PT chegou ao poder em 2003, a única exceção ocorreu em 2009, quando a carga tributária caiu em relação ao ano anterior e ficou em 33,3% do PIB. Mas a queda deveu-se à crise que atingiu duramente a economia brasileira, que, naquele ano, encolheu 0,3%. Em situações relativamente normais, a tendência é o peso dos impostos continuar crescendo, como ocorreu entre 2011 e 2012, período em que a carga aumentou 0,54 ponto porcentual.
O aumento observado em 2012 ocorreu a despeito de o governo Dilma ter feito vários cortes de impostos, para reduzir a carga tributária de alguns setores escolhidos e, desse modo, tentar estimular a atividade econômica. Naquele ano, de acordo com a Receita Federal, o governo deixou de arrecadar R$ 14,8 bilhões de tributos, como Cide (que incide sobre os combustíveis), IPI, IOF, PIS/Cofins, contribuição previdenciária e Imposto de Importação.
Mas, mesmo tendo o governo federal deixado de cobrar tantos tributos, a carga tributária aumentou, como constatou a Receita Federal. Quanto à atividade econômica, o resultado foi igualmente frustrante, pois em 2012 o PIB brasileiro cresceu apenas 0,9%, bem menos do que o crescimento médio dos últimos anos.
O brasileiro paga, proporcionalmente, mais impostos do que os contribuintes de países como Estônia, Israel, Nova Zelândia, Espanha, Grécia, Canadá, República Checa e Suíça, entre outros que fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Isso seria suportável se, em contrapartida, os serviços prestados pelo Estado brasileiro fossem comparáveis aos oferecidos aos cidadãos daqueles países e condizentes com um custo tão alto para o contribuinte.
Se conseguiram melhorar em algumas poucas áreas, os serviços prestados pelo Estado continuam precários. O lamentável estado do sistema de infraestrutura - que só agora, depois de anos de paralisia do governo, começa a ser melhorado e ampliado -, a decadência do ensino público, as deficiências do sistema público de saúde, a incapacidade das autoridades de ampliar a rede de saneamento básico na velocidade necessária, entre outros graves problemas do País, tornam ainda mais oneroso o pesadíssimo imposto recolhido pelos contribuintes.
Em recente reportagem, o jornal Correio Braziliense mostrou o sofrimento a que são submetidas as pessoas que precisaram de algum serviço público. Burocracia excessiva, informações desencontradas que conduzem o interessado a locais e órgãos diferentes daqueles que efetivamente prestam os serviços procurados, má gestão, mau atendimento e funcionários sem o adequado treinamento compõem uma espécie de circo dos horrores para muitos que precisaram de serviços de órgãos como Receita Federal, Junta Comercial, Departamento de Trânsito, hospitais vinculados ao SUS, entre outros. O problema não se limita à esfera federal. É generalizado quando se trata de serviço público.

Bolivia: excesso de dinheiro sempre provoca inflacao, governo nega...

Os bolivianos descobriram a pólvora: realizaram que a "generosidade" do governo está tornando sua vida pior, ao alimentar um processo inflacionário que vai eliminar os supostos ganhos com o duplo décimo terceiro imposto pela demagogia governamental. O governo nega a evidência, mas os indicadores não deixarão de refletir o equívoco.
Paulo Roberto de Almeida

La mitad de los bolivianos cree que el doble aguinaldo disparó los precios

Infolatam/Efe
La Paz, 29 de diciembre de 2013

Las claves
  • El 55 % de los encuestados cree que el beneficio impuesto por el Gobierno es negativo porque hará que los precios suban más, mientras que el 49 % piensa que crecerá la inflación.
  • El presidente Evo Morales decretó el pago del doble aguinaldo navideño a los empleados del sector público y privado en noviembre pasado y anunció que la medida se aplicará siempre que el crecimiento económico anual supere el 4,5 %, un porcentaje que Bolivia rebasó ampliamente este año con un 6,5 %.

Evo en campaña: desde las estrellas

El análisis
Fernando Molina
(Especial Infolatam).-“Creciendo al 6,5%, recibiendo doble salario navideño, y con una fábula de desarrollo “estelar” del país en el que ocupar su imaginación, los bolivianos sólo quieren una cosa: disfrutar su mejor fin de año en mucho tiempo (quizá incluso el mejor de toda su historia)”.
El 50 % de los bolivianos cree, según una encuesta, que la doble paga extra de Navidad (aguinaldo) decretada por el Gobierno para los sectores público y privado ha provocado un aumento de los precios, alza que niega el Ejecutivo.
La consulta, publicada por el diario El Deber y efectuada por Ipsos en las cuatro ciudades más grandes del país, revela que el 55 % de los encuestados cree que el beneficio impuesto por el Gobierno es negativo porque hará que los precios suban más, mientras que el 49 % piensa que crecerá la inflación.
El ministro de Economía, Luis Arce, aseguró esta semana que la inflación está controlada y no aumentará en diciembre, con una previsión similar a la de noviembre, que fue de -0,03 %.
El Ejecutivo prevé que la inflación anual se sitúe en el 7,5 %.
El presidente Evo Morales decretó el pago del doble aguinaldo navideño a los empleados del sector público y privado en noviembre pasado y anunció que la medida se aplicará siempre que el crecimiento económico anual supere el 4,5 %, un porcentaje que Bolivia rebasó ampliamente este año con un 6,5 %.
Según la encuesta, los bolivianos también creen que tal medida es negativa porque no beneficia a todos (37 %), porque subirán los precios del transporte (34 %) y porque conllevará despidos en las empresas (28 %).
Frente a éstos, el 38 % de los encuestados cree que el doble aguinaldo es positivo porque permitirá comprar más cosas; el 37 %, porque los bolivianos tendrán una mejor Navidad; el 32 %, porque permitirá compensar los gastos de fin de año; y el 30 %, porque permitirá ahorrar a los ciudadanos.
En términos generales, el 58 % de las personas consultadas se mostró en desacuerdo con el pago del doble aguinaldo frente a un 37 % que se mostró a favor.
A la pregunta de si pagarán el triple sueldo (el salario mensual y los dos aguinaldos o pagas extra) a sus empleados, el 59 % de los encuestados respondió que sí; el 20 % dijo que no lo abonará; un 15 % dijo que aún “no sabe”; y el 4 % sostuvo que a sus trabajadores “no les corresponde”.
La patronal boliviana protestó en un primer momento contra la medida gubernamental, aunque finalmente alcanzó un acuerdo con el Ejecutivo para ampliar hasta el próximo 28 de febrero el plazo de pago del segundo aguinaldo, inicialmente fijado hasta el 31 de diciembre.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Minhas previsoes imprevidentes: governos ineptos garantem concretizacao

Estou perdendo, pelo menos parcialmente.
No ano passado, uma das minhas previsões imprevidentes dizia que a seleção de futebol da França iria se exilar na Bélgica e a deste país, em protesto, iria para o Luxemburgo. 
O governo socialista da França está quase confirmando a minha previsão. Significa que eu vou perder. 
Conheço um outro governo que vai seguir a tendência...
Paulo Roberto de Almeida 

Europa

França: empresas terão de pagar imposto de 75% sobre salários acima de 1 milhão de euros ao ano

O Conselho Constitucional aprovou neste domingo imposto proposto pelo presidente François Hollande. Clubes de futebol são afetados

O aumento de impostos para os mais ricos era uma das promessas de campanha do presidente francês, François Hollande
O aumento de impostos para os mais ricos era uma das promessas de campanha do presidente francês, François Hollande (Anis Mili/Reuters)
O Conselho Constitucional da França aprovou neste domingo um tributo para empresas de 75% sobre os vencimentos que anualmente superem 1 milhão de euros (1,37 milhão de dólares), em linha com a orientação do presidente, François Hollande. O objetivo da medida é limitar os altos salários dos executivos.
O orgão, responsável por analisar questões relacionadas à Constituição, havia rejeitado há um ano uma das principais bandeiras da campanha de Hollande: a criação de um imposto de 75% sobre a renda individual de pessoas com ganho anual superior a 1 milhão de euros. Diante da rejeição, Hollande alterou a proposta ao tributar os empregadores.
De acordo com a legislação, o tributo não poderá superar em nenhum caso 5% do faturamento da companhia. Com essa medida o estado francês espera arrecadar 260 milhões de euros (R$ 845 milhões) em 2014 e 160 milhões de euros em 2015 (R$ 520 milhões). 
Segundo o presidente, a ideia não é "punir" o setor empresarial. Ele acrescentou que espera que a decisão leve as companhias a reduzir os salários em um momento de desaceleração econômica e desemprego, o que está fazendo os trabalhadores a aceitarem trabalhar por menores salários.
O orçamento para 2014 prevê queda no déficit público de 4,1% do PIB para 3,6% com receitas de 15 bilhões de euros resultantes de corte de gastos e aumento de impostos. 
Futebol — Entre os afetados pela nova legislação estão os clubes de futebol, que tentaram ser excluídos da taxação, mas sem sucesso. Segundo a Liga de Futebol Profissional da França (LFP), a medida terá um custo anual de 44 milhões de euros (cerca de 144 milhões de reais) para os clubes profissionais.
Só o Paris Saint-Germain, onde jogam estrelas como Ibrahimovic, Edinson Cavani e Thiago Silva, deverá pagar cerca de 20 milhões de euros (aproximadamente 65 milhões de reais).
Antes dos deputados aprovarem o texto, os clubes chegaram a ameaçar convocar uma greve como protesto, o que teria sido a primeira paralisação no futebol francês desde 1972.

O fascismo supostamente de esquerda: petismo em estado puro - Milton Pires

Saturno Engolido pelo Seu Filho
Milton Pires

Cada vez que uma pessoa afirma que todos os partidos são "iguais", está automaticamente dizendo que nada na política é responsabilidade de alguém ou de algum projeto de poder.
O PT é uma organização criminosa ligada ao narcotráfico cujo projeto de poder foi capaz de abocanhar e destruir a identidade de todos os outros partidos. Isso ele o fez através da cultura; não da compra de votos no Congresso ou distribuindo cargos..Não é o governo que é petista; é o Brasil! Mesmo pessoas que não votam nesses bandidos colaboram com eles em função do medo se sentirem velhos, conservadores ou isolados perante o resto de seus conhecidos. Fora das categorias do pensamento petista...longe do ecologismo, da apologia do aborto e do homossexualismo, esses “velhos jovens” têm medo de ficarem “pra trás”..
O PT é uma doença moral da sociedade brasileira cuja cura só pode se dar através da reparação individual e da coragem de ter uma opinião própria que não dependa da aceitação "social"..O Brasil precisa de uma sociedade, em certo sentido, "não civil" haja visto que esse termo engloba em si mesmo todos os valores do relativismo e da apatia que o Partido-Religião conseguiu implantar no país...A "sociedade civil organizada" nada mais é do que a ditadura cultural do Partido-Religião em pleno andamento. Nunca essa sociedade "organizou-se" de maneira espontânea aqui no Brasil..Ela foi, e ainda é, metodicamente construída, diariamente elaborada...silenciosamente e quase de maneira subliminar por uma elite universitária que conseguiu associar normalidade (inclusive em termos de saúde mental) à aprovação coletiva...O mundo do partido religião é um mundo de números..um mundo de quantidade onde qualquer diferença se perde ou é artificialmente construída segundo interesses políticos..Não existe "certo" ou "errado" para o Partido...Não existem contradições no sentido moral do termo pois a própria moral é apenas instrumento na guerra assimétrica onde pode, acima de tudo, emprestar à luta intestina dentro do próprio Partido a impressão de democracia que deve ser atribuída à sociedade..
A discussão sobre a cultura no Brasil é a discussão possível dentro das tendências do Partido..Os rumos da democracia da Nação são aqueles discutidos em seus Congressos Nacionais..Não há mais diferença entre o Governo, a sociedade e o Partido..Tudo É o Partido e nada pode escapar ao debate dentro dele...O debate sobre o futuro do Brasil, seus problemas, seus rumos tornou-se finalmente uma discussão de assembleia petista...Todos os termos usados são termos do debate intrapartidário de maneira que seria melhor entendermos para sempre que só existe um Partido no Brasil, todos os outros são "correntes"..."tendências".."alas" ou seja lá que nome queira se usar para esconder para sempre uma história curiosa: Um “Saturno nos Trópicos” que Scliar não imaginou..ou que imaginou mas sobre o qual não quis escrever...Filho do Brasil; o PT engoliu seu próprio Pai.

Porto Alegre, 28 de dezembro de 2013

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