Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Bomba atomica sobre o Japao, 1945: um debate interminavel nos EUA, e no mundo
O Japão dificilmente se renderia, a despeito de já estar praticamente derrotado em todas as frentes.
O que aconteceria, provavelmente, entre agosto e janeiro ou fevereiro de 1946, teria sido uma penosa conquista de territórios japoneses, ilha por ilha, praia por praia, com combates ferozes até de baioneta, e a continuidade do lançamento de bombas incendiárias, bombardeio por navios e toda espécie de armas convencionais.
Seria possível estimar a morte de 300 a 500 mil japoneses mais, uma vez que eles não se renderiam, a não ser por uma decisão do imperador. Mesmo depois das duas bombas atômicas, militares japoneses tentaram impedir o imperador de declarar a guerra perdida e aceitar a rendição incondicional, como exigida pelos americanos.
Do lado destes, morreriam, provavelmente, mais 50 a 100 mil soldados, apenas nas cabeças de ponte das ilhas japonesas, sem contar mais alguns navios afundados com base nos ataques de kamikazes.
Ou seja, sem a bomba atômica, por mais horrível que ela pode ter sido, teriam morrido muito mais pessoas, soldados e civis, e mais cidades japonesas, e instalações industriais, portuárias e ferroviárias teriam sido destruidas, com alguma perda adicional de construções históricas ou religiosas.
Abaixo, alguns reflexos deste debate, do ponto de vista de conservadores que também condenam, absolutamente, a decisão pelo uso das bombas atômicas. Como se vê, a abominação não vem só do lado da esquerda politicamente correta.
Paulo Roberto de Almeida
The Atomic Bombing of Japan--and Its Conservative Critics
The Lighthouse (The Independent Institute), August 11, 2014
Last week marked the anniversary of the dropping of atomic bombs on Hiroshima and Nagasaki in 1945. For the past few decades, condemning the attacks has carried the risk of being branded "left-wing" or "anti-American," but Stanford University Professor of History, Emeritus, Barton J. Bernstein, an advisor to the Independent Institute's Center on Peace and Liberty, reminds us that it wasn't always so. Some of the harshest critics of President Harry Truman's decision to drop the bombs came from America's political right, including conservative stalwarts such as former President Herbert Hoover and National Review contributor Medford Evans. READ MORE
American Conservatives Are the Forgotten Critics of the Atomic Bombing of Japan, by Barton J. Bernstein (The San Jose Mercury News, 8/2/14)
Terrorism by Any Reasonable Definition, by Anthony Gregory (The Beacon, 8/6/12)
The Man Who Bombed Hiroshima, by Anthony Gregory (11/8/07)
August 9, 1945, a Date that Will Live in Infamy, by Robert Higgs (The Beacon, 8/9/08)
Delusions of Power: New Explorations of the State, War, and Economy, by Robert Higgs
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Chefe da CIA tem de se demitir ou ser demitido: numa democracia tem de ser assim...
Neste caso, funcionários seus penetraram computadores do Comitê congressual justamente encarregado do monitoramento das atividades de inteligência.
Ele já deveria ter sido demitido, ou ter apresentado sua demissão.
Vamos ver quanto tempo vai demorar essa nova novela do governo Obama.
Numa democracia, tem de ser assim.
Em outros países, ao contrário, não apenas funcionários da presidência mantém atividades criminosas, como os chefes políticos mentem a respeito.
Uma pequena diferença...
Paulo Roberto de Almeida
CIA Chief John Brennan Needs to Go
The Lighthouse (The Independent Institute) - Volume 16, Issue 32 - August 12, 2014
The Central Intelligence Agency has made a mockery of the U.S. Constitution's separation of powers. The basic facts of its latest known abuses are undisputed: the agency's own inspector general admits the CIA broke into computers used by the Senate Intelligence Committee--a chamber tasked with ensuring that spy agencies comply with the law. This outrage warrants the immediate firing of CIA Director John Brennan, whether or not he knew the agency was engaging in the misconduct, according to Independent Institute Senior Fellow Ivan Eland. A former congressional investigator tasked with helping to monitor the U.S. intelligence community, Eland calls for stronger congressional oversight of the CIA and lauds members of the Senate Intelligence Committee for calling out the agency on its blatantly unconstitutional malfeasance--a scandal that, constitutionally speaking, is worse than Iran-Contra and Watergate.
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Academia.edu: os dez trabalhos mais vistos no último mês - PRAlmeida
Deu este resultado abaixo.
Os interessados em bisbilhotar tudo podem consultar este link, geral, dos últimos 30 dias:
https://uniceub.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Analytics#/documents
Tem como ver outras coisas também.
Paulo Roberto de Almeida
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Brazilian Studies in the U.S.: um texto meu traduzido para o ingles, no site da BRASA
Hoje, por acaso, fui consultar o site, para ver o anúncio que fizeram da publicação do meu livro mais recente, Nunca Antes na Diplomacia, e acabei percorrendo algumas seções da página, e foi aí que acabei caindo no texto abaixo, que reproduzo tal qual.
Ele é, na verdade, a tradução para o inglês, de um trecho de um texto meu, a introdução que escrevi para a edição brasileira do livro que preparei, com meu amigo Marshall C. Eakin, e o apoio do Embaixador Rubens Barbosa (então em Washington), que saiu publicado pela Paz e Terra.
Existe uma versão em inglês desse mesmo texto, bem mais elaborada, que saiu na edição americana do livro. Ambos podem ser consultados neste link do meu site.
Paulo Roberto de Almeida
Brief History of Brazilian Studies
The foreign researcher of Brazilian themes, usually identified as Brasilianista, played an important role in the emergence of social sciences in Brazil during the second half of the twentieth century. It is likely that the founder and initiator of this movement was the English historian Robert Southey. This keen observer of the Portuguese colonial empire - which preceded the more comprehensive studies of Charles Boxer – wrote, during the independence period, a "History of Brazil" which was the only reference in this discipline until the emergence of the first truly Brazilian historian, the diplomat Francisco Adolfo de Varnhagen. In the nineteenth century, the "brasilianista species" had several other representatives, including the German researchers Von Humboldt and Von Martius - who produced the first guidelines on "how one should write the history of Brazil", and Handelmann, who, similar to Robert Southley, had never visited Brazil. Others include Louis Agassiz and Gobineau from Switzerland and Louis County from France.
Francisco Adolfo de VarnhagenAlexander von Humbolt
Despite those illustrious ancestors, the brasilianista concept was created much later, in times of the Cold War and imperial worries about a possible destabilization of the largest country in South America. The term "brasilianista" seems to have been used for the first time in Brazil in 1969, under the quill of the academic Francisco de Assis Barbosa for qualifying a foreign expert in Brazilian subjects. The concept was applied to the American historian Thomas Elliot Skidmore in the preface of the Brazilian edition of his book Politics in Brazil (1967).
The interest in Brazil grew exponentially in the United States during the transition between the Eisenhower and Kennedy administrations, and manifested itself both by new candidates for a research-driven university specialization on Brazilian themes, and also by the search for new sources of information from Brazilian reality. An example of the first trend was Robert Levine’s compilation of the first research guide identifying the characteristics of Brazilian laboratory: Brazil: Field Research Guide in Social Sciences (1966). Second, there was a great increase in the translation and publication of Brazilian social science texts in the United States. Several works of the following Brazilian researchers were translated and published: Gilberto Freyre, Celso Furtado, Jose Honorio Rodrigues, Jose Maria Bello, Caio Prado Jr.
Between the late '60s and mid-'70s, when Brazil was facing one of the most dramatic phases of its political history, and several researchers were condemned to exile or were intimidated by the government repression, was one of the high points of American brasilianismo. Several authors devoted their research to the authoritarian regime and its modes of operation. Among them stand out Ronald Schneider, Alfred Stepan, and Philip Schmitter. Other thematic initiatives were focused on social or religious groups, as in the work of Skidmore and Ralph Della Cava.
Alfred Stepan
In the other direction, on the "exportation" of ideas and theories from Brazil to the United States, the most conspicuous example refers to "Dependency Theory" – specially represented on the work of Fernando Henrique Cardoso – which elaborates a critical review of American sociological thinking on the problems of developing countries, particularly in Latin America.
Fernando Henrique Cardoso
Since the 1980's a new generation of Brazilianists emerged, with either a sectorial thematic focus or a diversified spectrum of themes such as gender issues, environment, race, African diaspora, immigration, etc. Stand out on this group Steven Topik, Roderick Barman, Marshall Eakin, Joseph Smith, Sandra Graham, Thomas Holloway, Jeffrey Lesser, Barbara Weinstein, James Green among many others. Several Brasilianistas of this generation actively participated in the creation of BRASA.
The contemporary Brasilianista does not compose, as his "ancestor" from the '60s and '70s, a special space in the Brazilian social sciences scene, since it appears to have been emancipated from foreign tutelage and methodological imports, and the intellectual relationship between the United States and Brazil has become more equitable. In this latest phase, some of the thematic emphases became common among Brazilian and U.S. scholars, pointing a more than welcome bi-lateral intellectual osmosis. Some evidence of this fact is the high participation of Brazilian intellectuals in international congresses on Brazilian topics, and broad academic publication by Brazilians. Currently, over 40% of BRASA associated members comes from Brazil.
Some curious facts:
- The year of 2014 is the 100th anniversary of Theodore Roosevelt and Cândido Rondon's expedition of the Amazon Basin
- During the summer of 1970 in Rio de Janeiro, economist Werner Baer of the University of Illinois and the political scientist Riordan Roett from the School of International Studies John Hopkins were kidnapped by agents of the military regime. Notwithstanding both received in 2000 from the hands of Ambassador Rubens Antonio Barbosa, the Order of the Southern Cross
- The researcher Charles Wagley would have been the inspiration for the character James Levenson in Jorge Amado’s Tent of Miracles
Source: Almeida, Paulo Roberto de. Eakin, Marshall C.. Barbosa, Rubens Antonio. O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000. São Paulo: Paz e Terra,
Equador: como destruir um pais, solapando a sua moeda
Eu estava nos EUA, em 2000, quando, assolado por uma hiperinflação, e por diversas crises políticas -- no curso das quais vários presidentes, inclusive um louco de pedra, foram caçados do poder -- e incapaz de pagar suas dívidas, o Equador foi obrigado a declarar moratória. O sistema monetário estava destruído, e como havia pouca credibilidade para instituir nova moeda, tomou-se simplesmente a decisão de abolir a moeda nacional, e passar a trabalhar com o dólar, como tinha feito alguns anos antes El Salvador. O Panamá também trabalha com o dólar, mas devido a razões históricas, a despeito de ter sua própria moeda nacional, o balboa (do nome do aventureiro espanhol que explorou o istmo).
Ter uma moeda internacional como sua pode ser um expediente de desespero, ante a recusa da sociedade em aceitar uma moeda nacional conspurcada pelo governo, que sempre é o responsável pelos processos inflacionários, ao gastar muito.
Não é a melhor solução, mas pode ser uma tábua de salvação, em face de problemas ainda maiores.
Na mesma época, a Argentina ameaçava desvalorizar de vez, em face da flutuação brasileira, o que era em parte uma bravata, mas em parte seria a consagração de uma situação de fato: a população argentina já tem o dólar como sua moeda de referência absoluta, o que nunca foi o caso no Brasil.
Pois bem, agora o Equador, que tem um presidente formado em economia nos EUA -- o que não deixa de ser uma ironia -- se prepara para lançar uma moeda virtual. Não dou dois anos para que essa moeda seja aceita igualmente para fechar determinadas operações reais do governo, o que é um pequeno passo para a hiperinflação.
A origem é sempre uma só: governos irresponsáveis gastam muito mais do que poderiam e deveriam.
Estamos assistindo ao começo do fim de mais uma etapa da alucinante história monetária do Equador.
Paulo Roberto de Almeida
Equador deve criar moeda virtual para gasto público
Por Nathan Gill
Valor Econômico, 11/08/2014
Após penhorar a maior parte do petróleo e do ouro do Equador para financiar gastos, o presidente Rafael Correa está planejando criar um dinheiro virtual para pagar as contas do país.
No mês passado, o Congresso aprovou leis para a criação de uma moeda digital que será utilizada junto com o dólar americano, a moeda oficial no Equador. Assim que as leis forem sancionadas, já em outubro, o país começará a utilizar a moeda, que ainda não tem nome. Será estabelecida uma autoridade monetária para regulamentar o dinheiro, que será garantido por "ativos líquidos".
Menos de seis anos depois de o Equador se recusar a pagar US$ 3,2 bilhões da sua dívida denominada em dólares, as reservas de petróleo do país estão diminuindo, os déficits de conta corrente drenam dólares da economia e a necessidade de financiamento está em nível recorde. Embora usar dinheiro virtual para pagar funcionários públicos e empreiteiros do governo possa ajudar a poupar dinheiro vivo, a moeda pode estimular Correa a elevar ainda mais os gastos e solapar a capacidade do país de pagar títulos no longo prazo, diz a Landesbank Berlin Investments.
"Normalmente, este é o começo da inflação e da desvalorização", diz Lutz Röhmeyer, que ajuda a gerenciar cerca de US$ 1,1 bilhão em ativos de mercados emergentes no Landesbank Berlin e que investe no Equador há mais de 15 anos. Ele previu os dois últimos calotes do país e quer reduzir sua exposição à dívida equatoriana. O banco tem parte dos US$ 2 bilhões em títulos vendidos pelo Equador em junho.
O Ministério de Políticas Econômicas do Equador não quis fazer comentários sobre a nova moeda e indicou o Banco Central para o envio de perguntas. A assessoria de imprensa do BC também não quis se pronunciar e remeteu a uma resolução de junho assinada pelo diretor-geral da instituição, Mateo Villalba. A resolução diz que a moeda eletrônica será lastreada por ativos líquidos e não poderá ser trocada por títulos do governo.
O Equador está criando a sua própria moeda eletrônica porque moedas digitais, como o bitcoin, vêm ganhando aceitação como meios de pagamento, substituindo o dinheiro tradicional. Ao contrário dos planos do Equador, a maioria das moedas virtuais foi desenvolvida como alternativa às moedas garantidas por governos.
O Equador teve déficit de conta corrente nos últimos quatro anos, o que vem drenando dólares da economia, que em 2000 desistiu do sucre e adotou em seu lugar a moeda americana. O governo prevê um déficit público de US$ 4,5 bilhões neste ano, depois que o gasto público mais do que triplicou desde a posse de Correa, em 2007.
Em maio, para evitar que a escassez de dólares restringisse o gasto público, o governo usou mais da metade de suas reservas de ouro como garantia para obter um empréstimo de US$ 400 milhões do Goldman Sachs. No mesmo mês, fechou um acordo com a China para tomar emprestados US$ 2 bilhões em troca de produção futura de petróleo. Depois, em junho, o governo vendeu US$ 2 bilhões em dívida, oferecendo a segunda maior taxa de juros para títulos semelhantes em dólares vendidos neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Como Correa está ampliando o investimento em projetos de obras públicas e programas sociais para reduzir a pobreza, o Ministério das Finanças previu em novembro que o país teria de tomar emprestados cerca de US$ 35 bilhões até 2017.
A tentação de usar a nova moeda para pagar as contas aumentará à medida que o governo esgotar as suas atuais fontes de dólares, diz José Mieles, economista do centro de pesquisa Cordes, de Quito. Aliados de Correa no Congresso rejeitaram o pedido de associações empresariais de incluir na nova lei uma garantia que lastreasse a nova moeda com quantidade equivalente de dólares, dizendo que a medida era desnecessária.
"O problema vai ser se eles começarem a pagar credores locais" com a nova moeda, disse Mieles. "Eles poderiam utilizar esses recursos para obter liquidez imediata."
Analistas esperam para ver como o governo vai implementar o novo sistema, disse Juan Lorenzo Maldonado, economista do Credit Suisse Group. "Se eles acharem um modo de fazer uso eficiente da moeda eletrônica para certos tipos de pagamentos e tornarem alguns procedimentos mais fáceis e rápidos, e fizerem isso responsavelmente, pode ser uma coisa boa."
"Eu não gostaria ser convertido para uma nova moeda gerenciada por um banco central não testado", disse Steffen Reichold, economista da Stone Harbor Investment Partners, que gerencia US$ 65,3 bilhões em ativos de renda fixa. Criar uma moeda "não é simples, nem para um país com histórico impecável de gestão econômica bem-sucedida, e não acho que o Equador esteja nessa categoria".
Mafia da Wikipedia petista atua desde muito tempo
Políbio Braga, domingo, 10 de agosto de 2014
Merval Pereira também denuncia pirataria da "quadrilha do PT"
Critica ao manifesto empresarial "Carta do Povo Brasileiro" - Paulo Roberto de Almeida
domingo, 10 de agosto de 2014
Corrupcao companheira: de vez em quando um acidente perturba as operacoes...
Como sempre acontece no Brasil, o barulho feito em torno desses casos, é inversamente proporcional ao tamanho das punições (quando as há).
Parte do dinheiro roubado, vai parar nas contas de adevogados caríssimos, que conseguem arrastar o caso durante anos, até a impunidade sorrir novamente...
Gostaria de ser desmentido por evidências de que não é assim: os mensaleiros logos estarão soltos, leves, livres e sorridentes, para recomecar suas atividades de quadrilheiros partidários.
A máfia é realmente uma coisa difícil de se vencer...
Paulo Roberto de Almeida
Youssef estuda delação premiada para reduzir pena
Folha de São Paulo, 10/08/2014
Dezesseis quilos mais magro, resultado dos quase cinco meses preso, réu em 12 processos, nos quais deve ser condenado a mais de cem anos de prisão, e com um pedido de divórcio da mulher, o doleiro Alberto Youssef enviou sinais ao Ministério Público e à Justiça de que quer fazer um acordo de delação premiada para se livrar da cadeia o quanto antes.
A lei brasileira prevê redução de pena para colaboradores. Se o que revelar à Justiça ajudar a esclarecer crimes mais graves, Youssef pode até ficar livre da prisão. Foi o que aconteceu em 2007, quando o doleiro foi detido pela primeira vez e escapou entregando uma parte da sua clientela.
A conclusão do doleiro, e da maioria dos advogados que atua na Operação Lava Jato, é que não há defesa técnica possível contra as provas que a Polícia Federal e os procuradores juntaram contra ele, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de abastecimento da Petrobras) e cerca de 15 empreiteiras.
Restam duas alternativas para a defesa, segundo cinco advogados que atuam no caso ouvidos pela Folha sob condição de anonimato: tentar tirar o juiz Sergio Moro do julgamento ou tirar os processos do Paraná, onde a Lava Jato foi deflagrada. Moro é considerado um juiz duríssimo, mas com um preparo técnico praticamente imbatível em questões de crime financeiro e lavagem de dinheiro. As duas hipóteses são remotas, pois o STF já decidiu que o caso deve ficar na Justiça do Paraná.
O doleiro foi preso em 17 de março pela PF na Operação Lava Jato, sob a acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões em quatro anos e tinha ramificações na Petrobras, no Ministério da Saúde e em partidos como PT, PP e SDD.
É UM LUXO SÓ
Youssef levava uma vida de milionário antes de ser preso. Morava num apartamento comprado por R$ 3,5 milhões na Vila Nova Conceição --um dos bairros mais caros de São Paulo--, tinha três hotéis, uma rede de agência de viagens e helicóptero, e convivia com altos executivos de empreiteiras. Com um deles costumava beber o vinho Vega Sicilia, que, em algumas safras, custa R$ 2.000.
Uma cifra apurada pelos procuradores que atuam na Operação Lava Jato traduz, em parte, o porte que Alberto Youssef atingira. Ele remeteu US$ 444,7 milhões (o equivalente a pouco mais de R$ 1 bilhão) para fora do país entre junho de 2011 e março deste ano --uma média de US$ 150 milhões ao ano. É um volume equivalente a um banco de médio porte. É um salto e tanto para alguém que nasceu numa família de classe média baixa em Londrina, no norte do Paraná, e vendia pastel no aeroporto da cidade quando era criança.
BAIXA CREDIBILIDADE
A maior dificuldade para que a colaboração de Youssef seja aceita é que sua credibilidade tende a zero. As razões da baixa credibilidade é que ele não contou tudo o que sabia na delação premiada que fez em 2007 e não cumpriu a promessa de que não voltaria a atuar no mercado de dólar. A avaliação da PF e dos procuradores é que Youssef usou a primeira delação premiada como alavanca para elevar sua participação no mercado.
A estratégia que usou foi entregar os clientes menos importantes, como políticos e servidores públicos do Paraná, e preservar os grandes, como o deputado José Janene (PP-PR) --que até morrer, em 2010, era o cicerone do doleiro em Brasília e em empresas como Petrobras. O plano deu certo. Youssef deixou de ser um doleiro do Paraná e passou a ter atuação em São Paulo, Rio e Brasília, segundo a PF. Continuou atuando com o PP, mas conquistou aliados no PT, como o deputado federal André Vargas (sem partido-PR).
O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que a decisão de colaborar é do seu cliente, mas ele não recomenda o expediente: "O Alberto é mero bode expiatório num esquema muito maior, sobre o qual não há nenhum interesse em investigar. Você acha que ele teria feito tudo de que é acusado sem um parlamentar?". Ele diz que sai do caso se seu cliente virar colaborador.
Nossos aliados preferenciais: Evo Stroessner Morales (poderia ser Somoza, tambem)
Depois que o Paraguay teve um primeiro, e longevo presidente, Don José Gaspar Rodriguez de Francia y Velasco, apropriadamente registrado na literatura universal como Yo, El Supremo (de Augusto Roa Bastos), parece que outros pequenos caudilhos querem se eternizar no poder, como fez Chávez, como fez Ortega, como está fazendo Correa, todos, aliás, muy amigos do nosso guia genial dos povos, que também gostaria de poder fazer como eles, ou pelo menos como Getúlio: um breve período de 15 anos (e o que mais der).
Esta é a nova democracia do Foro de São Paulo: se é de clube, melhor ficar mais um pouco...
Paulo Roberto de Almeida
Lido de soslaio numa dessas colunas de jornalistas bem informados (Leandro Mazzini, do Opinião e Notícia):
Aconteceu na Bolívia.
Duas magistradas do Tribunal Constitucional Plurinacional, o STF de lá, foram suspensas por uma votação da.. Câmara dos Deputados.
Porque Zoraida Chánez e Ligia Velásquez denunciaram a manobra do presidente Evo Morales em mexer na Constituição para disputar o terceiro mandato.
Os LGBTs constituem uma raca? O STF seria capaz de decidir?
Gays vão ao STF contra o Congresso Nacional
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais requer à Corte que considere a homofobia e transfobia crime de racismo (leia mais)
Se eles são uma raça, e previsivelmente se veem também como uma minoria oprimida, vão certamente precisar de cotas, como os tais de afrodescendentes. Os augustos e preclaros ministros do nosso supreminho (deve ter aliados por lá...) vão aceitar o princípio do racismo, e já vão, na mesma encomenda (sempre é melhor decidir de uma vez) aprovar a questão das cotas?
Mas essas cotas seriam para o quê? Emprego público, ingresso na universidade, shows da parada gay, camisinhas gratuítas, o que, exatamente?
Por acaso, segundo a última pesquisa PNAD-IBGE, os afrodescendentes já constituem 53% da população brasileira. Previsivelmente vão aumentar na próxima pesquisa.
Como é que ficamos então?
Eu que sou totalmente branco -- mas desconfio que meu pai tinha uma pele, digamos assim, um tantinho morena -- estou portanto em minoria. Vou precisar de cotas eu também. E todos os meus infelizes colegas da minoria branca opressora.
Mas eu dispenso essas pelas quais os afrodescedentes e os LGBs estão lutando.
A minha cota é simples:
Quero receber todas as publicações inteligentes produzidas pelas grandes editoras brasileiras. Mas só as inteligentes. Não deve ser muito. Dispenso auto-ajuda, soluções empresariais, conforto espiritual e recomendações para uma dieta saudável. Minha cota é só de livros inteligentes. Os editores sabem quais são...
Paulo Roberto de Almeida