O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Estado Islamico: "eles so precisam de um pouco de dialogo..."

Claro! Como ninguém descobriu isso antes? É conversando que a gente se entende...
Quem sabe um pouco de atenção para as suas causas também?
Um pouco de carinho não faz mal a ninguém. 
Paz e amor, gente boa...
Paulo Roberto de Almeida 

Na ONU, Dilma condena 'uso da força' para resolver conflitos

Um dia depois de 'lamentar' bombardeio americano contra terroristas na Síria, presidente disse que 'intervenções militares' não levam à paz. Também voltou a criticar Israel e o 'uso desproporcional da força' em Gaza

A presidente Dilma Rousseff aguarda para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York
A presidente Dilma Rousseff aguarda para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York (Mike Segar/Reuters)
Depois de “lamentar” o bombardeio dos Estados Unidos contra terroristas na Síria, a presidente Dilma Rousseff reafirmou sua posição nesta quarta-feira ao condenar o “uso da força” como forma de resolver conflitos mundiais. No discurso de abertura da 69ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Dilma colocou no mesmo cesto Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia e Palestina, ignorando o fato de que, nos dois primeiros, um dos grupos terroristas mais selvagens em atividade está avançando e espalhando o horror de forma brutal, por meio de decapitações, crucificações e execuções sumárias.
"Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças. O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da questão Palestina, no massacre sistemático do povo sírio, na trágica desestruturação nacional do Iraque, na grave insegurança na Líbia, nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia. A cada intervenção militar não caminhamos para a paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos".
"Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios", continuou.
Em seguida, Dilma insistiu na necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dizendo que o grupo hoje vive uma “paralisação”. E voltou então a carga contra Israel, ao falar sobre a recente ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza. "Gostaria de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise israelo-palestina, sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando fortemente a população civil, mulheres e crianças", afirmou, repetindo os termos de um comunicado divulgado pelo Itamaraty que deu início a um desentendimento com Israel – que chamou o Brasil de “anão diplomático”.
Para Dilma, o conflito entre Israel e Palestina "deve ser solucionado e não precariamente administrado, como vem sendo". "Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas". Os Estados Unidos têm intermediado as difíceis negociações entre representantes israelenses e palestinos, que esbarram não apenas em questões de fronteiras, mas em exigências dos terroristas do Hamas tidas como inaceitáveis pelo governo israelense, como o fim ao bloqueio ao enclave que, na prática, significaria abrir caminho para o grupo obter armas do exterior.

Estado Islamico: sorry Obama, esse "Brasil" nao vai cooperar, vai ate se opor...

Mas é em nome de uma boa causa: o diálogo e a cooperação com o Estado Islâmico. Eles podem ser bons companheiros. Afinal de contas, são anti-imperialistas, não são?
Paulo Roberto de Almeida 
In a much anticipated speech at the General Assembly, President Obama said, “I ask the world to join in this effort.”

Across the Empire, 2014 (26): balanco final e avaliacao


United States, Coast to Coast + Canada, Travel September 2014
Carmen Lícia Palazzo e Paulo Roberto de Almeida
Travel Report (actually done)

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, CT, 23-24/09/2014

Introdução
Consolidação das informações sobre a viagem realizada entre 29 de agosto e 22 de setembro de 2014, por Carmen Lícia Palazzo e Paulo Roberto de Almeida, num Honda CRV, cruzando os Estados Unidos, coast to coast, pela região norte, alcançando Vancouver, no Canadá, e terminando por Toronto, no mesmo país. Trata-se de um complemento à viagem feita nessa mesma época, em 2013, cobrindo os estados do centro dos EUA e voltando pela região sul. Também programada para estender-se por 30 dias, a viagem de 2013 foi encurtada para 26 dias apenas, a tempo de chegar na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, para assistir a um diálogo entre Mario Vargas Llosa e Enrique Krause, sobre a América Latina. Neste ano, programada também para 30 dias completos, a viagem foi feita em 25 dias, tanto porque já tinhamos cumprido absolutamente tudo o que foi programado, como surgiram compromissos acadêmicos urgentes que recomendavam um trabalho mais cômodo em casa. De toda forma, teríamos feito tudo em um ou dois dias a mais, apenas, consoante nossa postura de sempre ver tudo o que há de mais interessante, e depois seguir adiante, sem perder muito tempo com aspectos secundários que toda viagem comporta.
Nosso foco em viagens é basicamente cultural, e também gastronômico. O primeiro aspecto é bastante satisfatório nos EUA, país de milionários generosos que, seja por prestígio pessoal, seja até por considerações mais mesquinhas (deduções fiscais, por exemplo), acabam doando milhões e milhões de dólares para suas instituições com as quais mantêm, ou mantiveram, afinidades eletivas (educacionais, de trabalho, de toda uma vida), ou que empreendem, pessoalmente, a construção de um museu ou qualquer outra entidade cultural na qual concentram as aquisições valiosas de toda uma vida. Desse ponto de vista, os EUA são um país excepcional, pois podemos aqui encontrar o que de mais brilhante produziram outras culturas e civilizações, para aqui trazidas a peso do dinheiro e da intensa curiosidade intelectual desses empreendedores humanistas (e também por causa de tragédias históricas, como guerras e destruições, nessas outras civilizações). Aqui nos EUA é possível encontrar, numa modesta cidade do interior, “pílulas” de arte e cultura que de outra maneira seriam dificilmente acessíveis, ou que estariam dispersas em museus ou instituições em países bem mais difíceis de visitar.
As viagens aqui nos EUA são também muito fáceis e relativamente “confortáveis”. Não que se espere o luxo nas etapas de viagem, servidas apenas por hoteis 2 ou 3 estrelas absolutamente sem muito charme nos trevos de estradas, mas muito eficientes e com conforto aceitável. As cidades, em contrapartida, possuem todos os grandes hoteis das cadeias internacionais, com o luxo que se espera desse tipo de estabelecimento. Quanto à gastronomia, bem, aqui a coisa complica. Nada parecido com a Europa, obviamente, onde mesmo nas paradas de restauração das estradas se pode comer bastante bem, com taça de vinho e sobremesas atraentes, além do famoso expresso tipo italiano, claro.
Vamos ser absolutamente sinceros: os EUA são uma miséria gastronômica fenomenal, e calculo que deve demorar mais uns 150 anos para eles se aproximarem da Europa nesse quesito, isso se não piorar, como pode estar de fato acontecendo (as propagandas são sempre para hamburgueres ainda maiores do que o do concorrente, com mais coisas dentro, bacon, molhos, um horror). Nas estradas não se pode comer nada além de fast food, com uma ou outra exceção bastante rara, por sinal. Nas cidades, dependendo do tamanho, se tem obviamente uma escolha maior, o que não quer dizer que a miséria gastronômica seja menor. Não, ela pode ser maior, sobretudo quando os americanos se pretendem realmente inventivos, e fazem pratos absolutamente horrorosos, que muitos devoram com prazer. Desse ponto de vista, fomos muito mal servidos durante toda a viagem, mesmo com tempo para procurar restaurantes. Difícil, por exemplo, encontrar um vero italiano, o que se tem é um American-Italian com tudo adaptado para o gosto americano. Parece incrível, mas eles conseguem estragar até pizzas, com seus molhos horrorosos. As boas pizzas que comemos por aqui são todas feitas por estrangeiros. OK, chega de miséria gastronômica. Vamos ao que interessa.

Planejamento inicial para 2014 e viagem de 2013
Os interessados em saber qual era nosso esquema inicial de viagem, bem como em conhecer algumas considerações sobre a viagem de 2013, podem acessar este primeiro link em meu blog:
0) Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30 dias: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html
Para um relato também relativamente detalhado do coast to coast que fizemos em 2013, aí seria preciso acessar o meu blog e colocar no instrumento de busca “Across the whale in a month”; deve aparecer um bocado de coisa, talvez em ordem dispersa. Vou ver se produzi alguum relatório detalhado sobre a viagem de 2013 para informar, do contrário é ir clicando aqui e ali. Deve aparecer muita coisa interessante, com fotos e ilustrações.
Desta vez, eu tinha calculado que faríamos 12.600 kms, e na verdade fizemos exatamente 12.547, o que está bastante próximo do projetado. O que mudou foi a quilometragem diária, de 421 para 500 kms por dia, na verdade bem mais para as etapas, pois cabe descontar os dias “parados” nas grandes cidades. Carmen Lícia sabe dirigir, mas na verdade eu fiz todo o percurso na direção, inclusive porque vou mais rápido do que ela (sob risco de alguma multa eventual, e na verdade teve apenas uma, no último dia de viagem, na pressa de chegar logo em casa). Carmen Lícia sempre ficou encarregada da programação cultural, e posso dizer que ela foi impecável em todo o percurso, selecionando tudo o que havia de mais relevante e interessante para ver. Eu fiquei com algumas paradas “rústicas”, como Little Big Horn, Mount Rushmore e outras coisinhas mais. Os hoteis e restaurantes sempre foram discutidos a dois, mas nenhum de nós podia qualquer coisa contra a miséria gastronômica, claro...
Antes de partir eu tinha feito, com base em consultas de internet – Google maps, sites dos locais visitáveis – e em guias que adquirimos previamente – menciono particularmente: (a) DK Eyewitness Travel USA, geral para os EUA, portanto relativamente sumário para alguns pontos de interesse, mas com 800 páginas e fartamente ilustrado; (b) DK Eyewitness Pacific Northwest, da mesma editora, e também magnificamente ilustrado, voltado para os estados de Oregon e Washington, nos EUA, e para a Columbia Britânica, no Canadá, onde está Vancouver, excelente sob todos os aspectos; (c) Lonely Planet Western USA, compreendendo tudo o que está a oeste das montanhas do Colorado; (d) o Michelin do Canadá, muito bom para Vancouver e Toronto, como para todo o resto; (e) tinha também um outro guia de Wester USA, que acabou ficando no carro; mais guias, mapas e folhetos das principais cidades, que solicitei pelo correio antes de viajar – e tudo isso nos guiou muito bem em todas as etapas. Obviamente, a cada noite, nos hoteis, estávamos ambos grudados na internet, para saber o que havia em tal ou qual museu, o que poderíamos encontrar de interessante nas cidades visitadas. Durante a viagem eu  acionava o meu iPad frequentemente, tanto para seguir roteiros visualmente (mas eu tinha vários mapas comigos, inclusive o Road Atlas do AAA), como para verificar distâncias, atrações, endereços exatos de sites para visitar. Ou seja, informação não foi o que faltou, prévia, durante e posteriormente a todo o roteiro percorrido.
Comparando esta viagem com a de 2013, podemos dizer que ambas foram plenamente bem sucedidas e satisfatórias, no sentido de conhecer os EUA profundos, ou seja, em todos os seus estados, do luxo ao típico padrão da classe média americana, que inclusive frequenta os cassinos de luxo, como em Las Vegas (que aliás não fazia parte do roteiro original de 2013, por puro preconceito, pois que adoramos conhecer o kitsch de luxo daquela cidade fabulosa). A única coisa que não deu certo, em 2013, foi uma visita ao Grand Canyon a partir da entrada sul, pois, no momento em que estávamos indo para lá, a briga no Congresso americano entre Obama e os republicanos pela definição do orçamento para este ano fiscal e para os límites da dívida pública, determinou o fechamento de todas as agências públicas (e portanto dos parques nacionais também) exatamente no período em que estávamos próximos do Canyon. Fechamento idiota, pois que nem Disney nem outras atrações que funcionam com público pagante fecharam, o que demonstra que funcionários públicos são mais ou menos parecidos em todos os lugares. Esta é, aliás, uma demonstração perfeita de como funciona a democracia americana (ainda que possa ter seu lado cômico): se não há dinheiro aprovado pelo Congresso, absoluto e soberano nessas matérias, nada pode ser feito, ainda que contra os interesses e até as necessidades dos cidadãos contribuintes.
Feita esta pequena (na verdade grande) introdução ao relatório vou simplesmente transcrever aqui os links das postagens que fui fazendo, geralmente dia a dia (ou noite a noite), das etapas de viagem e das principais visitas. Para uma descrição mais completa, sugiro uma consulta ao link, e vou apenas complementar aqui com as informações que eu havia preparado previamente para as visitas, e algumas outras que fui recolhendo no curso da viagem, bem como o sumário da milhagem de cada etapa.

1st Day: Friday, August 29, 2014
1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day-boring-roads.html

Saímos de Hartford às 15h50, viajando pela I-84 e I-80, até a pequena cidade de Milesburg, no coração da Pensilvânia, bem mais adiante do que tínhamos planejado (que era Wilkes-Barre, a apenas 208 milhas de distância); fizemos, no total, 329 milhas, parando às 22h35 num Quality Inn da estrada. Essa escolha, por confortável, relativamente barata (aqui o quarto custava apenas 59 dólares, embora em outros locais foi bem mais caro), foi a nossa preferida pelo restante da viagem de etapas, o que nos poupava da surpresa a cada vez: sabíamos que iríamos encontrar um quarto amplo, com frigo, microndas e banheiro muito confortável e sobretudo limpo; internet eficiente, sem código e funcionando muito bem, TV a plasma (que raramente víamos, salvo a CNN quando estava acontecendo alguma tragédia pelo mundo, o que também não faltou, com o Estado Islâmico a todo vapor na Síria e no Iraque). Poderíamos ter ido mais longe, mas enfrentamos engarrafamentos ainda no Connecticut e na Pensilvânia (no estado de NY a travessia foi curta) por acidentes ou trabalhos de manutenção de estrada (o que aliás foi uma constante, em todas as estradas que percorremos: trabalhos em muitos trechos, alguns até longos).

2nd Day: Saturday, August 30, 2014
2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html

Saímos de Milesburg tarde, cerca de 11hs, devido ao cansaço da noite anterior, e também porque sempre ficamos no computador, tratando da viagem, lendo notícia, fazendo o relato da viagem do dia, ou cada um cuidando dos seus assuntos acadêmicos até muito tarde, não raro depois das 2hs da madrugada, algumas vezes até mais tarde. O planejado para esse dia era fazer algo como 600 milhas, até o meio de Indiana. Na verdade, fizemos 722 milhas, atravessando três estados (o resto da Pensilvânio, Ohio e Indiana), parando no começo desse milharal que se chama Iowa, mais exatamente em Davenport, à beira do rio Mississipi. Eu tinha anotado para visitar em Davenport (www.visitquadcities.com; USA Guide, p. 453), estas duas atrações: Figge Art Museum (225 W 2nd St.; www.figgeartmuseum.org); Putnam Museum (early history of Mississipi River Valley). Mas tendo chegado depois de 21hs (contado com a mudança de horário do fuso do leste para o central), não tivemos oportunidade, nem ao chegar, nem ao partir: estávamos cansados, e de toda forma ficamos até tarde, novamente, fuçando nos computadores respectivos.

3rd Day: Sunday, August 31, 2014
3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html

Saímos de Davenport relativamente “cedo”, em torno de 9h50, e continuamos através do milharal de Iowa, parando em Des Moines, a nova capital, desprezando a etapa anterior de Iowa City, onde tinha o Old Capitol Museum (ou seja, da antiga capital) no campus da University of Iowa (que estiver interessado veja o site www.iowacitycoralville.org ou consulte o USA Guide, p. 453). Perto dali (16 m East) tinha a casa do president Herbert Hoover (considerada um “National Historic Site”, na verdade o cottage de infância do presidente, assim como (a 35 m to the south; Guide USA, p. 452) as famosas pontes cobertas do Madison County, que serviram de cenário para um famoso filme com Clint Eastwood e Meryl Streep (fica para outra vez).
Mas paramos em Des Moines, a nova capital do Iowa (www.seedesmoines.com; USA Guide, p. 452), onde chegamos em torno do meio dia; deixamos de lado o novo Capitol, para nos dedicarmos exclusivamente ao Des Moines Arts Center (prédio concebido por Eliel Saarinen), contendo uma coleção riquíssima de obras de arte (Matisse, Jasper Johns, Andy Warhol, Georgia O’Keeffe) e uma galeria moderna de esculturas desenhada pelo famoso arquiteto chinies I.M. Pei, o mesmo da pirâmide do Louvre e de tantas obras memoráveis em todo o mundo, inclusive em sua cidade natal, na China, que visitamos (e que ele abandonou no início da revolução maoísta para se refugiar em Hong Kong; site: www.desmoinesartscenter.org).
Depois disso, paramos novamente, em torno das 15hs, em Omaha (www.visitomaha.com;USA Guide, 451) no rio Missouri. A visita aqui foi ao Joslyn Art Museum, afiliado aos Smithsonian de Washington, onde a atração principal eram os relatórios de viagem ao oeste do príncipe alemão Maximilien de Wied, com as pinturas do suíco Karl Bodmer (vejam a descrição no blog, no link acima).
O planejado era fazer mais 600 milhas e dormir em algum ponto do Nebraska; passamos batido por Lincoln (a capital do Nebraska: www.lincoln.org; USA Guide, 449, que já conhecíamos do ano passado, tendo visitado o Nebraska State Capitol; vejam em www.nebraskahistory.org) e fomos dormir em North Platte, uma cidade já com todo o jeito dos cowboys do velho oeste, aliás cultivando a memória de Buffalo Bill, como outros 55 estados por aqui (exagero, mas devem ser seis ou sete estados prestando homenagem a maior matador de búfalos da história). Acabamos fazendo “apenas” 577 milhas, para parar em torno das 20h15 num outro Quality Inn (este bem mais caro, a $ 139, mas ao final a $ 158,79, com as taxas incluídas). Terminamos o dia comendo salmão, pedido no quarto, acompanhado de duas taças de vinho (conta: $ 49,11, mais gorjetas). Como sempre, fomos até tarde, inevitavelmente no computador: notícias, mensagens, relatórios, internet...
Em North Platte o guia recomendava uma visita ao Buffalo Bill Ranch State Historical Park e ao Lincoln County Historical Museum (www.visitnorthplatte.com), mas já estávamos inflacionados com o Buffalo Bill, onipresente em todas as partes.

4th Day: Monday, September 1, 2014
5th Day: Tuesday, September 2, 2014
4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html
5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).

Finalmente, a primeira etapa de cidade do trajeto: de North Platte a Denver foram apenas 264 milhas, desta vez pela I-76 e pela I-25, o que fizemos em tempo curto, chegando relativamente cedo, antes das 15hs. Em Denver escolhemos um Residence Inn Marriot, para mais conforto (e conta mais salgada, a $ 515,65 no total do dia seguinte. Tinha tanta coisa para ver em Denver (sites: http://www.denver.org/ e www.visitdenver.com) que remeto tudo ao link acima, com destaque para o Jardim Botânico, com as esculturas em vidro do Dave Chihuly (vejam mais aqui: www.chihulydenver.com). A cúpula dourada do Capitol também é bonita, assim como os jardins na praça; recomendavam, também, o inevitável Buffalo Bill Museum and Grave, em Golden, CO (fora de Denver, pela I-70 W; www.buffalobill.org), mas deixamos o pobre descansar. Também estivemos no Museo de las Americas (www.muse.org), mas nos decepcionou pela pobreza das coleções.
Em contrapartida gostamos muito de Boulder, mais ou menos 25 milhas a noroeste de Denver, onde fica a famosa universidade, e onde Carmen Lícia tinha suas próprias atrações. Foi uma viagem fascinante a uma das mais famosas universidades das Rocky Mountains dos EUA (sim, aqui já tinhamos mudado mais uma vez de fuso horário, desta vez para o da montanha).

6th Day: Wednesday, September 3, 2014
7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-7-leituras-no-velho-oeste.html

A partir de Denver (que na verdade foi um “desvio” em nosso caminho, pois deveríamos ter feito o Colorado na viagem de 2013, programação prejudicada pelas chuvas torrenciais que destruiram casas e estradas, com muitas vítimas fatais, sem qualquer perspectiva de visita), envergamos para o norte (via I-25 N e US-20 W, com 491 milhas percorridas), atravessando o Colorado e chegando ao Wyoming, onde também já tinhamos estado no ano passado. A primeira parada, no extremo sudeste do estado foi em Cheyenne, onde visitamos o Frontier Days Old West Museum, muito rico em artefatos e diligências. Recomendo uma leitura da postagem acima, para uma descrição desse museu (onde aliás perdi, ou me subtrairam, o chapéu Jack London que tinha comprado na viagem de 2013, em seu rancho de Sonoma, transformado em museu; comprei um outro na loja do museu). No caminho, traços do Oregon trail, com monumentos aqui e ali, inclusive de alguns massacres cometidos contra os indígenas, agora comemorados na onda do politicamente correto.
Eu havia anotado visitar o University of Wyoming Art Museum, em Laramie, assim como o forte da cavalaria, em Casper, mas isso significaria um desvio muito grande no trajeto, por estradas secundárias. Seguimos em frente, até Cody (claro, em homenagem a Buffalo Bill), onde ficamos num Holidaay Inn, já programado (http://yellowstonelodging.com/codylodging.html).

7th Day: Thursday, September 4, 2014
8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-8-tinha-um-yellowstone-no.html

Em Cody, tinha um Buffalo Bill Historical Center (www.bbhc.org), mas o homem decididamente já tinha ocupado todos os espaços turísticos da região, e não sabemos se os seus descendentes (a viúva foi até o final dos anos 1920) ainda recebem royalties pelas bugigangas que são feitas na China para a devida homenagem, assim que nos abstivemos de colaborar...
Fomos direto a Yellowstone, onde passamos o dia, fazendo um tour praticamente completo do lago principal e das paragens mais importantes. Não cruzamos com nenhum urso, mas havia os inevitáveis búfalos – imaginamos que os funcionários os coloquem no meio dos carros para justificar a atração – e um ou outro alce perdido em espaços aquáticos. Como não somos muito de natureza, não nos detivemos para dormir ali, embora fizéssemos várias paradas para descanso. No Visitor Center do Old Faithful, o famoso geyser-relógio, chegamos bem a tempo da esguichada das 15h08, e foi cronometrado. Dezenas de outros geyseres, búfalos por todas as partes, e pronto, chega de Yellowstone. Aliás, no Joslyn Art Museum de Omaha, havia uma belíssima exposição de pintura e de fotos antigas e modernas, toda ela dedicada a Yellowstone, que deve ser muito apreciado pelos americanos e amantes da natureza.
 Dali mesmo seguimos viagem: tendo entrado pelo portão leste, saímos pelo oeste, já entrando no estado de Idaho, paraíso dos caçadores de todos os tipos de troféis; o que mais havia, em todos os lugares, eram chifres de cervos enormes, e animais empalhados de todos os tipos. Um caminho alternativo em direção a Portland, nos levaria por duas estradas secundárias, a US-20 e a US-26, passando pelas Craters of the Moon (National Monument & Preserve), mas desistimos pelo tempo e pela proximidade da noite. Acabamos indo dormir no meio do estado, que é pequeno, em Twin Falls, onde chegamos quase às 22hs, tendo percorrido nesse dia 454 milhas, incluindo a visita a Yellowstone. Ficamos mais uma vez num Quality Inn, a um preço muito conveniente ($ 89).

8th Day: Friday, September 5, 2014
9th Day: Saturday, September 6, 2014
9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-9-de-twin-falls-portland.html
10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-10-em-portland-buscando.html

No oitavo dia de viagem, ou seja, uma semana completa, já estávamos dois dias adiantados em relação à programação original. Foram mais 573 milhas de estradas até a capital do Oregon, onde chegamos pouco depois das 20hs. No caminho paramos em Baker City, onde fica o Old Trail Oregon Interpretive Center, um museu muito bonito, no alto de uma colina, dedicado à velha trilha dos colonizadores do oeste, e aos garimpeiros aventureiros. A minha postagem traz algumas fotos desse museu, que recomendo aos interessados na história do Oregon Trail. Paramos também em Boise, a capital do Idaho, visitando o Capitol e outras partes da cidade: Carmen Lícia fez uma bela foto de um cachorro de óculos de piloto de fórmula 1, na poltrona de passageiro de um jipe aberto, conduzido por um simpático residente local. Vou localizar essa foto.
Em Portland, a cidade das rosas (site: www.travelportland.com; www.oregon.gov; US Guide, 630; Pacific Nortwest Guide, 46), ficamos num hotel elegante, o Paramount, cuja fatura elevou-se a quase 600 dólares, pelas duas noites. Mas foram muito bem aproveitadas: estivemos no que possivelmente foi a maior livraria do mundo: a Powell’s City of Books (1005 W Burnside Street; que fica aberta até as 11 da noite); com tanto livro, acabei comprando apenas dois: um do famoso historiador Alexandre Gerschenkron (Continuity in History and Other Essays) e o de um historiador, David Hackett Fischer, que eu já conhecia de um outro livro (sobre as crises inflacionárias no mundo, desde a Idade Média), um livro sobre as falácias dos historiadores, justamente. Antes, porém, fomos ao Historical Museum de Oregon (www.ohs.org), que fica no prédio da Oregon Historical Society. Passamos a manhã do nosso nono dia de viagem lá, e refleti um pouco do que vimos na postagem acima indicada. No almoço, como não poderia deixar de ser, tomamos vinho local, pois o estado possui vinhedos tão bons (embora não tão famosos) quanto os da Califórnia). Fomos também à Chinatown (www.oldtownchinatown.org/), e atravessamos várias vezes as várias pontes da cidade, sobre o rio Willamettem entre elas a Steel Bridge.

11th Day: Monday, September 8, 2014
11) Across the Empire (11): de Portland, OR, a Tacoma, WA: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-11-de-portland-or-tacoma.html

De Portland, seguimos até a costa do Pacífico, onde eu pude, pelo menos, molhar minhas mãos nas águas geladas desse oceano (não molhei os pés, pois não é meu estilo; não sou de praias, nem de piscinas; no máximo, sob um guarda-sol ou numa rede protegida, com um livro para ler). Paramos para comer em Garibaldi, que nos atraiu pelo nome, mas não tinha nada de especificamente italiano; apenas uma homenagem ao famoso revolucionário italiano. Comemos muito bem no Pirate’s Cove, frutos do mar e vinhos locais (a $ 63, no total). Foi uma longa jornada pela costa marítima, até chegar em Tacoma (www.traveltacoma.com; US Guide, 628), nosso objetivo de etapa, num total de 320 milhas nesse percurso, relativamente curto, mas com várias paradas. Ficamos novamente num Holiday Inn, pelas duas noites seguintes, já que tivemos dificuldades em achar hoteis centrais em Seattle, onde passamos no dia seguinte. O objetivo principal em Tacoma era o famoso Museum of Glass (www.museumofglass.org), no waterfront, mas para nosso supremo azar, ele estava fechado na segunda e na terça-feira, o que foi uma das frustrações da viagem (mas amplamente compensada pelas outras atrações em vidro da viagem, em Seattle, justamente).

12th Day: Tuesday, September 9, 2014
12) Across the Empire (12): de novo com Chihuly, desta vez em Seattle: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-12-de-novo-com-chihuly.html

Junto ao Space Needle de Seattle, existe um jardim botânico não muito grande, mas onde estava tendo uma excepcional exposição temporária de obras de arte em vidro do Chihuly, nosso artista preferido do vidro. Coloquei algumas fotos na postagem acima, e Carmen Lícia fez dezenas de outras fotos das muitas obras dele espalhadas pelos jardins. Em compensação, não conseguimos lugar para almoçar no famoso restaurante giratório do Space Needle, que deveria estar regurgitando de chineses, abundantes em todas as estadas que fizemos nas costas americanas e canadenses do Pacífico. Junto ao mesmo Space Needle, existem um museu e um centro cultural desenhados pelo famoso arquiteto Frank Gehry: entramos para comprar umas lembranças. Fomos também ao mercado (Water Front: www.waterfrontseattle.org/seawall), um lugar sumamente agradável, para visitar, comer, espairecer (no meio de tanta gente...). Comprei algumas frutas: três pessegos imensos, que degustei essa mesma noite.
Tinha curiosidade de conhecer a Bill and Melinda Gates Foundation (www.gatesvc.org), mas não foi desta vez, assim como deixamos de ir ao Seattle Art Museum (www.seattleartmuseum.org), mas é que já temos uma certa inflação de museus de arte, ao que parece; pelo menos Carmen Lícia diz que já viu impressionistas pelo resto da vida, e os museus americanos estão abarrotados deles...

13th Day: Wednesday, September 10, 2014
14th Day: Thursday, September 11, 2014
13) Across the Empire (13): em Vancouver, fazendo o balanço da metade do caminho: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-13-em-vancouver.html
14) Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-14-flanando-em.html 

Em Vancouver, escolhemos ficar num hotel Residence, de uma família de chineses de Shanghai, que conhecemos amplamente. Era um apartamento inteiro, o que foi extremamente conveniente para uma etapa de três dias, passeando pela cidade e pelos arredores. As duas etapas completas estão muito bem descritas nas postagens acima, junto com um balanço parcial da viagem.
Cumprindo a etapa de Vancouver, estávamos exatamente no meio do caminho, ainda que três dias adiantados em relação à programação inicial: tinhamos feito, desde Hartford 4.091 milhas, ou 6.545 km, a uma média bem superior ao planejado incialmente: foram 340 milhas por dia, aproximadamente (ou 545 km/dia). Trata-se, sem nenhum exagero, de uma das melhores cidades que já conheci, possivelmente disputando com Barcelona o primeiro lugar pela pontuação total (com a possível vantagem de ser bem mais barata do que Barcelona, e dispor de gente muito simpática, em grande medida orientais). Passaria umas férias inteiras aqui, sem nenhuma hesitação (mas ainda precisaria descobrir as livrarias, para ver como são). Visitamos tudo o que havia de importante para visitar, inclusive a universidade da Columbia Britânica, o ponto mais extremo ao oeste onde estivemos, na costa do Pacífico. Aliás. Não sei agora se é esse ou North e West Vancouver, onde também estivemos. A conferir...

15th Day: Friday, September 12, 2014
15) Across the Empire, 2014 (15): Adieu, Vancouver (mas prometemos voltar): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-15-adieu-vancouver-mas.html
16) Across the Empire, 2014 (16): De Vancouver a Missoula, Montana: dois países, três estados, quase 1000km: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-16-de-vancouver-missoula.html

De Vancouver de volta aos EUA foi uma viagem cansativa, mas também porque estivemos mais de 40 minutos esperando o controle de fronteira para entrar no Império. Nossa intenção inicial era parar em Spokane, onde eu tinha identificado um Nortwest Museum of Arts and Culture, mas acabamos passando a cidade para ir mais longe no roteiro. Nosso destino era Great Falls, em Montana, mas só conseguimos chegar em Missoula, a 606 milhas do ponto inicial. Foi chegar no Quality Inn, às 23h20 da noite, e dormir direto, de cansados (não sem antes fazer relatório de viagem, consultar notícias, saber das coisas do mundo). É preciso dizer que nesse trajeto, foram pelo menos dois passos de montanha, que no inverno devem ficar fechados ou de trânsito extremamente difícil.

16th Day: Saturday, September 13, 2014
17th Day: Sunday, September 14, 2014
17) Across the Empire, 2014 (17): De Missoula, Montana, ao Mount Rushmore, South Dakota, via Little Big Horn: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-17-de-missoula-mt-ao.html

Dois dias extremamente carregados, a despeito de termos feito apenas 390 milhas, no sábado, e mais 365 no domigo. Et pour cause: grande parte do sábado foi dedicada a uma visita ao Lewis and Clark Interpretive Center, em Great Falls, onde chegamos depos das 14hs, e uma parte do domingo cobriu o campo de batalha de Little Big Horn (que fica numa reserva Crow; www.nps.gov/libi). A minha postagem descreve os dois dias concentrados de viagem e visitas, algumas das mais prazeirosas, em termos de história e de conhecimento da região, e também das mais cansativas, para os dois. As paragens eram desoladas, com exceção, justamente dos pontos extremos. No meio, muitas reservas indígenas e desolação total (ou melhor, muitas vacas pelo caminho). Chegamos a Billings (via I-87, MT-191 e US-12), no final do dia, depois de altos e baixos pelas estradas desertas de Montana, até chegar em South Dakota, aos pés do Mount Rushmore. Não sou dado a patriotices, de espécie alguma, mas acho que os americanos têm um legítimo orgulho dos presidentes retratados naquele pedaço de montanha. Cada um deixou um legado importante para o país e cabe aos historiadores, assim como a cada um de nós, julgar de seus méritos e deméritos na construção da nação e de suas tradições históricas, bem como de suas realizações políticas, econômicas e sociais. Mais impressionante, sem dúvida alguma, foi o trabalho de engenharia envolvido na confecção desses monstros de pedra (www.nps.gov/moru)...

18th Day: Monday, September 15, 2014
18) Across the Empire, 2014 (18): De South Dakota a Minnesota, terras de cowboys, gado e milharais: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-18-de-south-dakota.html

A partir de Rapid City, SD, onde dormimos (e, a despeito do nome, a cidade parece ser sonolenta, embora o movimento de caminhões seja intenso pela I-90), a intenção seria ir para Minneapolis e St. Paul, no Minnesota, mas, depois de consultar os guias, a internet, e discutir, decidimos deixar de lado essas cidades de negócios para paragens mais acolhedoras. Decidimos ir para Madison e Milwaukee, diretamente. Mas também terminamos por alterar o caminho, como descrevo nessa postagem tratando da desolação relativa das “central plains”, terras que eram de índios e búfalos, e que acabaram se convertendo em milharais sem fim. Foram apenas 400 milhas, interrompidas por uma parada em Wall, cidade que tem todo o kitsch do MidWest, sem muitos atrativos para nós. Paramos para almoçar em Chamberlain, depois de uma bela ponte sobre o rio Missouri. Imaginamos que os jovens queiram fugir desses lugares aborrecidos, o que só conseguem fazer quando vão para uma universidade em algum outro lugar (e se dedicam a estudos etílicos e esbórnias didáticas). Chegamos até Worthington, no coração do Minnesota, onde fiquei estudando os melhores roteiros para as próximas etapas.
Foi aí que me lembrei de uma recomendação recolhida pela primeira vez (em 2013) no basement do Arts Institute de Chicago, junto a uma coleção admirável de pesos em papel. Fiquei sabendo que os dois melhores museus para se apreciar pesos em papel, e obras de arte em vidro de maneira geral, eram, respectivamente, em Corning, no estado de NY (onde estivemos logo em seguida), e em Neenah, no estado de Wisconsin, um pouco longe de Chicago para esticar até lá. Pois foi para lá que decidimos ir...

19th Day: Tuesday, September 16, 2014
19) Across the Empire, 2014 (19): Wisconsin e Michigan, dos vidros ao lago: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-19-wisconsin-e.html

Nossa viagem até Neenah foi tranquila (mesmo com 400 milhas percorridas), mas chegamos depois que o museu Bergstrom-Mahler estava fechado, e aliás nem conseguimos hotel na cidade: tudo lotado. Tivemos de viajar ainda algumas milhas ao norte para ficar num Hotel de Appleton, um pouco acima no mesmo lago. Cansados, e muito tarde para ir a restaurantes (que nos EUA costumam fechar às 21hs), acabamos fazendo um lanche no próprio hotel.

20th Day: Wednesday, September 17, 2014
20) Across the Empire, 2014 (20): balanço quantitativo de 20 dias de viagem: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-20-balanco.html

Metade do dia foi ocupada por uma visita ao Museu Bergstron-Mahler, descrita na postagem anterior, que cobre os dois dias. Pela tarde, depois de iniciar uma viagem pelo sul, para contornar Chicago e chegar a Detroit, desistimos, por considerar aquelas paragens muito chatas e movimentadas, e já conhemos muito bem a região. Retrocedemos, então, e enveredamos pelo norte, ao lado do lago Michigan, parando justamente na sua extremidade norte, em Manistique, uma simpática cidadezinha de veraneio de praia e de caça (terra de alces, e possivelmente de animais mais selvagens ainda). Aproveitei esta incursão pelo extremo norte dos EUA, quase no Canadá (perto de Sault St. Marie, terra de missionários franceses), para fazer um balanço da viagem, desde a costa do Pacífico.
De Vancouver até ali foram 2.465 milhas ou quase 4 mil km, o que está de acordo com a programação inicial pela distância percorrida, mas antecipado de quase uma semana pelo tempo dispendido na viagem. Como tínhamos tempo “sobrando” pela frente, decidimos espairecer um pouco mais em Detroit e depois Toronto. Mas, nesse interim, acelerou-se o processo de preparação do livro que estou organizando com Ted Goertzel, e acabei passando (como já vinha passando desde antes de chegar a Vancouver) várias noites na revisão de textos, como preparativo a uma rápida edição em Kindle book

21th Day: Thursday, September 18, 2014
21) Across the Empire, 2014 (21): Detroit, a Paris (falida) do MidWest?:  http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-21-detroit-paris.html

Já tinhamos estado em Detroit (www.visitdetroit.com) no início do século, e novamente em maio passado, quando viemos para constatar a “destruição” causada pela falência total, a vergonhosa bancarrota da cidade. A despeito das matérias catastróficas que tinhamos lido na imprensa, a cidade não nos pareceu uma nova Síria, ao contrário: várias partes já estavam em reconstrução. Nossa intenção, na verdade, era visitar o museu, o Detroit Institute of Arts, antes que ele “acabasse”, pois havia uma ameaça de que suas obras fossem leiloadas para pagar as dívidas da cidade, em primeiro lugar os pensionistas do serviço público. Não conseguimos daquela vez, por falta de tempo, mas desta vez foi possível. O DIA é realmente um museu magnífico, e creio que, no eBay ou na Sotheby’s, suas obras permitiriam pagar metade dos 18 bilhões do calote da cidade, causada por políticos incompetentes e pelo paulatino esvaziamento industrial das antigas bases automobilísticas. Na verdade, a indústria automobilística americana já foi salva três vezes pelo governo, e não deveria; estaria melhor nas mãos dos japoneses, quando quebrou da primeira vez, nos anos 1970 e início dos 1980, e estaria melhor ainda agora, nas mãos dos chineses, na terceira vez que essa indústria mal acostumada foi para a insolvência.
O outro objetivo de visitar a cidade era justamente o Museu Henry Ford, que pude ver desta vez com calma. Descrevi um pouco do que vi na postagem do dia seguinte, abaixo. Mas o dia foi dedicado a seguir o plebiscito escocês, com minha previsão realista de uma curta vitória para o não, os opositores à independência. O resultado só sairia tarde da noite, mas apenas na sexta-feira se saberia que o não acabou tendo uma margem bem mais folgada, de quase 5 pontos acima da maioria: não sou contra a autonomia e a independência de quem quer que seja, desde que paguem por isso. No Brasil existem muitos projetos, de políticos demagogos e oportunistas, que querem dividir estados e criar mais municípios. O problema é que todos querem viver às custas dos outros, ou então transferir a conta da criação de cargos públicos, e obras administrativas, para o público pagante. No caso da Escócia, pelo que sei, ela mais recebe do que paga, do Reino Unido, e portanto sua situação ficaria mais precária, mesmo permanecendo na UE: como sua renda é superior à média, acabaria sendo uma contribuinte líquida, para surpresa dos escoceses.

22th Day: Friday, September 19, 2014
22) Across the Empire, 2014 (22): Detroit, entre a tecnologia e a arte: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-22-detroit-entre.html

A primeira visita da sexta-feira foi ao museu Henry Ford, em Dearborn, onde passei toda a manhã. Gostei: não tanto pelos muitos automóveis e máquinas de todos os tipos ali exibidos, mas sobretudo pelos paineis e seções inteiras dedicados à história política, econômica e social dos EUA. Aprendi mais algumas coisas naquele museu dedicado primariamente à tecnologia. O museu (www.dia.org) é realmente excepcional, não apenas pelas obras de arte, mas também pelos espetáculos que promove. Durante nossa visita, grupos de estudantes, geralmente negros – o que é uma pena, constatar que a integração é tão pequena nos EUA – estavam jogando xadrez numa grande corte.
Carmen Lícia e eu comemos, tarde, num restaurante elegante do mesmo museu, e estava excelente. Foi realmente uma grande visita, que recomendo a todos fazer (antes que acabe, se por acaso a cidade afundar mais ainda, em lugar de se recuperar, como parece estar ocorrendo).

23th Day: Saturday, September 20, 2014
23) Across the Empire, 2014 (23): de Detroit a Toronto, só turismo e gastronomia...: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-23-de-detroit.html

Sábado, dia de descanso, retomamos a estrada, mas para uma distância curta: só 251 milhas, de Detroit a Toronto, pela 401 do Canadá. Paramos logo depois da fronteira, em Windsor, para comer num restaurante italiano. Em Toronto tivemos alguma dificuldade para achar vaga em hotel, pois a cidade estava em festa, comemorando uma batalha que os canadenses, e britânicos, ganharam dos americanos, em 1813. Acabamos achando, mas a preços extorsivos num Hotel Ramada: 370 dólares canadenses para o sábado e 260 para o domingo. Enfim, a cidade merece, pois é realmente muito agradável e acolhedora.
Antes de nos instalarmos, porém, fomos ao museu Aga Khan, exclusivamente para comprar ingressos para o dia seguinte: o museu acabava de ser inaugurado, na quinta-feira dia 18, e temíamos um afluxo muito grande de visitantes no fim de semana.

24th Day: Sunday, September 21, 2014
24) Across the Empire, 2014 (24): Toronto, cultura e pequenos prazeres: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-24-toronto-cultura-e.html

Havia, sim, um afluxo muito grande de pessoas, no domingo, mas não especialmente de canadenses, e sim da comunidade ismaelita, que parece ter vindo em peso de todo o Canadá, para visitar esse museu magnífico (tendo ao lado um belo edifício, em forma de pirâmide de vidro, para eventos e celebrações religiosas).
Impossível descrever tudo o que vimos, e apenas uma parte está refletida na postagem acima. Pretendemos voltar, preferencialmente quando não estiver muito frio...
Ainda passeamos bastante pela cidade antes de voltar ao Hotel, onde fizemos um lanche, devidamente fotografado e descrito na mesma postagem.

25th Day: Monday, September 22, 2014
25) Across the Empire, 2014 (25): Back home, where there is work waiting...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-25-back-home-where.html

Acordamos, na segunda-feira, decididos a aproveitar os últimos dias de férias ainda na estrada e viajando, mas havia dois problemas, ou três: o tempo começou a ficar frio (também pudera, já saimos do verão para o outono, que no Canadá e no norte dos EUA costuma ser invernal); já tínhamos estado onde pretendíamos visitar pela segunda vez, o museu do vidro de Corning (e as outras cidades pelo caminho, ou já conhecíamos, como Albany, ou não apresentavam maior interesse, como Buffalo, ou Syracuse, ou mesmo Utica), e portanto seria ficar rodando em busca de atrativos culturais, que não faltam, mas numa segunda-feira os museus costumam fechar. Em terceiro e mais importante lugar, eu tenho um livro para editar, e por isso decidimos voltar, talvez até mais rapidamente do que deveríamos.
Ou melhor, eu deveria ir mais lentamente: ao alcançar 87 milhas quando a limitação de velocidade estava fixada em 65, acabei sendo parado por uma patrulha, que me aplicou uma bem merecida multa, que pretendo pagar. Bem feito... (mas foi a única de toda a viagem, a despeito de ter feito uma média de 80 milhas por hora na maior parte das vezes, ainda que em paragens desoladas).
Chegamos em Hartford em torno de 22hs, com cerca de 500 milhas acumuladas nesta última etapa. Tranquilo, se não fosse pela multa...

26th Day: Tuesday, September 23, 2014
26) Across the Empire, 2014 (26): balanço final e avaliação:

O balanço final e a avaliação são constituídos exatamente por esta postagem, iniciada na noite de terça-feira 23, e avançando para a madrugada da quarta-feira 24. Preciso consertar o vidro do carro, que recebeu um pedregulho vindo de um caminhão ao ingressar no estado do Wyoming, a caminho de Yellowstone, e também fazer a revisão, trocar óleo, lavar por dentro e por fora, etc. Ou seja, um dia ainda de arrumação pós-viagem. Ainda temos muitos livros para colocar em orderm, dezenas de folhetos de viagem que vão permitir fazer um álbum decente, e finalmente retomar a vida normal, trabalho, no trabalho e em casa, ou seja, atividades acadêmicas auto-atribuídas. Eu tenho de terminar o livro Kindle, Carmen Lícia tem artigos para escrever e o álbum para organizar.
Não vou fazer agora um balanço qualitativo, em vista do avançado da hora. Isso fica para uma outra postagem de reflexões sobre o país. O que posso fazer é simplesmente ofercer um balanço quantitativo dos agregados registrados, que serão muito poucos:
Miles at Departure: 29.325
Miles at Arrival: 37.167
Total Miles: 7.842 (ou 12.547 km)
Gas gallons: 257,541 (programação inicial: 282 galões)
Miles per gallon: 30,45
US$ Total gas: 1.038,17 (média de 4,03 por galão)

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 24 de setembro de 2014